Mobilização Nos Escritos de Ellen White

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Mobilização nos Escritos

de

Ellen White

Silvano Barbosa

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GRANDES MOBILIZADORES

R

ecentemente recebi a observação de que a coluna Grandes Mobilizadores ainda não havia abordado a contribuição dada por uma mulher. Essa informação procede! Por isso, decidimos iniciar apresentando aquela que é a maior de todas as mobilizadoras do adventismo do sétimo dia e que, recentemente, foi reconhecida como uma dos 100 americanos mais influentes de todos os tempos1: Ellen White. Cofundadora da igreja que atualmente é a quinta maior denominação cristã2, Ellen White tornou-se a voz do movimento adventista do sétimo dia, e sempre que demos ouvidos aos seus conselhos, tivemos sucesso. Ellen White exerceu influência direta no estabelecimento e expansão de todos os ramos da obra adventista: igrejas, editoras, escolas, hospitais, fábricas de alimentos, mas acima de tudo, na promoção do

entendimento de que o adventismo surgiu para ser um movimento de extensão mundial. A sua obra como mobilizadora do adventismo, entretanto, vai além. Durante setenta anos de ministério público, Ellen White mobilizou não apenas aqueles com os quais entrou em contato. A sua influência permanece viva e ativa através dos milhares de páginas que escreveu e que atualmente continuam a mobilizar a igreja para o cumprimento da missão. Ellen White tinha a compreensão clara de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia foi levantada por Deus para cumprir uma tarefa específica no tempo do fim: proclamar uma mensagem de advertência e esperança a cada habitante do planeta. Contudo, para ela, esse trabalho deve ser feito não apenas pelo pastor, mas através de cada membro do corpo de Cristo, pois “Todo o verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário” (DTN, p. 195). Ao longo do seu extenso ministério, ela apresentou diferentes aspectos do processo de mobilização da igreja. O objetivo deste breve estudo é apresentar de maneira sistemática o conceito de mobilização nos Escritos de Ellen White. O Conceito de Mobilização A palavra mobilização foi primeiramente usada durante os tempos de dificuldade econômica da Revolução Francesa para expressar a ação ou processo de mobilizar, tornar “móvel”, fazer circular.3 A intenção era descrever a conversão de pro-

priedades reais em propriedades privadas. Enfrentando um colapso iminente como consequência de guerra civil, revoltas por todos os lados contra o governo, caos econômico e várias guerras estrangeiras simultâneas4, o governo francês propôs “a mobilização do débito nacional; por meio deste plano, os papéis do governo foram reduzidos a um terço do valor, pagável em dinheiro, e os outros dois terços em hipotecas de terras nacionais”5. Durante os anos 1850 a 1860, a palavra mobilização passou a ser usada num contexto militar para se referir ao ato de reunir e tornar tropas e suprimentos prontos para a guerra.6 O significado dessa palavra tem se expandido desde então e, atualmente, refere-se a qualquer iniciativa que encoraje pessoas à ação. De acordo com o Webster’s New American Dictionary, mobilizar significa reunir e tornar pronto para o serviço ativo.7 As palavras mobilizar e mobilização não aparecem nos escritos de Ellen White.8 Esse fato não deve ser entendido como uma falta de interesse no tema por parte da autora. A razão é que o uso do termo ainda não havia se espalhado em sua época. Isso pode ser confirmado ao se observar que a palavra também não aparece no dicionário que ela costumava consultar, o dicionário Noah Webster, de 1828.9 Ao invés de usar a palavra mobilização, ela utiliza as palavras reunir (marshal) e recrutar (enlist) para descrever esta ação. Há 27 ocorrências

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do termo marshal (reunir, colocar em ordem) nos escritos publicados de Ellen White. Destas, 18 são repetições nos seus diversos livros. As 9 declarações originais são apresentadas principalmente no contexto da guerra entre Deus e Satanás, quando Satanás reúne “todo o exército dos perdidos sob a sua bandeira, e por meio deles tenta executar os seus planos”10. O termo também é usado em referência à organização dos exércitos israelitas nas guerras pela conquista de Canaã.11 Finalmente, ela utiliza o termo marshal em referência ao domínio completo de Deus sobre a criação e o Seu ato de tornar os exércitos celestiais prontos para servir.12 Entretanto, é a palavra enlist (alistar, recrutar) que melhor esclarece a sua compreensão do termo mobilizar, em conexão com a mobilização da igreja para o cumprimento da missão. A palavra “enlist” aparece 154 vezes nos escritos publicados de Ellen White. A análise de cada citação evidencia que a autora faz um emprego duplo do termo, referindo-se tanto ao ato de mobilizar quanto ao ato de aceitar ser mobilizado.

Há apenas 16 ocasiões em que o termo é empregado para se referir a temas não relacionados à mobilização da igreja. Das 138 citações restantes, 73 são repetidas ao longo dos seus diversos escritos, e as 65 restantes podem ser organizadas dentro de 5 temas predominantes: 1. A Moldura do Grande Conflito Ellen White aborda a vida cristã dentro da moldura maior do grande conflito entre Deus e Satanás, o bem e o mal. Cada pessoa, individualmente, deve se posicionar de um lado ou do outro. Não é possível ficar neutro nessa batalha. Cada decisão que tomamos nos coloca em um dos dois lados opostos. Cada recurso não empregado para a glória de Deus, edificação do Seu reino e mobilização de pessoas para a pregação do evangelho eterno, certamente será utilizado para fortalecer as fileiras do inimigo. Em cinco diferentes ocasiões ela usa uma abordagem bem direta e decisiva apelando para que o povo se aliste no exército de Deus e lute contra o erro e o príncipe das trevas. Dois exemplos são apresentados abaixo:

Não aceitarás a Cristo como seu capitão, e se alistará em Seu exército? Não deixarás a bandeira negra do príncipe das trevas e marchará sob a bandeira manchada de sangue do Príncipe Emmanuel? Não farás um voto solene de que vai obedecer aos mandamentos de seu Capitão, suportar as dificuldades como um bom soldado de Jesus Cristo, combater o bom combate da fé e alcançar a vida eterna? Não virás de um estado de transgressão a um estado de obediência e amor?13 Erguei-vos em favor de Jesus, jovens amigos, e no tempo da necessidade Ele Se levantará em vosso favor. [...] A mente é controlada por Deus ou por Satanás [...]. Cada pessoa tem uma influência para o bem ou para o mal. Vossa influência está do lado de Cristo ou do lado de Satanás? Os que se apartam da iniquidade atraem em seu favor o poder da Onipotência.14

Ellen White com amigos e assistentes em Elmshaven, Califórnia, 1913.

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2. Mobilizados Como Agentes de Satanás Dentro do mesmo contexto do Grande Conflito, Ellen White expõe em oito diferentes ocasiões as tentativas de Satanás de mobilizar seres humanos como seus agentes. Ele é capaz de qualquer artimanha, e não imporá a si mesmo nenhum limite na tentativa de executar os seus planos. Ele é o mestre do engano, com séculos de experiência na tarefa de levar pessoas à destruição. Ele estuda o comportamento humano e conhece as nossas fraquezas. Todos os artifícios serão empregados por Satanás na tentativa de nos atrair e capturar através das coisas deste mundo e do estilo de vida do mundo, que está sempre em mudança, mas nunca satisfaz. Aqueles que forem ignorantes ou desprevenidos se encontraram encurralados e servos do príncipe das trevas. A citação abaixo resume o seu pensamento sobre o tema:

Depois que Satanás induziu o homem a pecar contra Deus, ele alegou que o homem o havia escolhido como seu líder no lugar de Deus, e que o seu trabalho a partir de agora deveria ser unir-se com ele para invalidar a lei de Jeová. Era sua função agora alistar os seres que Deus havia criado para serem agentes de Satanás e cooperar com ele na obliteração da imagem moral de Deus na alma.15

É importante observar a sua advertência em relação ao interesse especial de Satanás nos jovens.

Nada é de maior importância do que a educação de nossas crianças e jovens. A igreja deve despertar e manifestar profundo interesse nesta obra; pois hoje, como nunca dantes, Satanás e sua hoste estão decididos a alistar os jovens sob a bandeira negra que leva à ruína e à morte.16

3. Mobilizados Como Soldados no Exército de Cristo Ao mesmo tempo, Cristo está batalhando pelo coração e fidelidade dos seres humanos, buscando mobilizá-los como soldados do Seu exército. Ele valoriza cada um. Ninguém está fora do Seu campo de visão e interesse. O Seu objetivo é alcançar cada um individualmente. Em 16 diferentes ocasiões, Ellen White afirma que todos nós somos convidados a nos posicionarmos como soldados de Cristo e fazermos resistência a Satanás. Assim, estaremos enviando ao inimigo a mensagem clara de que nem todos foram enganados por ele. Nem todos o estão seguindo. Através dos Seus soldados, Cristo mostra aos mundos que não cederam ao pecado, a Satanás e àqueles alistados nos exército das trevas que é possível se posicionar ao lado de Deus. Com ajuda e poder divinos, sim, nós podemos ser vencedores em cada batalha. Entretanto, Deus e Satanás usam abordagens totalmente diferentes ao lidar com os seus respectivos exércitos. Enquanto Satanás mente e engana os seus soldados, Deus mostra que não usa essas armas. A análise das 17 citações sobre este tema revela a maneira transparente como Deus lida com os seres humanos. O Senhor mostra a realidade.

O Senhor Jesus não engana Seus soldados. Ele lhes apresenta o conflito e o plano de batalha, aponta as operações arriscadas, e os exorta a considerarem o preço. Não os deixa na ignorância. Recomenda a todos a considerarem o preço antes de se alistarem como soldados de Seu exército, pois a vida de um soldado é uma vida de serviço.17

Ellen White.

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Os Seus soldados devem se submeter à Sua autoridade. Aquele que é sábio demais para errar e bom demais para reter qualquer coisa que seja o melhor para nós sabe melhor o caminho para uma vida feliz, abundante e vitoriosa. Por isso, “aqueles que se alistam no exército de Cristo devem em todas as coisas se submeter à Sua autoridade e consultar a Sua vontade”18.

Querida juventude, o melhor que podeis fazer é alistar-vos franca e decididamente no exército do Senhor. Entregai-vos às mãos de Deus, para que vossa vontade e caminhos sejam guiados por Alguém infalível em sabedoria e infinito em bondade.19

Uma vida difícil.

Somos soldados de Cristo; e dos que se alistam em Seu exército espera-se que executem os trabalhos mais difíceis, trabalhos esses que lhes sugarão as energias ao máximo. Temos de entender que a vida de um soldado é uma vida de constante esforço, de firmeza e perseverança. Por amor de Cristo precisamos suportar provas.20

Ajuda divina é oferecida em cada batalha.

Ellen G. White participando de reuniões sessão da Conferência Geral, com o filho “Willie” C. White e a esposa dele, no Colégio de Treinamento Washington, em 1905.

Há uma recompensa. O trabalho duro feito pelos soldados de Cristo nunca é em vão (I Cor. 15:58). A vida de obediência estrita, devoção completa, compromisso total e compaixão pelos outros será totalmente recompensada com a coroa da vida eterna. “Aqueles que sofrem com Ele, também reinarão com Ele”22. 4. Mobilizados Para o Exército de Trabalhadores de Cristo Há 31 citações de Ellen White sobre este tema, enfatizando a importância, a necessidade e o papel que podemos desempenhar na estratégia de Deus, agora que nos aproximamos do desfecho do grande conflito.23 É importante observar que essas instruções se referem não apenas ao chamado para o trabalho, mas também à maneira como o trabalho deve ser feito. O trabalho é proclamar a última mensagem de advertência ao mundo.

Deus nos chamou para dar a última mensagem de advertência ao mundo. Haverá vozes que poderão ser ouvidas por todos os lados para desviar a atenção do povo de Deus com novas teorias. Precisamos dar à trombeta um sonido certo. Não entendemos nem metade do que está diante de nós. Se os livros de Daniel e Apocalipse fossem estudados com fervorosa oração, teríamos um melhor conhecimento dos perigos dos últimos dias e estaríamos mais bem preparados para o trabalho diante de nós, deveríamos estar preparados para nos unirmos com Cristo e trabalharmos em Suas fileiras.24

O batismo é um voto de aceitação do chamado para ser um cooperador de Deus.

Quem se alistará sob a bandeira ensanguentada do Príncipe Emanuel? [...] A todo filho de

Quando nos batizamos comprometemo-nos a romper todas as relações com Sata-

Deus tentado e em luta pode vir divina iluminação, de modo que ele não precise cair na batalha contra os poderes das trevas, mas seja vencedor em todo combate.21

nás e seus agentes, e entregar coração, espírito e alma à obra de estender o reino de Deus. Todo o Céu está trabalhando para alcançar esse objetivo. O Pai, o Filho e o Espírito Santo assumiram o compromisso de cooperar com os santificados instrumentos humanos. Se somos leais ao nosso voto, abre-se-nos uma porta de comunicação com o Céu — porta que mão alguma humana, nenhum instrumento satânico, pode fechar.25

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O trabalho deve ser feito com inteligência, eficácia e focado em resultados.

Deus colocará o Seu próprio selo sobre a Sua obra, e Deus recrutará homens para cooperar com Ele. Assim como Deus deu a cada alma a Sua medida de poder, Ele espera que cada um a empregue no ramo da obra onde eles possam trabalhar de forma inteligente e eficaz.26 Deus não teve a intenção de que Seu plano maravilhoso para redimir o homem alcançasse apenas resultados insignificantes. O que poderia ser maior e mais custoso do que o plano da redenção? Toda a hoste celestial está envolvida na grande obra de elevar, refinar e santificar a alma humana. Toda essa estupenda máquina é posta em movimento para salvar os homens do exército de Satanás, da escravidão do pecado, e levá-los

A mobilização deve ser constante.

Deveria ser envidado constante esforço para recrutar novos obreiros. Os talentos deveriam ser identificados e reconhecidos. Pessoas possuidoras de piedade e capacidade deveriam ser estimuladas a obter a educação necessária, capacitando-se assim para auxiliar da divulgação da luz da verdade. Todos os que são competentes para isso deveriam ser engajados em algum ramo da obra, de acordo com sua capacidade.29

Homens e mulheres, jovens e crianças são necessários.

para se alistarem na obra da salvação.27

O trabalho deve ser feito diariamente. A vida cristã é uma batalha e uma marcha. O esforço deve ser contínuo e perseverante. É assim que derrotamos Satanás. “Aqueles que se alistam neste serviço deve lembrar que é uma guerra diária”28. Não há trégua nessa batalha. O inimigo está trabalhando constantemente para levar pessoas à destruição. Como obreiros no exército de Cristo, não deveríamos trabalhar ainda mais arduamente apontando o caminho da salvação?

Deus deu aos homens o privilégio de se tornar instrumentos cooperadoras das agências divinas na obra de redenção dos perdidos pela opressão, degradação e pelo pecado. Ele aceitará corações calorosos e mãos dispostas a serem cooperadores com Ele. Homens, mulheres e crianças são chamados a alistarem-se neste exército da luta cristã.30

O trabalho deve ser feito em terras estrangeiras.

Há missionários a serem enviados a todas as nações, tribos, línguas e povos. Deus chama homens e mulheres para vir à frente e se alistar nos diversos ramos da obra.31

Precisamos servir como alguém que vai prestar contas.

É o alto privilégio dos filhos e filhas de Deus ir e apresentar aos outros a verdade como ela é em Jesus, pois temos que cuidar e buscar as almas como quem deve prestar contas. Temos que ter um sentimento constante da nossa dívida com Deus pelo dom do Seu Filho e estar sempre olhando para as oportunidades de alistar outros no exército do Senhor.32

Ellen White numa reunião campal em Reno, Califórnia, 1888.

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Deus pode ser mobilizado para trabalhar conosco.

[...] Não podemos usar as energias vitais irracionalmente e esgotá-las como se somente nós tivéssemos que fazer a obra, que não houvesse Deus no Céu e estivéssemos determinados a ter sucesso, mesmo ao custo de nossas vidas. Todavia, eu te digo que devemos acreditar que Deus faz a obra e que devemos alistá-Lo em nosso trabalho.33

5. O Papel do Pastor Como Mobilizador Finalmente, Ellen White enfatiza de maneira especial o papel do pastor como instrumento ideal nas mãos de Deus para mobilizar a igreja. Num artigo intitulado Pastores, Mobilizem a Igreja Para a Missão, publicado em 18 de novembro de 1884, na Review and Herald, ela enfatiza a importância e a necessidade de que o pastor entenda que o trabalho deve ser feito pela igreja, não apenas pelo ministro. Não é o papel do pastor absorver todo o trabalho. A sua responsabilidade é trabalhar com inteligência e eficácia. Essas prerrogativas incluem a habilidade de compartilhar o trabalho com todo o corpo de Cristo.

O resultado: o mundo inteiro para Deus.

O Líder do exército do Céu está esperando agentes

Algumas vezes os ministros trabalham em excesso; procuram tomar todo o trabalho em suas mãos. Isto os exaure e prejudica; contudo continuam a abarcar tudo.

humanos se alistarem em Seu serviço. Ele vai nos conduzir avante, um exército extremamente grande, para a conquista do mundo. Com tal Líder podemos obter a vitória em todos os conflitos.34

Parece que pensam que só eles devem trabalhar na causa de Deus, ao passo que os membros da igreja ficam ociosos. Esta não é, de maneira alguma, a ordem de Deus.35

Ellen White com o esposo, Tiago White, e os filhos, Willian e Edson, 1860.

De fato, o pastor possui alguns diferenciais que o habilitam a executar com mais propriedade o trabalho de mobilização da igreja. O pastor tem mais autoridade, pois é legitimamente reconhecido como o líder maior da congregação. O pastor tem mais influência, pois desfruta do respeito e consideração dos irmãos. O pastor tem mais conhecimento específico do tema, pois foi treinado e está preparado para isso. O pastor tem um nível de compromisso maior em relação ao trabalho a ser feito, pois dedicou a sua vida integralmente a essa causa. Considerando todas estas vantagens, porque este aspecto do trabalho deveria ser delegado a outros? Por isso, o pastor jamais deveria abrir mão da prerrogativa e do privilégio de liderar a igreja neste processo. O que deve ser delegado é a execução da tarefa, não a mobilização para o trabalho.

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Ellen White falando numa sessão da Conferência Geral, em 21 de março de 1891, em Battle Creek.

Para Ellen White, o pastor deve ser movido por um intenso desejo de mobilizar outra pessoa para o trabalho.

Os verdadeiros obreiros nesta causa são poucos, no entanto, o trabalho é vasto e muitas vezes é impossível para os obreiros cuidar do interesse despertado, e eles não conseguem discernir que devem recorrer aos membros leigos da igreja e ensiná-los a trabalhar para que possam realizar tudo o que foi conquistado e continuar a avançar.36

Ao mesmo tempo, o pastor deve estar consciente de que a extensão e os resultados do seu trabalho podem ser muito maiores se mais pessoas forem mobilizadas.

Somos capazes de alcançar muito mais do que temos alcançado, se chamarmos para nos ajudar todos os que conseguirmos alistar nessa obra [...] Um obreiro digno e temente a Deus retribuirá todo o nosso esforço, atenção e gasto.37

A importância das pessoas comuns. Ellen White enfatiza veementemente a importância das pessoas comuns e o papel que elas podem desempenhar no exército de trabalhadores de Cristo. Estas pessoas devem ser vistas como público alvo no processo de mobilização. “Nesta obra finalizadora do evangelho haverá um vasto campo a ser ocupado; e mais do que nunca a obra deve arregimentar dentre o povo comum, elementos para auxiliar”38. Para Ellen White, o pastor jamais deveria negligenciar a obra que pode ser feita por pessoas comuns, ordinárias. Não é preciso ser rico, ter títulos ou vir de uma família importante para trabalhar para Cristo. É necessário estar disponível para ser usado por Deus. Não é a capacidade que temos agora ou que haveremos de possuir que nos dará o êxito. É aquilo que o Senhor pode fazer por nós. Este conselho deve ser especialmente observado, considerando-se que a maioria absoluta da igreja é composta por pessoas comuns. Estes são os que mais prontamente aceitam a mensagem e mais facilmente aceitam ser mobilizados para proclamá-la.

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Conclusão: Ellen White mobilizou o adventismo do sétimo dia de duas formas principais: a sua influência pessoal e os seus escritos. Os resultados da sua influência pessoal podem ser vistos na expansão e desenvolvimento de todas as áreas de atuação do adventismo, especialmente na compreensão de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu para ser um movimento de extensão mundial. Entretanto, os seus escritos foram o principal meio através do qual a sua influência foi exercida, difundida e perpetuada. Eles são a maior evidência acerca de como ela entendia o processo de mobilização da igreja para o cumprimento da missão e de como este trabalho deve ser feito. Seus conselhos são claros. Suas orientações seguras. Vamos colocá-las em prática.

Ellen G. White.

SILVANO BARBOSA

O pastor Silvano Barbosa é o editor da revista Foco na Pessoa. Graduou-se em Teologia no IAENE em 1998 e concluiu o mestrado em Teologia Pastoral no UNASP, em 2010. Atualmente está cursando PhD em Missão e Ministério na Andrews University. Foi pastor distrital por cinco anos nas associações Paulista Leste e Mineira Sul. Também atuou no sul de Minas como Secretário Ministerial e departamental de Publicações por três anos. Em seguida, serviu por quatro anos como departamental de Ministério Pessoal e Escola Sabatina nas associações Norte Paranaense e Paulista Central. É casado com a enfermeira Lea Sampaio, com quem tem dois filhos, Davi e Liz.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 FRAIL, T. A. Meet The Most Significant Americans of All Time. Smithsonian Magazine, novembro de 2014. Disponível em http://www.smithsonianmag.com/smithsonianmag/meet-100-most-significant-americans-all-time-180953341/. Acessado em 15 de fevereiro de 2015. 2 De acordo com a revista americana Christianity Today, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, com 18,1 milhões de membros, é atualmente a quinta maior denominação cristã em todo o mundo, perdendo em número de membros apenas para a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa, a Igreja Anglicana e a Assembleia de Deus. Veja ZYLSTRA, Sarah Eekhoff. The Season of Adventists: Can Ben Carson’s Church Stay Separatist amid Booming Growth? Christianity Today, 22 de janeiro de 2015. Disponível em http://www.christianitytoday.com/ct/2015/januaryfebruary/season-of-adventists-can-ben-carson-church-stay-separatist. html. Acessado 15 de fevereiro de 2015. 3 MURRAY, J. A. H. e etc. The Compact Edition of the Oxford English Dictionary. Oxford University Press: 1971, p. 1825. 4 CHAMBERS II, John Whiteclay. “Mobilization”, The Oxford Companion to American Military History. 2000. Disponível em http://www.encyclopedia.com/topic/mobilization.aspx#1. Acessado em fevereiro de 2015. 5 Veja BURK, Edmund. Reflections on the Revolution in France. New York, NY: Oxford University Press, 1993, p. 89. 6 Veja MORRIS, Willian. The American Heritage Dictionary of the English Language. New York, NY: American Heritage Publishing Co., Inc., 1969, 1970, p. 842. Veja também a palavra “mobilization” no site http://www.en.wikipedia.org/wiki/mobilization. Essa palavra foi usada inicialmente no contexto militar, para descrever a preparação do exército prussiano entre os anos 1850 e 1860. 7 TAYLOR, C. Ralph, AM. Webster´s New American Dictionary. Washington, DC: Publishers Company, 1965, p. 625. 8 WHITE, Ellen G. Complete Published Ellen White Writings [CD-ROM]. Silver Springs, MD: Ellen G. White State, 2007. 9 Ibid. 10 WHITE, Ellen G. O Grande Conflito. Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2001, p. 662. 11 WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2001, p. 499. 12 WHITE, Ellen G. Psalm. Seventh-Day Bible Commentary Vol 3. Hagerstown: MD, Review and Herald Publishing Association, 1954, p. 1154. 13 WHITE, Ellen G. Review and Herald. 14 de fevereiro de 1888 [tradução nossa]. 14 WHITE, Ellen G. Fundamentos da Educação Cristã. Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2001, p. 89. 15 WHITE, Ellen G. Man´s Relation to the Law. The Signs of The Times, 8 de outubro de 1894 [tradução nossa]. 16 WHITE, Ellen G. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes. Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 165. 17 WHITE, Ellen G. Olhando para o Alto. Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 251. 18 WHITE, Ellen G. Signs of Times, 15 de novembro de 1899. [tradução nossa]. 19 WHITE, Ellen G. Nossa Alta Vocação. Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 216. 20 WHITE, Ellen G. Testemunhos Para a Igreja. Vol. 6. Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 140. 21 WHITE, Ellen G. Filhos e Filhas de Deus. Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 369. 22 WHITE, Ellen G. Ye shall Receive Power. Complete Published Ellen White writings [CD-ROM]. Silver Springs, G. White State, 2007, p. 345. 23 Veja Nisto Cremos, A doutrina dos últimos Eventos. Tatuí: SP, Casa Publicadora Brasileira, 2003, pp. 409-490. 24 WHITE, Ellen G. The Prayer That God Accepts. Review and Herald, 9 de fevereiro de 1897 [tradução nossa]. 25 WHITE, Ellen G. Nos Lugares Celestiais. Tatuí: SP, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 54. 26 WHITE, Ellen G. 20 Manuscripts Releases, Complete Published Ellen White writings [CD-ROM], Silver Springs, G. White State, 2007, p. 370 [tradução nossa]. 27 WHITE, Ellen G. Christ the Life-Giver. The Bible Echo, 8 de março de 1897 [tradução nossa]. 28 WHITE, Ellen G. Soldiers For Christ. Youth´s Instructor, 8 de julho de 1897 [tradução nossa]. 29 WHITE, Ellen G., Testemunhos Para a Igreja. Vol. 5, Tatuí: SP, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 722. 30 WHITE, Ellen G. Who Are Partners With Christ? Review And Herald, 17 de julho de 1894 [tradução nossa]. 31 WHITE, Ellen G. David´s Prayer, Review And Herald, 18 de dezembro de 1888 [tradução nossa]. 32 WHITE, Ellen G. Object Of Christian Living, Signs Of The Times, 17 de dezembro de 1894 [tradução nossa]. 33 WHITE, Ellen G. Assist Worthy Young Person, Pamphlets 089, p. 39 [tradução nossa]. 34 WHITE, Ellen G. Our Responsibility In The Present Crisis, Review And Herald, 23 de junho de 1903 [tradução nossa]. 35 WHITE, Ellen G. Evangelismo. Tatuí: SP, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 113. 36 WHITE, Ellen G. Gospel Workers, Complete Published Ellen White writings [CD-ROM], Silver Springs, G. White State, 2007, p. 219. 37 WHITE, Ellen G. A Missionary Appeal, Review and Herald, 15 de dezembro de 1885 [tradução nossa]. 38 WHITE, Ellen G. Educação. Tatuí: SP, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 269.

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