Ministério da Educação

June 1, 2017 | Autor: L. Guimaraes Nish... | Categoria: Metodologias de Pesquisa
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Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Disciplina: Metodologia da Pesquisa - Resenha Crítica
Nome: Luiza Guimarães Nishizaki Turma: S91




Prosopopeias do Século XXI – A projeção do "Amar" na ilusão do "Curtir" de Jonathan Franzen.



Desde que a sociedade foi imposta a encontrar conforto no consumo demasiado, de certa forma, passou também, a se refugiar da mesma maneira, de todo o resto que não nasce do material, de tudo aquilo que consiste no abstrato e nas complexidades dos sentimentos humanos. O amor, visto como o mais célebre e fundamental deles, está sendo substituído pela possibilidade de curtir a imagem superficial de coisas e pessoas, e é com esta ideia que o escritor americano Jonathan Franzen alimenta seu ensaio "Curtir é Covardia" (em Inglês – "Liking Is For Cowards. Go for What Hurts"), publicado em Junho de 2011 no jornal The New York Times.
Franzen inicia seu texto relatando o fim do relacionamento que teve com um modelo ultrapassado de smartphone e descreve como foi relativamente fácil substituí-lo por outro, agora superior. Durante grande parte do ensaio, o autor descreve, com tons de ironia e verdade, o papel da mídia atual e da publicidade, em personificar objetos de consumo e como nos tornamos cegos e apáticos ao deixar de distinguir tais objetos, das virtudes e imaterialidades que nos cercam. Destaco a maneira como Franzen soube relacionar o conceito de magia com o papel do tecnoconsumismo em tornar a ideia do fantasioso, algo real, atingível, e como as pessoas, eventualmente, passaram a usar a metáfora da magia, ao descrever relacionamentos humanos.
Os relacionamentos entre nós e os produtos da tecnologia para consumo, tendem a ser perfeitos, sem lados ruins, pois foram estrategicamente idealizados para tal, para serem curtidos. Os objetos de consumo oferecem e proporcionam sem exigir nada em troca; é desta forma que o autor justifica o fato de como o amor denuncia a superficialidade ilusória da ordem tecnoconsumista, pois para amar é preciso estar disposto a enxergar e expor a realidade contrastante entre o prazer e a angústia, o sorriso e a lágrima, a dor e o deleite que, consequentemente, preferimos não exibir nos murais do Facebook.
Para finalizar, o autor relata sua relação de paixão pelo ambientalismo e como passou a curtir a natureza e, depois de algum tempo, a ignorá-la, após serem despertados em si, sentimentos negativos, advindos do modo como a população a explora. Por fim, o ensaísta conta que acabou se apaixonando pelos pássaros, uma parte específica de toda a natureza e agora passou a ver o meio-ambiente, como o lar dos animais que amava. Franzen concluiu que, ao se envolver com essa fração vital da natureza, passou também, a explorar uma parte menos autocentrada de si mesmo e ao fazê-lo, pôde sentir certo alívio nas angústias que sua admiração pela natureza como um todo, trouxeram. Tal história é, finalmente, comparada às relações entre nós, seres humanos e a ideia abstrata de amor.
Acredito que não é, nem um pouco recente, a maneira como as pessoas preferem se desviar de relacionamentos amorosos para se safar das desilusões e decepções que os acompanham. A novidade que a tecnologia e as redes sociais trazem e que o escritor, sensivelmente descreve, é exatamente, a alternativa que possuímos de criar um personagem, preferindo nos tornar curtíveis a amáveis.
Certa vez, li em um site, uma lista com as celebridades mais curtidas e seguidas nas redes sociais e ao ver suas publicações, foi fácil notar um padrão escancarado entre todas as grandes personalidades. É fácil perceber a obsessão que possuem sobre elas mesmas, a disputa da perfeição inatingível e como tudo isso é refletido em nossa mente e comportamento, mas, ao mesmo tempo, é o reflexo do que se é friamente imposto pelas ideologias de consumo: o material superior às virtudes, os caracteres sob a fala, a aparência sob os ideais e o 'curtir' acima do 'amar'.
Tratando com delicadeza e de maneira sensível o comportamento, muitas vezes ignorante do ser humano, Jonathan Franzen, soube traduzir e explicar o que raramente, analisamos. O escritor teve a ousadia de reinventar definições para o amor e para o 'amar', como poucos fizeram e serão humanamente capazes de, em algum dia, fazer.









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