\"Michael Löwy: Marxismo e Critica da modernidade\" do Fabio Mascaro

May 23, 2017 | Autor: L. Martinez Andrade | Categoria: Historia de las ideas latinoamericanas, Marxismo, Michael Löwy
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MICHAEL LÖWY: MARXISMO E CRÍTICA DA MODERNIDADE Fabio Mascaro Querido, Boitempo Editorial/Fapesp

O CAPA-BRANCA: DE FUNCIONÁRIO A PACIENTE DE UM DOS MAIORES HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS DO BRASIL Daniel Navarro Sonim e Walter Farias, Editora Terceiro Nome

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esultado de pesquisa de mestrado em Sociologia, esse livro revela de maneira brilhante e convincente os aspectos centrais da obra e da trajetória de um dos mais importantes pensadores deste século: Michael Löwy. Em seis eixos temáticos, o autor expõe tanto as continuidades quanto as descontinuidades do trabalho teórico desse marxista herético (p.182). Inscrevendo-se na tradição do pensamento crítico, Fabio Querido aborda o trabalho do pensador franco-brasileiro como expressão de um marxismo renovado e crítico da modernidade realmente existente. Embora a temática do ecossocialismo seja tomada como ponto de partida para a análise da relação dialética entre o desenvolvimento interno da obra de Löwy e as transformações no contexto histórico-social, Querido destaca igualmente outros elementos nucleares da reflexão do sociólogo radicado em Paris, a saber: a crítica radical do existente, a convicção anticapitalista (p.12), a tenacidade em defesa da emancipação humana e a recusa de todo dogmatismo que apenas reproduz o processo de reificação da vida social. Ao mesmo tempo, o autor realça a importância da “descoberta” de Walter Benjamin no fim dos anos 1970, a qual representou para Löwy não apenas um “passo além do marxismo-goldmanniano-lukacsiano”, mas também uma “nova compreensão da história humana” (p.75). Forma é fundo. Nesse sentido, o livro constitui uma contribuição tanto no plano teórico como no terreno político. Teórico porque dá conta da potencialidade de um pensamento radical – no sentido etimológico do termo – e crítico da civilização capitalista-moderna, tal como se exprime na figura de Löwy. E político na medida em que contribui para a organização do pessimismo, mais do que nunca necessária para fazer frente à “barbárie moderna”. Por isso mesmo, não posso senão recomendar a leitura desse livro tanto a acadêmicos quanto a militantes. [Luis Martínez Andrade] Doutor em Sociologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales. Autor de Religión sin redención. Contradicciones sociales y sueños despiertos en América Latina [Religião sem redenção. Contradições sociais e sonhos despertos na América Latina], Universidad de Zacatecas, 2011, entre outros livros.

ode o ser humano não se deixar influenciar pelo ambiente em que vive? Qual é a real capacidade que temos de, pelo desvio do olhar ou pela sublimação, seguir em frente ignorando o caos à nossa volta? Essas indagações permanecem fortes após a leitura do livro de Walter Farias e Daniel Navarro Sonim. O jornalista Daniel Navarro Sonim é o guia que, por meio dos relatos orais e escritos de Walter Farias, revela uma trama dramaticamente real. Aprovado em concurso nos anos 1970, Farias ingressou no Complexo Psiquiátrico do Juquery, em Franco da Rocha (região metropolitana de São Paulo). Sua missão: cuidar de pacientes psiquiátricos numa instituição que, naquele período, chegou a abrigar 20 mil pacientes. A história tomou outro rumo quando Farias foi transferido sumariamente pela direção do Complexo para o Manicômio Judiciário, que abrigava doentes mentais criminosos, muitos deles perigosos, e não mais simplesmente pacientes. Os apelos do funcionário para deixar o setor foram ignorados. Foi nesse contexto que, já ameaçado por muitos dos presos, Farias mergulhou num colapso nervoso. Ouvia vozes, via vultos saírem de sua televisão, o coração acelerava ao piscar de uma simples lâmpada. Sem as pesquisas, os medicamentos e a tecnologia de hoje, o funcionário foi obrigado por seus superiores a abandonar seu uniforme – a capa branca do título – e transformou-se em paciente, numa trajetória mista de abusos e diagnósticos equivocados que só a leitura do volume revela. Só tempos depois ele recebeu o tratamento devido e, depois de longos e intermináveis exames e perícias, acabou se aposentando. O encontro entre Farias e o jovem jornalista Sonim tem a capacidade de reavivar essas memórias, escancarando as portas de ferro e as grades do Juquery. Indagava-me: qual é a capacidade do ser humano de sublimar o horror à sua volta? A leitura de O Capa-Branca pode não ter a resposta, mas cumpre função mais importante: provocar a reflexão. [Anderson Passos] Jornalista, reside em São Paulo.

HUMANOS – O FILME O que nos faz humanos? Motivado por essa pergunta, o cineasta Yann Arthus-Bertrand visitou sessenta países durante três anos realizando entrevistas gravadas em vídeo com 2 mil pessoas que falaram sobre a vida, guerra, homofobia, pobreza, felicidade e outras tantas questões. O resultado tem uma versão para cinema, outra para TV, outra para web – disponível no YouTube, legendada em português. Uma dica: a breve entrevista com José Mujica, quando ainda era presidente do Uruguai. PLANO TEMER O designer Bruno Barros criou uma página-infografia com um “checklist do golpe”. Itens marcados como já realizados na lista incluem “chantagear o governo”, “vazar cartinha #xatiado” e “comemorar Natal com galerinha do golpe”. Todos os itens incluem links para as fontes originais da notícia. A internet tem sido o lugar onde o jornalismo e o ativismo se encontram de maneira mais rápida e criativa. O trabalho se apresenta como “projeto voluntário, comunista, bolivariano, gayzista, feminazi, esquerdista-caviar e 100% pró-democracia”. POLÍTICAS DE DROGAS Com base em amplos estudos sobre a questão criminal, o Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC) tem realizado relevantes infográficos envolvendo as questões: drogas, encarceramento e gênero. Em seu último levantamento, o ITTC mapeou o impacto em 36 países que adotaram políticas de drogas flexíveis, ou seja, políticas que despenalizaram, descriminalizaram ou legalizaram o uso, o cultivo, a produção e/ ou o comércio de alguma substância psicoativa considerada ilícita (maconha, cocaína, lisérgicos etc.). [Andre Deak] Diretor do Liquid Media Laab e do Laboratório da Cidade, professor de Jornalismo e Publicidade (ESPM) e mestre em Teoria da Comunicação pela USP.

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