MODERNIDADE E TRADIÇXO NAS ORIGENS DO PENSAMENTO URBANÍSTICO NO BRASIL (n
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MODERNIDADE
E TRADIÇXO URBANÍSTICO
NAS ORIGENS DO NO BRASIL ( n
Docente
1.
PENSAMENTO
Adauto Lucio Cardoso Associado do IPPUR/UFRJ
INTRODUÇXO
0 t e x t o p r e t e n d e a p o n t a r os e l e m e n t o s b á s i c o s que orientam o p e n s a m e n t o de L u c i o Costa s o b r e a l g u n s c a m p o s tem á t i c o s i m p o r t a n t e s n a d e f iniç'áo f u t u r a d o i d e á r i o d e s e n v o l vido pelo a r q u i t e t o s o b r e o u r b a n i s m o . Pode-se dizer, neste sentido, que se p r e t e n d e configurar aqui, de forma esquemática uma " v i s ã o de m u n d o " que o r i e n t a r á o d i s c u r s o e a prát i c a d o n o s s o u r b a n i s t a m a i o r ao l o n g o d o s a n o s . C a b e ressí• r . ae início, a p r o x i m i d a d e e n t r e est e p e n s a m e n t o e o q u e s e c o n f i g u r a r á , J á na década de 50, como o p r o j e t o ae nacionai-desenvo1vimentismo. Semelhança que p o d e e x p l i c a r , em p a r t e , a g r a n d e p o p u l a r i d a d e d e s f r u t a da p o r e s t e p e n s a m e n t o , t a n t o j u n t o ao " g r a n d e p ú b l i c o " , c o mo as e l i t e s p o l i t i c a s q u e l e v a r a m a c a b o a " a r r a n c a d a para o desenvolvimento". E v i d e n t e m e n t e e s t e p e n s a m e n t o não p o d e ser isolado ao p r o c e s s o o e p r o d u ç ã o i n t e l e c t u a l q u e o c a r a c t e r i z a . Nesse sentido, podemos identificar duas grandes influências/afinidades. Por um lado, t e m o s as formulações d e s e n v o l v i d a s n a E u r o p a a r e s p e i t o da c o n s t r u ç ã o d e u m a n o v a p r a t i c a n o campo- d a a r q u i t e t u r a - o m o d e r n i s m o - c u j a f i g u r a ae m a i o r d e s t a q u e , c o m u m a influência arrasadora sobre o p e n s a m e n t o b r a s i l e i r o e , sem d ú v i d a , Le C o r b u s i e r . Todavia, a análise dos textos de Lucio Costa nos revela outras inf l u ê n c i a s , ou t a i v e z uma s i m i l i t u d e com o p e n s a m e n t o de outros i n t e l e c t u a i s b r a s i l e i r o s p r e o c u p a d o s com a questão da c o n s t i t u i ç ã o a e unia c u l t u r a n a c i o n a l e m o d e r n a : É BSSS característica q u e , a n o s s o ver, marca a o r i g i n a l i d a d e do pens a m e n t o d e L u c i o C o s t a n o c a m p o da a r q u i t e t u r a e d o u r b a n i s mo . 0 p r o j e t o m o d e r n i s t a , que se d e f l a q r a m a i s claramente com a S e m a n a ae 2 2 , ee coloca i n c i ã i m e n t e com a questão da a t u a l i z a ç ã o da p r o d u ç ã o a r t í s t i c a . Atualização esta aue tem c o m o r e f e r ê n c i a o m o d e r n o q u e se c o n s t r ó i , n a Europa, no c a m p o d a s a r t e s . A partir ae 1924, os modernistas descobrem o Brasil. Brasil que não se r e d u z a m o d e r n i d a d e esfuziante das m e t r ó p o l e s , m a s q u e d e s p o n t a com v i q o r no c a m p o , nas tradi -
CADERNOS
IPPUR/UFRJ,
Bio de J a n e i r o ,
3 (KG E s p e c i a l ) ;
71-91,
Dezembro/19B9
ções e festas p o p u l a r e s , no passado colonial e barroco. Então a q u e s t ã o se r e n o v a e à a t u a l i z a ç ã o se junta a busca de um c a r á t e r n a c i o n a l p a r a a p r o d u ç ã o a r t í s t i c a c o n t e m p o r â n e a . A r e n o v a ç ã o das linguagens se aliará à pesquisa das tradições p o p u l a r e s , onde se e n c o n t r a r á a " e s s ê n c i a " do caráter n a c i o n a l , p e r m i t i n d o , assim, a construção de uma arte modern a , s i m , m a s q u e r e f l i t a u m a c o n t r i b u i ç ã o n a t i v a ao c o n c e r t o das nações(2) . A expressão mais acabada deste pensamento aparece em M á r i o d e A n d r a d e c u j a p r á t i c a i n t e l e c t u a l e institucional (3) s e r á c o m p l e t a m e n t e v o l t a d a p a r a esta grande utopia q u e e l e irá t r a n s f o r m a r em p r o j e t o e s t é t i c o ( 4 ) e p r o j e t o p o 1ítico-instituciona1, C o n f o r m e veremos adiante, todo o pensamento de Lucio C o s t a , j á n o final da d é c a d a de 3 0 ( 5 ) , irá se dirigir para a b u s c a d e uma conciliação entre tradição e modernidade, onde a c o n s t r u ç ã o do novo se faça r e s p e i t a n d o o antigo, mas s o m e n t e a q u e l a p a r t e do a n t i g o c o e r e n t e com o espírito moderno. E s s a s idéias(6> irão influenciar p r o j e t o s de arquitetura, p r o j e t o s de urbanismo e práticas institucionais c o m o a o r i e n t a ç ã o d a d a ao S e r v i ç o d e P a t r i m ô n i o H i s t ó r i c o e A r t í s t i c o N a c i o n a l (SPHAN) - numa busca c o n s t a n t e e, de caráter " m i s s i o n á r i o " , da c o n s t r u ç ã o de uma c o n t r i b u i ç ã o ona m a l e br as i l e i r a ao " c o n c e r t o d a s n a ç õ e s " . Em a n e x o a p r e s e n t a m o s uma p r o p o s t a de organização do material b i I b i o g r á f i c o c o l e t a d o e que serviu de fonte para a e l a b o r a ç ã o d o p r e s e n t e t e x t o . Cabe ressaltar que nosso l e v a n t a m e n t o n ã o foi s i s t e m á t i c o a p o n t o d e e s g o t a r toda a p r o d u ç ã o d o a u t o r , m a s p o d e - s e a f i r m a r q u e e s t ã o aí indicados os p r i n c i p a i s t e x t o s e p r o j e t o s de sua a u t o r i a .
ARTE, ARQUITETURA E SOCIEDADE - AS IDÉIAS EM SEU L U G A R
Para introduzir o pensamento de Lucio Costa, foi c o n s t r u í d a u m a f o r m a d e o r g a n i z a ç ã o d a s i d é i a s em torno de d e t e r m i n a d o s t e m a s , r e c o r r e n t e s no seu discurso, na forma afiaixo: 1. D e s e n v o l v i m e n t o t é c n i c o e j u s t i ç a s o c i a l ; 2 . E v o l u ç ã o s o c i a l e e v o l u ç ã o estúl.ica; 3. Novas t é c n i c a s , nova sociedade, nova arquitetur a; 4. Tradição e modernismo; 5. Urbanismo, habitação e monumental idade.
2.1. D e s e n v o l v i m e n t o
técnico
e justiça
social
N o m a n i f e s t o R a z õ e s da Nova Arquitetura (1936),Lucio Costa já apontava para a relação entre desenvolvimento industrial e justiça s o c i a l . Esta última seria decorrência lógica de um d e s e n v o l v i m e n t o " c o n v e n i e n t e m e n t e orientado e distribuído". T o d a v i a , p a r e c e existir uma r e l a ç ã o mais orq a n i c a e n t r e e s t a s dua;- t e n d ê n c i a s : ( . . . ) c o m o t a m b é m n ã o s e r á p o r g e n e r o s i d a d e ou esp í r i t o de s o l i d a r i e d a d e humana que a miséria um dia sera a b o l i d a e a j u s t i ç a social f i n a l m e n t e alc a n ç a d a , m a s por s i m p l e s i m p o s i ç ã o da técnica de p r o d u ç ã o em m a s s a , q u e f o r ç a r ã o - por b e m ou por " m a l " -, como c o n t r a p a r t i d a , d i s t r i b u i ç ã o na m e s m a e s c a ia ( . . . ) ( 7 ) E s t a ideia de uma articulação necessária entre crescimento industrial e justiça social - que também aparece em L e C o r b u s i e r - e o q u e L u c i o , c h a m a d e um "novo humanismo''. E m C o r b u s i e r e s t e n o v o o r d e n a m e n t o social se faz a partir de uma " v o n t a d e " , cuja expressão máxima seria uma rac i o n a l i z a ç ã o e m o d e r n i z a ç ã o d o a m b i e n t e a t r a v é s da arquitet u r a e do u r b a n i s m o : " a r q u i t e t u r a ou r e v o l u ç ã o " ! P o d e - s e d i z e r q u e t a m b é m n ã o e s t a m o s longe da concepção p r e d o m i n a n t e no pensamento marxista "vulgar", onde o d e s e n v o l v i m e n t o das forcas produtivas levaria inexoravelmente a m o d i f i c a ç ã o d a s r e l a ç õ e s d e p r o d u ç ã o , à r e v o l u ç ã o soei a 1 i s t a e n f i m . Em L u c i o C o s t a , t o d a v i a , esta f a t a l i d a d e da j u s t i ç a s o c i a l só p o d e r i a ser p o s t e r g a d a ou d e s v i r t u a d a momentaneamente, pela ingerência de fatores externos, "alheios" à lógica do d e s e n v o l v i m e n t o industrial: D d e s e n v o l v i m e n t o científico e tecnológico tem, de f a t o , uma c o e r ê n c i a imanente f u n d a m e n t a l . 0 seu temido desvirtuamento decorre sempre de fatores a c i d e n t a i s , a l h e i o s a sua lógica intrínseca e fat a l q u e , l e v a d a às ú l t i m a s c o n s e q u ê n c i a s , é s e m p r e a favor e não "contra" o homem, porquanto somos p a r t e integrante- d o p r o c e s s o ( 8 ) . A e m e r g ê n c i a da m o d e r n i d a d e se a p r e s e n t a aqui então c o m o n ã o c o n t r a d i t ó r i a , em e s s ê n c i a . Apenas transitor i a m e n t e , e n q u a n t o n ã o se a t i n g e uma nova u n i d a d e e coesão, v i v e - s e um p e r í o d o d e c o n f u s ã o e d i v i s ã o . A mudança radical das t é c n i c a s p r o d u t i v a s impõe uma t r a n s f o r m a ç ã o dos m o d o s de v i d a , a l é m d e u m a m e l h o r d i s t r i b u i ç ã o da p r o d u ç ã o . É o des e n v o l v i m e n t o " n a t u r a l " d e c o r r e n t e da revolução industrial que f u n d a , e n t ã o , a utopia de uma nova sociedade (um novo n u m a n i s m o ) em L u c i o C o s t a :
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O desenvolvimento científico e tecnológico, quando não desvirtuado pelos artifícios e equívocos da p r o p a g a n d a e e s p e c u l a ç ã o c o m e r c i a i s , alem de lib e r t a r o h o m e m d a f o m e e da i n d i g ê n c i a , c r i a cond i ç õ e s c a p a z e s de. l i v r á - l o i g u a l m e n t e d a vulgarid a d e e da s o f i s t i c a ç ã o , esses d o i s e x t r e m o s a que é l e v a d o p e l a s c o n t i n g ê n c i a s da falsa hierarquia social e de c r e c o n d u z i r aquela vida autêntica, simples, densa e natural, sensível e inteligente, d i g n a v e r d a d e i r a m e n t e da s u a c o n d i ç ã o . Por onde se c o m p r o v a ser a i n d u s t r i a l i z a ç ã o intensiva a base m e s m a de um n o v o n u m a n 1 s m o ( S ) . A u t o p i a da s i m p l i c i d a d e e o d e s p o j a m e n t o "espart a n o " d e s t e n o v o m o d o de v i d a , d e c o r r e n t e da p r o d u ç ã o industrial , m a n i f e s t a r - s e - á n ã o apenas nos t e x t o s , mas nos projetos e o b r a s do a r q u i t e t o . E s s a s idéias são bem coerentes, por e x e m p l o , com o a m b i e n t e c o n s t r u í d o p r o p o s t o para a cidade de M o n l e v a d e ou m e s m o p a r a a C i d a d e U n i v e r s i t á r i a no B r a sil. E, n e s s e s e n t i d o , p o d e - s e dizer de Lucio que e l e , tal como Corbusier, projeta para o futuro. A sua "missão" inclui a s s i m a c o n s t i t u i ç ã o d e um n o v o e s p a ç o , um n o v o a m b i e n te, para abrigar uma s o c i e d a d e igualitária e d e s p o j a d a , dec o r r ê n c i a da i n d u s t r i a . 0 p a p e l da a r q u i t e t u r a n e s t e c o n t e x t o p a r t e , tamb é m , da r e l a ç ã o q u e m a n t é m c o m as p o s s i b i l i d a d e s de indusr i a l i z a ç ã o da c o n s t r u ç ã o . Ao " t r a z e r a i n d ú s t r i a p a r a const r u ç ã o " , o a r q u i t e t o c u m p r e um p a p e l " m i s s i o n á r i o " o de acelerar o desenvolvimento industrial, tornando mais próxima a n o v a c i v i l i z a ç ã o , d a q u a l e l e p o d e s e r um "novo primitiv o " , d e s d e q u e se c o l o q u e a s e r v i ç o da sua c o n s t r u ç ã o . Mas Lucio está consciente dos obstáculos a serem enfrentados peio d e s e n v o l v i m e n t o técnico nos países subdesenvolvidos. Enquanto mudanças não se estabelecem com m a i o r v i g o r , d e v e h a v e r u m c u i d a d o na t r a n s i ç ã o , c o n c i l i a n d o modernidade e tradição: Deve-se então p r o c e d e r , nesta fase, de modo a não haver quebra violenta e consequente d e s m o r a l i z a ç ã o das t é c n i c a s anteriores e do modo de ser decorrent e d e l a s - n o t r a b a l h o , na i n d u m e n t á r i a , n a habitação - estimulando - se, pelo contrário, a pres e r v a ç ã o de t u a o que seja válido e cujo lastro de experiência acumulada possa garantir características d i f e r e n c i a d a s no p r o c e s s o de atua 1 ização(10) .
trarem uma com a n o v a pojamento,
As e x p e r i ê n c i a s "válidas" serão aquelas c o e r ê n c i a p o s s í v e l com os n o v o s modos e s t é t i c a , c o m a u t o p i a da s i m p l i c i d a d e como veremos.
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que de e do
mosvida, des-
2.2. Evolução
Social
e Evolução
Estética
Para Lucio Costa, todos os processos histéricos s o c i a i s e s t ã o m a r c a d o s por um caráter e v o l u t i v o e cíclico. Os cic1 os d e e s t a b i l i d a d e e u n i d a d e são e n t r e m e a d o s por períodos de t r a n s i ç ã o , onde o d e s e q u i l í b r i o e a confusão são predominantes. Os p e r í o d o s de t r a n s i ç ã o são descritos com as i d é i a s d e : i m p r e c i s ã o , d e s e q u i l í b r i o , p e r c a s de coesão, tumulto, incompreensão, ambiente confuso, mal-estar, desacordo. falta de sincronização. Esta d e s o r d e m s e r i a , na verd a d e . a d e c o r r ê n c i a de uma c r i s e de v a l o r e s , o n d e se associam a a e m o l i ç ã o ae t u a o o que p r e c e d e u e a n e g a ç ã o de tudo o que é novo. D o n d e uma ausência de r a í z e s e de r u m o . E s t e d e s c o m p a s s o se faz notar na falta de equivalência e n t r e o p r o g r e s s o técnico e o c o n j u n t o de hábitos e c o s t u m e s - a v i d a s o c i a l , em s í n t e s e . Uma das causas deste descompasso estaria: (...) na e n o r m e r e a ç ã o dos f o r m i d á v e i s interesses a d q u i r i d o s ( . . . ) (e n a s u a ) i n c a p a c i d a d e d e julg a r o v u l t o e a l c a n c e da n o v a r e a l i d a d e , cuja m a r cha p r e t e n d e m d e t e r ( 1 1 ) . S e r i a na a r q u i t e t u r a q u e e s t e d e s c o m p a s o apareceria de forma m a i s e v i d e n t e , t a n t o pela sua r e l a ç ã o intrínseca c o m a s m o d e r n a s t é c n i c a s c o n s t r u t i v a s , quanto pela sua característica de criar espaços para abrigar a nova produção industrial, cuja estética e utilidade entram em confronto c o m as c o n c e p ç õ e s e s p a c i a i s t r a d i c i o n a i s . A arquitetura deveria, assim, caminhar nó sentido de incorporar as novas técnicas e os n o v o s m a t e r i a i s , de criar uma nova estética e de p r o d u z i r um e s p a ç o a d e q u a d o às novas necessidades sociais, c o l o c a d a s pelo a d v e n t o da m o d e r n i d a d e . Q u a n t o aos e l e m e n t o s p l á s t i c o s , e s t e s v ã o a p r e s e n tar uma o s c i l a ç ã o p e r m a n e n t e e n t r e d u a s t e n d ê n c i a s - uma estatica, outra dinâmica. T o d o s os estilos que se sucedem t e n d e m a s e a p r o x i m a r m a i s ou m e n o s d e um d e s t e s d o i s modelos : o est. át. icc , c u j a r e f e r e n c i a c l á s s i c a é a a r t e d a Mesopotâmia e do M e d i t e r r â n e o , e o dinâmico, de referência nórdica ou o r i e n t a i . A a n á l i s e aas formas que c a r a c t e r i z a m os diferentes e s t i l o s r e v e l a r i a m , a s s i m , sua a f i n i d a d e com uma ou outra a e s s a s t e n d ê n c i a s - u m a m a i s g e o m é t r i c a e d e f i n i d a , outra m a i s i r r e g u l a r e f r a g m e n t a d a . A arte m o d e r n a irá, c o n t u d o , r o m p e r este d u a l i s m o , a p r e s e n t a n d o , a t r a v é s d e e x p r e s s õ e s as mais diferenciadas, u m a p o s s i b i 1 i d a d e d e s e ai i m e n t a r a o m e s m o tempo duas das fontes f o r m a i s o r i g i n a r i a s - c o n s e q u ê n c i a ainda do processo tecn i co : Essa
amplitude
no
conceber 75
e
intentar
das
facili-
dades e do tremendo alcance dos processos modernos de r e g i s t r o , t r a n s m i s s ã o e d i v u l g a ç ã o do conhecim e n t o - i n f o r m a ç ã o no t e m p o ( c o n h e c i m e n t o da o b r a s a n t i g a s ) ; i n f o r m a ç ã o no espaço (conhecimento do q u e se p a s s a no m u n d o ) ( 1 2 ) . Por um lado, e s t a l i b e r d a d e m a i o r coloca o a r t i s t a d e s c o m p r o m e i i de- c o m r e l a ç ã o a r e p r e s e n t a ç ã o . P o r o u t r o lado, isto n ã o s i g n i f i c a a i m p o s i ç ã o de n o v a s p o é t i c a s nSn figurativas. T r a t a - s e b a s i c a m e n t e de uma opção do artista, f u n d a d a na l i b e r d a d e de c r i a ç ã o . Liberdade com relação è r e p r o d u ç ã o i m e d i a t a do " r e a l " ou m e s m o com r e l a ç ã o aos símb o l o s , já q u e as n o v a s r a c i o n a l i d a d e s c o l o c a m em c r i s e a mitologia tradicional. Pode o artista, assim, libertar-se dos m i t o s , o q u e s i g n i f i c a a b a n d o n á - l o s ou r e i n t e r p r e t á - l o s .
2.3. Novas
Técnicas,
Nova
Sociedade,
Nova
Arquitetura
Eie u m a f o r m a g e r a l , o c a m p o d e p r o p o s t a s d a a r q u i tetura e d o u r b a n i s m o m o d e r n i s t a s se c o n s t i t u i a p a r t i r dos seguintes fatores: a> U m a r a c i o n a l i z a ç ã o d o e s p a ç o c o n s t r u í d o , o p e r a da a p a r t i r dos s e g u i n t e s e l e m e n t o s : ~ u m a r a c i o n a l i z a ç ã o da c o n s t r u ç ã o p e l a a d o ç ã o de n o v a s técnicas construtivas e/ou de novos mater i a i s , m o d e r n o s , f r u t o da p r o d u ç ã o industrial; - u m a r a c i o n a l i z a ç ã o da c o n s t r u ç ã o p e l a simplificação dos elementos construtivos, propondo-se sua i n d u s t r i a l i z a ç ã o e e l i m i n a n d o - s e os o r n a m e n tos; - uma r a c i o n a l i z a ç ã o do uso do espaço edificado, atendendo a funções e fluxos pré-concebidos, e c u j a d e f i n i ç ã o p r e s s u p õ e um a t e n d i m e n t o às necessidades humanas básicas, articu 1 ando-se cada f u n ç ã o a um lugar e s p e c í f i c o dentro do espaço ed i ficado; - uma r e d e f m i ç ã o da e s t é t i c a q u e p a s s a a ser vista como uma d e c o r r ê n c i a das t é c n i c a s construtivas ou das f u n ç õ e s , r e c o l o c a n d o também para a arquitetura a discussão sobre a representação e a b a n d o n a n d o - s e os e l e m e n t o s s i m b ó l i c o s t r a d i c i o n a i s , o r i u n d o s da a r q u i t e t u r a c l á s s i c a . b' A construção de novas formas de vida social a p a r t i r da liberação dos e n t r a v e s que lhe são c o l o c a d o s pela " i r r a c i o n a l i d a d e " do espaço da e d i f i c a ç ã o ou d? c i d a d e , tal c o m o e r a c o n c e b i d o anteriormente. C a b e aqui r e s s a l t a r o papel d e s e m p e n h a d o pela utopia da n o v e s o c i e d a d e na c o n c e p ç ã o de "necessidade social" de L u c i o C o s t t . A s s i m , d a m e s m a f o r m a q u e as n o v a s t é c n i c a s
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devem ser e x p l o r a d a s de forma a n t e c i p a t ó n a, estabelecendo princípios construtivos e de expressão plástica, também as n o v a s n e c e s s i d a d e s s o c i a i s s ã o d e f i n i d a s a p a r t i r da utopia de i g u a l d a d e e d e s p o j a m e n t o - d e c o r r ê n c i a n e c e s s á r i a e fatal do d e s e n v o l v i m e n t o i n d u s t r i a l . Na rei ação q u e se e s t a b e l e c e e n t r e as expressões a i n d a i n c o e r e n t e s da s o c i e d a d e e da t é c n i c a , c a b e a o s a r q u i t e t o s o p a p e l de- p r o v o c a r as m u d a n ç a s , a c e 1 e r a n d o - a s . Esta é a s u a missão. As r e l a ç õ e s entre técnica e expressão arquitetônica s e m a n i f e s t a m a p a r t i r d o p r i n c í p i o d a i ndependénc i ds estrutura. As p a r e d e s são d e s t i t u í d a s da f u n ç ã o de suporte e p a s s a m a ser apenas e l e m e n t o s de v e d a ç ã o , o que por-mite que os a r r a n j o s e s p a c i a i s digam r e s p e i t o exclusivamente às necessidades funcionais. Da m e s m a f o r m a , as fachadas são t r a n s f o r m a d a s e as j a n e l a s s ã o a m p l i a d a s a t é o p o n t o d e tom a r e m 'toda a e x t e n s ã o d a f a c h a d a . A adoção da e s t r u t u r a em concreto armado permite ainda outras soluções características: o p i l o t i s , q u e libera o s o l o para uma r e a p r o p r 1 ação col e t i v a : a c o n s t r u ç ã o em a l t u r a , o a r r a n h a - c é u e, ainda, a e l i m i n a ç ã o aos t e l h a d o s e o a p r o v e i t a m e n t o funcional das coberturas - o teto-terraço. Todos estes elementos estão expressos, de forma o r o q r a m á t i c a , n o e d i f í c i o d o M i n i s t é r i o da E d u c a ç ã o . E s s e s c o n c e i t o s , a p l i c a d o s aos o b j e t o s arquitetôn i c o s , t r a z e m a l g u m a s c o n s e q u ê n c i a s no nível de e s t r u t u r a ç ã o urbana. Os n o v o s e d i f í c i o s irão apresentar soluções mais c o m p a c t a s , c o m p e n s a n d o - s e u m a r e d u ç ã o na ocupação do solo com o a c r é s c i m o em a l t u r a . As novas formas u r b a n a s , caract e r í s t i c a s da v a n g u a r d a modernista, apresentam uma clara t e n d ê n c i a à v e r t i c a l i z a ç S o d a s c o n s t r u ç õ e s e , ao m e s m o tempo, de volumes mais "esbeltos". Por outro lado, a implantaç ã o d o p r é d i o n o lote u r b a n o g a n h a um d e s p o j a m e n t o e liberd a d e , a b a n d o n a n d o os e s q u e m a s t r a d i c i o n a i s q u e p r o p u n h a m u m a maior h o r i z o n t a l i d a d e na o c u p a ç ã o . 2.4. Tradição
e
Modernismo
Vh&ô " r i m e i r a a p r o x i m a ç ã o a e s t e t e m a é d a d a a p a r tir da a n á l i s e s o b r e a a r q u i t e t u r a e a arte antigas, onde L u c i o a r g u m e n t a c o m o e s t a s p o d e m ser e n t e n d i d a s a p a r t i r de duas "partes independentes": £, e n t r e t a n t o , fácil discernir, na análise dos inúmeros e admiráveis exemplos que nos ficaram duas partes independentes: uma, permanente e acima de quaisquer considerações de ordem técnica; out r a , motivada por imposições desta última, juntam e n t e com o m e i o social e f í s i c o . Quanto ã prim e i r a . p r e n d e - s e a n o v a a r q u i t e t u r a às q u e j á p a s -
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s a r a m indissoluvelmente.- e n e n h u m c o n t a t o com e l a s tem, quanto à segunda, porquanto, variaram complet a m e n t e as r a z õ e s q u e lhe d a v a m s e n t i d o , e o próp r i o fator f í s i c o - ultimo traço de união que ainda p e r s i s t i a com ares de irredutível - já hoje a t é c n i c a d o c o n d i c i o n a m e n t o d e ar n e u t r a l i z a , e n u m f u t u r o p r ó x i m o - anulará por c o m p 1 e t o ( 1 3 ) . A i d e n t i f i c a ç ã o d e e l e m e n t o s " e t e r n o s " na concepç ã o da a r q u i t e t u r a a n t i g a p e r m i t e a f i r m a r a existência de uma u n i d a d e e n t r e a a r q u i t e t u r a clássica e a m o d e r n a . E s t a u n i d a d e é p o s s í v e l na m e d i d a e m q u e a arquit e t u r a t r a n s c e n d a as e x i g ê n c i a s da t é c n i c a o u d o m e i o s o c i a l e físico. A n o v a a r q u i t e t u r a , e n t ã o , p a r t i n d o da n o v a técn i c a , p o d e r á , se adotar os p r i n c í p i o s p e r m a n e n t e s que caract e r i z a v a m o s , a n t i g o s , s i t u a r - s e numa linha de continuidade autêntica, o p o n d o - s e , assim, à falsa continuidade, feita de aparências, que marca a prática académica. Mais quais são, enfim, estes princípios? E m b o r a d e s m a s c a r e os a r t i f i c i a l i s m o s da falsa imp o n ê n c i a a c a d ê m i c a , a nova arquitetura não se pret e n d e f u r t a r - como l e v i a n a m e n t e se insinua às i m p o s i ç õ e s da s i m e t r i a , senão e n c a r á - l a no verdadeiro e amplo sentido que os antigos lhe atribulam: "com m e d i d a " - tanto s i g n i f i c a n d o o reabat i m e n t o p r i m á r i o e t o r n o de um e i x o , c o m o o jogo dos c o n t r a s t e s s a b i a m e n t e n e u t r a l i z a d o s em função de uma 1 m h a d e f i n i d a e harmônica de composição, sempre controlada pelos traçados reguladores, esq u e c i d o s dos acadêmicos e tão do agrado dos velhos mestres(14). E s t a r e l a ç ã o e n t r e c l á s s i c o s e m o d e r n o s j á se ins i n u a v a em o u t r a s m a n i f e s t a ç õ e s de arquitetos modernistas, como o próprio C o r b u s i e r . Além deste ponto, Lucio irá des e n v o l v e r u m a r e f l e x ã o o r i g i n a l ao a p r e s e n t a r s u a visão do caráter e s p e c í f i c o do b a r r o c o b r a s i l e i r o . Para isso faz uma c o m p a r a ç ã o e n t r e as m a n i f e s t a ç õ e s do e s t i l o j e s u í t i c o n a E u ropa e no E r a s ; 1 . Vai a f i r m a r , c o m o d e c o r r ê n c i a d e s t a comp a r a ç ã o , q u e , e n q u a n t o na E u r o p a este e s t i l o se d e i x a v a imp r e g n a r i n t e i r a m e n t e d o e s p í r i t o do b a r r o c o , no Brasil ele e s t a r e f e r i d o m a i s d i r e t a m e n t e ao c a r á t e r r e n a s c e n t i s t a . C o n s e q u e n t e m e n t e , q u a n d o se f a l a aqui em "estilo j e s u í t i c o " , o q u e se quer s i g n i f i c a r , de p r e f e r ê n c i a . s ã o as c o m p o s i ç õ e s m a i s r e n a s c e n t i s t a s , mais moderadas, regulares e frias, ainda imbuídas do e s p í r i t o s e v e r o da C o n t r a - R e f o r m a ( 1 5 ) . Por
outro
lado, mesmo esse 78
"espírito
barroco",
que
a crítica de arte frequentemente qualifica como degenerescência, fruto de " d e l í r i o s o r n a m e n t a i s " , é d e f e n d i d o por Lucio. A r g u m e n t a p a r a isto q u e , se os elementos das ordens gregas - c o l u n a s , capitéis, entab1 amentos e frontões perderam o sentido estrutural e construtivo que tinham anter i o r m e n t e , por o u t r o lado p a s s a r a m a ser t r a t a d o s p e l o barroco como u n i d a d e s c o n s t r u t i v a s , cuja necessidade passa a ser dada p e i a o r d e m e s t é t i c a , s e n d o , e n t ã o , p l e n a m e n t e justif icável e m e s m o lógico o seu u s o . Não se trata de uma arte b a s t a r d a , como pretendem a l g u n s , mas de uma nova concepção p l á s t i c a , liberta d o s p r e c o n c e i t o s a n t e r i o r e s e f u n d a d a em princípios lógicos e sãos(16). De qualquer forma, parece evidente que o barroco b r a s i l é i r o t e r i a um c a r á t e r m a i s c l á s s i c o , r e n a s c e n t i s t a e, de certa f o r m a , p e c u l i a r à n a ç ã o . M á r i o d e A n d r a d e irá des e n v o l v e r esta idéia de forma b a s t a n t e i n t e r e s s a n t e em seu e s t u d o s o b r e a p i n t u r a r e l i g i o s a de Itü, r e a l i z a d o em 1937, quando era assessor t é c n i c o do SPHAN. Frente ás críticas q u e s e l e v a n t a m q u a n t o ao c a r á t e r " m e n o r " d e n o s s a a r t e rel i g i o s a , s e c o m p a r a d a c o m as s u a s c o n g é n e r e s n a E u r o p a , Már i o f a z uma v e r d a d e i r a e l e g i a da e s p e c i f i c i d a d e e valor do naciona1: Ainda este último (Saint-Hilaire), ao tratar de C a r m o d e 1tú, i n s i s t e que "é t a l v e z i l u m i n a d a dem a i s p a r a um t e m p l o " . Idéia d e rezador europeu. Idéia de quem não sabe rezar conjuntamente com muitos pecados, rezar entre promessas à Senhora e c h a m a d o s à b e n z e d e i r a mais s ó r d i d a , r e z a r de barr i g a c h e i a e u m a a l m a c h e i a d a m a i s p a r a l ó g i c a ino e n u i d ade (...). S e o i e t o d a m a t r i z d e Itú n o s a t r a i logo, fami!íarizados com essa tradição e r u d i t a européia (a s e m e l h a n ç a com a p i n t u r a r e n a s c e n t i s t a i t a l i a n a ) a q u e e i e m a i s d o c i l m e n t e se a f a z , p a r e c e a e s t e a s s i s t e n t e que o teto do Carmo t e r á m a i o r valia tanto nacional como universal. Porque apresenta formas m a i s r e p r e s e n t a t i v a s de n ó s , mais originais, mais contribuidor as(17) .
barroco
Esta idéia da o r i g i n a l i d a d e nacional também está presente
do espaço religioso em L u c i o C o s t a :
do
Peie contrário, igreja, para nós, é mesmo assim: o c o r o logo por cima da e n t r a d a ; é a nave com as s u a s t r i b u n a s e os p ú l p i t o s em e v i d ê n c i a ; (...) E a "encenação" das nossas igrejas jesuíticas, como t o d a s a s d e m a i s , foi t ã o l e g í t i m a q u a n t o o foi a 79
"encenação" das m o d o , de acordo
igrejas g ó t i c a s , cada com a sua e p o c a ( 1 8 ) .
qual
a
seu
Em um a r t i g o i n t i t u l a d o "Uma E s c o l a V i v a de Belas A r t e s " , r e s p o n d e n d o às c r í t i c a s d e J o s é M a r i a n o , L u c i o C o s t a irá a p r e s e n t a r a l g u n s e l e m e n t o s i m p o r t a n t e s p a r a a caracter i z a ç ã o d e s t a r e l a ç ã o - m o d e r n o / t r a d i c i o n a l - na a r q u i t e t u r a brasileira: Foi a B a h i a e o R e c i f e , f o r a m as v e l h a s c i d a d e s d e M i n a s q u e . aos p o u c o s , me abriram os olhos e me fizeram compreender a verdadeira arquitetura, não futurista como o Sr. José Mariano diz (ele sabe p e r f e i t a m e n t e que n ã o se t r a t a de f u t u r i s m o ) , mas s i m p l e s m e n t e c o n t e m p o r â n e a , em a c o r d o com os nossos m a t e r i a i s e m e i o s de r e a l i z a ç ã o , os n o s s o s hábitos e costumes. Nada mais, apenas isso. Estud a n d o a nossa antiga arquitetura, não do ponto de v i s t a cie a m a d o r e d i l e t a n t e m a i s o u m e n o s e x p a n s i v o d o S r . M a r i a n o , m a s c o m o p r o f i s s i o n a l , anali ardo os sistemas construtivos absolutamente honestos em a u e a f i s i o n o m i a a r q u i t e t ô n i c a r e f l e t e n ã o m a i s ou m e n o s , p o r é m f i e l m e n t e , e x a t a m e n t e a construç ã o , em que de f a t o é a q u i l o a u e p a r e c e s e r , compreendi a infinita tolice dessa falsa arquitetura q u e , com uma g r a n d e dose de r i d í c u l o e r o m a n t i s m o , t e n d i a a se p o p u l a r i z a r . Compreendi o absurdo em que estávamos, todos, arquitetos, engenheiros, construtores(19). Se era possível localizar a mesma "honestidade c o n s t r u t i v a " , b u s c a d a p e l o s m o d e r n i s t a s em d e t e r m i n a d o s est i l o s do p a s s a d o , c o m o já c o l o c a v a U a r c h a v c h i k em seu manif e s t o , e r a t a m b é m p o s s í v e l e n c o n t r a r e s t a m e s m a c o e r ê n c i a em nosso passado colonial. Poderiam ser, assim, constituído? os e l e m e n t o s n e c e s s á r i o s para uma r e a v a 1 izçãoi dos p r i n c í p i o s que ate e n t ã o n o r t e a v a m a p r á t i c a dos a r q u i t e t o s . Desde aue s e o l h a s s e para- o p a s s a d o c o m o l h o s d e . . . m o d e r n i s t a . Em a m b o s . M á r i o e L u c i o , a p a r e c e a idéia de uma contribuição original, cuja importância seria decorrente do fato de refletir características especificamente brasileiras. R e f l e x ã o da v i d a social - o j e i t o b r a s i l e i r o de rezar - e reflexão dos métodos construtivos, que se expressavam a t r a v é s d o s a r r a n j o s e s p a c i a i s e da f o r m a , da estética. A p a r t i r d e s t e s e l e m e n t o s , L u c i o C o s t a vai e s t a b e l e c e r u m a re1 ação de c o n t i n u i d a d e entre a nova arquitetura e a tradicional, dada pela identidade necessidades sociais/técnicas construtivas/expressão formal. E esta coerência entre construção, necessidades sociais e expressão formal que estaria na base das novas p r o p o s t a s da a r q u i t e t u r a m o d e r n i s t a b r a s i l e i r a . 80
O projete para a cidade de Monlevade (1936) vai acrescentar aiguns elementos interessantes a estes temas. 0 q u e m a i s s e r e s s a l t a n e s t e p l a n o , a l é m da p r e o c u p a ç ã o c o m a simplicidade, o despojamento, a "humildade" é a u t i 1 j/.nç'âo de m a t e r i a i s e t é c n i c a s t r a d i c i o n a i s . A l i a - s e o c o n c r e t o com o pau-a-pique, executado segundo t é c n i c a s que evitam os inconvenientes deste p r o c e s s o construtivo traaiçional e popular. Além destes e l e m e n t o s , ressalta-se a ênfase que o a r q u i t e t o e m p r e s t a a n e c e s s i d a d e de que se m a n t e n h a uma adequação entrp a arquitetura e o mobiliário. Os móveis são desenhados e s p e c i a l m e n t e para o projeto, e também os utensílios d o m é s t i c o s s ã o a l v o d a s u a a t e n ç ã o : A a r r u m a ç ã o da "casa m o d e l o " p o d e r i a ser c o m p l e t a da com u t e n s í l i o s de u s o d o m é s t i c o , econômicos e d e s p r e t e n s i o s o s , v e n d i d o s no armazém local: esteir a s ou t a p e t e s de c o r d a , " l i n o n " com d e s e n h o s simples de p i n t a s ou x a d r e z , louça "toda branca",, v a s o s de b a r r o , e t c . Neste particular seria de t o d a c o n v e n i ê n c i a a a d m i n i s t r a ç ã o da v i l a s i m p l e s mente "proibir" a venda no referido armazém de "setinetas", "falsos brocados" e toda essa quinq u i l h a r i a d e m a u g o s t o com q u e as i n d ú s t r i a s b a r a tas costumam inundar o subúrbio e o interíor(20). A p r e o c u p a ç ã o com o mobiliário, que elege como adequados os p a d r õ e s p o p u l a r e s mais simples e despojados louça b r a n c a , e s t e i r a s , v a s o s d e b a r r o - p a r e c e indicar uma compatibilidade entre esta nova arquitetura e as tradições populares. o p r o j e t o p a r a M o n i e v s d e é ta)vez o que aprêsen= ta d e f o r m a m a i s c l a r a e s t a a r t i c u l a ç ã o e n t r e t r a d i ç ã o e m o d e r n i d a d e , s e j a no m o b i l i á r i o , seja na adoção de técnicas c o n s t r u t i v a s t r a d i c i o n a i s e p o p u l a r e s c o m o o p a u - a - p i q u e (oub a r r o a r m a d o , c o m o d i z L u c i o Costa"', o u a i n d a n a utilização de f o r r o d e t a q u a r a n o s t e t o s . Também no p r o j e t o para a Cidade Universitária do Brasi1. ae maior f ô l e g o , v e r i f i c a - s e o uso de uma estética d e s p o j a d a , " h u m i l d e " , cuja a p a r ê n c i a p o d e r i a ser r e m o n t a d a a uma a r q u i t e t u r a t r a d i c i o n a l , b r a s i l e i r a : (...) p o d e r á , no e n t a n t o , adquirir, naturalmente, g r a ç a s as p a r t i c u l a r i d a d e s d e p l a n t a , c o m o a s galerias abertas, os pátios etc., a escolha dos materiais a empregar e respectivo acabamento - muros de alvenaria de pedra rústica, placas lisas de gneiss, azulejos sob pilotis, caiação ou pintura a d e q u a d a s o b r e c o n c r e t o a p a r e n t e e t c . , g r a ç a s , fin a l m e n t e , ao e m p r e g o d e v e g e t a ç ã o a p r o p r i a d a um c a r á t e r " l o c a l " i n c o n f u n e íve1 , c u j a simp1 icidade, derramada e despretensiosa, muito deve aos bons
princípios res(21 ) .
das
construções
que
nos
são
f ami 1 ia-
Deste Ultimo ponto depreende-se uma relação entre a n o v a a r q u i t e t u r a e as a n t i g a s c o n s t r u ç õ e s . Relação esta que se e s t a b e l e c e p e l o e s p í r i t o - o r e s p e i t o às exigências d a s t é c n i c a s e d o s m a t e r i a i s - ou p o r u m arranjo espacial, ou a i n d a p o r d e t a l h e s - d e m a t e r i a i s q u e , na sua s i m p l i c i d a d e , r e t o m a m as c a r a c t e r í s t i c a s d o n o s s o b a r r o c o despojamento, c o m p o s t u r a , d i g n i d a d e , a l h e a m e n t o ao " a s s a n h a m e n t o ornamental". Esta simplicidade e despojamento pode muito bem ser e q u i p a r a d a ao " j e i t o b r a s i l e i r o " q u e a c r í t i c a e s p e c i a l i z a d a i d e n t i f i c o u n o p r é d i o d o M i n i s t é r i o da E d u c a ç ã o e S a ú d e . Por f i m , cabe lembrar que a conci1iação entre a p r o p o s t a m o d e m i z a d o r a e as t é c n i c a s e c o s t u m e s t r a d i c i o n a i s é importante para evitar "rompimentos bruscos". Esta permanência ds r a d i ç a o p r o p i c i a r i a uma maior coesão social, ating i d a a t r a v é s d o d e s e n v o l v i m e n t o d e um s e n t i m e n t o d e pertenci m e n t o d o h o m e m ã s o c i e d a d e m o d e r n i z a d a : N o p r o p n o i n t e r e s s e da e f i c i ê n c i a e d a economia, esss convivência dos hábitos trdicionais com os novos modos de conceber resulta vantaosa, não so porque evita desajustes e desequilíbrios inúteis, c o n t r i b u i n d o , a s s i m , p a r a um r e n d i m e n t o m a i o r , como p o r q u e , v e n c i d o o período crítico de adaptação, a s o b r e v i v ê n c i a de costumes e laços tradicionais c o n t r i b u i , por sua v e z , para m a n t e r vivo nas populações locais aquele sentimento de solidariedade h u m a n a e d i g n i d a d e que tem r a í z e s na t e r r a , sentido este não apenas compatível, mas desejável na vida moderna, porque a tempera, diversifica e enriauece(22).
2.5. Urbanismo,
Habitação
e
Monumentalidade
Aqui a p r e s e n t a m - s e algumas o b s e r v a ç õ e s b r e v e s sob r e as r e l a ç õ e s q u e s e e s t a b e l e c e m , n o p e n s a m e n t o de Lucio C o s t a , e n t r e s m o n u m e n t a l i d a d e e as n e c e s s i d a d e s d o u r b a n i s m o e da h a b i t a ç ã o . No p r o j e t o da C i d a d e Universitária, Lucio Costa o r g a n i z a todo o e s p a ç o em t o r n o de um eixo "monumental". Esta m o n u m e n t a l i d a d e é i n t e n c i o n a l , pela sua eficiência, e m e s m o n e c e s s á r i a , f a c e à s i m p l i c i d a d e e ao d e s p o j a m e n t o das e d i f i c a ç õ e s , q u e a p r e s e n t a m um c a r á t e r u n i f o r m e . Na medida em q u e a e d i f i c a ç ã o é d e s t i t u í d a d e seu caráter simbólico mais imediato, tornam-se necessários novos elementos que p r o p i c i e m ao c o n j u n t o e d i f i c a d o o c a r á t e r e a i m p o n ê n c i a d e s e j a d o s , t e n d o em v i s t a a d e s t i n a ç ã o da o b r a . Nesse sentido, não e g r a t u i t a a a s s o c i a ç ã o entre os eixos que funcionam
82
c o m o e l e m e n t o s o r g a n i z a d o r e s d o e s p a ç o e as a l a s d e palmeiras i m p e r i a i s , r e c o r r e n t e s na obra de L u c i o Costa e que funcionam c o m o uma f o r m a de se acentuar a m o n u m e n t a l i d a d e desejada. E s t a s o l u ç ã o se inspira nos g r a n d e s e i x o s visuais da P a r i s d e H a u s s m m a n , c i d a d e q u e L u c i o tanto aprecia. 0 que acaba por aparecer como uma opção pouco "ortodoxa" para um m o d e r n i s t a . Quanto á habitação, a monumentalidade tem, também, um c a r á t e r s i m b ó l i c o , p e l o f a t o d e a í s e e n c o n t r a r a e x p r e s s ã o m a i s a c a b a d a da s u a u t o p ia s o e i a l : A m o r a d a do h o m e m comum há de ser o m o n u m e n t o simbó1 iço d e n o s s o t e m p o , assim como o túmulo, os m o s t e i r o s , o s c a s t e l o s , os p a l á c i o s o f o r a m em outras épocas(23). Mas Lucio está consciente dos impedimentos que se colocam a esta tarefa. A p e n a s a a d o ç ã o da s o l u ç ã o em altur a , c o m a ut. i 1 i z a ç ã o m a c i ç a d e p r é d i o s d e a p a r t a m e n t o s , não é suficiente. É n e c e s s á r i o que estes p r é d i o s se apoiem em uma nova e s t r u t u r a u r b a n a , d o t a d a dos s e r v i ç o s e s s e n c i a i s à vida h u m a n a . E v ê aí u m d e s c o m p a s s o e n t r e as n e c e s s i d a d e s e as e x i g ê n c i a s d a p r ó p r i a p r o d u ç ã o i n d u s t r i a i , c u j a t e n d ê n c i a "natural" seria a de ocupar cada vez mais a atividade de c o n s t r u ç ã o , e o a r c a b o u ç o s o c i a l , q u e se e x p r e s s a em uma est r u t u r a f u n d i á r i a i n a d e q u a d a aos n o v o s t e m p o s . As e x i g ê n c i a s da m o n u m e n t a l i d a d e para H c o n s t r u ç ã o da h a b i t a ç ã o c o l e t i v a - m o n u m e n t o s í m b o l o d a contemporaneid a d e - l e v a m , p o i s , n e c e s s a r i a m e n t e a um n o v o u r b a n i s m o , q u e possibilite o a p r o v i s i o n a m e n t o dos e q u i p a m e n t o s e serviços necessários e que estabeleça determinados princípios que disciplinem o uso do solo e, assim, enfrentem a questão da e s t r u t u r a ç ã o da p r o p r i e d a d e f u n d i á r i a . E esse novo urbanismo s e r á , t a m b é m , e com m a i o r e s r a z õ e s , uma e x i g ê n c i a da sua utopia soeia 1.
3.
CONCLUSSES
D o q u e foi e x p o s t o a c i m a , p o d e - s e d e p r e e n d e r clar a m e n t e as d u a s g r a n d e s a f í n i d a d e s d e s s e p e n s a m e n t o : p o r um lado, com os i d e ó l o g o s do n a c i o n a 1 - d e s e n v o 1 v i m e n t i s m o e por o u t r o , com os i n t e l e c t u a i s d o m o d e r n i s m o q u e se p r o p u n h a m como t a r e f a a c o n s t r u ç ã o de uma c u l t u r a n a c i o n a l a t u a l i z a d a . Essa dupla a f i n i d a d e tem importância no papel des e m p e n h a d o por L u c i o Costa e pelo grupo de arquitetos que o c e r c a v a , e m a i s e s p e c i a l m e n t e O s c a r N i e m e y e r , na tarefa de " o r g a n i z a ç ã o da c u l t u r a " a ser d e s e n v o l v i d a nos anos 50. 83
De fato, nos anos 30, cabe a Mário de Andrade, p r i n c i p a l m e n t e , a missão de constituição de um pensamento crítico sobre a produção cultural que propicia a formação de u m a s í n t e s e e n t r e a c o n s t i t u i ç ã o da n a c i o n a l i d a d e e a m o d e r nização - dois eixos importantes dos governos pós-30. Mário irá d e s e m p e n h a r um p a p e l d e r e l e v o n a p r o d u ç ã o d e i d é i a s p a ra v á r i a s i n i c i a t i v a s d a g e s t ã o C o p a n e m a no Ministério da E d u c a ç ã o , alem dar t a r e f a s i n s t i t u c i o n a i s assumidas j u n t o a S e c r e t a r i a d e C u l t u r a d e S ã o P a u l o , de 1934 a 1 9 3 7 , e t a m b é m de seu papel p o s t e r i o r como consultor do S P H A N . A partir dos anos 50, cabe a Lucio Costa, no S P H A N , u m p a p e l f u n d a m e n t a l ao f o r m u l a r as c a s e s d a p o l í t i c a de p r e s e r v a ç ã o , e l e g e n d o a m e m ó r i a nacional "digna" de ser conservada. Mas, mais que isto, serão a arquitetura moderna e o u r b a n i s m o de Brasília a grande expressão de modernidade que se instaura no g o v e r n o J K , s í n t e s e dos "50 anos em 5", da s u p e r a ç ã o ' d o a t r a s o , d a c o n s t i t u i ç ã o d e um e s p a ç o m o d e r n o o n d e as r e f e r ê n c i a s n a c i o n a i s s e e s t a b e l e ç a m c o m clareza a partir do seu e s p í r 1 1 o : o "Jeito" brasileiro de ser. É e s t a D u s c a de um c a r á t e r n a c i o n a l , e v e n t u a l m e n t e não c o n s c i e n t e , e v e n t u a l m e n t e não e x p l í c i t o , que marca o novo u r b a n i s m o , m a t e r i a l i z a ç ã o do "novo h u m a n i s m o " , expressão de uma s o c i e d a d e onde não e x i s t e m contradições e onde a sup e r a ç ã o a e p o b r e z a e ao v e l h o p o d e se fazer através de um ato de v o n t a d e . S í n t e s e de uma m o d e r n i d a d e que se e s q u i v a ao seu papel de d e s t r u i d o r a das t r a d i ç õ e s e busca uma c o n c i l i a ç ã o i m p r o v á v e l - e n t r e a c o n f i g u r a ç ã c do n o v o e a releitura e r e a p r o p r i a ç ã o do velho.
84
N O T A S
(1) E s t e t e x t o a p r e s e n t a . u m a p a r t e da discussão sobre a f o r m a ç l o d o p e n s a m e n t o u r b a n í s t i c o n B r a s i l , a t r a v é s da a n á l i s e da o b r a e da t r a j e t ó r i a de L u c i o C o s t a , c o n f o r me d e s e n v o l v i d o , em C a r d o s o (1988) . (2) V e r
a respeito,
Moraes
(1383).
(3) A p a r t i r d a r e v o l u ç ã o d e 1 9 3 0 M á r i o i r á gradativamente se a p r o x i m a n d o dos c e n t r o s de p o d e r , a c a b a n d o por assumir a d i r e ç ã o da S e c r e t a r i a de C u l t u r a de São Paulo, d u r a n t e a g e s t ã o A r m a n d o Salles de O l i v e i r a , onde tenta d e s e n v o l v e r uma p o l í t i c a de pesquisa e de atividades c u l t u r a i s com v i s t a s ao d e s e n v o l v i m e n t o d e u m a cultura nacional a t u a l i z a d a . Ver a respeito, Sandroni (1988) e Duarte (1985). (4^ S o b r e " o (1973).
conceito
de
projeto
estético,
Ver
Cafetá
(5) A 1 i g a ç ã o a e L u c i o C o s t a a o g r u p o m o d e r n i s t a s e da em 1931 q u a n d o , na d i r e ç ã o da E s c o l a d e B e l a s A r t e s , promove o S a l ã o de 1931, convida artistas acadêmicos e mod e r n o s p a r a m o s t r a r um q u a d r o m a i s c o m p l e t o da s i t u a ç ã o da p r o d u ç ã o a r t í s t i c a b r a s i l e i r a n o m o m e n t o . Será, tod a v i a , em 1 9 3 6 q u e as s u a s i d é i a s , amadurecidas desde e n t ã o , i r ã o e c l o d i r n o m a n i f e s t o " R a z õ e s da N o v a A r q u i t e t u r a " , n o s p r o j e t o s da C i d a d e U n i v e r s i t á r i a no Brasil e da C i d a d e O p e r á r i a de Mon 1 evade e, finalmente, no p r o j e t o p a r a a s e d e d o M i n i s t é r i o da E d u c a ç ã o e S a ú d e . (6) E m a n e x o a p r e s e n t a m o s u m a p r o p o s t a de organização do material b i b 1iográfico coletado e que serviu de fonte para a " g a r i m p a g e m " das ideias c o s t i a n a s sobre os t e m a s selecionados. E s t e l e v a n t a m e n t o n ã o foi s i s t e m á t i c o a ponto de esgotar toda a produção do autor, mas pode-se afirmar que estão, aí, indicados os principais textos e p r o j e t o s ae sua a u t o r i a . (7 ) C o s t a
(1962) , p
(8)
1dem,
p.
(9)
Ibidem,
p.
7/8.
(10)
Ibidem,
p.
11.
(11) C o s t a
2.
3.
(1936),
p.
3. 85
(12) C o s t a
( 1 9 5 2 b ) , p . 31 .
(13) Cost, a ( 1 3 3 6 ) , p . 4 . (14)
1 ciem , p . 7 .
(15) C o s t a (16)
( 1 9 4 1 ), p . ' 1 2 6 .
3 denj , p .
15.
(17) A n d r a a e , M . " S e g u n d o R e l a t ó r i o E n v i a d o p e l o T é c n i c o a D i r e t o r i a do SPHAN", 28/11/1937, em A n d r a a e ( 1 8 = 9 8 1 ) , p . 1 2 6 , (18) C o s t a
(.1953).
'19) C o r i
'1981a).
( 2 0 ) Cost--
( 1936b), p.
116.
(21) C o s t a
(1927b), p.
130.
( 2 2 ) Cori,' ( 1 9 6 2 ) , p . (23) C o s t a
Assistente Transcrito
12.
(1981a).
B
I
B
L
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O
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F
I
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86
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ANEXO
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Lucio
Costa
Foi d e d i c a d o um t r a t a m e n t o e s p e c i a l às o b r a s d e L u c i o C o s t a , n u m a p r i m e i r a t e n t a t i v a d e c r i a r as b a s e s d e u m t r a b a l h o de s i s t e m a t i z a ç ã o de sua o b r a . Neste sentido, abaixo:
os
textos
- Artigos; - Correspondências; - Depoimentos; - E n t r e v i st as; - Manifestos; - Textos - Justificativa - Textos teóricos sobre:
foram
agrupados
segundo
os
títulos
de projetos de u r b a n i s m o ; Arquitetura; Arte ; Património histórico; Urbanismo; Outros assuntos;
A seleção e o a g r u p a m e n t o dos textos por conteúdos temáticos ou f o r m a i s foi f o r t e m e n t e i n f l u e n c i a d a p e l o e n f o q u e a n a l í t i co a d o t a d o n e s t e t r a b a l h o . A s s i m , Dor e x e m p l o , o t e x t o just i f i c a t i v o do p r o j e t o p a r a a V i l a de M o n l e v a d e foi e n q u a d r a d o na c a t e g o r i a " t e x t o s j u s t i f i c a t i v o s d e p r o j e t o s de urban i s m o " , e m b o r a , sob v á r i o s a s p e c t o s , sua ê n f a s e m a i o r r e c a i a sobre questões relativas a arquitetura. Por outro lado, a ê n f a s e dada aos textos justificativos de projetos e plenamente confirmada pelo fato de só termos i d e n t i f i c a d o um ú n i c o e x e m p l a r o n d e L u c i o C o s t a discute as q u e s t õ e s do u r b a n i s m o em t e r m o s t e o r i c o s e q u e , m e s m o a s s i m , é insuficiente para uma análise mais completa do assunto.
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de
Ja-
Ilha Pura xerox.
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