[MONOGRAFIA] As Possibilidades de Aprendizagem do Violão Clássico por meio das Novas Tecnologias da Informação

June 3, 2017 | Autor: Diego Lima | Categoria: Guitar, Guitar Pedagogy, Aprendizagem, Violão, Ensino De Violao
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE MÚSICA

DIEGO LIMA DOS SANTOS

AS POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM DO VIOLÃO CLÁSSICO POR MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO

São Cristóvão 2015

DIEGO LIMA DOS SANTOS

AS POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM DO VIOLÃO CLÁSSICO POR MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO

Monografia apresentada como requisito para a obtenção do grau de Licenciado em Música do Departamento de Música da Universidade Federal de Sergipe. Orientador: Prof. Msc. Alessandro Pereira da Silva

São Cristóvão 2015

Autorizo a utilização do trabalho em sua forma parcial ou integral, desde que seja citada a autoria do mesmo. SANTOS, Diego Lima. As possibilidades de aprendizagem do violão clássico por meio das novas tecnologias da informação. (Monografia).- Universidade Federal de Sergipe – Departamento de Música. 73 f. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2015.

DIEGO LIMA DOS SANTOS

AS POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM DO VIOLÃO CLÁSSICO POR MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO

Monografia apresentada como requisito para a obtenção do grau de Licenciado em Música do Departamento de Música da Universidade Federal de Sergipe.

Aprovada em 25 de Fevereiro de 2015

Banca Examinadora

Alessandro Pereira da Silva – Orientador_______________________________ Mestre em Música pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Sergipe

Christian Alessandro Lisboa________________________________________ Doutor em Música pela Universidade Federal da Bahia Professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Sergipe

Fabiano Carlos Zanin______________________________________________ Mestre em Música pela Universidade de São Paulo Professor do Departamento de Música da Universidade Federal de Sergipe

À Vânia Oliveira Lima e Maria José Oliveira Lima, por todo cuidado. Hermes Rodrigues Lima, in memoriam.

AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus por me conceder o dom da vida e me cercar de pessoas maravilhosas, as quais me ajudaram em diversas áreas da vida até o presente momento. O trabalho de conclusão de curso é um texto, o qual muitas vezes é tratado como produzido por uma só pessoa. No meu caso, assim como no de outros amigos que conheço, o real processo de construção e pesquisa do texto só pôde ser feito com a ajuda de muitas pessoas. Há poucas coisas na vida que temos a certeza de dizer: “Fui eu quem fiz, sem a ajuda de ninguém”, na verdade creio que nenhuma. Agradeço a minha mãe Vânia Oliveira Lima pelo apoio incondicional e por acreditar nos meus sonhos mesmo quando eu quis jogar tudo pro alto. Agradeço todo dia por ter sido criado e educado por uma pessoa que só posso definir em uma palavra: Amor. As minhas outras mães: Maria José Oliveira Lima (vovó), Maria Conceição Oliveira Lima (tia), Rosimeire Oliveira Lima (tia), Normélia Freitas (vovó) e Nelma Freitas (tia), que em momentos difíceis sempre me acolheram e cuidaram tal como minha mãe faria. Aos meus tios Williams Oliveira Lima, Hermes Rodrigues Oliveira Lima e Wellington Oliveira Lima. As minhas primas Bárbara Lima e Simone Lima por cuidarem de mim como se fosse um irmão. Aos meus amores pequenos Maria Aparecida, Maria Paula e João Paulo por me darem tanta alegria. Amo vocês! Aos meus amigos Filipe Freitas, Lucas Pinheiro, Deidison Rocha, Nayara Drielle, Alexandre Azevedo, Leandro Guerra, Gilvan Barreto, Isleide Marlayne, Victor Vieira, Adriano Moreira Vilela, Coracy Schueler, Valter Schueler, Gabriel Schueler, Rafael Schueler, e a senhorita, que parece que conheço há décadas Laíge Barbosa, bem como sua família. Muito obrigado pelo apoio e carinho de vocês. Aos queridos alunos do Instituto Federal de Sergipe, Colégio Barão de Mauá, Colégio Dom Távora, bem como os particulares. Aos meus irmãos na fé por sempre torcerem pelo meu sucesso e intercederem em meu favor. Meu agradecimento às professoras Mônica, Maria Francisca e Maria José, que incentivaram não só eu como minha turma a enfrentar o processo seletivo para o ingresso na Universidade. Salvo engano foi a primeira turma em quase uma década da história daquela escola pública que conseguiu ingressar na Universidade.

Tratando dos meus mentores na música agradeço primeiramente ao senhor Davis Wilkerson por me apresentar a alegria de tocar um instrumento musical aos 16 anos. Desde lá não largo o violão. Quem diria que após 6 anos tocar esse instrumento, assim como lecionar seria minha principal fonte de renda. Ao professor Bob Zé e toda a equipe da Escola de Artes Valdice Teles. Ao Professor Luís Alberto, que me ensinou boa parte da técnica do violão clássico. Ao professor Rodrygo Besteti por dar continuidade a esse trabalho. A professora Maria Goreth por toda paciência em suas aulas. Aos professores Gilberto de Moura, Gilmário Celso, Victor Hugo, Isaac Soares e José Oliveira pelas discussões filosóficas acerca da Estruturação, Percepção e História da Música, além das boas Práticas de Conjunto. A toda a equipe de professores e funcionários do Conservatório de Música de Sergipe. Aos grandes mestres que tive na Universidade Federal de Sergipe: Mackely Ribeiro Borges por todo carinho, cuidado e dedicação em suas aulas, além da oportunidade de ser coordenado pela mesma no Pibid; Eduardo Conde Garcia e Priscila Gambary pelas orientações na vida acadêmica, bem como a coordenação em projetos de pesquisa; Christian Alessandro Lisboa e Maria Eugênia pela oportunidade de ser orientado por eles no projeto de extensão “Direito na Música” e na monitoria de Novas Tecnologias e a Educação Musical; Daniel Guimarães Nery pela confiança e oportunidade de me orientar na monitoria de Estruturação Musical, além das aulas de “um monte de coisa”; Maria Nely por me incentivar a nunca parar de produzir conhecimento, por todo apoio a minha carreira acadêmica e pela amizade; Rejane Harder por compartilhar sua vasta experiência na área de Educação Musical, além das várias conquistas voltadas para os alunos do Departamento de Música; Antônio Chagas pela atenção e indicação de material de pesquisa para o presente de trabalho; Yuri Barreto, Marcus Ferrer, Fabiano Zanin e Alessandro Pereira pelo acompanhamento de meus estudos do violão nesses quatro anos; Alessandro Pereira (novamente) pela paciência e confiança em me orientar no trabalho de conclusão de curso e pela orientação em projetos como o Primeiro Festival de Violões de Sergipe e o Programa de Rádio Violão Camaleão; Hermógenes Araújo, Fernando Lacerda, James Berstisch, Mario José, Everaldo, Marcos Balieiro, Ana Maria Bueno Freitas, Maicon Barbosa, Gerinelson Oliveira, Lídia Arnauld e Maria Veleida por diretamente ou indiretamente contribuírem para o meu crescimento nesses quatro anos. Aos funcionários do Departamento de Música: Carlos (Feroz), Vinícius, Lívia e Thais pelos serviços prestados, paciência e amizade durante essa jornada.

Aos violonistas André Campos, Alvaro Henrique, Gilson Antunes e todos os participantes do Fórum Violão.Org, pois foram de suma importância para a elaboração e conclusão desse trabalho. Aos meus amigos e colegas de curso Alberto Barreto, Ricardo Vieira, João Luís, Carlos Augusto, Carlos Antônio, Vanessa Macedo, Elberty Carlos, Igor Gnomo, Yuri Lucena, Ada Lacerda, Pierre Levi, Ivson Alves, Mislene Vieira, Marques Alcântara entre outros. Muito obrigado por muitas vezes passarem os mesmos sufocos juntos no Campus. Isso foi de suma importância para a sobrevivência na academia. Enfim, minha gratidão a todos!

A lógica pode levar de um ponto A a um ponto B. A imaginação pode levar a qualquer lugar. Albert Einstein

RESUMO

As tecnologias têm influenciado diversas áreas da vida humana. A educação foi uma das áreas que foram profundamente influenciadas No presente trabalho buscamos apresentar algumas possibilidades do uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem do violão clássico. A partir da análise de três tipos de conteúdo disponíveis na Web (Vídeo, Texto e Áudio) e de algumas demonstrações de como utilizá-los em sala de aula buscaremos exemplificar as possibilidades de aprendizagem do violão clássico a partir dessas tecnologias. Para complementar essa afirmativa serão utilizados no texto trechos de entrevistas com violonistas que se utilizam do meio virtual para a difusão de conhecimento acerca do instrumento em questão, além de dados de um survey aplicado em alunos de violão. Palavras-Chave: Violão, Novas Tecnologias, Aprendizagem.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Aba Contato do Acervo Digital do Violão Brasileiro. ............................................... 31 Figura 2 Aba Biblioteca do Acervo Digital do Violão Brasileiro ............................................ 32 Figura 3 Aba Partituras do Acervo Digital do Violão Brasileiro. ............................................ 34 Figura 4 Aula sobre Ligados - Gilson Antunes. ....................................................................... 50 Figura 5 Dica 01 - Prelúdio 01 (Villa-Lobos), compasso 52.................................................... 51

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................ 13 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................. 18 3 – CONTEÚDO EM FORMATO ESCRITO ............................................... 27 4 – CONTEÚDO EM FORMATO DE ÁUDIO ............................................. 35 4.1 – O MUNDO DO VIOLÃO .......................................................................... 36 5 – CONTEÚDO EM FORMATO DE VÍDEO ............................................. 46 5.1 – O YOUTUBE ............................................................................................. 47 5.2 – O VIOLÃO.ORG ....................................................................................... 52 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 59 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 64 ANEXOS ............................................................................................................ 69 ANEXO A – Entrevista com o Violonista Alvaro Henrique ......................... 70 ANEXO B – Entrevista com o Violonista Gilson Antunes ............................ 72

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1 - INTRODUÇÃO

As Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) veem influenciando quase todas as áreas da vida humana. Desde o seu advento, que data mais ou menos da década de 1970, tem sido objeto de estudo e discussão de vários teóricos. Uma das áreas mais influenciadas é a área de Educação. Nas últimas duas décadas o que mais se tem evidenciado é o crescimento da oferta e procura do ensino via meio virtual. Na área da Educação Musical as Novas Tecnologias e o seu uso no processo pedagógico tem sido alvo de muitas pesquisas e reflexões. Essa reações se dão por muitos questionamentos acerca da sua efetiva implementação em sala de aula pelos Educadores Musicais. Pensando nessa realidade buscamos no decorrer desse trabalho apresentar o uso das TICs no processo de ensino-aprendizagem do violão. O grande motivo aqui é contribuir para o crescimento na pesquisa dessa modalidade de aprender violão e tentar chegar à compreensão de como todo esse processo se dá, qual a melhor forma de utilização dessas tecnologias, entre outras questões que surgem com a ampliação da pesquisa. O tema em questão foi escolhido, pois após o acesso a dados de pesquisadores como Antunes (2012)1, Monteiro (2013)2 e Scotti (2011)3 ficou evidenciado o quanto alunos de violão acessam conteúdos disponíveis na Web e se utilizam dos mesmos para adquirir conhecimentos sobre o violão clássico. Porém há algumas questões a serem respondidas no decorrer dessa pesquisa: Como se utilizar desses conteúdos no processo de ensinoaprendizagem do violão clássico? É possível realmente aprender com o acesso aos mesmos? Como fica a relação entre professor e aluno com a utilização do material disponível no meio virtual no seu aprendizado? Essas questões serão alvo de reflexões e indicação de soluções no presente trabalho.

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ANTUNES, Gilson U. G. O violão nos programas de pós-graduação e na sala de aula: amostragem e possibilidades. Tese de Doutorado – Programa de Pós-graduação em Música - Departamento de Música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. USP: São Paulo. 2012. 2 MONTEIRO, Célio J. Percursos da música: múltiplos contextos de educação. 2ª Ed. Cuiabá: EdUFMT, 2013. In: Cássia Virgínia Coelho de Souza (Org.). Aprendizagem musical pelo youtube. 2ª ed. Cuiabá: EdUFMT, 2013, p. 181-191. 3 SCOTTI, Anderson Aparecido. Violão.org: saberes e processos de apreensão/transmissão da música no espaço virtual. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-graduação em Artes. Disponível em: . Acesso em: 10 de ago. 2013.

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O presente trabalho tem o objetivo de demonstrar as possibilidades de utilização dos conteúdos disponíveis na rede mundial de computadores para que se possa aprender e ensinar violão clássico. Foram selecionados três tipos de conteúdo disponíveis na Web para serem alvo de análise e reflexão. São eles: conteúdo em formato de texto (Teses, Dissertações, Artigos, etc.), conteúdo em formato de áudio (Programas de Rádio sobre o Violão Clássico) e conteúdo em formato de vídeo (Vídeo aulas e performances de violonistas). Há também a intenção do mesmo trabalho ser um guia de alguns espaços disponíveis na Web onde se possa encontrar material respaldado por profissionais para o estudo do violão clássico. Após a aplicação de um survey4 elaborado por nós5 em alunos usuários de um Fórum sobre violão clássico, o Violão.Org, constatou-se a importância do acesso a esses tipos de conteúdo na formação dos mesmos. O survey contou com cinco perguntas. Não foram definidos critérios como faixa etária e gênero para que os participantes pudessem respondê-lo. Foi definido apenas que eles fossem estudantes de violão clássico em qualquer nível. Os resultados mostraram que grande parte dos 115 alunos consomem os três tipos de conteúdo que serão analisados nos capítulos seguintes. Cerca de 83% afirmaram que os três tipos de conteúdo contribuem na aprendizagem do violão clássico. Quanto a indicação do acesso a todos os três tipos de conteúdo pelo professor de violão cerca de 44% afirmaram que há sim a indicação por parte do docente que orienta seus estudos no instrumento. A grande parte afirmou que o seu professor auxilia numa melhor seleção dos conteúdos acessados por eles, cerca de 73%. A partir desses dados percebemos a importância de analisar esses conteúdos e demonstrar algumas possibilidades da aplicação deles no processo de ensino-aprendizagem do violão clássico. Discussões recentes remontam vários dos questionamentos apresentados, porém com um foco mais específico: o do uso das TICs aplicadas na educação. Alguns autores como

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O survey é um método de pesquisa amplamente utilizado em pesquisas de opinião pública, de mercado e, atualmente, em pesquisas sociais que, objetivamente, visam descrever, explicar explorar características ou variáveis de uma população por meio de uma amostra estatisticamente extraída desse universo. 5 O referido formulário pode ser acessado pelo seguinte endereço eletrônico:.

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Assman (2000)6, Lévy (2000)7 e Santaella (2003)8 têm se dedicado ao exame de como essas tecnologias afetaram e continuam afetando a relação dos dois principais personagens da educação: o docente e o discente. Esses autores discutem também o surgimento e influência das TICs na vida do ser humano. Demonstram diferentes visões sobre essas tecnologias e trazem reflexões de como seria um uso equilibrado das mesmas na vida do ser humano. Autores como Gohn (2007)9 e Krüger (2006)10 trazem reflexões importantes acerca dos educadores musicais e sua formação para atender a um novo quadro de Educação Musical e principalmente compreender as TICs para que o seu uso se faça de modo eficaz no processo educacional. Na área de pesquisa das TIC e o ensino-aprendizagem do violão clássico autores como Santos e Pereira (2013)11, Moura (2009)12 e Scotti (2011)13 apontam algumas iniciativas que servem como afirmação de que é sim possível a utilização das TICs no processo educacional do violão clássico. Iniciativas que vão da disponibilização de conteúdo como vídeo aulas em sites até a análise crítica de interpretações de obras musicais no meio virtual. Adotamos como procedimento metodológico a pesquisa em sites, Fóruns e blogs que têm o violão clássico como principal assunto. Houve também a pesquisa em Teses, Dissertações e Livros que abordassem a temática das TICs, Educação Musical e Ensino do Violão. Além de entrevistas com alguns profissionais que se utilizam do meio virtual com propostas pedagógicas envolvendo o violão clássico como os violonistas Alvaro Henrique e Gilson Antunes.

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ASSMAN, Hugo. A metamorfose do aprender na sociedade da informação. Revista Ciência da Informação, v. 29, n.2, p 7-15, Brasília, maio/ago., 2000. 7 LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. 2ed. São Paulo: Ed. 34, 2000. 8 SANTAELLA, Lúcia. Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano. Revista FAMECOS. Porto Alegre, nº 22, p. 23 – 32, dez. 2003. 9 GOHN, Daniel. A Apreciação Musical na Era das Tecnologias Digitais. In: CONGRESSO DA ANPPOM 2007, 27 a 31/08/2007. São Paulo. Anais do XVII Congresso da ANPPOM. São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 2007, p. 1-12. 10 KRÜGER, Susana Ester. Educação musical apoiada pelas novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC): pesquisas, práticas e formação de docentes. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 14, 75-89, mar. 2006. 11 SANTOS, Diego L., PEREIRA, Alessandro. O virtual como ferramenta na educação musical: O Fórum Violão.Org. Anais do V Simpósio Sergipano de Pesquisa e Ensino em Música – SISPEM - Núcleo de Música da Universidade Federal de Sergipe – NMU/UFS São Cristóvão – 03 a 06 de setembro de 2013. Aracaju. 2013. 12 MOURA, Risaelma A. de J. Ensino coletivo de violão: possibilidades para a aprendizagem colaborativa e cooperativa em EAD. Revista Novas Tecnologias na Educação. V. 7 Nº 2, outubro. CINTED-UFGRS: Porto Alegre. 2009. 13 SCOTTI, Anderson Aparecido. Violão.org: saberes e processos de apreensão/transmissão da música no espaço virtual. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-graduação em Artes. Disponível em: . Acesso em: 10 de ago. 2013.

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A presente pesquisa não visa à análise da Educação a Distância (EAD). Para fins de delimitação e definição do tema foi decidido pela não análise dessa modalidade de ensino. Iremos demonstrar como o material disponível na Web pode contribuir no processo de ensino presencial ou convencional. (ALVES, 2011) A EAD começou a existir nas instituições no século XIX. Os adeptos dessa modalidade de ensino vêm crescendo no Brasil e no mundo. Aqui os alunos são auxiliados por tutores que monitoram e tiram suas dúvidas em horários pré-definidos. A grande vantagem dessa modalidade de ensino é a praticidade do não deslocamento dos seus alunos até a instituição de ensino. Também há a praticidade de um agendamento dos horários de estudo e avaliações. É importante mencionar: é uma modalidade de ensino onde o aluno se auto instrui. Essa autoinstrução é acompanhada por uma equipe de professores denominada de tutores. Logo a EAD não seria uma modalidade com um menor grau de qualidade no ensino ou em que há um menor grau de cobrança do discente. (ALVES, 2011) O presente texto foi estruturado em seis capítulos: Primeiro - Introdução; Segundo – Fundamentação Teórica; Terceiro – Conteúdo em Formato Escrito; Quarto – Conteúdo em Formato de Áudio; Quinto – Conteúdo em Formato de Vídeo e Sexto – Considerações Finais. Na Fundamentação Teórica serão expostos os principais autores que servem de base para a pesquisa do presente trabalho. Aqui apareceram pelo menos quatro tipos de autores: os que discutem sobre as TICs, os que tratam sobre a Educação, os que tratam sobre Educação Musical e os que tratam do ensino-aprendizagem do violão. Esses três últimos tipos sempre envolvendo a problemática das TICs. No capítulo Conteúdo em Formato Escrito serão apresentados alguns autores que tratam sobre a utilização de arquivos de texto no ciberespaço e suas implicações para a educação, bem como um autor que trate sobre esse mesmo tipo de material voltado ao violão clássico. Ainda no mesmo capítulo será exposto um site que traz em si um espaço dedicado ao armazenamento e acesso de material em formato escrito para o violão clássico e o relato de como o mesmo pode ser utilizado no processo de educação no referido instrumento. No quarto capítulo, Conteúdo em Formato de Áudio, será abordado um breve histórico dos programas de rádio sobre o violão clássico no Brasil bem como a sua evolução para a mudança de veículo de propagação, nesse caso a internet. Logo em seguida serão expostos dois espaços da Web e exemplos de material em áudio para a análise. Após a exposição dos

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exemplos haverá a demonstração de como os mesmos podem ser utilizados para que o usuário possa aprender ou ensinar violão clássico. O penúltimo capítulo, Conteúdo em Formato de Vídeo, abordará o potencial pedagógico do vídeo. Como nos capítulos anteriores foram escolhidos dois espaços no meio virtual que possuem o material em formato de vídeo destinado ao violão clássico. Após a exposição dos exemplos de vídeos haverá a análise de como os mesmos podem ser utilizados no processo educacional do violonista. Nas Considerações Finais haverá uma reflexão sobre tudo o que foi apresentado nos capítulos anteriores corroborando para a afirmativa de que há diversas possibilidades ensino e aprendizagem do instrumento musical em questão utilizando as TICs como ferramenta. Para uma maior comodidade do leitor e também pela natureza transitória dos conteúdos analisados na presente pesquisa (arquivos em formato de texto, áudio e vídeo) os mesmos serão armazenados numa mídia de DVD que acompanhará o trabalho. Passemos agora a o capítulo que apresentará os principais autores consultados para a elaboração da presente pesquisa.

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2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente capítulo tratará sobre a revisão bibliográfica dos principais autores, que servirão como base para o presente trabalho. Em geral os trabalhos abordados no presente capítulo compreendem as áreas de Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), Educação, Educação Musical e Ensino-aprendizagem do Violão Clássico com a utilização das TICs. A apresentação dos trabalhos seguirá a ordem de um campo de estudo mais amplo, no caso o das TICs, a um campo de estudo mais específico: o Ensino-aprendizagem do Violão Clássico. A rede mundial de computadores vem desde a seu advento e propagação para o mundo, que ocorreu por volta da década de 1970, exercendo um fascínio nos seus usuários e sendo objeto de estudo de vários teóricos sobre o assunto. Entre esses teóricos há um destaque para o filósofo francês Pierre Lévy, o qual é uma referência mundial no estudo e análise da Web. O referido filósofo criou um conceito denominado ciberespaço. Esse espaço é de grande importância nos dias atuais, pois: “[...] vem consistindo num dos principais espaços de informação, comunicação, cooperação e interação, como também de um novo espaço de nomadismo e do saber.” (ANDRADE, 2013, p. 166) É importante termos uma visão ampla desse termo, pois o mesmo é, às vezes, minimizado. Vejamos uma melhor visão desse conceito: “[...] o termo ciberespaço não especifica apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas, ainda, e principalmente, o universo de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo […]” (ANDRADE, 2013, p. 167) Podemos observar que o ciberespaço acopla não somente os periféricos utilizados para o seu acesso, tampouco a estrutura abstrata que é a Web. Esse reúne todos que dele se utilizam. Pessoas de todas as partes do mundo se conectando, muitas vezes por interesses comuns, relações de consumo, entre outros motivos. Isso tudo está contido no ciberespaço, que por sua vez acaba criando o que Pierre Lévy denomina cibercultura. As pessoas reunidas em espaços da Web se relacionam e constroem essa nova cultura: A cibercultura é a expressão da aspiração de construção de um laço social, que não seria fundado nem sobre links territoriais, nem sobre relações

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institucionais, nem sobre as relações de poder, mas sobre a reunião em torno de centros de interesses comuns, sobre o jogo, sobre o compartilhamento do saber, sobre a aprendizagem cooperativa, sobre processos abertos de colaboração. O apetite para as comunidades virtuais encontra um ideal de relação humana desterritorializada, transversal, livre. As comunidades virtuais são os motores, os atores, a vida diversa e surpreendente do universal por contato. (LÉVY, 2000, p. 130)

Podemos observar que Lévy traz essa “nova cultura” como uma extensão da vida social, ou da vida que não é virtual. Os internautas se comportam como vizinhos que convivem na mesma comunidade, como aponta Lemos: O ciberespaço é hoje um espaço (relacional) de comunhão, colocando em contato, através do uso de técnicas de computação eletrônica, pessoas de todo o mundo. Elas estão utilizando todo o potencial da telemática para se reunir por interesses comuns, bater papo, para trocar arquivos, fotos, música, correspondência. (LEMOS, 2008, p. 138)

Aqui nesse espaço virtual um importante processo ocorre: a construção de um conhecimento coletivo. Os usuários se ajudam no processo de difusão e construção do conhecimento. “O ciberespaço seria um local onde qualquer indivíduo pode participar, visitar, cooperar, associar, colaborar, falar e ser ouvido, aprender.” (MONTEIRO, 2013, p. 185). A partir desse sistema de produção de conhecimento o aprender e o ensinar deixa de ser um processo solitário. “A construção do conhecimento já não é mais produto unilateral de seres humanos isolados, mas de uma vasta cooperação cognitiva distribuída, da qual participam aprendentes humanos e sistemas cognitivos artificiais.” (ASSMAN, 2000, p. 11) As tecnologias da informação e da comunicação (TIC) são meios altamente contributivos para criar condições de modificar as formas das pessoas se relacionarem, construírem e transmitirem conhecimentos. Por meio dessas tecnologias, é possível a construção do conhecimento coletivo com sujeitos localizados em espaços e tempos distintos, mas que integram o mesmo ambiente virtual ou a mesma comunidade virtual de aprendizagem. As formas de buscar informações e de divulgá-las a um maior número de pessoas, também foram alteradas com a disponibilização dessas tecnologias. (FERREIRA e BIANCHETTI, 2004, p. 254)

Com a disponibilização do acesso à Web para a população, várias áreas da vida humana foram afetadas. Essa “revolução tecnológica” tomou vários campos da vida humana. Não há como imaginar algum desses campos que não foram afetados pelas TICs. Quando um local tem acesso à tecnologia, religião, indústria, ciência, educação, mais cedo ou mais tarde, são impregnadas por essa revolução, tal como afirma Domingues (1997).

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A partir desse ponto tudo que identificarmos como elemento do ciberespaço e sua consequente cibercultura será apresentado com essa denominação: “Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)”, para um maior esclarecimento do leitor. A educação foi uma das áreas que sofreu maior influência como o uso das TICs. Sofreu influência principalmente na forma como seus agentes transmitem, constroem e se relacionam com o conhecimento. Há um novo quadro no processo de ensino sendo formado pela utilização das TICs. Atualmente é praticamente uma contradição manter-se aquém do uso desses meios no processo de ensino-aprendizagem: “a educação no mundo de hoje tende a ser tecnológica, o que, por sua vez, vai exigir o entendimento e interpretação de tecnologias” (BOZZETTO, 2003, p. 9). Se no passado a crença era a de que os professores eram os únicos detentores do conhecimento e que o aluno tinha nele a única fonte a ser acessada as TICs vêm consolidando um novo paradigma nessa relação. “Trata-se de um tipo de experiência de superação de escassez.” (ASSMAN, 2000, p. 13) O pensamento do professor como uma “central do conhecimento” é logo derrubado quando fica constatado que o conhecimento está praticamente todo difundido no ciberespaço e que pode ser acessado pelo aluno a qualquer momento. A depender da qualidade do conteúdo acessado, esse pode ser mais esclarecedor do que a aula do professor, que ainda pensa ser a única fonte de conhecimento (MORAN, 2000). A análise do processo ensino-aprendizagem nos dias atuais nos leva a constatar que o quadro da relação professor-aluno está sendo modificado: “está surgindo uma nova relação entre professor e aluno, não mais pautada na hierarquia em que o professor tem a centralidade do saber, como predominantemente ocorria no processo ensino-aprendizagem tradicional” (FERREIRA e BIANCHETTI, 2004, p. 254). A escola, aqui utilizada para denominar todo e qualquer espaço de ensino formal, precisa se manter sincronizada com o seu tempo. Essa realidade ainda não foi alcançada, pois os espaços de ensino ainda mantêm vínculos com um pensamento, que por vezes é arcaico. Quando não estão totalmente fechados às TICs esses espaços utilizam ou as percebem de forma equivocada:

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A crescente utilização da Internet como instrumento de aprendizagem vem abalando as crenças tradicionais de aquisição de conhecimento, que consideram o aluno como um receptor passivo de ensinamentos transmitidos por um “mestre que detém o saber”. Numa época de transformações tão rápidas e profundas, a escola parece se manter alheia a essas transformações, sendo alvo de críticas e insatisfações no mundo inteiro. Posições saudosistas de defesa do ensino tradicional se opõem a posições “abertas”, assim chamadas por introduzirem em seus espaços todas as inovações tecnológicas, mas que mantêm a mesma estrutura convencional e têm esses instrumentos apenas como “recursos” a mais. (LIMA, 2006, p. 11)

Contudo, não podemos entender que o uso das TICs no processo de ensino irá resolver antigos problemas, que não foram sanados no ensino formal, totalmente presencial: Se temos dificuldades no ensino presencial, não as resolveremos com o virtual. Se olhando-nos, estando juntos temos problemas sérios não resolvidos no processo de ensino-aprendizagem, não será "espalhando-nos" e "conectando-nos" que vamos solucioná-los automaticamente. (MORAN, 2000, p. 142)

Os “ruídos” que ocorriam na comunicação entre docente e discente não serão sanados com a utilização das TICs no processo de ensino-aprendizagem (MORAN, 2000). A proposta aqui não é a exclusão de nenhum dos personagens envolvidos nesse processo, mas sim a utilização, a soma deles às TICs. Essa soma tem que proporcionar um melhor resultado do que o alcançado outrora sem a adição delas, senão a utilização desse novo elemento no processo não se faria necessário. Santaella (2003) aborda em seu trabalho as diversas visões acerca das TICs e sua utilização. A autora apresenta o histórico dos processos de comunicações, que vão desse o mais básico como a linguagem corporal nos primórdios da humanidade, ao mais complexo que é o processo da reprodução e grafia daquilo que é pronunciado. Há uma atenção para um detalhe interessante: que mesmo com as informações sendo, hoje, digitalizadas basicamente todos esses processos são convergidos às TICs. Após a análise de vários autores há a identificação dos que apoiam, dos que reprovam e dos que são imparciais com relação à utilização das TICs. Segundo Santaella, há o grupo dos “Realistas Ingênuos”, que apontam que essa tecnologia está sendo utilizada de forma não pensada ou não mediatizada. Logo haveria nessa visão a utilização das TICs sem uma devida compreensão dos seus usuários. Como segundo grupo temos os “idealistas das redes”, que são extremos entusiastas do virtual e que segundo a autora defendem que esse mundo é um passo “evolutivo” para o ser humano, que é um “o melhor dos mundos”. O terceiro e último grupo é

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o dos “Céticos”. Esses insistem que qualquer tentativa de análise do processo que comporta as TICs é impreciso e inútil. Apontam para um nascimento impreciso das mesmas e que por essa razão buscar uma análise que as defina como boas ou más é praticamente impossível. Portanto para a autora os céticos assumem uma postura que se resume em “(...) deixar acontecer para ver como é que fica.” (SANTAELLA, 2003, p. 29) Devido ao grande número de informações disponíveis em rede, o aluno, que por muitas vezes não é seletivo no conteúdo que escolhe absorver, acaba tendo um conhecimento superficial sobre o assunto. [...] o conhecimento disponível no ciberespaço por muitas vezes trata de conhecimentos horizontais, ou seja, que não são aprofundados teoricamente, mas pequenas mostras superficiais de temas ou discussões, ao contrário do conhecimento tido como vertical é aprofundado teorizado com as características das pesquisas científicas. (MONTEIRO, 2013, p. 181)

O auxílio do professor será de grande importância nesse momento. A presença de um professor significa um fator chave para uma melhor seleção do conteúdo a ser absorvido. Com a presença desse profissional o aluno buscará o conteúdo e o professor agirá como um “filtro” para que o quesito qualidade esteja presente no que há de ser absorvido dos meios digitais. Essa seria uma boa postura do profissional e a dinâmica ideal nesse processo de ensinoaprendizagem alterado com consumo das TICs pelo aluno, tal como afirmam Santos e Pereira (2013). Como o presente trabalho trata da educação formal do violão clássico, há que se fazer a distinção de três termos: Educação Formal, Educação não formal e Educação informal. A primeira tem como melhor exemplo a escola, que possui uma meta a ser atingida e é toda estruturada com um currículo ou ementa disponibilizando um certificado ou diploma após a meta e o currículo serem atingidos. A segunda ocorreria também em espaços educativos possuindo uma meta, porém não há a emissão de diploma. A terceira teria como melhor exemplo a educação proporcionada por alguns espaços encontrados na Web, pois esses não possuem uma meta a ser atingida, tampouco uma ementa a ser seguida, como afirma Libâneo: A educação informal correspondia a ações e influências exercidas pelo meio, pelo ambiente sociocultural, e que se desenvolve por meio das relações dos indivíduos e grupos com seu ambiente humano, social, ecológico físico e cultural, das quais resultam conhecimentos, experiências, práticas, mas que não estão ligadas especificamente a uma instituição, nem são intencionais e organizadas. A educação não formal seria a realizada em instituições educativas fora dos marcos institucionais, mas com certo grau de sistematização e estruturação. A educação formal compreenderia instâncias

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de formação, escolares ou não onde há objetivos educativos explícitos e uma ação intencional institucionalizada, estruturada, sistematizada. (LIBÂNEO, 2005, p. 31).

Um dos objetivos desse trabalho é a análise de como os conteúdos disponibilizados na internet: vídeos, arquivos de áudio e texto, que seria um espaço de ensino informal, contribuem para o ensino formal do violão clássico. Tanto o ensino informal como o não-formal contribuem e muito para uma melhor aprendizagem no ensino institucionalizado ou formal. Esse fenômeno é recorrente no ensinoaprendizagem de música. Muito dos conhecimentos adquiridos por músicos não são passados a eles por meio de uma educação formal. Sendo o aluno de música um ser social é fácil compreender que a aquisição de conhecimento nos espaços que frequenta fora da instituição de ensino formal se dão de forma frequente. Recebemos mensagens através de meios eletrônicos como a televisão e o rádio, estudamos música em conservatórios, aprendemos com membros de nossas famílias, e participamos de atividades musicais nas comunidades em que vivemos. Muitas dessas situações são caracterizadas como sistemas nãoformais de aprendizagem, pois ocorrem fora de instituições com currículos estruturados; ou como sistemas informais, acontecendo na vivência cotidiana em clubes, igrejas, ou outros espaços de socialização. (GOHN, 2008, p. 114)

Na área da Educação Musical as pesquisas sobre a utilização das TICs são crescentes. Gohn (2007) afirma que os educadores devem estar a par delas, pois o público com que eles trabalham são grandes consumidores desse tipo de tecnologia. Pesquisando sobre a escuta na era das TICs o autor afirma que os educadores musicais têm que ter a palavra “acesso” como máxima nos dias atuais. Exemplifica de forma bem clara como as TICs podem auxiliar na aprendizagem musical. Demonstra que a apreciação pode se dar de maneira diferente do que outrora, visto que o discente na atualidade tem uma gama de opções de conteúdo em formato de áudio e um acesso muito maior que há décadas atrás. Além desse autor, Raimundo (2011) demonstra como as TICs vêm sendo empregadas na produção musical atual. Afirma também que ações devem ser tomadas para que o educador musical tenha uma formação continuada. O educador para Raimundo precisa dominar os recursos tecnológicos disponíveis. Precisa sempre se atualizar nesse campo, pois a tecnologia empregada atualmente é atualizada num espaço de tempo muito curto. Em questão de meses o recurso tecnológico observado como a tecnologia “de ponta” é substituído por outro melhor e assim sucessivamente.

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Krüger (2006) aborda o impacto das TICs na formação dos educadores musicais. Nesse trabalho a autora demonstra o número de pesquisas envolvendo a utilização dessas novas tecnologias na Educação Musical. Há a conclusão que o percentual de envolvimento entre a Educação Musical e as TICs é muito pequeno quando comparado com outras áreas de conhecimento no Brasil. Aponta também o despreparo que os cursos de formação de professores de música no Brasil têm para incluir as TICs na sua estrutura curricular. Quando esses possuem as TICs como elemento de sua estrutura curricular as abordam de forma superficial na visão da autora. Mesmo quase uma década depois dessa análise, trabalhos como os de Andrade (2013), Raimundo (2011), Santos e Pereira (2013), entre outros demonstram que o quadro sofreu poucas modificações. A autora indica as principais iniciativas que o professor deve tomar diante desse novo quadro: A educação musical tem sido desafiada a passar por uma série de transformações. As novas Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC – desafiam-nos a transformar nossos conceitos educacionais, nossas perspectivas didáticas, nos constrangem a rever e complementar nossa formação, nos levam a refletir sobre as novas possibilidades e exigências quanto às interações com nossos alunos e colegas. (KRÜGER, 2006, p. 75)

Bellochio e Leme (2007) afirmam que o professor de música tem que no primeiro momento aprender como manusear essas tecnologias, porém apontam para um aprofundamento crítico-reflexivo desse mesmo profissional quanto as TICs. Há na pesquisa desses autores a defesa de que essas são potencializadoras da aprendizagem musical, mas apontam também para uma formação diferenciada do Educador Musical: É imprescindível, para esses professores de música, compreender as possibilidades de utilização de tais recursos em sala de aula, bem como (re)aprender os seus princípios básicos para elencar ferramentas potenciais para ensinar música, além de serem capazes de solucionar problemas decorrentes do uso das mesmas em suas práticas educativas diárias, certos de seus objetivos educacionais. Isso exige uma formação diferenciada desses professores. (BELLOCHIO e LEME, 2007, p. 89)

Após revisão de alguns autores, que tratam sobre a relação entre Educadores Musicais e TICs, foi constatado que há uma opinião que grande parte defende: A compreensão verdadeira das TICs tem que estar acompanhada com a utilização das mesmas. (cf. KRÜGER (2006), LEME e BELLOCHIO (2007) e LOURO (2009)). Essa compreensão dará suporte para uma efetiva aplicação das TICs na Educação Musical. Em suma todos concordam que: “[...] não podemos ensinar nem pensar de forma criativa sobre o ensino daquilo que nós não compreendemos.” (Swanwick, 2003, p. 14).

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Compreensão é uma palavra chave no processo de efetiva aplicação das TICs na Educação Musical. Quando observamos os trabalhos sobre o ensino-aprendizagem do violão clássico com a utilização das TICs essa palavra é um dos fatores que estão ausentes em muitos professores. Não ausente precisamente na compreensão do que são essas novas tecnologias, mas de como interagir ou utilizá-las de uma melhor forma no processo de ensino dos alunos. Santos e Pereira (2013) afirmam que é possível a utilização de conteúdos disponíveis na Web no processo de ensino-aprendizagem do violão clássico. Demonstram que espaços como fóruns destinados ao instrumento trazem informações e conteúdo de qualidade para o aluno ou mesmo o violonista profissional que deseja aprender no meio virtual. Vídeos, textos, e áudio disponíveis no ciberespaço têm seu devido potencial educacional. Os autores alertam que o simples acesso e absorção do conteúdo não garantem uma aprendizagem qualitativa, principalmente para os alunos iniciantes no referido instrumento. Chamam atenção que para que o processo ocorra de forma satisfatória é necessária a presença do professor presencial. Esse agirá como um gerenciador desses conteúdos e após essa ação o aluno poderá estar seguro de que os conteúdos foram devidamente filtrados por uma pessoa experiente. Moura (2009) afirma que as TICs facilitaram o processo de ensino e mais fortemente o de aprendizagem do violão. A autora analisa essas tecnologias como facilitadoras do acesso do público que outrora teria dificuldade no acesso ao ensino do instrumento em questão. Com as TICs fronteiras como tempo e espaço foram rompidas. Um aluno pode ao se conectar receber uma aula com o mesmo potencial educativo de seu formato presencial. Demonstra também que pela sua experiência em aulas via plataforma digital na Universidade Federal do Rio Grande do Sul os alunos demonstram uma maior autonomia na organização de seus estudos bem como uma maior disciplina no cumprimento dos objetivos estipulados na ementa do curso. Scotti (2011) aborda a análise da transmissão ou apreensão da música no espaço virtual. Em sua pesquisa o autor analisa o processo de construção coletiva do saber no fórum sobre violão clássico, o Violão.Org. Demonstra que a interatividade proporcionada pelo acesso de violonistas, sejam eles alunos ou profissionais e até mesmo admiradores do instrumento, acarreta numa apreensão de conteúdos com potencial educativo muito bom tais como vídeos, arquivos em formato de texto e em formato de áudio. Há em tal análise a observação de comportamentos de usuários do fórum e de como o conhecimento é produzido a partir da relação entre eles. Seja na análise da postagem de um vídeo por um usuário, resposta a

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perguntas feitas no espaço analisado, etc. Há a produção de um conhecimento no meio virtual proporcional, qualitativamente falando, ao produzido em cursos de instituições de nível superior no referido instrumento. Seja na análise da postagem de um vídeo por um usuário, resposta a perguntas feitas no espaço analisado, essa produção de conhecimento ocorre. A partir da fala do violonista Fábio Zanon podemos observar uma das formas de produção de conhecimento encontradas no referido Fórum: [...] num nível elementar ao menos, ele às vezes cumpre um objetivo educacional mais específico [O fórum]. Por exemplo, pode haver uma discussão muito proveitosa sobre a digitação da seção central do prelúdio n.2 de Villa-Lobos. Puxa, antigamente eu ia ter de telefonar para várias pessoas, ouvi-las sem ter a réplica de outras, sem cruzamento de informações, etc. No fórum tudo isso acontece, alguém vai dar a receita e outro alguém vai dar 4 variantes para aquela receita, e outro alguém vai dizer que aquilo é tudo furado, e outro alguém vai dizer que o John Williams toca assim ou assado, etc. (ZANON apud SCOTTI, 2010, p. 17)

Analisando os autores apesentados no presente capítulo há algumas importantes constatações. A primeira refere-se à realidade das TICs e a influência em praticamente todas as áreas da vida humana. A segunda é que uma das áreas que sofrem maior influência é a Educação, que ainda enfrenta um processo de adaptação a essa influência. A terceira é que os personagens envolvidos no processo ensino-aprendizagem, professores e alunos, têm que também compreender melhor como lidar com essas tecnologias. Vimos também que a área da Educação Musical está ainda incorporando as TICs. Que a falta de uma formação que aborde essas tecnologias de uma forma que faça o professor de música um profissional que compreenda a sua utilização é um fator importante para essa incorporação. Há também a compreensão de que no processo de ensino-aprendizagem do violão clássico as iniciativas de implementação das TICs, apesar de poucas, existem. Que elas se dão muitas vezes no âmbito da educação informal e que os professores presenciais precisam assumir uma postura de análise e incorporação dessas tecnologias em suas aulas, pois seus alunos convivem e são consumidores dessas tecnologias. Após a revisão desses autores passemos agora a análise dos espaços e conteúdos selecionados no presente trabalho. Enfatizando sua contribuição para o processo ensinoaprendizagem do violão clássico.

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3 – CONTEÚDO EM FORMATO ESCRITO

A partir de agora passaremos a apresentar e analisar o potencial de aprendizagem dos conteúdos disponíveis em páginas da Web. Nesse capítulo serão apresentadas possibilidades e facilidades de acesso promovidas pelas TICs para a consulta de conteúdo em formato escrito referente ao violão na rede: Teses, Dissertações, Artigos, Partituras, etc. Para uma melhor localização desse tipo de conteúdo foi escolhida uma página específica na Internet. A página a ser analisada junto com o seu conteúdo será o Acervo Digital do Violão Brasileiro14. Arquivos de texto sempre foram de grande valia para a pesquisa em várias áreas do conhecimento. Com o avanço da tecnologia muito do que se tinha como material impresso pôde ser disponibilizado em meios virtuais. Apesar de termos hoje o hipertexto, o qual insere o internauta numa experiência que uni texto, imagem e áudio, a escrita continua desde os seus primórdios firme como principal meio de transmissão do conhecimento humano. (SANTAELLA, 2003). Antes do desenvolvimento das TICs o pesquisador tinha que percorrer pessoalmente as bibliotecas. Com a disponibilização de material bibliográfico na Web esse processo, muitas vezes árduo, foi facilitado. Há um enorme acervo disponível à distância de um simples acesso à internet para a pesquisa em diversas áreas de conhecimento. Uma dessas áreas é a de música. Os conteúdos disponíveis na internet, diferente de há 20 anos atrás, que ainda praticamente não existiam, ajudam como material bibliográfico de pesquisa. Essa facilidade se reflete também no tempo dispendido para o acesso ao material, pois antigamente demorava-se muito no traslado até as bibliotecas espalhadas pelas cidades.15

Nas últimas duas décadas houve um aumento no número de publicações sobre música no Brasil. Junto com o crescimento de publicações sobre música houve também a disponibilização dessa produção bibliográfica no meio eletrônico. Revistas Científicas, Simpósios, entre outros foram os grandes responsáveis por esse aumento.

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Acessado em Outubro de 2014 . Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 04/02/2015 com o violonista Gilson Antunes disponibilizada no Anexo B. 15

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Podemos observar iniciativas como a da Associação Brasileira de Educação Musical, que desde a década de 1990 publica artigos em formato de revistas. Essas revistas tinham inicialmente o formato analógico, porém atualmente se encontram disponíveis para o download no site16 da associação, facilitando assim o acesso de mais pessoas aos conteúdos debatidos nos congressos. Outros congressos de Música como o SIMPOM e ANPPOM promovem debates e produzem Anais nos quais artigos são publicados no meio virtual. Esses artigos versam sobre os mais diferentes assuntos relativos a música, como Educação Musical, Performance, Musicologia, Psicologia da Música, entre outros. A Ictus, Urucungo, Per Musi e Opus são revistas científicas em formato eletrônico, que desde a sua fundação são destinadas a disponibilização de artigos via Web, que por sua vez não foram resultados de congressos. Atualmente Universidades estão disponibilizando material escrito de seus alunos nos chamados repositórios virtuais. Trabalhos de Conclusão de Curso, Dissertações de Mestrado, Teses de Doutorado são exemplos de material escrito disponível nos sites dessas instituições. Em se tratando de publicações desse tipo sobre violão temos os Anais do Simpósio Acadêmico de Violão da Escola de Belas Artes do Paraná – EMBAP17. O referido evento reúne no seu repositório virtual uma produção acadêmica sobre violão que abarca pesquisas sobre performance, história, didática, composição, entre outros assuntos ligados ao instrumento. Vejamos o olhar do violonista Gilson Antunes, que é professor da Universidade Federal da Paraíba, quando questionado sobre os efeitos da disponibilização e acesso dos conteúdos no meio virtual por alunos de violão e sua aplicação no processo de ensino-aprendizagem do instrumento: (...) Hoje em dia, acessar bibliotecas na Dinamarca em busca de partituras de domínio público é bem fácil, assim como websites oficiais do governo brasileiro, que oferecem livros clássicos da literatura de forma gratuita, incluindo os livros pedidos nos vestibulares. Em termos de violão, há websites conhecidos que também oferecem artigos e até livros sobre o instrumento, tanto gratuitos quanto pagos. Por fim, e talvez o principal para o músico brasileiro, são as várias teses e dissertações de mestrado e doutorado disponíveis nas bibliotecas virtuais das universidades e nos portais

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Endereço: . O conteúdo referente a esses Anais pode ser acessado em: . 17

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do Governo. É mais uma opção dentre tantas similares, e creio que os músicos deveriam aproveitar melhor esse tipo de facilidade.18

Como exemplo dessa diversidade e facilidade proporcionada pelas TICs, faremos uma breve exposição da tese de Doutorado do Violonista Gilson Antunes, na qual o pesquisador analisa diversos os trabalhos de pós-graduação sobre violão no Brasil entre os anos de 1991 e 2007. Há no trabalho um mapeamento desse tipo de produção bibliográfica pelas cinco regiões do país. O pesquisador afirma em sua tese que a disponibilização de arquivo de texto sobre o violão no meio digital é muito importante. Antunes aponta que: (...) esses trabalhos de pós-graduação com temática violonística possuem vertentes que abarcam um conjunto de ferramentas auxiliares no desenvolvimento de pesquisadores, intérpretes e interessados em geral, sendo tais vertentes baseadas em aspectos históricos-biográficos, analíticos e didáticos. (ANTUNES, 2012, p. 18)

Aqui há um fato importante. Após a análise do objeto de sua pesquisa o autor chega à conclusão de que boa parte desses trabalhos serve como ferramenta para quem estuda, pesquisa, interpreta e consequentemente ensina violão clássico. A tese em questão teve como principal ferramenta de pesquisa a Internet, sem a qual seria muito difícil percorrer todas as Universidades e bibliotecas que serviram como fonte de análise. Há a divisão de três tipos de trabalhos analisados no decorrer do texto: Trabalhos Analíticos, Trabalhos Históricos e Trabalhos Didáticos. O primeiro grupo trata da análise de obras de compositores ligados ao violão. O segundo grupo de trabalhos trata da história do violão e o último aborda os aspectos didáticos do instrumento musical. O autor dá indicações de algumas produções bibliográficas analisadas durante a pesquisa que podem auxiliar alunos, pesquisadores e professores em determinados assuntos sobre o violão, que muitas vezes não são conhecidos pelo público interessado por não serem publicados em formato de livro: (...) Para informações a respeito da história do violão no Brasil e seu desenvolvimento ao longo dos anos - informações estas que podem ser utilizadas em sala de aula - (...) Para comparações de diferentes escolas violoníticas, existe a dissertação de Marcelo Fernandes Pereira. (...) Sobre

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Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 04/02/2015 com o violonista Gilson Antunes disponibilizada no Anexo B.

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questões de técnica violonística, há os trabalhos de Homero Pires, Fernando Silveira (...) Para o interessado em conhecer mais sobre o violão e a música flamenca, duas dissertações foram escritas: a de Paulo Rogério e a de Fabiano Zanin. (ANTUNES, 2012, p. 181).

A visão da importância de ter arquivos em formato escrito disponibilizados no meio virtual como fonte de pesquisa é apoiada pelo violonista Alvaro Henrique. Vejamos sua resposta quando questionado sobre a importância da disponibilização desse tipo de conteúdo no meio virtual no processo de ensino-aprendizagem do violonista: Compartilhando informação muitas vezes indisponível ao estudante comum, em especial os que não frequentam bibliotecas nem assinam revistas brasileiras ou estrangeiras dedicadas ao violão e à música clássica. Servem como porta de entrada para mais conhecimento e informação, mas muitas vezes podem criar uma grande cortina de fumaça em função do excesso de informação descontextualizada, fragmentada, e/ou inverídica.19

Há duas grandes informações na fala acima: a primeira é que o material serve como porta de entrada para o conhecimento, muitas vezes inacessível aos estudantes. A segunda trata do excesso e da não qualidade de algumas informações disponíveis na Web. Para que haja uma melhor seleção desse conteúdo faz-se necessária a presença de um profissional que tenha conhecimento suficiente para realizar esse filtro: o professor presencial de violão, tal como afirmam Santos e Pereira (2013). Ainda tratando da influência das TICs no processo de difusão de conhecimento Antunes (2012) revela um fato preocupante: grande parte da produção bibliográfica dos programas de pós-graduação ainda não estava disponível em bancos de dados virtuais como repositórios de Universidades no ano de 2012. O autor afirma também que devido ao desconhecimento e não publicação em formato de livro dessas teses e dissertações há uma falsa impressão de que há pouca produção bibliográfica relativa ao violão no Brasil. Relata também a tendência no aumento de projetos de pesquisa sobre o violão defendidos no país. Além de apontar um aprimoramento das páginas eletrônicas das universidades brasileiras assim como a criação de um banco de dados mais abrangente para a divulgação dessas pesquisas e o aprimoramento do conhecimento acerca do violão.

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Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 23/01/2015 com o violonista Alvaro Henrique disponibilizada no Anexo A.

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Passemos agora a análise do site escolhido para exemplificar as possibilidades e facilidades de acesso promovidas pelas TICs para a consulta de conteúdo em formato escrito na Web.

O Acervo Digital do Violão Brasileiro

O Acervo Digital do Violão Brasileiro foi lançado no mês de Agosto de 2014. O espaço é uma iniciativa de alguns violonistas brasileiros e pesquisadores do violão. Qualquer internauta pode acessar e baixar os conteúdos disponíveis nele. Uma característica importante é a construção coletiva do acervo encontrado nesse Website, como podemos observar na aba Contatos dentro do site na imagem abaixo:

Figura 1 Aba Contato do Acervo Digital do Violão Brasileiro. Fonte: .

A partir da contribuição de pessoas, as quais, às vezes, nem são instrumentistas ou pesquisadores, o espaço digital pode ser preenchido com conteúdo de potencial altamente didático. Isso coloca o Acervo Digital na classificação de comunidade virtual de aprendizagem, tal como afirma Gohn (2008).

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Apesar de ocorrer a contribuição de pessoas que não são tão aprofundadas nos estudos do violão clássico, todo tipo de informação disponível no Acervo é avaliada por pesquisadores20 e violonistas21 que administram o mesmo. Logo, há um respaldo de toda a informação disponível nessa comunidade.

Observemos mais especificamente alguns espaços dentro do Acervo Digital do Violão Brasileiro, onde estão inseridos conteúdos referentes ao violão clássico em formato de texto. Primeiramente temos a aba denominada “Biblioteca”. Aqui o usuário que acessa o site pode conseguir referências bibliográficas importantes sobre o violão. Nessas referências estão incluídos livros, Teses de Doutorado, Dissertações de Mestrado e Métodos sobre o instrumento: Conheça as referências bibliográficas mais representantes sobre o violão brasileiro. A biblioteca oferece dicas de livros, capas e fichas técnicas, além das dissertações e teses acadêmicas sobre o violão para download gratuito. Em parceria com a Fundação Biblioteca Nacional, disponibilizamos um valioso acervo das primeiras revistas dedicadas ao instrumento, surgidas a partir da década de 1920, além de métodos de grande valor histórico.22

Esse é o texto inicial do espaço. Podemos observar o acesso ao mesmo na próxima imagem:

Figura 2 Aba Biblioteca do Acervo Digital do Violão Brasileiro. Fonte:.

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Como: Alexandre Dias e Elcylene Leocádio. Informação disponível em: . Acesso em 20/01/2015. 21 Como: Alessandro Soares e Gilson Antunes. Informação disponível em: . Acesso em 20/01/2015. 22 Texto disponível em: . Acesso em 20/01/2015.

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A próxima aba a ser analisada é denominada “Partituras”. Aqui são disponibilizados gratuitamente partituras, arranjos e transcrições de obras para violão. Observemos a descrição do espaço: A maioria das partituras deste acervo tem arranjos inéditos, transcrições e revisões feitas especialmente para este portal. Os títulos abrangem diversas formações, como violão solo, duo de violões, quarteto, violão de 7 cordas e melodia e cifra. Consulte, leia os comentários e faça download gratuito dos arquivos. Também confira os álbuns digitais em PDF que serão publicados periodicamente neste espaço. Colaborações voluntárias de arranjos, transcrições e peças autorais serão aceitas, desde que estejam de acordo com o conceito do portal e sejam aprovadas pela equipe de coordenação.23

Apesar do espaço aceitar contribuições gratuitas há a preocupação de seus administradores em manter um padrão de qualidade do material disponível no Acervo, que é, muitas vezes revisado por uma equipe de violonistas24. Dentro da aba Partituras encontramos algumas obras. Entre elas arranjos de músicas que, às vezes, nem possuíam registro escrito (na partitura). Obras raras como: Terna Saudade do compositor Anacleto de Medeiros e arranjos para quartetos de violões como o da obra “Pairando” do compositor Ernesto Nazareth. Reiteramos que a maioria dessas partituras são contribuições dos usuários desse mesmo espaço digital. Aqui denotasse a tão enfatizada construção coletiva do conhecimento no meio digital. Os arquivos podem ser baixados e impressos para que o usuário possa executar as obras. A próxima imagem ilustra mais precisamente o processo de acesso e download desses arquivos:

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Texto disponível em: . Acesso em 20/01/2015. Entre eles estão: Jow Ferreira, Carlos Chaves, Caio Cesár, Paulo Aragão. Informação disponível em: < http://www.violaobrasileiro.com.br/pages/view/2/1>. Acesso em 20/01/2015. 24

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Figura 3 Aba Partituras do Acervo Digital do Violão Brasileiro. Fonte: < http://www.violaobrasileiro.com.br/biblio/index/3>.

Ter acesso a bibliografias, partituras e a informações, que muitas vezes não estão disponíveis em bibliotecas especializadas em música é de grande valia para o estudante de violão clássico. Saber que todo esse conteúdo está disponível gratuitamente a qualquer momento e em qualquer lugar por meio do acesso à Internet é importante para o aluno que está em processo de pesquisa sobre determinada música ou compositor. O Acervo Digital do Violão Brasileiro faz-se assim um espaço que contempla um grande depósito de conteúdo em formato escrito de grande potencial de aprendizagem. Logo, contribuindo para estudantes, professores e pesquisadores de violão clássico. Como foi demonstrado nesse capítulo há uma facilidade grande na difusão de material escrito para violão proporcionada pelo desenvolvimento das TICs. Essa facilidade de acesso não beneficia somente a pesquisa na área do violão em si. Há uma contribuição para as questões de ensino, performance ao violão clássico, entre outros assuntos, como foi demonstrado por Antunes (2012). Todo esse acesso deve ser administrado pelo professor presencial para que a experiência de um melhor aproveitamento desse conteúdo seja efetiva no processo de aprendizagem do estudante de violão. Passemos ao próximo capítulo, onde serão expostos os conteúdos em formato de áudio relativos ao violão clássico disponíveis Web.

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4 – CONTEÚDO EM FORMATO DE ÁUDIO

Em muitos espaços da Web são encontrados conteúdos em formato de áudio, além dos conteúdos em formato de texto como os expostos no capítulo anterior. No caso específico do violão clássico, os arquivos que serão analisados nesse capítulo se referem a programas de Rádio produzidos por violonistas. Alguns desses programas, já extintos, permanecem disponíveis em espaços na Web para que os interessados em seu conteúdo possam acessá-los a qualquer momento utilizando-se da internet. O rádio foi afetado, assim como outros meios de comunicação, pelas TICs. A partir da década de 1990 emissoras brasileiras começaram um movimento da transmissão de seus programas via Web. (ABDALLA, 2005) Essa nova modalidade de transmissão se adequa ao público atual. Uma vez que o mesmo consome tecnologia. A transmissão no modelo antigo não tem o mesmo poder atrativo para as pessoas na contemporaneidade. Já que “(...) a web tem também seus poderes de sedução. O rádio on-line juntou o útil ao agradável, tornou-se um objeto “inteligente” que atiça quase todos os nossos sentidos.” (ABDALLA, 2005, p. 29). Alguns programas de Rádio, pioneiros na temática do violão clássico no Brasil, foram há muito extintos. Esse problema ocorreu, pois na época a disponibilização via Web ainda não fazia parte da realidade dos seus idealizadores, tampouco dos ouvintes. Esse problema da transitoriedade do conteúdo que é transmitido via rádio foi solucionado com o compartilhamento desses arquivos no meio virtual. Esse fenômeno do compartilhamento de arquivos de áudio e sua alocação no meio virtual é apontado por Gohn (2008): Assim, surgia uma fluidez semelhante àquela que o rádio proporciona, mas com diferenciais importantes, pois enquanto no rádio a escuta é única e efêmera, nas redes digitais uma obra pode ser escutada repetidamente e infinitas cópias podem ser produzidas, sempre mantendo a mesma qualidade do original. (GOHN, 2008, p. 114)

Atentando para a afirmativa de Gohn, podemos perceber o quanto a internet e suas ferramentas ajudaram pessoas de diferentes localidades, mas com um mesmo interesse, tivessem acesso ao conteúdo produzido por programas de Rádio que unem a transmissão via rádio com a disponibilização desses programas no meio virtual.

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Violonistas como: Jodacil Damasceno e Edelton Gloeden foram alguns dos primeiros mentores de programas que abordaram a temática do violão por meio de programas de Rádio no Brasil. Esse fato é destacado pelo violonista Fábio Zanon em uma discussão promovida no fórum Violão.org, a qual tratava sobre programas de Rádio que hoje, devido à popularização da internet, podem ser baixados pelos internautas: Não podemos esquecer que Jodacil e Ronoel tiveram programas de rádio por muitos anos. O Everton teve um em 1991, o do Edelton está no ar há uns 10 anos. [...]. Rádio FM não pega em toda parte, e mesmo com internet ainda é um pouco chato de acompanhar.25

Passemos agora a análise de dois programas escolhidos pela sua relevância e por serem transmitidos via rádio e disponibilizados em espaços na Web. Esses foram idealizados por pessoas que tem um trabalho intenso de pesquisa na área do violão clássico. O primeiro será O Mundo do Violão26, que foi idealizado pelo professor e violonista Thales Guimarães. O segundo será o blog Violão com Fábio Zanon, espaço esse que leva o nome de seu idealizador, que é um violonista e professor renomado não só no nacionalmente, como mundialmente.

4.1 – O MUNDO DO VIOLÃO

O primeiro espaço a ser analisado encontra-se hoje desativado. Uma das dificuldades ocorridas nessa pesquisa é a transitoriedade dos conteúdos e espaços que foram consultados, por isso muitos dos conteúdos mencionados aqui foram anexados numa mídia de DVD para consulta do leitor, caso ocorra uma possível remoção do conteúdo no meio virtual futuramente.

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O post se encontra em: . Acesso em 21/12/2014. Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do arquivo “O mundo do Violão – 02” para maior comodidade do leitor. 26 O endereço do referido espaço: . Na época do presente trabalho o mesmo já se encontrava desativado.

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Após vários dias de pesquisa foi encontrado um link com acesso ao conteúdo do programa de rádio O Mundo do Violão. O caminho para o acesso a esse conteúdo foi feito via buscador Google27, que revelou a página de compartilhamento de arquivos com os programas de Rádio do Mundo do Violão. Além dessa página surgiram alguns vídeos no YouTube28 com os programas de Rádio do Mundo do Violão. E foi encontrado o endereço do antigo site29 numa das discussões do fórum Violão.Org30. O site denominado O Mundo do Violão surgiu a partir de uma iniciativa do professor e violonista Thales Guimarães. Nesse espaço o usuário teria acesso ao conteúdo que foi transmitido via programa de rádio. Conteúdo esse que está em formato Mp3, que é compatível com quase todo aparelho multimídia existente nos dias atuais (Mp3 player, Smartphones, etc.). Antes de partir para a análise de um dos programas do Mundo do Violão, observemos a relevância do mesmo e o respeito alcançado pelo idealizador e apresentador, Thales Guimarães, nos usuários do fórum Violão.Org a partir de um tópico aberto em Janeiro de 2010: [...] Pode ter certeza, que trabalhos assim como o seu, são de muita relevância e importância além de abrir ainda mais o leque contribuindo assim com o prestígio e a nobreza do nosso violão brasileiro e mundial. É isso aí amigo. Meus parabéns pelo seu belo trabalho. Mais uma vez ficolhe muito grato por tudo. Abraços fraternos e muita música sempre em nossos corações. Até. Nonato Luiz31. (grifo nosso)

No mesmo tópico outros usuários do blog comentam sobre O Mundo do Violão, a mensagem abaixo é do violonista Carlos Eduardo: [...] Thales Guimarães nos seus programas tem se mostrado um verdadeiro amante e conhecedor do Violão em toda a sua esfera, histórica, e experimentalmente, discorrendo e destilando contos maravilhosos, numa linguagem que atinge tanto os acadêmicos, quanto os leigos, fazendo do nosso Instrumento um Verdadeiro e patente canal de Artes

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Pesquisa realizada em 14/10/2014 com as palavras-chave: O mundo do violão torrent. Programa O mundo do Violão – Entrevista com Gilson Antunes. Disponível em: . 29 Endereço do site já desativado: . 30 Discussão disponível em: . Acessado em 21/12/2014. 31 Postagem disponível em: . Acesso em 21/12/2014. Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do arquivo “Homenagem Profº Thales Guimarães” para maior comodidade do leitor. 28

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sonoras [...]. Em síntese, quero registrar que mesmo tocando Violão já a 13 (treze) anos, minha paixão pelo instrumento foi multiplicada por mil, e tirada ainda a raiz quadrada, quando descobri os programas do Thales e o do Fábio Zanon.32 (grifo nosso)

Logo em seguida um depoimento importante do usuário Ricardo Henrique: (...) moro em São Carlos SP (240km de são Paulo capital) e temos aqui apenas um professor de violão erudito cujo qual mora numa cidade vizinha à São Carlos...não existe faculdade de violão por aqui e nem um conservatório voltado ao violão erudito...O violão erudito ainda está em desenvolvimento mas tenho boas esperanças pois existem muitas pessoas trabalhando forte para o crescimento do nosso instrumento, um exemplo é o Thales Guimarães, aqui em minha cidade já estamos estudando através de seus programas, os programas do Zanon também são muito ricos. A idéia de programas de rádio é muito interessante pois além do conhecimento que é passado através deste, ele também nos prende à escuta musical, algo que percebo que as vezes se perde neste mundo de "correrias" que vivemos hoje...33 (grifo nosso)

Podemos perceber, a partir da análise dos depoimentos dos usuários do Fórum Violão.Org que os programas de rádio do Mundo do Violão contribuem sobremaneira para o aprendizado e difusão do violão clássico. Esse programa atinge tanto o público especializado no assunto (violonistas, professores, etc.) quanto o público leigo como apontou o usuário Carlos Eduardo em seu depoimento. Um relato importante para essa pesquisa é a aprendizagem proporcionada aos estudantes de violão de uma cidade que não dispõe de conservatório ou curso de nível superior no referido instrumento, como foi explicitado num dos comentários do post do Violão.Org. Não apoiamos aqui a ideia de uma substituição do professor presencial, mas o caso nos leva a uma reflexão de como as TICs podem auxiliar em casos como esse, evidenciando o caráter democrático da internet, quando se trata de difusão e acesso ao conhecimento (SILVA, 2009).

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Postagem disponível em: . Acesso em 21/12/2014. Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do arquivo “Homenagem Profº Thales Guimarães” para maior comodidade do leitor. 33 Postagem disponível em: . Acesso em 21/12/2014. Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do arquivo “Homenagem Profº Thales Guimarães” para maior comodidade do leitor.

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Apesar de não haver uma intenção direta de ensino, a pessoa que pesquisa sobre o assunto, obtém informações educativas seguras, a partir da escuta dos programas de rádio do Mundo do Violão, tais quais as que são disponibilizadas em cursos formais de violão clássico. Observemos, agora a transcrição de trechos de um dos programas de Rádio do Mundo do Violão, o qual tratou do violonista João Pernambuco: O choro, mais conhecido como chorinho, nasceu por volta de 1870, no Rio de Janeiro, quando os músicos da época passaram a música da Europa do seu próprio jeito. No início era considerado apenas com uma maneira abrasileirada de tocar a valsa, a polca, a mazurca e o maxixe. Joaquim Calado, autor do primeiro choro, “A flor amorosa”, fez a primeira formação com a flauta, dois violões e o cavaquinho. Depois veio a formação onde eram utilizados o violão, a flauta, o cavaquinho, bandolim e clarineta, que deram a música um aspecto sentimental, melancólico e choroso.34

Uma das principais características dos programas de Rádio do Mundo do Violão, consiste no fato de o apresentador Thales Guimarães iniciar a apresentação situando no tempo e espaço o ouvinte. Como pode ser observado na transcrição do programa acima. Logo após o apresentador faz um relato biográfico do violonista abordado no programa, como pode ser observado no trecho abaixo: [...] João Pernambuco nasceu em Jatobá no sertão de Pernambuco em 2 de Novembro de 1883 e faleceu em 16 de outubro de 1947, na cidade do Rio de Janeiro, seu pai era Português e sua mãe Índia. Aos 12 anos ele aprendeu a tocar viola com violeiros e cantadores do sertão como Bem-te–vi, o cego Sinfrônio, Manuel Cabeceiras entre outros. Ele morou no Recife, onde trabalhou como ferreiro e logo depois operário. Por volta do 20 ano de idade ele vai para o Rio de Janeiro e se instala na casa de uma irmã.35

Também há um relato sobre a trajetória artística do violonista abordado em cada programa: [...] Pernambuco organizou um grupo chamado grupo Caxangá, onde ele e outros integrantes usavam roupas típicas do Nordeste e usavam roupas nordestinas. Desse grupo faziam parte o próprio Pernambuco, Pixinguinha,

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Disponível em: . Acesso em 21/12/2014. O referido programa encontra-se anexado na mídia de DVD, que acompanha esse trabalho na pasta denominada “Conteúdo em formato de áudio”, na subpasta denominada “O Mundo do Violão”, com o nome “O Mundo do Violão 29 João Pernambuco” para maior comodidade e apreciação do leitor. 35 Disponível em: . Acesso em 21/12/2014. O referido programa encontra-se anexado na mídia de DVD, que acompanha esse trabalho na pasta denominada “Conteúdo em formato de áudio”, na subpasta denominada “O Mundo do Violão”, com o nome “O Mundo do Violão 29 João Pernambuco” para maior comodidade e apreciação do leitor.

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Donga, Quincas Laranjeiras entre outros. Esse grupo existiu no período de 1914 a 1919. [...] Em seguida ele organizou a Trupe Sertaneja, se apresentando em diversos lugares do Brasil. Pixinguinha formou o grupo “Os oito batutas”. Pernambuco veio a fazer parte dele somente na segunda formação [...] A obra de João Pernambuco é de grande qualidade musical. Seu ritmos são contagiantes e sua harmonia é erudita e popular. [...] Pernambuco tem em torno de 50 obras muitas de suas músicas foram perdidas ou roubadas e algumas atribuídas a outras pessoas.36

Essas são as principais características dos programas do Mundo do Violão. O apresentador do programa situa o leitor no tempo e espaço do violonista que irá apresentar. Fala sobre sua biografia e entre um texto e outro apresenta interpretações das principais obras do mesmo. Algumas das gravações apresentadas são as do próprio compositor da obra. Dessa maneira, o programa auxilia tanto no lado histórico do instrumento e do compositor quanto na ampliação da experiência estética dos ouvintes. Ainda tratando da contribuição do Mundo do Violão, o violonista Fábio Zanon afirma que o mesmo tem uma produção de caráter cronológico e que os programas são ordenados de forma criar uma grande enciclopédia sobre o violão. Afirma ainda que por causa dessas características há professores que estão utilizando os programas como material didático. Finaliza seu pensamento relatando que sem internet e seus usuários, que contribuem com material para a elaboração desses programas seria impossível a criação de programas de rádio sobre o violão com o caráter do Mundo do Violão.37 Podemos perceber no comentário do violonista Fábio Zanon outro aspecto importante. Ele mostra que a internet foi de suma importância para a produção dos seus programas de rádio. Aqui fica evidenciado que a Web é um canal de grande potencial educativo, além de ser um espaço onde o conhecimento é produzido de forma coletiva tal como afirma Ferreira e Bianchetti (2004). Após vários comentários, não só do Fábio Zanon como de outros violonistas, o próprio Thales Guimarães se manifesta:

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Disponível em: . Acesso em 21/12/2014. O referido programa encontra-se anexado na mídia de DVD, que acompanha esse trabalho na pasta denominada “Conteúdo em formato de áudio”, na subpasta denominada “O Mundo do Violão”, com o nome “O Mundo do Violão 29 João Pernambuco” para maior comodidade e apreciação do leitor. 37 O post se encontra em: . Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do arquivo “O mundo do Violão – 02”.

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Olá amigos do Fórum. Estou muito contente com as palavras de cada um e agradeço ao Mário André pela divulgação. A intenção do programa é justamente esta, a de divulgar ainda mais o nosso querido instrumento para o máximo possível de pessoas. Tento fazer um programa simples com dados biográficos do compositor como local onde nasceu, o período em que viveu, seu estilo, o que compôs, o que ele fez de importante para o instrumento e etc. (...) A internet nem preciso falar, sem ela ficaria quase impossível. Gostaria de contar com a ajuda de todos aqui sinalizando os erros, onde posso melhorar sugestões e outras coisas mais. Ficarei muito grato em compartilhar esse trabalho com todos. Inspirei-me nos programas do Zanon de quem sou fã. (...) Um grande abraço a todos. Thales.38

A partir da resposta do professor Thales Guimarães, fica evidente como esse espaço é contributivo para a construção coletiva de conhecimento. Além disso, como a Web pode ser um aglutinadora de violonistas, sejam eles iniciantes ou profissionais, que trocam informações e a partir daí aprendem e ensinam através do meio virtual.

4.2 – O VIOLÃO COM FÁBIO ZANON

Outro espaço a ser apresentado é o blog Violão com Fábio Zanon39. Nesse blog, que leva o nome do famoso violonista brasileiro, que possui fama internacional e atua nos ramos do ensino e pesquisa, além de ter uma carreira de longa data como concertista, são encontrados links para o download de arquivos em formato de áudio. Foram produzidas três séries de programas para rádio: A Arte do Violão, O Violão Espanhol e O Violão Brasileiro. Todas as três estão disponíveis em arquivos que estão hospedados no blog. Durante três anos a partir de 2006, a Rádio Cultura FM transmitiu semanalmente o programa Violão com Fábio Zanon. Após 13 episódios iniciais dedicados à série O Violão Espanhol no Século XX, Fábio Zanon concentra-se na história do violão no Brasil. Esta série de 148 programas

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Postagem disponível em: . Acesso em 21/12/2014. Também se encontra anexada numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “O Mundo do Violão”, com o nome do arquivo “Homenagem Profº Thales Guimarães” para maior comodidade do leitor. 39 Endereço: . Acesso em 21/05/2014.

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cobre o rico universo da tradição violonística brasileira. Seus grandes personagens são protagonistas nestes programas ilustrados com gravações raras e entrevistas exclusivas. [...] Este blog arquiva os roteiros dos programas e indica links para download dos arquivos de áudio, disponíveis para download nos formatos MP3-128K (arquivos de 50M, de alta fidelidade) ou WMA-64K (arquivos de 20MB, gravados da transmissão online). A opção gratuita dos serviços está sujeita a várias limitações, siga com atenção as instruções nas páginas de download.40

Esse é o texto da página inicial do blog Violão com Fábio Zanon. Podemos observar algumas características dos conteúdos que poderão ser acessados nesse espaço virtual. Tratase de uma forma geral de arquivos de programas de rádio. Programas estes desenvolvidos pelo violonista em questão e que foram transmitidos pela Rádio Cultura entre os anos de 2003 e 2008. A principal forma de acesso ao conteúdo é por meio de download. Os arquivos dos programas que duram uma média de 60 minutos cada podem ser baixados nos formatos MP3 e WMA, ambos compatíveis com quase todos os dispositivos multimídias disponíveis a qualquer pessoa atualmente (telefones celular, microsystems, MP3-players etc.). Após o download a pessoa que acessou o blog pode ouvir os programas a qualquer momento, pois os arquivos ficarão gravados no seu dispositivo. Analisando os conteúdos dos programas de rádio disponibilizados pelo blog, podemos elencar uma série de informações didáticas para o estudante de violão. Uma primeira característica é o cunho histórico dos programas de rádio disponibilizados por meio desse espaço. Uma das séries, A Arte do Violão, começa com um programa intitulado “O legado de Tárrega”. Programa esse que traz num espaço de cerca de 60 minutos informações, que estão muitas vezes disponíveis somente em livros, que se encontram em outras línguas, visto que a única obra referente à história do violão em português está fora de catálogo41. Observemos um trecho do programa em questão: Em meados do séc. XVI havia uma profusão de instrumentos de cordas dedilhadas em toda a Europa, que vinham em todas as formas, afinações e quantidade de cordas imagináveis, mas que podem, grosso modo, ser divididos em três famílias principais: a dos alaúdes, em forma de pêra, cujo nome se origina no al ́ud persa [exemplo], a das vihuelas, em forma de oito,

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Texto disponível em: . Acesso em 21/05/2014. A obra em questão é o livro “História do Violão” do autor Norton Dudeque.

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um nome originário da palavra latina fidicula, de onde também se derivam as palavras portuguesas viola e violão [exemplo] e a das guitarras, também em forma de oito, um nome derivado das palavras persas char (4) e tar (corda). Estas grandes famílias atingiram um apogeu de popularidade no Renascimento e Barroco e produziram um repertório imenso, mas a família das guitarras, originariamente a menos aristocrática, passou por grandes transformações e atingiu seu apogeu no final do séc. XVIII enquanto as outras duas gradualmente declinaram até tornarem-se obsoletas. Ao redor de 1780, simultaneamente na Itália e Alemanha, as mutações organológicas haviam transformado o instrumento de 4 cordas duplas em um instrumento solista de seis cordas simples, um formato suficientemente estável para se espalhar por toda a Europa. Ao redor de 1800, a popularidade deste formato produziu um levante de grandes virtuoses e compositores que constituem a primeira Época de Ouro do violão. (ZANON, 2004, p. 5).42

É notável a gama de informações sobre o instrumento em questão, e também o cunho delas. Boa parte do trecho do programa citado acima está carregado de informações históricas sobre o violão. Como foi mencionado anteriormente, esse tipo de informação hoje só pode ser conseguida a partir da leitura de obras em outras línguas como o inglês, espanhol ou alemão. Assim, além do grande valor informativo para o estudante de violão, esse material, que é acessado através do blog, serve como um facilitador para o estudante brasileiro que possua dificuldades na leitura de obras em outras línguas, ou mesmo que não possua acesso a elas. No mesmo programa o violonista narra as transformações ergonômicas do instrumento com o passar dos séculos. Também demonstra como se deu o declínio do seu uso e como foi formada a visão sociológica atual do violão: Várias foram as causas, artísticas e sociológicas, para esse declínio. O instrumento não possuía volume para enfrentar o inchaço das salas de concerto e as demandas da música de câmara. Berlioz, apesar de amar o instrumento, diz em seu tratado de orquestração que é necessário que o compositor seja capaz de tocá-lo para escrever música de maiores conseqüências; em decorrência, os maiores compositores do período não escreveram para o violão. O instrumento progressivamente se confinou às manifestações musicais domésticas, folclóricas e como acompanhamento para a dança, e caiu nas mãos da classe trabalhadora, dos ciganos e mandriões de todas as colorações. Ainda hoje o preconceito de classe se verifica nos círculos dominantes da música clássica, onde o violão muitas vezes não é aceito sem reservas. (ZANON, 2004, p. 5).

Além do cunho histórico dos programas apresentados pelo violonista Fábio Zanon, há também a questão da análise estética e interpretativa promovida pelo violonista em alguns dos

O programa em questão segue anexado numa mídia de DVD na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “Violão com Fábio Zanon”, com o nome “01 - O Legado de Tárrega”, para maior comodidade e apreciação do leitor. 42

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programas. Observemos a transcrição de um trecho do programa denominado “Andrés Segovia: gravações 1957-1977”, em que essas questões são abordadas: O intérprete freqüentemente enfrenta o dilema da escolha entre a manutenção da unidade musical, o que se faz essencialmente pela constância do pulso, e o desejo de sublinhar pequenas belezas localizadas, o que se faz essencialmente com a qualidade do som – que pode ser mais penetrante, mais vibrante, mais velado, mais pontiagudo de acordo com o caráter que se quer imprimir. O problema é que um tipo de som tão particular toma tempo para desabrochar – o que afeta a continuidade do pulso musical. Nesta gravação da Tonadilla de Granados Segovia demonstra de maneira magistral como é possível obter o equilíbrio. Ele não só valoriza uma infinidade de detalhes que numa execução literal passariam desapercebidos, mas o faz sempre evitando posicionar o vibrato, o glissando e as sonoridades metálicas (exemplificar com violão) nos lugares mais óbvios; assim ele se exime da obrigação de repeti-los e cair em redundância, ganhando liberdade para retornar rapidamente ao andamento correto depois de roubar uma fração do tempo em favor da sonoridade.43 (ZANON, 2004, p. 19).

Essa é uma característica peculiar, que surgiu após a análise dos programas disponibilizados no blog Violão com Fábio Zanon. Aspectos interpretativos são de suma importância para a vida do estudante de violão clássico, logo um programa em que essa temática é abordada vem a ser uma grande ferramenta na construção interpretativa de um violonista. Além da observação dos aspectos interpretativos, há uma indicação de como apreciar a interpretação de uma obra ao violão. Com a disponibilização desse material de forma gratuita e de fácil acesso, há grande contribuição tanto para os que estudam o violão quanto a todo o público que visite o blog. Vejamos a opinião do próprio Fábio Zanon em entrevista concedida ao violonista Alvaro Henrique no ano de 2006: Outro trabalho recente que está repercutindo bastante são os programas na Rádio Cultura FM de São Paulo. Ano passado foi A Arte do Violão, esse ano inicia o Violão - com Fábio Zanon. Como surgiram esses projetos? [...] Cada vez que ia à RTC (Rádio e TV Cultura) dar uma entrevista, alguém perguntava se eu queria fazer um programa. Finalmente vim com um projeto que não dava muito trabalho, que foi A Arte do Violão. A rádio topou, acho que a receptividade foi boa. [...] As pessoas sempre me perguntavam: gosto de música e de violão, mas não conheço o repertório, não sei quem é bom, etc. Então a idéia foi fazer um apanhado do que eu acho que vale a pena

O programa em questão segue anexado numa mídia de DVD na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Áudio” na subpasta “Violão com Fábio Zanon”, com o nome “05 - Andrés Segovia Gravações 1957-1977”, para maior comodidade e apreciação do leitor. 43

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ouvir no violão clássico. Todo mundo que incluí me impressiona de alguma forma. E entre o público não-violonista, como você avalia o resultado da Arte do Violão? [...] Bom, cada vez que vou a algum concerto, muita gente vem falar que ouviu e gostou do programa. É uma constante: zb “ não imaginava que o violão pudesse fazer tudo isso’, etc.”. Sei que ninguém escuta rádio com muita atenção, mas espero sinceramente que tenha ajudado a colocar o violão como um instrumento que tem uma solidez de formação, de repertório, enfim, que é um instrumento que tem um espaço como solista por mérito artístico, não como uma curiosidade.44

A partir desse retorno do ouvinte podemos perceber o caráter educativo dos programas que hoje se encontram disponibilizados no blog Violão com Fábio Zanon. O foco da análise é o uso dos conteúdos disponíveis no blog em questão para os violonistas em geral, porém esse mesmo conteúdo atinge não só violonistas como também os apreciadores do violão. Observando todos os depoimentos exibidos no presente capítulo bem como a análise dos programas de rádio, podemos perceber o quanto os conteúdos em formato de áudio contribuem para a aprendizagem de quem os acessa via internet. Nos poucos exemplos mencionados aqui ficou patente a carga de informações didáticas sobre o violão clássico. Informações essas que muitas vezes não estão disponíveis nem sistematizadas em livros em língua portuguesa. Em alguns casos o meio virtual supriu a falta de professor ou material didático em lugares que esses ainda não existiam. Como foi mencionado pelo próprio Fábio Zanon, esse tipo de conteúdo tem sido utilizado como material didático. Logo há uma contribuição direta para o ensino formal do violão clássico. Nesse caso um meio informal de aprendizagem que é o virtual contribuiu para o ensino formal do instrumento. (GOHN, 2008). Passemos ao próximo capítulo, onde haverá a exposição de arquivos em formato de vídeo relativos ao violão.

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Entrevista disponível em: < http://www.polemicos.com.br/entrevistas/fabio_zanon.php>. Acesso em 25/07/2014.

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5 – CONTEÚDO EM FORMATO DE VÍDEO

Nesse capítulo serão expostos e comentados alguns exemplos de conteúdos em formato de vídeo, que auxiliam no aprendizado do violão clássico. Para que o leitor seja melhor situado serão apresentados somente dois espaços: o site YouTube45 e o Fórum Violão.Org46. As razões que levaram a apresentação de somente dois espaços partiu da seguinte ideia: o YouTube serve como um repositório de vídeos de diversos espaços da Internet. Os vídeos que são encontrados tratam de assuntos diversos. Não há um direcionamento imediato a área do violão clássico. Já o Fórum serve como um grande filtro para quem deseja encontrar vídeos destinados a violonistas, pois há a discussão e indicação de vídeos por profissionais, que possuem vasta experiência na área do violão clássico. Além da discussão e reflexão sobre os vídeos presentes no Fórum. As características dos dois espaços serão esmiuçadas no decorrer desse capítulo. A potencialidade da aprendizagem por meio do vídeo foi abordada por vários autores. Como foi discutido no capítulo 2 desse trabalho, as TICs modificaram muitas áreas da vida humana, entre elas, a educação foi uma das que sofreram alterações significativas. Essas modificações ocorrem, entre outras razões, porque o público atendido pelos educadores cresceu convivendo e tendo as TICs como um vocabulário, o qual é utilizado de forma fluente pelos discentes (SERRES, 2013). Entre as TICs o vídeo ou videoclipe recebe destaque na sua utilização por milhões de usuários no mundo. Na área da educação este tem sido utilizado como uma ferramenta que ajuda no processo de assimilação do conteúdo trabalhado em sala de aula. A utilização do vídeo na área da educação e o seu potencial educacional tem sido atestado pois: O vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não separadas. Daí a sua força. Somos atingidos por todos os sentidos e de todas as maneiras. O vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em outras

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Endereço do site: . Endereço do blog: .

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realidades (no imaginário), em outros tempos e espaços. (MORAN, 1995, p. 27)

Podemos observar, a partir da fala de Moran, que o vídeo possibilita que linguagens distintas possam ser trabalhadas em conjunto. Assim o vídeo carrega um potencial pedagógico, que muitas vezes não é alcançado numa aula expositiva. As TICs e seus elementos, como o vídeo, têm grande poder pedagógico, uma vez que se utilizam da imagem e proporcionam uma apresentação dinâmica do conteúdo transmitido (SERAFIM e SOUSA, 2011). Essa característica do vídeo acompanha a dinâmica do público discente na atualidade. Acessar vídeos é uma prática recorrente na vida de grande parte do público que frequenta espaços de ensino formal. Essa prática anda em consonância com a geração que nasceu há pelo menos duas décadas atrás (SERRES, 2013). Não está sendo defendido que a utilização das TICs pelo professor de violão eliminará problemas antigos. Os famosos “ruídos” na relação professor-aluno continuarão a existir (MORAN, 2000). O vídeo aqui será analisado como um elemento que ajuda nessa relação. Elemento esse que ajuda principalmente numa melhor assimilação do conteúdo trabalhado pelo professor. Com o auxílio do vídeo aquele conhecimento ou detalhe, que não pôde ser assimilado na aula presencial será, muitas vezes, melhor absorvido pelo aluno. Novas possibilidades técnicas e interpretativas podem surgir com a observação de interpretações diversas disponíveis em vídeos na Web. A seguir haverá a apresentação dos dois espaços citados e a análise de alguns exemplos de conteúdo em formato de vídeo contidos neles.

5.1 – O YOUTUBE

O YouTube é uma grande ferramenta quando o propósito é o acesso a conteúdo audiovisual no ciberespaço. Ele surgiu da necessidade de compartilhamento de vídeos por meio da Web. Foi fundado sem maiores pretensões, pois:

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(...) teve início em uma garagem de San Francisco (Califórnia, EUA), em fevereiro de 2005. Quando Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim perceberam o inconveniente de compartilhar arquivos de vídeo pela Internet iniciaram a criação de um programa de computador para dividir vídeos com os amigos, o que se transformou no YouTube (...) (MONTEIRO, 2013, p. 182).

A partir desse breve histórico podemos perceber o alcance e importância do site no mundo. O acesso aos vídeos ocorre por diversos tipos de interesse dos internautas. Não há uma categoria de vídeo especial no site. São postados vídeos sobre diversos assuntos. Moda, negócios, estilo de vida, esses e outros assuntos são tratados nos vídeos. O YouTube remonta duas característica marcantes das relações de produção de conhecimento no ciberespaço: a participação coletiva e o acesso ao maior número de pessoas com diferentes status sociais. Aqui não se tem o conhecimento detido na mão de poucos. Todos os usuários podem postar vídeos assim como pessoas especializadas em alguns assuntos compartilham vídeos nesse espaço. Há uma democratização midiática no tocante ao acesso e postagem de conteúdos. (SERRES, 2013). Com o advento da Internet, pessoas simples podem tornar-se sujeitos de maior importância no ciberespaço utilizando o YT para diversos fins (...) Ainda podem ser vídeos com performance de habilidades especiais, entre elas as de música, entre outros diversos temas existentes. (MONTEIRO, 2013, p. 182).

Na área de Educação há uma gama de vídeos encontrados nesse site. Existem canais específicos sobre essa área no site. Um deles é o YouTube Educação, que reúne diversos vídeos sobre disciplinas como História, Geografia, etc. Todas essas praticamente destinadas aos alunos que estão em fase de preparação para exames como o ENEM47. Ao consultarmos as palavras “Educação Musical” no campo de busca do Youtube encontramos aproximadamente 20.400 resultados48. Entre os vídeos que podem ser acessados na lista que surge estão palestras, masterclasses, vídeo aulas, entre outras modalidades de vídeo. O usuário que faz uma busca com a palavra violão se deparará com uma enorme quantidade e tipos de vídeo. Apresentações de violonistas de renome, vídeos raros de

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Exame Nacional do Ensino Médio. Pesquisa feita em 20/01/2015. Disponível em:.

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masterclasses com violonistas como o espanhol Andrés Segovia, vídeos de concursos de violão, festivais, são alguns dos resultados disponíveis após essa busca. Numa busca mais refinada sobre aulas de violão ou aula de violão erudito foram encontrados alguns números e características interessantes numa pesquisa feita por Monteiro (2013): Em visita ao YT, buscamos no quadro pesquisar texto “aula de violão”. Apareceram aproximadamente 51604 vídeos com os mais diferentes “níveis de dificuldade”, e trabalhados nos mais diferentes gêneros musicais. (...) Quando o título da busca foi modificado para “Aula de Violão Erudito” apareceram aproximadamente 3.500 vídeos. Seguindo o mesmo caminho do anterior, apurando a pesquisa, verificamos vídeos com mais de 5.456.546 visitas e mais de 14.755 avaliações.49 (MONTEIRO, 2013, p. 186)

No tocante ao ensino de instrumento com o YouTube sendo o principal canal, temos o exemplo de um professor de música recebeu destaque no ano de 2014 na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. A matéria demonstra que há como se obter lucro por meio do ensino de instrumentos musicais via meio virtual bem como há uma aceitação dessa modalidade de aula. Observemos um trecho da reportagem sobre o professor de música Heitor Castro disponível na revista: Há alguns anos, havia duas maneiras de se aprender a tocar um instrumento: a primeira era procurar uma escola de música. A outra era ir a uma banca de jornal e comprar uma das dezenas de revistas disponíveis no mercado. Nos primeiros anos da internet, era possível encontrar cifras em sites especializados. Só que é difícil aprender a tocar sem um professor, tanto no analógico quanto no digital. Com o surgimento do YouTube, a vida dos autodidatas ficou mais fácil: começaram a aparecer aulas gravadas na rede.50

Segundo a matéria, o professor Heitor Castro conseguiu uma receita de mais de 1 milhão de reais só no ano de 2014. Há uma demonstração e até aulas grátis no canal do professor no YouTube. Esses vídeos servem como chamariz para a venda de DVDs com séries de aulas completas com duração de 4 horas cada. Um importante ponto na matéria da revista é a ênfase de que o professor presencial não é dispensável mesmo com todos os recursos digitais disponíveis atualmente.

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O autor não informa o dia da pesquisa. Ao realizarmos a mesma busca no dia 20/01/2015 encontramos cerca de 704.000 resultados quando inserimos as palavras “Aula de violão” e cerca de 53.200 resultados quando inserimos os verbetes “aula de violão clássico” no YouTube. 50 Matéria disponível em: . Acessado em 19/01/2015.

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O YouTube não funciona da mesma forma que o Violão.Org, pois aqui diversos vídeos sobre áreas diferentes são encontrados. Apesar de ter a opção de busca e refinamento da pesquisa, como aponta Monteiro, não funciona como um filtro para um conteúdo, pois não é respaldado por profissionais especializados no violão clássico como ocorre no Violão.Org. Fórum que será apresentado logo mais à frente. Observemos agora alguns exemplos de vídeo disponíveis no YouTube. Os dois exemplos de vídeos analisados a seguir possuem um caráter interessante: eles aparecem com a intenção de aula no meio virtual. Atualmente esse recurso tem sido amplamente utilizado para promover aulas já que o vídeo “(...) além de dar conta da referência auditiva, coloca a imagem em enfoque, assim como numa aula presencial, bem como mostra o caráter técnico e performático da música.” (BORNE, 2011, p. 35). O primeiro exemplo é um vídeo com a participação do violonista Gilson Antunes1. Nesse vídeo percebemos a proposta de uma aula por meio de um vídeo encontrado na Web. Podemos observar aqui uma das diversas intenções dos usuários desse meio, nesse caso a intenção de ensinar já que o YouTube é “(...) procurado por diferentes pessoas e com diferentes aptidões, inclusive, para estudar, aprender e ensinar”. (MONTEIRO, 2013, p. 185). Podemos observar a visualização que o internauta tem do vídeo que será analisado na próxima foto.

Figura 4 Aula sobre Ligados - Gilson Antunes. Fonte: .

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Podemos perceber no decorrer do vídeo51, que tem duração de seis minutos, a qualidade na produção audiovisual, preparação teórica da aula e aptidão técnica do violonista para o ensino da técnica abordada na aula. O violonista apresenta o conteúdo que será trabalhado na aula. Logo após explica a funcionalidade da técnica e apresenta um exemplo de obra musical onde a mesma é utilizada. Um ponto interessante desse vídeo é a parte final, onde o violonista indica que é aconselhável que o internauta procure um bom professor para auxiliar no processo de execução e estudo da técnica que foi tratada na aula em vídeo. O segundo exemplo é o vídeo postado pelo violonista Alvaro Henrique52, que já lecionou na Universidade Federal de Uberlândia e possui vasta experiência como concertista. Observemos a visualização do vídeo pelo usuário do YouTube na próxima figura:

Figura 5 Dica 01 - Prelúdio 01 (Villa-Lobos), compasso 52. Fonte: Fonte:. .

Nesse vídeo com duração de 4 minutos e 13 segundos o violonista responde a pergunta de um internauta que ao observar a interpretação da obra pediu uma dica ao mesmo. No decorrer da aula são demonstradas algumas formas de digitações dos dedos da mão direita

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Gilson Antunes - Aula sobre Ligados. Vídeo. Disponível em: . Acesso em: 28 out. 2013. O vídeo está anexado a uma mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta “Conteúdo em formato de vídeo” com o nome “Gilson Antunes - Aula sobre Ligados” para a apreciação do leitor. 52 Dica 01 - Prelúdio 01 (Villa-Lobos), compasso 52. Disponível em: . Acesso em 01/01/2015. O vídeo está anexado a uma mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta “Conteúdo em formato de vídeo” com o nome “Dica 01 - Prelúdio 01 (Villa-Lobos), compasso 52” para a apreciação do leitor.

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pelo violonista. Há a indicação de que todas as três sejam testadas com paciência para que se chegue a uma decisão que se adeque ao estudante. Atentemos a opinião do violonista sobre o potencial educacional dos vídeos encontrados na Web na aprendizagem do violão clássico: Acho que do conteúdo Web o que mais vejo uso no aprendizado são os vídeos. A performance musical é uma área em que ainda impera o ensino por via oral. É por isso que estudantes viajam quilômetros ou cruzam oceanos para fazer masterclasses, festivais, cursos de curta duração: ter acesso a toda gama de informação referente a tocar um instrumento que só pode ser adquirida por via oral. Embora os vídeos não permitam o feedback e não constituam uma aula, são os mais eficazes até o momento na transmissão dessa informação musical ainda transmitida oralmente. Há diversos vídeos que constituem, na prática, em frequentar uma masterclass como ouvinte – com a diferença que um vídeo pode ser visto várias vezes.53

Podemos perceber na opinião do violonista a importância de se ter o acesso a esse tipo de conteúdo. O ensino referente à performance musical, mesmo com o passar dos anos ainda se faz em grande parte por via oral. Apesar de ter conteúdo escrito como métodos, a demonstração e a transmissão oral ainda é a forma mais eficaz de ensino-aprendizagem na performance musical, tal como afirma Harder (2008).

5.2 – O VIOLÃO.ORG

O fórum Violão.Org foi fundado no final da década de 1990. Esse espaço surgiu a partir da necessidade que alguns violonistas sentiram de partilhar conhecimento sobre o referido instrumento. A aspiração pelo fórum ocorreu quando um grupo de violonistas brasileiros, que frequentavam festivais de músicas, observaram que por causa de questões como localização geográfica as informações absorvidas durante eventos como os festivais de música não podiam ser disseminadas entre outros estudantes de violão clássico (SCOTTI, 2011).

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Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 23/01/2015 com o violonista Alvaro Henrique disponibilizada no Anexo A.

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O fórum em si é a representação apontada por Lévy sobre o que é uma comunidade virtual e de como ela é construída: Uma comunidade virtual é construída sobre as afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais. (LÉVY, 2000, p. 127)

No início o fórum não tinha esse nome. Chamava-se Fórum do Violão. O título Violão.Org surgiu após a administração do espaço passar para as mãos do violonista Fábio Zanon. O mesmo não administra o fórum sozinho, outros violonistas estão incumbidos de moderar as discussões nesse espaço virtual. A cessão da propriedade do fórum ocorreu porque o criador do espaço seguiu outra vertente profissional e por consequência não tinha mais tanto tempo disponível para administrá-lo. (SCOTTI, 2011) Em pouco mais de uma década de existência o Violão.Org alcançou influência internacional: O fórum foi visitado por pessoas de diversas nacionalidades espalhadas pelos cinco continentes, num total de 159 países. Além do Brasil e Portugal, estiveram presentes visitantes dos EUA, Espanha, Alemanha, Itália, Canadá, Reino Unido, França, Japão, Argentina, Bélgica, Irlanda, Finlândia, Chile, Suíça, México, Colômbia, Austrália, Rússia, República Checa, El Salvador, Nova Zelândia, Turquia, Sérvia, Nigéria, Polônia, Coréia do Sul, Equador, Macau, Panamá, África do Sul, Taiwan, Porto Rico, Índia, Haiti, Senegal e outros. (SCOTTI, 2011 p. 50)

A partir desses dados podemos observar como um espaço virtual, que começou com uma ideia de um pequeno grupo de violonistas brasileiros, pode ter crescido tanto ao ponto de agora ser acessado por um número considerável de usuários espalhados pelo mundo. É importante citar que o fórum se compõe de pelo menos quatro tipos de pessoas: violonistas profissionais, violonistas estudantes, luthiers54 e amantes do violão ou da música (SANTOS e PEREIRA, 2013). O Violão.Org tem sido um grande canal de conhecimento, o qual comporta diversas discussões. Essas discussões têm como ponto de partida o violão clássico, porém há alguns assuntos transversais que são discutidos nos posts. A partir de alguns comentários, assuntos relativos a História da Música ou do Violão, construção do instrumento, sugestão de

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Artesão especializado na construção, concerto ou manutenção de instrumentos musicais.

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apreciação musical surgem de um post, gerando assim um grande canal de conhecimento construído coletivamente na Web (SANTOS e PEREIRA, 2013). Esse fórum será analisado como um grande filtro no ciberespaço para quem necessita de referências de vídeos que contribuam para o estudo do violão clássico. Será demonstrada uma pequena parte de todo o conteúdo presente no Fórum e algumas possibilidades de aprendizagem. Passemos agora a apresentação de um espaço dentro do Violão.Org denominado “Composições e Gravações dos Usuários do Fórum”. Uma grande característica do referido espaço é de como a partir da postagem de um vídeo diversos assuntos são tratados. Quando um usuário posta uma interpretação ou composição, outros usuários emitem sua opinião, sugerem outro tipo de abordagem da obra musical e até conteúdos literários sobre teoria musical. A dinâmica desse espaço se daria da seguinte forma: O usuário cria um tópico e posta um vídeo. Outros usuários emitem opiniões sobre a interpretação. O usuário que criou o tópico faz a réplica das opiniões e no meio desse processo surgem assuntos transversais ao violão. Observemos primeiramente os comentários de dois usuários do Fórum num tópico denominado “O que esperar deste espaço”55. O primeiro comentário é do violonista Lúcio Csórdas: O virtuoso de hoje também foi um iniciante no passado. O fórum vai contra qualquer atitude elitista, segregacional. Podemos trocar idéias com um iniciante, ajudando-o em seus primeiros passos, ao mesmo tempo que, sem quaisquer barreiras, absorvemos tantos conhecimentos sobre tantos assuntos que aqui são colocados. (...) O fórum é de ajuda mútua e é louvável o despreendimento de tantos profissionais que não se incomodam em responder e orientar aqueles que buscam respostas às suas necessidades. Um passar de olhos aos diversos tópicos e suas respostas já é por si só um curso intensivo, com acesso a um conteúdo que de outra forma não seria possível. Valeu, um abraço! (grifo nosso)56

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O referido tópico pode ser acessado em: . Acesso em 10/01/2015. O mesmo encontrasse anexado numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada “Conteúdo de Vídeo” com o nome “O que esperar deste espaço”. 56 O referido tópico pode ser acessado em: . Acesso em 10/01/2015. O mesmo encontrasse anexado numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada “Conteúdo de Vídeo” com o nome “O que esperar deste espaço”.

55

Aqui podemos perceber uma das características que foram citadas anteriormente sobre o caráter do Fórum: a presença de violonistas profissionais emitindo opiniões e participando da criação coletiva do conhecimento. Outro aspecto importante detectado no comentário acima é a qualidade das informações que podem ser absorvidas pelo simples fato do acesso e leitura das opiniões dos usuários do fórum. Noutro comentário o violonista Samuel Huh expressa outra finalidade do espaço: Outra função deste espaço é debater assuntos relacionados a composição e teoria. O objetivo é promover o aprofundamento do conhecimento musical, a capacidade de análise e apreciação, e incentivar novas composições, arranjos e transcrições. Esperamos que um melhor músico seja um melhor violonista! (grifo nosso)57

Percebemos no comentário acima que a partir da postagem do vídeo e a depender dos comentários, assuntos transversais podem surgir no debate tais como a composição e a teoria musical. Há nesse relato também a demonstração de um possível desenvolvimento do conhecimento musical proporcionado aos usuários que acessam o fórum. Observemos a seguir um exemplo de vídeo postado nesse espaço. O vídeo a ser analisado foi postado pelo violonista Victor Santana no espaço denominado “Composições e Gravações dos Usuários do Fórum”58. A obra interpretada é a “Grand Ouverture” do compositor Mauro Giuliani59. A partir da análise dos comentários sobre o vídeo no Violão.Org é possível entender bem como ocorre o processo de produção coletiva do conhecimento no Fórum. Logo após a postagem do vídeo o violonista Juan Carlos Lorenzo comenta: “Muito bom, Victor! Parabéns. Só sentí em alguns momentos falta de fluenza com as semicolcheias. E eu tentaria uma maior amplitude dinâmica no curto prazo, com mais direção das frases.” (grifo nosso)

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O referido tópico pode ser acessado em: . Acesso em 10/01/2015. O mesmo encontrasse anexado numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada “Conteúdo de Vídeo” com o nome “O que esperar deste espaço”. 58 O post pode ser acessado em: < http://www.violao.org/topic/16826-grand-overture-m-giuliani/>. Acesso em 10/01/2015. 59 O vídeo pode ser acessado em: . Acesso em 10/01/2015. O mesmo encontra-se anexado numa mídia de DVD que acompanha o presente trabalho na pasta denominada “Conteúdo em Formato de Vídeo” com o nome “Grand Ouverture op 61 - M. Giuliani, Victor Santana”.

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Já observamos no comentário acima que há uma indicação de interpretação diferente da obra postada no fórum. Logo em seguida o violonista Guilherme Mattos expõe sua percepção sobre a interpretação: Olha Víctor, me desculpe! Mas, a maioria das pessoas estudam Bach e o barroco quando vão tocar música desse período. Mas o mesmo não acontece com a música de Sor e Giuliani. Simplesmente abrisse a partitura e mandam ver. Mecanicamente, está ótimo. Mas musicalmente está muito a desejar. Pois parece que há um metrônomo ao seu lado. Leia a obra de Guilherme de Camargo sobre Sor. Veja o que o próprio Sor fala de sua concepção de som e música. Tudo que ele fala é um excelente ponto de partida para o entendimento da música pré-romântica. Escute Rossini. Não dá pra tocar Giuliani dessa forma quadrada, sem o "suingue" operístico. É esse tipo de interpretação que faz as obras de Sor e Giuliani parecerem blocos sequencias de escalas e arpejos. Desculpe pelas palavras. Tenho muita admiração por você!!!!!!! Mas infelizmente, para mim, são escassas as interpretações musicais e menos mecânicas desses compositores. Das poucas interpretações de referência, destaco essa: (https://www.youtube.com/watch?v=ShWV4nMcaMA). Grande abraço! (grifo nosso)

Fica evidente a indicação de obras literárias sobre o violão clássico no comentário logo acima. Há também a indicação de apreciação musical para um melhor entendimento da obra, bem como a mostra de outra interpretação ao final do comentário. Logo em seguida o autor do post agradece as observações feitas pelos dois violonistas e faz a réplica do comentário feito pelo violonista Guilherme Mattos: Olá, Guilherme. Temos concepções musicais diferentes, mas agradeço por sua contribuição. Abraço!60

Em seguida o Guilherme Mattos comenta novamente: Só para começar, reflita: vc já leu o que Sor fala em seu método sobre imitação de outros instrumentos e colorido? Será que você realmente já formou uma concepção musical madura?61

O debate sobre questões interpretativas é finalizado com outro comentário do Victor:

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O post pode ser acessado em: < http://www.violao.org/topic/16826-grand-overture-m-giuliani/>. Acesso em 10/01/2015. 61 O post pode ser acessado em: < http://www.violao.org/topic/16826-grand-overture-m-giuliani/>. Acesso em 10/01/2015.

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Oi, Guilherme. De forma alguma me considero formado musicalmente. (...) Eu li sim o método do Sor (...) e recomendo a leitura a todos, e muito obrigado novamente pela indicação. Achei muito interessante a concepção dele em relação à imitação de outros instrumentos principalmente no que diz respeito à forma composicional e estrutura de frase, por exemplo. É um ótimo ponto de partida para os estudos da música de Sor. Sendo assim, fico na dúvida se Giuliani, Coste, Aguado, Carulli, e outros da época menos conhecidos pensando e escrevem música exatamente da mesma forma. Confesso minha ignorância à esse respeito e agradeceria muito outras contribuições nesse sentido (...)62 (girfo nosso).

Aqui parece que os usuários do fórum estão numa espécie de luta para afirmar sua verdade sobre a interpretação da obra. Lembremos que a comunidade virtual é como uma extensão da vida humana. Assim como podemos defender veementemente nossa opinião na vida real, o mesmo ocorre nas comunidades virtuais como o Violão.Org, (LÉVY, 2000). Após esse exemplo surge um pequeno questionamento: Como utilizar o post de um Fórum na aprendizagem do violão? A partir da observação dos comentários e nos diversos posts do Violão.Org o usuário poderá assimilar as informações disseminadas (cf. LÉVY (2000) e SCOTTI (2011)). É uma característica das discussões travadas no Violão.Org: a discussão e sugestão de literatura sobre os assuntos discutidos, de apreciação musical, de outra interpretação, etc. Com o acesso a essas discussões o internauta pode confiar no teor educacional delas, já que a presença de violonistas como “Fábio Zanon (...) além de dar credibilidade, impunha um padrão de qualidade nas discussões relacionadas ao violão.” (SCOTTI, 2011, p. 42). Após o acesso ao conteúdo existente no fórum é importante que haja o acompanhamento de um profissional, no caso o professor presencial. Esse atentará para o que deve e não deve ser levado em consideração, todas as variantes de determinada interpretação, as características técnicas do aluno para que determinada interpretação indicada nos posts seja implementada, etc. A aquisição da informação, dos dados dependerá cada vez menos do professor. As tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor - o papel principal - é ajudar o aluno a interpretar esses dados, e relacioná-los, a contextualizá-los. (MORAN, 2000, p. 138)

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O post pode ser acessado em: < http://www.violao.org/topic/16826-grand-overture-m-giuliani/>. Acesso em 10/01/2015.

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O Fórum funciona como um filtro para vídeos acessados por violonistas, pois como foi observado é primeiramente um espaço dedicado ao violão clássico e tem a participação de violonistas de renome em suas discussões assegurando assim a qualidade das mesmas. É um filtro, pois há no ciberespaço a experiência da abundância de informações, porém nem todas elas possuem a qualidade das existentes no Violão.Org quando o assunto é violão clássico. Há na Web outros espaços que tratam sobre o violão clássico. O Violão.Org foi elencado aqui pela sua grande representatividade ao longo de mais de uma década de existência. A partir dos exemplos mostrados no presente capítulo podemos perceber de que forma o vídeo pode ser usado como uma ferramenta no processo de ensino-aprendizagem do violão clássico. Sendo esse tipo de conteúdo sempre gerenciado por um professor presencial para um melhor aproveitamento no processo de aprendizagem. Passemos ao capítulo final do presente trabalho, onde haverá uma breve reflexão e considerações finais acerca das TICs como ferramenta no processo ensino-aprendizagem do violão clássico.

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6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

As TICs influenciaram muitas áreas da vida humana, além de trazer muitos benefícios aos seus usuários. Pensar que hoje é possível acessar material em formato escrito como uma Tese de Doutorado sobre determinado assunto a qualquer hora e em qualquer lugar. Poder visualizar uma performance de um grande músico e revê-la diversas vezes sem precisar se deslocar quilômetros para isso. Ouvir conteúdo carregado de informações altamente didáticas e poder armazená-las. Tudo isso a partir de um computador ou outro aparelho multimídia com acesso à Internet. Esses são pequenos exemplos de algo que seria impossível há algumas décadas e hoje é proporcionado pelo avanço das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. Vimos que é praticamente impossível que o docente fique alheio as mudanças produzidas pela influência que essas tecnologias têm exercido no campo da Educação. Um dos principais motivos para que o mesmo se utilize desse novo elemento em suas aulas é que os discentes são grandes consumidores das TICs. Os cursos que preparam professores de música já têm inserido o trabalho com novas tecnologias nos seus currículos. (KRÜGER, 2007). A propagação de material escrito como Teses e Dissertações sobre o violão no meio virtual proporcionado pelas Novas Tecnologias são de grande valia. Pois servem como material de auxílio para que professores possam ter material didático com o fim de fundamentar suas aulas, como livros sobre História do Violão em português. Servem também como material de estudo para alunos de violão. Além de serem a principal fonte de pesquisa para estudiosos do referido instrumento. Muitas dessas obras não estão disponíveis em bibliotecas em formato analógico e incrivelmente nem estão em posse de seus proprietários. A expansão de repositórios virtuais em sites de Universidades facilitará e muito pesquisa e difusão de conhecimento acerca do violão clássico, tal como afirma Antunes (2012). A difusão de material em formato de áudio também é de grande ajuda para o público que ensina, pesquisa e estuda o violão clássico. As TICs proporcionaram um maior acesso a esse tipo de conteúdo nas últimas três décadas, quando rádios mudaram sua forma de transmitir sua programação. Agora aquele programa que foi transmitido dias atrás pode ser

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encontrado nos sites das respectivas emissoras podendo ser baixados e ouvidos diversas vezes. Há espaços63 que disponibilizam CDs completos em Mp3. Apesar de muitos deles violarem questões como direitos autorais são uma fonte de propagação da cultura do violão clássico. Vejamos o comentário do violonista Alvaro Henrique sobre a utilização do conteúdo em formato de áudio disponível na Web. Segundo o mesmo esse tipo de conteúdo pode ser aplicado no processo de ensino do violonista: Oferecendo referência sonora aos estudantes, tanto de aspectos interpretativos, como de repertório, instrumentos e instrumentistas. Por vezes, os programas podem incluir algum conteúdo didático também.64

O acesso ao conteúdo em formato de vídeo é uma das principais formas de apreensão no meio virtual para violonistas, como foi demonstrado no decorrer do trabalho. Questões técnicas e interpretativas podem ser observadas com o auxílio do vídeo. O internauta possui o recurso de poder realizar o download desse conteúdo e examinar mais atentamente cada movimento de um intérprete, digitação que o mesmo utiliza, timbre escolhido para determinado trecho da obra, entre outras questões. Em sites como o YouTube além de ter vídeos com performances ao violão podemos encontrar palestras e masterclasses envolvendo o violão como temática. O acesso a essas palestras possibilita a ampliação das linhas de pensamento não só de alunos como também de professores de violão clássico. Redes sociais como Fóruns sobre o violão clássico possibilitam a troca de informações e material sobre o instrumento. Essa prática ocorre, como pôde ser observado, após discussões que são proporcionadas em espaços como o Violão.Org. Além de Fóruns também há sites de violonistas e páginas na Web dedicadas ao violão que divulgam eventos acadêmicos ou não sobre o instrumento em questão. As TICs não só contribuem para o processo de ensino-aprendizagem do violão como concorrem para um maior acesso aos interessados em aprender o referido instrumento musical, com afirma Moura (2009): ...com o pronunciado avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) estudar violão se tornou uma realidade possível para muito mais pessoas. Este fato permite pensar que não há fronteiras de tempo e espaço para quem pretende aprender a tocar o instrumento utilizando as ferramentas

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Um exemplo é o blog Violão Erudito: . Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 23/01/2015 com o violonista Alvaro Henrique disponibilizada no Anexo A. 64

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tecnológicas disponíveis, para tanto basta que os usuários tenham acesso aos recursos da internet. (MOURA, 2009, p. 2)

A pesquisadora aponta as Novas Tecnologias como uma ponte que possibilitou a quebra de algumas barreiras aos que se interessavam a aprender violão e não podiam por questões que fugiam ao seu controle. A expansão do acesso à internet traz consigo inúmeras possibilidades para que aquele que outrora tinha questões como localização geográfica e indisponibilidade de tempo como um empecilho a aprendizagem do violão. Apesar do grande número de alunos que consomem os conteúdos disponíveis no ciberespaço, alguns docentes ainda não se utilizam da prática de acesso desses conteúdos feita pelo aluno no processo de ensino do instrumento. Ouçamos a opinião do violonista Alvaro Henrique quando questionado sobre como o professor deve utilizar o conteúdo acessado pelo seu aluno na Web: Como material de referência para o aluno entrar em contato fora da aula, como suporte às aulas (reforça bastante mostrar outro violonista tocando, demonstrando, explicando o mesmo conceito que o professor quer ensinar), mas também como o necessário filtro que diferencia formação de INformação. A internet aceita de tudo, é acrítica, e qualquer vídeo com gatos tem um número de visualizações incrivelmente superior a masterclasses geniais com os melhores músicos de nosso tempo. Há engodo, há mentira, há venda e propaganda de produtos, e há diferenças estéticas, técnicas ou de escolas violonísticas com grande dificuldade de conviver em harmonia. O professor precisa inspirar no aluno que ele é seu grande aliado, e ser um mentor/ tutor competente mesmo se o modelo do aluno for diferente do seu próprio modelo.65

Fica evidente na fala do violonista o apoio na utilização dos conteúdos no processo de ensino do violão. Porém há ressalvas, pois nem tudo que está disponível na rede mundial de computadores possui a qualidade necessária para que possa ser utilizado em sala. Aqui nesse processo o professor deve gerenciar esse conteúdo, não negá-lo. O professor como foi explicitado deverá ser um grande aliado e tutor. É necessário um despertar dos docentes para essa realidade que vem ganhando um espaço cada vez maior nas diversas instituições de ensino. No caso da área especifica tratada nesse trabalho, o docente terá que rever alguns detalhes na sua formação e relação com seus discentes.

65

Fonte de natureza escrita. Trecho de entrevista realizada no dia 23/01/2015 com o violonista Alvaro Henrique disponibilizada no Anexo A.

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A educação musical tem sido desafiada a passar por uma série de transformações. As novas Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC – desafiam-nos a transformar nossos conceitos educacionais, nossas perspectivas didáticas, nos constrangem a rever e complementar nossa formação, nos levam a refletir sobre as novas possibilidades e exigências quanto às interações com nossos alunos e colegas. (KRÜGER, 2006, p. 75)

O professor não é aquele que detêm o conhecimento, nem o aluno aquele que é um “receptáculo vazio”. Essa relação também sofre modificações com o uso das TICs, pincipalmente por parte dos discentes, pois os mesmos possuem em seu “vocabulário” o uso dessas tecnologias desde tenra idade. O professor deve ter em mente que a sua competência mudou de foco. Antes o mesmo era visto como a única fonte de conhecimento e o aluno como aquele que só possuía essa fonte. Hoje, como afirma Setton (2010), o docente deve ser um animador desses novos processos de aprendizagem. O uso das TICs não poderá se dar de forma indiscriminada. Não foram aqui examinadas como uma proposta que comporta a substituição do docente. Os discentes não podem ficar à mercê das TICs sem uma coordenação ou gerenciamento do seu uso. Para isso vários cursos formadores de professores de música ou de instrumento devem repensar a inserção e o modo como seus formandos lidam com essas tecnologias. O professor deve antes de tudo pensar sobre a sua prática. Entender sobre as Novas Tecnologias e aplica-las da melhor forma para que haja uma soma na sua prática docente. Não se trata aqui de usar as tecnologias a qualquer custo, mas sim de acompanhar o consciente e deliberadamente uma mudança de civilização que questiona profundamente as formas institucionais, as mentalidades e a cultura dos sistemas educacionais tradicionais e sobretudo os papéis de professor e de aluno. (LÉVY, 2000, p. 172)

O desafio do educador atual é o de se adequar a esse novo modo de absorção de conhecimento pelo qual os seus discentes estão acostumados a aprender. Aquele docente que se mantêm fechado a essas possibilidades no processo de ensino estará lutando contra uma realidade patente, que foi prevista já nas décadas de 1980 e 1990. (SANTOS e PEREIRA, 2013). O uso seja dos vídeos, textos ou arquivos de áudio referentes ao violão clássico são ferramentas altamente educativas. Essas precisam desse novo educador, que deverá agir como um filtro dos conteúdos que seus alunos consultam na Web, para que seja verificada sua potencialidade educacional bem como sua qualidade. Somente assim o uso das TICs como ferramenta no processo ensino-aprendizagem do violão clássico se fará mais efetivamente.

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Procuramos com o seguinte trabalho demonstrar, algumas das diversas possibilidades de utilização das TICs como fermenta no processo de ensino-aprendizagem do violão clássico. Esperamos também que novas pesquisas sejam provocadas com a publicação e conhecimento do presente texto.

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SERAFIM, Maria Lúcia; SOUSA, Robson Pequeno de. Multimídia na educação: o vídeo digital integrado ao contexto escolar. In: Tecnologias digitais na educação. Robson Pequeno, Filomena da M. C. da S. C. Moita, Ana Beatriz Gomes Carvalho (Org.), Campina Grande: 2011.

SERRES, Michel. Polegarzinha. Tradução de Jorge Bastos. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 2013.

SETTON, Maria da Graça. Mídia e Educação. São Paulo: Contexto, 2010.

SILVA, Ângela Carrancho da. Aprendizagem em Ambientes Virtuais. Porte Alegre. RS: Meditação. 2009.

SILVA, Helena Lopes da. Música, juventude e mídia: o que os jovens pensam e fazem com as músicas que consomem. In: SOUZA, Jusamara (Org.). Aprender e ensinar música no cotidiano. 2ª ed. Porto Alegre: Sulina, 2009, p. 39-58.

SOUZA, Jusamara. Aprender a ensinar música no cotidiano: pesquisas e reflexões. 2ª Ed. Porto Alegre: Sulina, 2009. In: SOUZA, Jusamara (Org.). Aprender e ensinar música no cotidiano. 2ª ed. Porto Alegre: Sulina, 2009, p. 7-12.

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VALENTE, José Armando. Diferentes usos do computador na educação, 2012.

ZANON, Fábio. A Arte do Violão. Roteiro do programa de rádio “A Arte do Violão” transmitido pela Rádio Cultura FM. São Paulo: 2004. Disponível em: . Acesso em: 20 de ago. 2014.

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ANEXOS

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ANEXO A – Entrevista com o Violonista Alvaro Henrique

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE MÚSICA

Entrevistado: Alvaro Henrique Siqueira Campos Santos Data: 23/01/2015

1 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Material Escrito) ajudam no ensino/aprendizagem do violão clássico? Compartilhando informação muitas vezes indisponível ao estudante comum, em especial os que não frequentam bibliotecas nem assinam revistas brasileiras ou estrangeiras dedicadas ao violão e à música clássica. Servem como porta de entrada para mais conhecimento e informação, mas muitas vezes podem criar uma grande cortina de fumaça em função do excesso de informação descontextualizada, fragmentada, e/ou inverídica.

2 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Programas de Rádio) ajudam no ensino/aprendizagem do violão clássico? Oferecendo referência sonora aos estudantes, tanto de aspectos interpretativos, como de repertório, instrumentos e instrumentistas. Por vezes, os programas podem incluir algum conteúdo didático também.

3 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Vídeo) ajudam no ensino/aprendizagem do violão clássico? Acho que do conteúdo Web o que mais vejo uso no aprendizado são os vídeos. A performance musical é uma área em que ainda impera o ensino por via oral. É por isso que estudantes viajam quilômetros ou cruzam oceanos para fazer masterclasses, festivais, cursos de curta duração: ter acesso a toda gama de informação referente a tocar um instrumento que só pode ser adquirida por via oral. Embora os vídeos não permitam o feedback e não constituam uma aula, são os mais eficazes até o momento na transmissão dessa informação musical ainda transmitida oralmente. Há diversos vídeos que constituem, na prática, em

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frequentar uma masterclass como ouvinte – com a diferença que um vídeo pode ser visto várias vezes.

4 – Como o professor de violão deve lidar com esses conteúdos dispostos na Web? Como material de referência para o aluno entrar em contato fora da aula, como suporte às aulas (reforça bastante mostrar outro violonista tocando, demonstrando, explicando o mesmo conceito que o professor quer ensinar), mas também como o necessário filtro que diferencia formação de INformação. A internet aceita de tudo, é acrítica, e qualquer vídeo com gatos tem um número de visualizações incrivelmente superior a masterclasses geniais com os melhores músicos de nosso tempo. Há engodo, há mentira, há venda e propaganda de produtos, e há diferenças estéticas, técnicas ou de escolas violonísticas com grande dificuldade de conviver em harmonia. O professor precisa inspirar no aluno que ele é seu grande aliado, e ser um mentor/ tutor competente mesmo se o modelo do aluno for diferente do seu próprio modelo.

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ANEXO B – Entrevista com o Violonista Gilson Antunes

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE MÚSICA

Entrevistado: Gilson Uehara Gimenes Antunes Data: 04/02/2015

1 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Material Escrito) ajudam no ensino/aprendizagem do violão clássico? Os conteúdos disponíveis na internet, diferente de há 20 anos atrás, que ainda praticamente não existiam, ajudam como material bibliográfico de pesquisa. Essa facilidade se reflete também no tempo dispendido para o acesso ao material, pois antigamente demorava-se muito no traslado até as bibliotecas espalhadas pelas cidades. Outro reflexo é em relação à quantidade e variedade, tanto do material em si quanto das fontes a serem pesquisadas. Hoje em dia, acessar bibliotecas na Dinamarca em busca de partituras de domínio público é bem fácil, assim como websites oficiais do governo brasileiro, que oferecem livros clássicos da literatura de forma gratuita, incluindo os livros pedidos nos vestibulares. Em termos de violão, há websites conhecidos que também oferecem artigos e até livros sobre o instrumento, tanto gratuitos quanto pagos. Por fim, e talvez o principal para o músico brasileiro, são as várias teses e dissertações de mestrado e doutorado disponíveis nas bibliotecas virtuais das universidades e nos portais do Governo. É mais uma opção dentre tantas similares, e creio que os músicos deveriam aproveitar melhor esse tipo de facilidade.

2 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Programas de Rádio) ajudam no ensino/aprendizagem do violão clássico? Da mesma maneira descrita acima, antigamente, com a falta da internet, não era possível ter acesso ao que acontecia em outras localidades, a não ser que fossem irradiadas em rádios públicas de longo alcance. Com a internet é possível acessar conteúdos das rádios que ficam armazenados, como o programa Violões e Foco, da Rádio MEC FM do Rio de Janeiro. Outra maneira é acessar websites particulares de amadores que armazenam os programas, como o vcfz.blogspot.com, que possui os programas de Fábio Zanon para a Rádio Cultura FM de São

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Paulo. É possível, também se criar programas virtuais, tipo Podcast, como o realizado há alguns anos por Thales Guimarães na Bahia.

3 – Como os conteúdos disponíveis na Web (Vídeo) ajudam no ensino/aprendizagem do violão clássico? Os vídeos, de alguma forma, refletem o que acontece nos recitais. Ou seja, se a pessoa não pode comparecer ao concerto de algum artista, ele de certa forma supre essa necessidade com websites de compartilhamento de vídeo, mas não de forma plena. Isso devido à qualidade de som (um computador ainda não possui, se é que possuirá, a qualidade de som original) e ao “clima” referente ao concerto. Por exemplo, uma pessoa que assiste a um show de rock num festival chuvoso, com lama, pouca visibilidade do palco e com sonoridade deficiente vai ter uma visão diferenciada de quem assiste o mesmo show pela internet ou por DVD posteriormente. A imagem será diferente, o som será diferente e, principalmente, a “experiência” será outra. Isso é o que faz algumas pessoas declararem que assistiram a um show histórico, mas quando assistem o mesmo conteúdo em DVD se dizem decepcionadas. A relação espaço/tempo é outra. Há uma outra questão também: eu sinto que o YouTube, por exemplo, é um dos motivos do esvaziamento gradual do público nos recitais, pelo menos nessa fase inicial de internet. Temos que esperar pra nos certificar se esse esvaziamento é mesmo um reflexo do YouTube ou se é apenas uma coincidência. O certo é que muitas pessoas não comparecem mais a recitais por saberem que poderão assistir ao mesmo posteriormente em websites de compartilhamento de vídeos.

4 – Como o professor de violão deve lidar com esses conteúdos dispostos na Web? O professor deve lidar de forma plena, mas consciente. Um conteúdo da Web deve ser visto como um subsídio fantástico para o aprimoramento e enriquecimento artístico-cultural do músico, mas ele não deve substituir a experiência viva. Um aluno não deve deixar de assistir a um recital por causa do YouTube. Um aluno não deve deixar de pesquisar numa biblioteca (especialmente se ela não possui conteúdo virtual) por causa do Google. E uma pessoa também não pode deixar de comprar um CD por causa da facilidade em adquiri-lo de forma ilegal na Web. Toda facilidade implica em alguma perda. O ser humano sempre valoriza mais o que paga caro para conseguir. A facilidade do acesso, em termos psicológicos, acaba sendo prejudicial se não se percebe esse tipo de comportamento.

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