Missões de Treino e Formação

July 14, 2017 | Autor: Marco Lopes | Categoria: Military
Share Embed


Descrição do Produto

62 - ARMAS COMBINADAS 02

ARMAS COMBINADAS 02 - 63

Missões de Treino e Formação Um novo Paradigma da participação do Exército em missões internacionais

“It is important to understand that the host nation’s forces doing some things tolerably is often better than the coalition forces doing it well” Capt Brad Israel, US Army.

“O espaço europeu está efetivamente menos seguro do que em 2008. O debate na Europa é agora sobre se é possível permitir que os gastos militares continuem a diminuir, tendo em conta o aumento dos desafios de segurança na Europa e regiões vizinhas” John Chipman Maj Inf Rafael Lopes

Enquadramento

O poder militar foi, é, e será um dos elementos fundamentais

A afirmação de John Chipman, diretor-geral do Instituto In-

de uma nação, não apenas no quadro dos compromissos interna-

ternacional de Estudos Estratégicos, por ocasião da apresentação

cionais, mas bem assim no plano interno, onde se constituirá sempre

do “Military Balance 2015”, elucida claramente a atual conjuntura

como o último, mas decisivo “escudo”, contra as ameaças à sobera-

nacional e internacional, caracterizada pelas enormes restrições

nia de um povo e da sua segurança.

orçamentais, mas também pela tensão emergente entre diversos atores internacionais (NATO-Rússia, China-Japão, Norte de África e

Porém, hoje mais do que nunca, a defesa de uma nação

claro está os diversos grupos terroristas e de insurgentes). Nessa

não se executa apenas no seio das suas fronteiras, mas realiza-se

mesma apresentação, é factualmente enunciado o diferencial de in-

também e fundamentalmente ao nível global, uma vez que a trans-

vestimentos na área da defesa, efetuados pelas principais potências,

nacionalidade da ameaça assim o determina. O exemplo dos re-

salientando-se o decréscimo das potências ditas ocidentais, e o au-

centes acontecimentos em França são elucidativos desse facto, e

mento significativo de potências como a China e países do Norte

naturalmente da capacidade que hoje os grupos terroristas dispõem

de África e Ásia.

e da evidente permeabilidade dos estados. Formação Exército Somali no âmbito da EUTMS

64 - ARMAS COMBINADAS 02 Associado a esta nova tipologia de ameaça, o atual quadro financeiro faz emergir um debate fundamental sobre quais as capacidades e requisitos operacionais dos Exércitos, quer no quadro de emprego nacional, quer no plano internacional. Por conseguinte, as palavras redução vs eliminação assumem especial relevo, pelo que cabe aos decisores militares encontrar novas formas de atuação, menos dispendiosas mas todavia tão ou mais eficientes no emprego das capacidades militares e concomitantemente nos resultados. De acordo com a Publicação Doutrinária do Exército (PDE) 3-00, no âmbito das operações de estabilização, a tarefa primária de apoio à governação inclui a manutenção de um ambiente seguro e estável, segurança pública e serviços essenciais, que por sua vez inclui “o treino e reequipamento das forças armadas e das forças de segurança da Host Nation”. A centralidade do presente ensaio, tenta objetivar quais os desafios que se colocam a uma força e respetivos benefícios da aplicação de uma força militar ou militares isolados numa missão desta tipologia. Concomitantemente, julga-se oportuno trazer a debate esta histórica, mas talvez esquecida, abordagem ao emprego de forças militares, que com pouco, podem fazer muito.

ARMAS COMBINADAS 02 - 65 vive uma “batalha” entre os Estados e grupos insurgentes radicalistas que procuram através de ações terroristas demover a legitimidade de governos e subalternizar determinadas populações aos seus propósitos. Este ambiente, onde necessariamente as forças armadas serão sempre um vetor fulcral na estabilização de uma determinada região, constitui todavia um instrumento dispendioso muitas vezes incompreendido, à luz duma sociedade “estrangulada” por uma severa crise financeira. Mas se por um lado o instrumento militar é dispendioso, também é verdade que a segurança não tem preço, e essa assume especial proeminência quando não existe. A proliferação da informação, associado ao emergente número de estados falhados constituiu terreno fértil para a disseminação do terror e da insegurança a estados e nações até então em segurança, constituindo porquanto estes estados falhados bases importantes para grupos insurgentes e terroristas. Assim, e em face desta caracterização, devem os estados estar preparados para enviar forças para manter a segurança de um determinado estado, ou devem, em primeira análise, atuar como medida preventiva e apoiar o setor de segurança e defesa de um estado através do envio de advisors, mentores ou formadores (trainers).

As organizações internacionais e as missões de treino Caraterização do ambiente operacional Se procurasse definir o atual ambiente operacional em três palavras diria complexo, imprevisível e reacionário. Estas palavras podem encontrar caracterização no atual cenário Europeu, onde se

Hoje assiste-se a um grande envolvimento das principais organizações internacionais (ONU, NATO e UE) no desenvolvimento desta tipologia de missões, atuando ao nível da prevenção de conflitos (desejavelmente) ou no âmbito da consolidação ou imposição da paz, como são exemplos as missões de treino no Iraque, Afeganistão, Mali e Somália. Todavia, esta aproximação não é nova e poder-se-ão encontrar práticas de atuação semelhantes ao longo dos últimos 100 anos (desde 1917). O século XX foi profícuo nesta tipologia de atividades militares. Encabeçadas pelos Estados Unidos da América (EUA) foram desenvolvidas diversas acções, das quais se salientam: durante a IIª Guerra Mundial os Americanos disponibilizaram equipamento e treino para milícias do Reino Unido, França, Irão, China, União Soviética e América Latina; durante a guerra da Coreia em 1950, os EUA aconselharam os Sul-Coreanos em combates de grande envergadura, acção que terminou apenas com a retirada Americana em 1973; etc.

Mentoring, Advising and Training Como foi identificado, o atual ambiente operacional coloca diversos desafios às forças militares, que por determinação política são envolvidas hoje mais do que nunca em operações de não combate. Estas operações, normalmente não cinéticas, levaram ao desenvolvimento de diversas estratégias para alcançar os desideratos no âmbito do apoio à edificação do setor de segurança de um determinado país. Normalmente, poder-se-ão identificar quatro elementos que se constituem como centrais para o desenvolvimento e aplicação de uma ou várias destas estratégias. São eles: o objetivo final, a identificação dos problemas operacionais, a análise do passado recente e as oportunidades de futuro, para além naturalmente da caracterização do público-alvo, desenvolvendo aqui as funções de carreira (técnicas) e funções psicossociais (comportamentais).

Mentoring1 Processo pelo qual o mentor acompanha o desenvolvimento técnico do mentorado, (voluntariamente) encorajando-o, mostrando-lhe os papéis a serem desempenhados nas situações de trabalho, abordando atitudes e comportamentos, baseado na confiança e respeito mútuo. É uma atividade presencial (principal diferença para o processo de advising), conduzida pelo mentor, numa determinada área de atividade. Este processo de mentoria, tende a afetar o desenvolvimento de ambos – funções de carreira (procedimentos organizacionais e técnico-táticos) e funções psicossociais (maturidade, comunicação, postura na organização e conhecimento de carreira). Nesta relação, o desenvolvimento para o mentorado significará sempre experiências desafiantes, orientação, feedback (positivo – para reforço de comportamento e construtivo – para mudança de 1 - A palavra mentor tem a sua origem na obra - Odisseia de Homero. Nesta obra Ulisses antes da sua épica viagem, confia a Mentor o seu filho Telémaco. Mentor desempenha um papel importante no desenvolvimento de Telémaco, facto que é observado por Ulisses após o seu regresso.

comportamento), numa permanente postura de partilha, que permita a ativação de novas experiências (por exemplo assumir diferentes papéis ao longo do processo), objetivada e consertada com uma clara estratégia base do processo (planos de ação). Por outro lado, o próprio mentorado deve também criar (sob proposta do mentor) um Plano de Ação de Desenvolvimento Individual, deixando claro os objetivos pessoais e profissionais a curto, médio e longo prazo. A questão que muitas vezes se coloca aos mentores é efetivamente o que pretendem os mentorados dos mentores. Os mentorados pretendem normalmente: encorajamento, apoio, honestidade, informação pertinente e aconselhamento, orientações e sugestões, apoio na determinação da “visão”, apoio na tomada de decisões e no alcançar de objetivos, e fundamentalmente a passagem de experiências. Este último aspeto, encaminha-nos para as características de um mentor, que para além das qualidades pessoais necessárias (Motivador, respeitador, empreendedor, entre outras), deve dispor da necessária experiência na área de mentoria que está a desenvolver (Exº. não podemos assumir que qualquer militar está capacitado para conduzir mentoria a um órgão logístico de um determinado exército em construção, apenas baseado no pressuposto de que os militares desse exército não dispõe de conhecimentos). Neste quadro, importa ao mentor ter o discernimento necessário para ajustar o seu papel e a sua tarefa em face daquilo que é o ambiente operacional (consciência cultural vs. segurança) onde a atividade é desenvolvida, conhecendo claramente o mentorado.

Advising As Military Advisor Teams “quando projetadas para a área de operações, aconselham e assistem…, garantem ligação, comando e controlo, e quando necessário, apoiam o planeamento operacional e emprego de unidades…. Com a finalidade de apoiar o desenvolvimento de um exército capaz de conduzir operações autonomamente.”2 Esta definição consubstancia alterações importantes relativamente ao processo de mentoria, designadamente ao nível da execução. Altera-se do treinar, ensinar, viver, comer e estar junto do mentorado – processo de mentoria, para o aconselhar e auxiliar, verbos de ação subjacentes ao processo de advising.

Este histórico, deve assim impelir os Exércitos e os seus soldados a procurar práticas de atuação que permitam garantir a necessária assertividade na execução das diversas tarefas e missões, pois é visível que hoje as organizações internacionais como a NATO e UE apostam claramente neste campo. Respostas às seguintes perguntas – o que fazem os mentores? Como devem ser escolhidos? Quais os problemas que enfrentam? Benefícios da sua atuação? – devem ser encontradas.

As características dos envolvidos no processo de mentoria, não se alteram significativamente para um processo de advising, o que se altera efetivamente é o nível atual de performance do mentorado/advised, que conduz à não necessidade de presença permanente do adviser, permitindo o desenvolvimento da necessária confiança do mentoPerformance na Mentoria

2 -Mensagem do 4ºCN/ISAF sobre as Advisor Training Teams Concept of Operations, de Mai12;

66 - ARMAS COMBINADAS 02 rado/advised. Portanto, neste processo é dada maior liberdade ao advised para conduzir a sua atividade, não assumindo o advisor qualquer decisão que deva ser naturalmente tomada no seio do órgão ou elemento que está a ser alvo do processo.

Trainning (Formação) A formação centrada nesta tipologia de missões assume claramente o instrumento de excelência para o desenvolvimento da “matéria-prima”, sem a qual as funções ou órgãos alvos de mentoria/ advising não têm a possibilidade de trabalhar. É por isso talvez, que a formação assume nestas operações papel central e decisivo para o sucesso da mesma. Todavia, a definição e organização dessa formação centrada nas forças de segurança e defesa de um determinado país – chamemos falhado – encerra em si diversos desafios e constrangimentos para as quais os formadores devem estar acautelados e acima de tudo tecnicamente preparados para as enfrentar. Definir o Soldado do País hospedeiro, padronizar a ameaça, tentar aplicar soluções dos locais e locais, desenvolver os seus líderes e garantir a necessidade capacidade de coordenação e flexibilidade são princípios que encaminharão a missão para o sucesso, e auxiliam na mitigação das naturais diferenças culturais, não apenas entre as nações participantes na organização internacional, mas bem assim com os militares do país hospedeiro. Por outro lado, a formação centrada no conceito Train the Trainers deve ser sempre um objetivo, porque irá permitir o desenvolvimento da confiança. Nesse sentido torna-se imperioso identificar os militares que poderão assumir essas responsabilidades no futuro, para que paulatinamente adquiram a confiança e as capacidades técnicas necessárias.

ARMAS COMBINADAS 02 - 67 A Missão EUTM Somália (EUTMS) A missão EUTMS tem a sua génese numa resolução3 das Nações Unidas, originando por sua vez uma decisão em 2010 por parte da União Europeia (UE) do estabelecimento de uma missão “não executiva” para contribuir para o treino das Forças de Segurança Somali. A missão EUTMS, foi oficialmente lançada em 2010, inicialmente conduzindo atividades de formação no Uganda a militares do Exército Somali. No Uganda, foram formados cerca de 3235 militares, dos quais 29 do sexo feminino, em áreas diversas como o Combate em Áreas Edificadas, Combat Live Saver, Transmissões, Civil and Military Cooperation (CIMIC), Combat Engineering, para além de cursos base de formação ao nível dos Oficiais, Sargentos e Praças. Posteriormente, em 2013 o cenário da atividade central da EUTMS alterou-se significativamente, e esta passou a centrar-se em Mogadíscio, onde se encontra até à atualidade. Esta alteração, dando um claro sinal político de capacidade da UE de conduzir operações num ambiente não permissivo, encerra em si diversas dificuldades (Ex: infraestruturas de treino e formação, necessidade do incremento das medidas de segurança) que condicionam sobremaneira a condução de toda a sua principal atividade (Formação, mentoria e advising).

Da nossa experiência no dia-a-dia com o militar Somali, poder-se-ão encontrar as seguintes características, que nos determinam a forma de atuação para alcançar os nossos objetivos, designadamente: iliteracia (muitos dos militares não sabem ler nem escrever), grande vontade de aprender, extremamente focados na honra e na defesa dos seus pares, ideologia pelo clã (embora não queiram assumir, dizendo que o seu clã é a Somália), disciplinados e respeita-

Conclusões e Desafios para o futuro

dores. Intimamente ligado a esta descrição das gentes Somalis, o seu

As missões de treino, advising ou mentoring, num ambiente permissivo constituem um vetor importantíssimo, e teoricamente não oneroso que permite “vender” o produto mais importante da existência de um Exército – Segurança. Todavia, estas actividades, sejam elas conduzidas de forma individualizada ou mesmo combinada, devem ser envolvidas numa estratégia nacional (ou integrados na organização na qual Portugal participa) com objetivos claramente definidos de forma anual ou bianual, para que se possam, após as devidas avaliações, identificar os desvios e implementar medidas corretivas. Conduzir uma atividade desta tipologia num território estrangeiro, não se centra apenas em constrangimentos logísticos, ou de caráter operacional (segurança), vai para além disso. E nessa ótica, o apoio nacional tem também de ser sentido ao nível conceptual, e não estar centrado nas pessoas que pontualmente conduzem as atividades no TO. Por outro lado, as organizações devem procurar o desenvolvimento de forças como um todo (companhias, batalhões, etc) e não focar-se apenas na formação técnica de base do Exército. Só desta forma, se poderá avaliar/validar de forma clara os benefícios da implementação de uma missão desta tipologia.

Exército vive hoje um processo de reconstrução que levará anos a ser concluído. Este Exército apresenta graves deficiências ou mesmo inexistência de apoios ao nível dos vetores de desenvolvimento: Doutrina, Organização, Treino, Meios, Infraestruturas e Lideranças. A missão EUTM-Somália, tem, de acordo com o seu mandato, implementado atividades direccionadas para todos os vetores de desenvolvimento, para os quais tem estruturas próprias na sua organização que lhe permitem criar respostas, e das quais a construção do Jazeera Training Camp (JTC) – local de treino utilizado diariamente pelos trainers internacionais – é o exemplo mais claro.

Resenha histórica da participação Portuguesa Os Somalis e as suas Forças Armadas Os Somalis são um povo que tem sofrido ao longo de vários anos diversas lutas internas que tem “minado” o seu normal desenvolvimento como nação. A sociedade Somali assenta numa organização social baseada em clãs, os quais desempenham um papel fundamental nos destinos da nação.

Portugal tem desde 2010 participado ativamente na missão EUTMS, assumindo a responsabilidade de cargos e missões de extrema responsabilidade e que contribuem decisivamente para os desideratos da missão, designadamente: J2 Intelligence Analyst, Nação responsável pela formação de Combate em Áreas Edificadas e de Comandantes de Companhia (2010-2014), Comandante do Campo de Formação de Bihanga (Uganda) e, mais recentemente em Mo-

3 - Resolução 1872 do Conselho de Segurança das Nações Unidas de 26 maio de 2009, onde reforça a necessidade de retomar os planos de treino e reequipamento, apelando aos países membros das Nações Unidas a disponibilização de apoio na formação técnica das Forças de Segurança Somalis.

Os desafios são enormes, a caraterização embora sucinta do Exército (em cima efetuada) e do seu recurso essencial – o homem, assim o ilustra, mas apenas a determinação, a vontade e a persistência dos países e no caso concreto da União Europeia, podem ajudar a reerguer uma nação tão sedenta de paz e prosperidade.

gadíscio, a função de JEng. Esta participação, que em número de militares variou entre os 16 e os atuais 3, mantém todavia Portugal e o seu Exército com posições chave na estrutura da missão.

Que futuro A missão EUTMS, iniciará no próximo mês de abril o seu 4ºmandato, que irá terminar em dezembro de 2016. Este novo mandato, para além de abranger outras estruturas no âmbito do advising, incorpora um novo conceito de treino, sendo também a área de operações estendida a Mogadíscio e a outras áreas da Somália (se superiormente aprovado por Bruxelas, após a observação de de-

De acordo com o supra mencionado, os desafios para o emprego de forças nesta tipologia de missões são enormes, e especialmente ao nível individual – do soldado, e ao nível coletivo – equipa. O homem, o soldado “joga” nestas missões um papel essencial uma vez que é das suas características pessoais, da sua iniciativa e da sua postura num relacionamento, que depende muito do sucesso dos seus formandos/mentorados, e por consequência das unidades de um Exército em construção e naturalmente do seu país. Assim, identificam-se em seguida alguns aspetos que nos parecem importantes e decisivos para o sucesso de uma missão, designadamente: •

Conhecimento claro da cultura da host nation, especialmente do “do” and “don’t”. Este requisito, no âmbito do aprontamento de forças não poderá passar apenas por pequenas palestras, mas sim por um programa claro de formação que aluda a esta temática;



Facilidade na criação de boas relações pessoais e profissionais com os mentorados, desenvolvendo uma relação de confiança, lealdade, respeito e fomentando a disciplina;



Os formadores/mentores devem ser proficientes em todo o equipamento, armamento e organização das unidades que mentoram/aconselham;



Explicar a razão de fazer, e não apenas como fazer. Os for-

terminados requisitos de segurança). Este novo Mission Plan define claramente quais os objetivos (ao nível do treino e formação) a atingir para as 3 fases da operação (1 – Consolidation of the advisory and training activities, 2 – Switching to mentoring, 3 – Recovery) – O atual plano de treino, que irá estender-se até ao final do 4º mandato, não atribui responsabilidades para a execução dos cursos a uma determinada nação (Nação Líder), tal como tem vindo a ser feito do antecedente, mas solicita aos Países Contribuintes com Tropas (TCN) uma “pool” de 14 formadores que estão disponíveis para ministrar qualquer curso, dentro do plano de treino detalhado. Estes Fig. 3 - Plano de Ação das Equipas de Formação e Mentoria

14 formadores estarão disponíveis para executar qualquer uma das atividades identificadas. (Fig. 3)

68 - ARMAS COMBINADAS 02 mandos/mentorados, mais do que fazer qualquer atividade, necessitam saber a razão para o fazer e os porquês dessa atividade, porque apenas assim se conseguem desenvolver as suas capacidades interpretativas, bem como a sua capacidade de futuramente atuar de forma independente. “O nosso plano é flexível, e deve ir ao encontra das expetativas dos formandos”; •



Keep it simple. Os formandos em sessões teóricas adormecem facilmente, e não retêm muita da informação passada, pelo que o foco deve estar em pequenos conceitos teóricos e em seguida sessões práticas, com competições internas quando possível; Desenvolver a capacidade de improvisação, para compen-

Formação Exército Somali no âmbito da EUTMS

ARMAS COMBINADAS 02 - 69 sar a indisponibilidade de determinados equipamentos e materiais de apoio à formação; •



Desenvolver técnicas de utilização de intérpretes. Estes elementos são fundamentais para o sucesso de uma atividade, pelo que se torna decisivo dominar métodos de conversação, desenvolvimento de sessões de formação ou reuniões e resolução de conflitos. Para este último aspeto, o intérprete constituir-se-á uma valiosa ajuda, caso seja devidamente empregue; Aprender a língua local. Esta tarefa, devendo ser desenvolvida em sede de aprontamento, não é, no entanto, de fácil implementação. Pedir aos formandos diariamente 3 a 4 palavras da sua língua local, e no dia seguinte falar essas pala-

vras, ajuda bastante na criação de um clima de confiança com os formandos/mentorados. •

próprio ambiente internacional, e o facto de se assumir à partida que é uma tarefa simples, que dificultam sobremaneira o alcançar dos resultados desejados.

Capacidade HUMINT (Human Intelligence). Os melhores vetores para a recolha de informação são os locais, pelo que a atividade de formação e mentoria cria terreno fértil para que possam ser recolhidas informações.

Referências: Treinar uma força de um outro país é uma arte e não uma ciência, para a qual não existem regras padronizadas, e que se ajustem a todos os casos, sendo que, a melhor doutrina será sempre baseada nas experiências colhidas por antecessores. Concomitantemente, e em teoria, a edificação de capacidades num Exército em construção não difere daquele aplicado no nosso próprio Exército, todavia existem diversos constrangimentos como o

4ºContingente Nacional ISAF, 2012. Advisor Teams (AT) Concept of Operations; Mission Plan Draft 4º Mandato, 2015. EUTM-Somália. Bruxelas; British Amy Field Manual, Vol I, Part 10, 2009. Countering Insurgency; Field Manual 3-07.1, 2009. Secutiry Force Assistance; Robert D. Ramsey, 2006. Ocasional Papper Advising Indigenous Forces: American Advisors in Korea, Vietnam and El Salvador, Kansas; Gene Germanovich, 2012. Security Force Assistance in a time of Austerity. Artigo na JFQ issue 67.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.