Migração e tensão étnica na Rússia: pogroms em Moscou

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08.02.2015

Migração e tensão étnica na Rússia: pogroms em Moscou | Gusmão

Migração e tensão étnica na Rússia: pogroms em Moscou Desde  a  dissolução  da  União  Soviética,  em  1991,  a  palavra  pogrom  –  ataque  em  massa  dirigido  a grupos étnicos e religiosos por meio de violência pessoal e da destruição de suas propriedades – tem estado  presente  no  cenário  sóciopolítico  da  Rússia  e  das  repúblicas  recém­independentes.  Os distúrbios na região de Biryulyovo Zapadnoye, situada no extremo sul da capital russa, reascenderam os  debates  acerca  da  questão  étnica  e  migratória  no  país,  tanto  no  âmbito  governamental  – Parlamento russo (Duma) – , quanto no social e midiático.  A  tensão  teve  início  no  último  dia  10  de  outubro, após  o  assassinato  do  jovem  russo  Egor Scherbakov,  supostamente  por  um  imigrante  da ex­república  soviética  do  Azerbaijão.  Segundo testemunhas,  Egor  dirigia­se  ao  seu  domicílio acompanhado  da  namorada  quando  foi  ofendido pelo  imigrante,  que  estava  alcoolizado.  Ambos iniciaram  uma  briga  que  terminou  com  o esfaqueamento  do  jovem.  No  dia  13,  domingo,  a população  local  se  reuniu  para  exigir  a  prisão  do assassino  e  a  remoção  dos  imigrantes  não Pogrom em Biryulyovo Zapadnoye, Moscou, 13 de documentados,  acusando­os  de  estarem outubro de 2013 envolvidos  em  diversos  crimes.  Grupos Fonte: RIA Novosti. Anton Denisov ultranacionalistas  e  neonazistas  se  somaram  ao protesto  e  dirigiram­se  a  maior  feira  de hortifrutigranjeiros  da  capital  –  um  centro  de  abastecimento  semelhante  ao  CEAGESP  ­,  onde trabalham centenas de imigrantes. Ao tentarem invadir e incendiar o estabelecimento, foram barrados pela  tropa­de­choque  (OMON),  o  que  resultou  em  um  conflito.  No  dia  seguinte,  atendendo  aos clamores  da  população,  as  autoridades  russas  iniciaram  a  detenção  de  mais  de  300  imigrantes irregulares  que  trabalhavam  no  local.  Na  mesma  semana,  o  corpo  de  um  uzbeque  foi  encontrado esfaqueado  próximo  à  região.  Vale  destacar  que  em  setembro  outro  conflito  de  considerável magnitude desencadeou­se após grupos nacionalistas tentarem invadir um alojamento de imigrantes em Kapotnya, também na periferia sul moscovita. Os recentes acontecimentos remetem à tensão de 2010, quando o russo Egor Sviridov foi assassinado por um imigrante  do  Cáucaso  Norte,  durante  uma  briga  de  torcidas.    Aproximadamente  cinco  mil  manifestantes,  dentre os quais membros de grupos neonazistas, skinheads, e torcedores do Spartak de Moscou, reuniram­se na Praça Manezhnaya,  localizada  ao  lado  do  Kremlin,  sede  do  Poder  Executivo  russo.  Os  grupos  mais  exaltados deixaram o local e provocaram uma série de ataques a imigrantes das ex­repúblicas soviéticas, culminando com a  intervenção  da  OMON.  Durante  vários  dias  foram  registrados  motins  étnicos  entre  nacionalistas  russos  e imigrantes,  também  organizados  em  grupos  extremistas.  Mais  de  1.300  envolvidos  foram  detidos  na  ocasião  e manifestações de apoio ganharam espaço em diversas regiões da Rússia. O mesmo ocorreu nos dias seguintes aos  recentes  distúrbios  de  Biryulyovo  –  russos  em  Satatov,  Krasnodar,  Volgogrado,  Omsk  e  Astrakhan manifestaram apoio à população do bairro moscovita. Segundo  o  departamento  de  Assuntos  Econômicos  e  Sociais  das  Nações  Unidas,  a  Federação  Russa  ocupa hoje  o  segundo  lugar  no  mundo  em  número  de  imigrantes,  atrás  apenas  dos  Estados  Unidos.  Estima­se  que aproximadamente  11  milhões  residam  no  país  atualmente,  a  grande  maioria  oriunda  principalmente  das  ex­ repúblicas  soviéticas  do  Cáucaso  e  da  Ásia  Central,  dentre  elas  Uzbequistão  e  Tadjiquistão.  Como  ocorre  em outros  estados,  os  imigrantes  ocupam  os  cargos  de  menor  qualificação  e  remuneração  e  são denominados gastarbeiter  (do  alemão,  “trabalhador  convidado”):    gari,  caixa  de  mercado,  construtor  civil,  dentre outros. A especificidade desse fenômeno na Rússia está no choque cultural, que abrange diferenças linguísticas data:text/html;charset=utf­8,%3Ch1%20class%3D%22title%22%20style%3D%22border%3A%200px%3B%20outline%3A%200px%3B%20font­size%3A%…

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e religiosas – os russos, em grande maioria são cristãos ortodoxos, enquanto os imigrantes são muçulmanos. Em qualquer estação de metrô pode­se observar quão grande é o fenômeno migratório no país. No mesmo local, conversando  com  cidadãos  russos,  é  igualmente  possível  notar  a  insatisfação  da  população  em  relação  à presença  dos  imigrantes.  O  argumento  mais  utilizado  é  que  os  mesmos  “não  se  comportam  adequadamente”. Contudo,  quando  se  indaga  qual  é  o  comportamento  “inadequado”  há  muitas  divergências  e  imprecisão.  Uma situação  frequentemente  mencionada  é  a  dos  casamentos  chechenos,  nos  quais  “se  comemora  com  tiros  para cima”;  afirma­se  que  alguns  andam  armados  com  facas  ou  pistolas,  “brigam  por  qualquer  motivo”  e frequentemente  “contam  com  a  ajuda  de  seus  conterrâneos”;    “abordam  as  mulheres  de  maneira  hostil,  quando não  agressiva”;  “constituem  máfias  e  demais  grupos  criminais”.  Segundo  muitos  russos,  “é  melhor  não  se relacionar com eles”. Certamente, há também vozes favoráveis, mas são visivelmente minoria. Consideram que os imigrantes garis “trabalham muito melhor que os garis russos” e que eles respeitam os idosos, pois “sempre concedem o lugar no metrô”. As  autoridades  russas  se  encontram  num  verdadeiro dilema  entre  atender  aos  clamores  populares  e restringir  a  imigração  ou  abrir  as  fronteiras  para contrabalancear  o  crescimento  populacional  negativo que  o  país  apresentou  nas  últimas  décadas  e  garantir mão­de­obra  barata  a  fim  de  cobrir  a  demanda  gerada pelo  crescimento  econômico  alcançado  após  o  ano 2000.  Em  diversas  ocasiões  o  atual  presidente, Vladimir  Putin,  declarou  que  a  imigração  das  ex­ repúblicas  soviéticas  deve  ser  bem  vinda,  pois  a população  desses  países  comparte  muitos  valores históricos  e  culturais  com  a  Rússia  –  muitos  têm, Intervenção da OMON, tropa­de­choque russa, em Biryulyovo inclusive,    o  russo  como  língua  oficial  ou  segunda Fonte: RIA Novosti, Maksim Blinov, 13.10.2013 língua.  Em  contrapartida,  junto  ao  primeiro­ministro, Dmitriy  Medvedev,  afirmou  que  os  imigrantes  devem respeitar  os  costumes  e  a  cultura  do  local  que  escolheram  para  morar.  O  presidente  também  chegou  a  admitir que a legislação migratória é bastante confusa e que algumas alas do Parlamento equivocadamente consideram que os cidadãos das ex­repúblicas soviéticas têm os mesmos direitos civis e políticos que os russos. A questão étnica na Rússia contemporânea abrange não apenas imigrantes do “Estrangeiro próximo”, como são denominadas as repúblicas supramencionadas, mas também migrantes provenientes de outras regiões do país. Na língua russa há duas palavras diferentes que em português são traduzidas apenas por “russo”:rossiyan,  que denomina aquele que tem a cidadania na Rússia (Rossiya), e russkiy, que denomina o grupo étnico majoritário – aproximadamente 80% da população – cuja língua nativa é o russo. A complexidade da situação deve­se ao fato de  no  país  conviverem  mais  de  180  grupos  étnicos,  chamados  de  “nacionalidades”.  Para  exemplificar,  um checheno  tem  a  cidadania  russa  (é  um  rossiyanin),  mas  não  tem  a  nacionalidade  russa  (não  é  um  russkiy,  é um  chechenetz).  As  21  regiões  onde  parte  considerável  da  população  pertence  a  nacionalidades  locais  não­ russas  foram  contempladas  com  o  status  de  “República”,  ou  seja,  elas  detêm  maiores  direitos  dentro  da federação,  se  comparadas  às  outras  subdivisões  administrativas.  Em  algumas  delas  há  fortes  movimentos separatistas  e  fundamentalistas  religiosos,  como  na  Chechênia  e  no  Daguestão,  situadas  no  Cáucaso  Norte. Periodicamente  há  ocorrências  de  atentados  terroristas  e  incursões  do  exército.  Dentre  os  mais  marcantes,  é imprescindível mencionar o cerco à escola de Beslan em 2004, onde guerrilheiros fizeram mais de 1.200  reféns e 344 civis foram mortos. Com menor frequência, mas de maior impacto midiático, atentados são realizados em Moscou  –  foi  assim  em  2011,  no  aeroporto  internacional  Domodedovo,  2010,  em  duas  estações  do  metrô  e 2002, com a crise de reféns no teatro Dubrovka. Os nacionalistas russos defendem uma política migratória que restrinja a circulação dentro do próprio território da Federação  Russa,  o  que  já  foi  publicamente  rejeitado  pelo  presidente  Putin,  além  de  ser  uma  proposta data:text/html;charset=utf­8,%3Ch1%20class%3D%22title%22%20style%3D%22border%3A%200px%3B%20outline%3A%200px%3B%20font­size%3A%…

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inconstitucional. Frequentemente enunciam o  slogan  “a Rússia para os russos!” (“Rossiya para os  ruskiye,  não para  os  rossiyane”).  Segundo  pesquisas  de  opinião realizadas pelo Instituto Levada em novembro de 2012, 56%  dos  russos  estão  de  acordo  com  oslogan.  Em relação  ao  lema  “Basta  de  alimentar  o  Cáucaso!”, aludindo  aos  inúmeros  investimentos  que  o  governo federal  realiza  para  modernizar  a  região  e  diminuir  as tensões  sociopolíticas,  a  percentagem  de  apoio  sobe para 65% da população. Também 65% da população é contrária a vinda de trabalhadores de outras regiões da própria Rússia para as cidades em que residem. Feriado muçulmano Kurban­Bayran (Dia do Sacrifício) em Moscou Fonte: Evgeniy Babushkin, 15.10.2013

No  parlamento  russo,  Duma  Estatal,  as  discussões acerca  do  pogrom  de  Buryulyovo  não  foram  menos acirradas  que  na  sociedade.  O  líder  do  Partido  Liberal Democrata  da  Rússia  (LDPR),  Vladimir  Zhirinovskiy,  advertiu  que  a  Rússia  está  sofrendo  uma  “colonização interna” por parte das outras regiões nacionais, especialmente do sul. Segundo ele, o atual governo não reage a esse fato porque recebe “o voto de 100% da população nas regiões”, a qual age assim em troca de “dinheiro e direitos”,  Em  polêmica  e  irônica  citação  mencionou:  “…quanto  aos  russos  (russkie),  deixe  que  se  embebedam, deixe que os estuprem, deixe que os roubem. (…) Deve­se tomar uma decisão radical – expulsar os imigrantes”. Na mesma direção manifestou­se o representante do Partido Rússia Justa (Spravedlivaya Rossiya),  Oleg  Nilov, afirmando que “deve­se deportar todos os imigrantes ilegais, que constituem não 8, mas 10 milhões”. De acordo com  Valeriy  Rashkin,  deputado  do  Partido  Comunista  da  Federação  Russa  (KPRF),  as  causas  do  conflito  são “as  de  sempre:  migração  ilegal  em  massa,  alimentada  por  representantes  das  autoridades  locais,  por  gangues criminais e acobertada pelos agentes da lei (polícia)”. A única manifestação moderada foi a do representante do partido  da  situação  Rússia  Unida  (Edinaya  Rossiya),  Vladimir  Vasylyev,  o  qual  destacou  que  “o  crime  não  tem nacionalidade”. É importante destacar que tais tipos de ocorrência não se restringem a Moscou. Em julho deste ano, um russo foi  assassinado  por  um  checheno  durante  uma  briga  na  cidade  de  Pugachiov.  A  população  local  se  revoltou  e reuniu­se  em  frente  à  administração  regional  exigindo  a  remoção  dos  imigrantes.  Diversos  distúrbios  foram registrados.  Em  2006,  na  cidade  de  Kondopoga,  situada  na  República  da  Carélia,  umpogrom  teve  início  após  a morte de dois russos por imigrantes da Chechênia e do Daguestão. Além de protestos exigindo a deportação da população  não  documentada,  civis  atacaram  estabelecimentos  pertencentes  aos  imigrantes.  Na  época,  o presidente  da  República  da  Chechênia,  Ramzan  Kadyrov,  exigiu  que  as  autoridades  locais  garantissem  a segurança  e  o  respeito  aos  direitos  de  seus  conterrâneos.  O  piorpogrom  recentemente  verificado  no  Espaço Pós­Soviético  ocorreu  no  sul  do  Quirguistão,  em  2010,  envolvendo  grupos  étnicos  uzbeques  e  quirguizes. Fontes oficiais afirmaram que 442 pessoas foram mortas, enquanto não oficiais mencionaram números acima de 1.000.  De  acordo  com  o  Instituto  Levada,  43%  da  população  russa  considera  que,  visto  a  atual  tensão,  há  a possibildade de um “derramamento de sangue” no país por conflitos étnicos. No  último  dia  15,  dois  dias  após  as  ocorrências  em  Biryulyovo  Zapadnoye,  manifestantes  planejaram  um protesto  na  estação  Prazhskaya,  denominado  “Nossa  resposta  ao  Kurban­Bayran!”,  em  alusão  ao  feriado muçulmano celebrado pela maior parte dos imigrantes. Visando prevenir novos atos de violência, as autoridades russas fecharam o comércio próximo ao local, detiveram mais de 50 manifestantes e dispersaram os demais. As atuais  reivindicações  incluem  o  fechamento  da  feira  hortifrutigranjeira  da  região,  a  deportação  dos  imigrantes ilegais  e  o  estabelecimento  de  um  regime  de  vistos  com  os  países  membros  da  Comunidade  dos  Estados Independentes  (CEI),  organização  internacional  que  abrange  a  maioria  das  ex­repúblicas  soviéticas.  Em entrevista  ao  jornal  Moskovskiye  Novosti,  o  diretor  da  citada  feira,  Magomed  Churilov,  declarou  que,  caso  ela seja fechada, haverá uma crise de abastecimento na cidade, tendo em vista que “mais da metade” das frutas e verduras que são vendidas em Moscou chegam, em primeira instância, a esse mercado. data:text/html;charset=utf­8,%3Ch1%20class%3D%22title%22%20style%3D%22border%3A%200px%3B%20outline%3A%200px%3B%20font­size%3A%…

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Quatro  características  são  fundamentais  nos  atuais conflitos  étnicos  da  Rússia:  1)  A  utilização  de  redes sociais  para  reunir  tanto  manifestantes  locais,  quanto grupos  neonazistas.  Nacionalistas  de  diversas  regiões da  cidade  planejaram  se  juntar  aos  moradores  de Biryulyovo  por  meio  dovkontakt  (“facebook”  russo).  O mesmo  ocorreu  em  outras  manifestações  extremistas, como a realizada na praça Manezhnaya em 2010. 2) A participação  espontânea  da  população.  Diferentemente dos  ataques  xenófobos  realizados  nos  anos  1990  e começo  de  2000,  as  atuais  manifestações  não  são realizadas  apenas  por  grupos  skinheads.  A insatisfação  com  a  situação  migratória  é  um  fato Cartaz “Autoridades, reconheçam o problema – marcante  nas  grandes  cidades  russas,  logo  a comecem a agir!” Fonte: Vedomosti. A. Makhonin, população  comum  se  mostra  cada  vez  mais  ativa 13.10.2013 nesse  tipo  de  protesto.  As  imagens  registradas  em Biryulyovo mostram, inclusive, a participação de crianças e idosos. 3) A generalização do fato particular. Alguns imigrantes cometem crimes, mas a grande maioria, que apenas trabalha honestamente, sofre as consequências. Antes  mesmo  de  se  confirmar  se  o  assassino  do  jovem  russo  trabalhava  ou  não  no  mercado,  a  população enraivecida  já  atacava  o  estabelecimento.  4)  O  efeitospill­over  (“dominó”).  Moscou  é  o  centro  político  e econômico  da  Federação  Russa.  As  manifestações  que  ali  ocorrem  rapidamente  ganham  a  adesão  de  outras cidades espalhadas por todo o país. Os  fatos  apresentados  no  presente  artigo  evidenciam  o  quão  delicada  é  a  questão  étnica  e  migratória  para  a Federação  Russa.  Cabe  ao  Kremlin  definir  os  rumos  de  uma  política  de  Estado  que  leve  em  conta  tanto  as tensões  culturais  presentes  na  sociedade,  quanto  as  necessidades  econômicas  e  as  relações  bilaterais  e multilaterais com as ex­repúblicas soviéticas, principal área de influência do país. O grande desafio é: onde está o ponto de equilíbrio? — Este texto é uma contribuição externa de Vicente Giaccaglini Ferraro Jr., mestrando em Ciência Política pela Escola Superior de Economia de Moscou e Membro do Laboratório de Estudos da Ásia da Universidade de São Paulo (LEA­USP), Bacharel em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC­SP). Contato: [email protected] e v­[email protected]­ru

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