MONOGRAFIA: O PROBLEMA DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS ANTROPOGÉNICAS E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG)

June 6, 2017 | Autor: Miguel Freitas | Categoria: Climate Change, Geographic Information Systems (GIS)
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MONOGRAFIA: O PROBLEMA DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS ANTROPOGÉNICAS E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG) Luís Miguel Rodrigues de Freitas (PG29022) Outubro, 2015 Sistemas de Informação Geográfica Mestrado em Engenharia Urbana Universidade do Minho

1. Introdução A presente monografia aborda, de uma forma geral e introdutória, a importância e a aplicabilidade dos sistemas de informação geográfica (SIG) à problemática das alterações climáticas antropogénicas. Neste sentido, optou-se pela sua divisão em quatro partes, nas quais a) se traça uma breve historiografia da evolução dos SIG, procurando definir o conceito; b) se aborda o desafio e a ameaça das alterações climáticas antropogénicas, realçando a sua multidimensionalidade e complexidade — recorrendo a fontes originárias das ciências sociais e das ciências naturais, visando uma melhor e mais abrangente compreensão do fenómeno —, e enquadrando a abordagem geográfica ao problema; c) se enfatiza a relevância dos SIG para a resolução da questão climática, expondo alguns exemplos da sua aplicabilidade; e d) se apresenta uma lista de artigos científicos alusivos ao tema, publicados entre 2010 e 2015 em revistas indexadas na base de dados Web of Science (Thomson Reuters), analisando as suas áreas de incidência. Posteriormente, tecem-se algumas considerações finais.

2. Sistemas de Informação Geográfica (SIG): Breve Enquadramento Histórico e Definição Concetual A interpretação de mapas é indissociável da história da humanidade. Como realçam Dangermond e Artz (2010, 5), “making decisions based on geography is basic to human thinking”. De facto, alicerçado nos mais variados objetivos, o Homem tem vindo a representar em mapas diversas características do mundo real, transformando-os em elementos-chave do desenrolar da história. A era dos Descobrimentos é, talvez, o melhor exemplo desta realidade.

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Uma das mais citadas utilizações de análise e interpretação efetiva de um mapa, a qual poderá ser encarada como uma primitiva forma da utilização de um SIG, remete-nos para 1854 e diz respeito à representação, por parte do médico inglês John Snow, do surto de cólera londrino (Grinderud et al. 2009). Snow desenhou um mapa no qual assinalou a localização dos casos de cólera conhecidos, bem como dos vários sistemas de bombagem da rede de abastecimento de água da cidade. Uma análise visual de tal representação permitiu constatar uma forte incidência da doença em torno de uma determinada bomba de água, deduzindo-se assim a origem do problema. Esta análise conduziu à desativação do equipamento em causa, o que se traduziu no controlo do surto. A relevância desta representação reside no facto de estarmos perante uma análise espacial da informação, análise essa que resultou na construção de um argumento indutor de uma determinada decisão, o que transpõe claramente os limites de uma mera representação de dados (ArcGIS 2014; Morais s.d.). Um novo passo no desenvolvimento dos SIG remonta ao início do século XX e diz respeito à técnica denominada de fotozincografia. Esta permitiu que os mapas fossem separados em diversas camadas com informação distinta (água, vegetação, entre outras), podendo ser combinados e impressos, o que se traduziu na otimização do tempo despendido pelos cartógrafos nos processos de atualização da informação (Hairan 2014). Todavia, o grande advento daquilo que hodiernamente se designa por SIG ocorre na década de 60 do século XX, face ao desenvolvimento dos computadores e de software específico. Roger Tomlinson surge, nesta altura, como figura incontornável na história destes sistemas, sendo mesmo comummente considerado “o pai dos SIG”. Na sequência dos desafios levantados pela aprovação do Agricultural Rehabilitation and Development Act (Hodge e Robinson 2002), e respetiva criação, em 1962, do Canada Land Inventory — o qual havia originalmente planeado a elaboração de 1500 mapas das zonas agrícolas comercialmente produtivas do Canadá, às escalas de 1:50 000 e 1:250 000 —, Tomlinson concebeu o denominado Canada Geographic Information System (CGIS). Dado o vastíssimo número de mapas a analisar previstos no Canada Land Inventory, cujo objetivo consistia em revelar “the capability of land and agriculture, forestry, wildlife, and recreation, as well as present land use and the boundaries of census subdivisions” (Tomlinson 2012), o geógrafo, de nacionalidade inglesa, desenvolveu a ideia da utilização de computadores para desempenhar tal tarefa. O mote para a concretização do projeto foi dado em 1962, no artigo intitulado “Computer Mapping: An Introduction to the Use

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of Electronic Computers in the Storage, Compilation and Assessment of Natural and Economic Data for the Evaluation of Marginal Lands” (Tomlinson 2012). Aqui nascia a base dos modernos SIG. Novos marcos se seguiram na história dos SIG, nomeadamente: a) a fundação, em 1969, da Esri, a mais popular marca comercial de software de SIG, criada como um pequeno grupo de investigação na área do ordenamento do território (Esri s.d.); o lançamento, em 1972, do primeiro satélite Landsat, o qual iniciou “a new age of remote sensing of land from space” (NASA s.d.); o lançamento, em 1991, e na sequência da popularidade dos ambientes de trabalho GUI, do software ArcView, por parte da Esri (Esri s.d.); e o desenvolvimento, em 1993, por Steve Putz, da aplicação Xerox PARC Map Viewer, “[the web’s] first interactive online mapping application” (Peterson 2012, 152). Os finais do século XX e inícios do século XXI são marcados pela explosão da era da informação, com a massificação da internet e do uso do computador, num contexto onde a utilização de ferramentas SIG faz agora parte do quotidiano de milhões de pessoas em todo o mundo, sobretudo após o lançamento das famosas aplicações Google Maps e Google Earth, em 2005 (Google Company s.d.). Já no que diz respeito à definição de SIG, embora exista um vasto conjunto de definições para o conceito, e a sua definição ser, provavelmente, mutante com o avanço da tecnologia, poder-seá dizer, de uma forma geral, que um SIG é uma ferramenta tecnológica de apoio à tomada de decisão, que organiza dados geográficos de forma a que um utilizador possa selecionar a informação necessária para a realização de uma tarefa ou objetivo específico com a maior eficácia possível (Rodrigues 2012; Coppock e Rhind 2005). Um SIG deverá ser assim capaz de responder a cinco questões elementares: “Onde?” (localização dos objetos ou fenómenos); “O quê?” (propriedades e atributos dos objetos ou fenómenos); “Como?” (análise espacial, relação entre objetos ou fenómenos); “Quando?” (conservação histórica de dados, análise temporal da sua evolução); “E se?” (estudos de impacto, simulação, prospetiva) (Rodrigues 2012). Atualmente, os SIG são ferramentas essenciais e a sua utilização é tida como imprescindível num diverso número de contextos e nas mais variadas áreas (empresas, setores governamentais, defesa, organizações não-governamentais, entre outras) (Bolstad 2008). A aplicabilidade dos SIG é quase ilimitada e o problema das alterações climáticas não é, aqui, exceção.

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3. As Alterações Climáticas Antropogénicas e a Abordagem Geográfica

A questão das alterações climáticas antropogénicas é um dos principais desafios ambientais e sociais da atualidade, por muitos considerado o tema que irá moldar o século XXI, pois as mudanças no clima são agora encaradas como forças transformadoras do futuro (Calouste Gulbenkian Foundation 2014; WBGU 2014). As alterações climáticas fazem, sem dúvida, parte da história do planeta, mas nunca se verificou uma alteração tão rápida na composição da atmosfera como na presente era (Pereira 2013). No seu quinto e mais recente relatório, o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alcançou o mais forte consenso alguma vez obtido entre o painel, referindo ser extremamente provável que a ação humana seja a causa dominante do aquecimento global registado desde a segunda metade do século XX (IPCC 2013), não estando este aumento relacionado com os ciclos naturais do planeta. Efetivamente, o Homem tem vindo a aumentar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera a um ritmo exponencial. Em 2013, foi registado o valor histórico de 400 ppm de CO2 na atmosfera, valor medido na estação de Mauna Loa, no Hawai (NASA 2013). Para encontrar um valor próximo dos 400 ppm, teríamos de recuar, no mínimo, mais de um milhão de anos (Scripps Institution of Oceanography s.d.). Assim, a questão reside no ritmo a que a mudança está a acontecer, no ritmo a que alteramos a composição da atmosfera, tudo isto num intervalo temporal extremamente reduzido, ou instantâneo, quando comparado com a ordem de grandeza temporal que, no passado, o planeta e os seres vivos tiveram para se adaptarem (Steffen et al. 2007; Zalasiewicz et al. 2010). O problema das alterações climáticas antropogénicas “is a difficult, complex, politically charged and vitally important issue. Yet, from a knowledge perspective, we are at a distinct disadvantage: at this point in time, we still do not have a clear idea of everything we need to know to address the problem in a measured, rational, and—above all—scientific manner” (Dangermond e Artz 2010).

Na área das ciências sociais, Pereira (2015) defende que a questão climática é talvez a mais multidimensional de todas as ameaças globais, uma vez que se encontra associada, diretamente ou indiretamente, a todo um conjunto de dimensões de extrema importância para o futuro da humanidade. Falar em alterações climáticas é, também, falar em segurança alimentar, economia, pobreza, energia, recursos naturais, tecnologia, saúde, entre outros. Na mesma linha

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de pensamento, autores como Prins et al. (2010, 15) classificam o problema das alterações climáticas como “perverso”, afirmando que “’wicked problems demand a profound understanding of their integration in social systems, their irreducibly complexity and intractable nature”. Na esfera das ciências naturais, Steffen et al. (2007) sublinham a incorporação, por parte do Homem, de novos fatores biofísicos na atmosfera, fatores esses que têm vindo a alterar o funcionamento dos mais importantes processos do sistema natural que rege o planeta Terra. Neste contexto, Zalasiewicz e Vidas (2015) alertam para o facto de estarmos perante transformações totalmente induzidas pela ação humana, numa escala sem precedentes, as quais operam de formas complexas, incertas e imprevisíveis. Neste sentido, observando a multiplicidade de assuntos que gravita em torno das alterações climáticas, desde as suas causas até aos seus impactos, compreende-se que a geografia seja um elemento primordial na equação. Na verdade, como sublinham Dangermond e Artz (2010, 7), “every aspect of climate change affects or is affected by geography, be it a global, regional, or local level”. Consequentemente, poder-se-á concluir que qualquer análise realista e efetiva ao problema das alterações climáticas exige uma abordagem holística (Pereira 2015), ou seja, um cruzamento de elementos distintos e variados, gerindo dados recolhidos por uma infinidade de fontes. A necessidade de avaliar dados históricos e cenarizar o futuro faz com que os SIG surjam como uma poderosa ferramenta para a fusão e tratamento de toda esta informação num único sistema, contribuindo, desta forma, para a resolução da questão. Os SIG podem, assim, auxiliar na longa caminhada rumo à compreensão do mundo e aplicar o conhecimento geográfico à procura de soluções para inúmeros problemas inerentes à atividade humana. Esta ideia conduznos à emergência da “abordagem geográfica”, uma forma de pensamento orientada para a resolução de problemas que integra a informação geográfica na forma como entendemos e gerimos o nosso planeta (Dangermond e Artz 2010; Aspinall 2012). Embora os profissionais de SIG possam utilizar esta metodologia de uma forma intuitiva, o processo de investigação geográfica poderá ser descrito e sistematizado em cinco etapas (Dangermond e Artz 2010):

1) Questionar (Ask): questionar numa perspetiva geográfica; qual o problema a analisar/solucionar e qual a sua localização?

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2) Obter (Acquire): reunir os dados necessários e, eventualmente, criar novos dados, adequados, para responder à(s) questão(ões) colocada(s). 3) Verificar (Examine): verificar os dados (inspeção visual, esquema, topologia e metadados). 4) Analisar (Analyze): testar vários métodos de análise; utilizar diferentes parâmetros e algoritmos, procedendo a uma análise crítica dos resultados. 5) Decidir/Agir (Act): desenvolver a mensagem a transmitir com definição do público-alvo; criar o suporte para a comunicação.

Com os SIG e a abordagem geográfica, é possível adotar uma posição proativa, sendo este um pronto crucial no que diz respeito ao problema das alterações climáticas antropogénicas.

4. Aplicação dos SIG à Problemática das Alterações Climáticas Antropogénicas As respostas ao problema das alterações climáticas antropogénicas dividem-se, de uma forma geral, em dois grupos: mitigação e adaptação1. O IPCC (2014, 125; 118) define mitigação como “a human intervention to reduce the sources or enhance the sinks of greenhouse gases” e adaptação como “the process of adjustment to actual or expected climate and its effects”. A arquitetura e a prática de medidas para lidar com o problema o mais eficazmente possível exigem um correto balanceamento entre as opções de resposta disponíveis. Todas elas contêm uma inerente componente geográfica, pelo que as tecnologias geoespaciais se apresentam como elementos-chave para descortinar soluções. Os SIG surgem como ferramentas capazes de agregar num único sistema uma enorme quantidade de informação de diferentes origens, tipos e variadas épocas, possibilitando um tratamento holístico do problema (Armstrong et al. 2015). Paralelamente, importar realçar a importância dos SIG no que diz respeito a uma maior consciência política e civil face à questão das alterações climáticas antropogénicas. De uma forma geral, o meio científico é consensual e revela-se consciente dos riscos e desafios que o problema climático representa para a humanidade, o que contrasta profundamente com a inércia dos decisores políticos e a ainda reduzida perceção da dimensão do desafio por parte da 1

Opções de geoengenharia têm sido crescentemente encaradas como um terceiro tipo de resposta, mas com fronteiras ainda pouco claras em relação aos conceitos de mitigação e adaptação (Heyward 2013). 6

sociedade civil em geral (Pereira 2013). A falta de consciencialização pública, massiva e real, em torno da amplitude do problema contribui para a inércia dos líderes políticos relativamente à tomada de decisões e à alocação de recursos. Nenhum político será lembrado por ter evitado aquilo que, para muitos, nunca esteve em causa, nunca foi um problema, nunca teria ocorrido. As palavras de Barack Obama (cit. por Phillips 2015) assim o corroboram: “The science is overwhelming but what will move Congress will be public opinion. (…) [Public] voices will make them open to facts”. Os SIG assumem também aqui um papel de destaque, podendo criar estímulos visuais na forma de imagens, vídeos e modelos direcionados para a visualização dos efeitos das alterações climáticas. As vantagens e o impacto da representação visual de dados e informação relativamente à transmissão oral ou escrita foi já largamente documentada (Joshi et al. 2011). Alguns exemplos de aplicações práticas dos SIG em áreas e questões relacionadas com as alterações climáticas antropogénicas envolvem: . Glaciares: pequenas alterações no clima podem afetar de forma muito significativa a área de glaciares do planeta, e a análise, monitorização e cenarização da sua evolução poderão ser conseguidas por via da recolha de imagens de satélite e do tratamento dos dados em ferramentas SIG — por exemplo, imagens multitemporais de satélite do sistema Indian Remote Sensing (IRS), confirmadas no terreno por observações GPS, foram utilizadas como provas do recuo do glaciar Parbati (Himalaias) e, posteriormente, com recurso a avançadas ferramentas de SIG, utilizadas para modelar futuras alterações no que diz respeito ao degelo (Kulkarni et al. 2005).

. Zonas Costeiras: uma das consequências das alterações climáticas antropogénicas há mais tempo discutidas diz respeito ao aumento do nível das águas do mar, com um evidente impacto em toda a atividade humana desenvolvida ao longo das zonas costeiras — a utilização dos SIG tem sido crucial para avaliar a vulnerabilidade às alterações climáticas nestas zonas, criando-se mapas com escalas de vulnerabilidade ao longo das linhas de costa e desenvolvendo-se sistemas de apoio às decisões baseadas em SIG (Ramieri et al. 2011).

. Florestas: a interferência da floresta no ciclo do carbono e da água, a problemática dos incêndios florestais e da deflorestação, e as mudanças no tipo de vegetação e predominância de

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espécies, com o respetivo impacto no clima local, regional e global, colocam o estudo das florestas no centro do problema das alterações climáticas antropogénicas — ferramentas SIG têm sido largamente utilizadas em todas estas questões, quer no que respeita à modelação e monitorização de incêndios, quer no estudo da vegetação e análise da sua capacidade de regeneração, através do cruzamento de dados climáticos; ferramentas SIG podem ainda ser utilizadas no processo de seleção das melhores áreas para a implementação de projetos de florestação (Joshi et al. 2011).

. Agricultura: o uso intensivo dos solos e o aumento da procura de alimentos decorrente do contínuo aumento da população global colocam inúmeros desafios à produção mundial de alimentos, situação que o problema das alterações climáticas irá, inevitavelmente, tornar ainda mais complexo — a definição das zonas e métodos agrícolas mais vulneráveis, a simulação de diferentes tipos de cultura com cruzamento de dados da distribuição de precipitação, temperatura e diferentes cenários relativos ao estudo das alterações climáticas antropogénicas têm sido implementados com o auxílio de SIG (Joshi et al. 2011).

. Modelos climáticos: a modelação climática é fundamental para a compreensão do modo como o planeta será dentro de 10, 50, 100 ou mais anos e os SIG são uma das ferramentas essenciais na previsão das mudanças futuras baseadas nos dados geográficos recolhidos (Environmental Science s.d.).

Hoje em dia, tecnologias SIG são utilizadas por uma grande variedade de profissionais e organizações a nível global, entre elas: a National Oceanic Atmospheric Administration (NOAA), para a monitorização de tempestades; a US Geological Survey (USGS), para a recolha e análise de dados sobre fenómenos vulcanológicos, sismos e tsunamis; e o US Department of Agriculture, para a monitorização dos efeitos das secas sobre as culturas (Dangermond e Artz 2010).

5. Artigos Científicos (2010-2015) Recorrendo a uma simples análise dos títulos de artigos científicos publicados desde 2010 até à presente data, e indexados na base de dados Web of Science (Thomson Reuters), procurou-se

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averiguar a existência, nesta base de dados de referência para a comunidade académica, de publicações referentes à aplicação de ferramentas SIG nos diferentes campos associados à problemáticas das alterações climáticas antropogénicas. Foram considerados os títulos de artigos que continham as expressões “climate change” e “GIS” ou “climate change” e “geographic information system”. Foi encontrado um total de 27 publicações, as quais se procurou enquadrar na respetiva área de estudo (Tabela 1).

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Título do Artigo

Publicação

Ano

Área de Estudo

1

Projecting a spatial shift of Ontario's sugar maple habitat in response to climate change: A GIS approach

CANADIAN GEOGRAPHERGEOGRAPHE CANADIEN

2015

Agricultura

2

An integrated crop model and GIS decision support system for assisting agronomic decision making under climate change

SCIENCE OF THE TOTAL ENVIRONMENT

2015

Agricultura

3

A GIS-based coastal monitoring and surveillance observatory on tropical islands exposed to climate change and extreme events: the example of Mayotte Island, Indian Ocean

JOURNAL OF COASTAL CONSERVATION

2014

Zonas costeiras

4

Predicting the impact of climate change on regional and seasonal abundance of the mealybug Phenacoccus solenopsis Tinsley (Hemiptera: Pseudococcidae) using temperature-driven phenology model linked to GIS

ECOLOGICAL MODELLING

2014

Agricultura / impacto de pestes de insetos em culturas

5

GIS development to monitor climate change and its geohydrological consequences on non-monsoon crop pattern in Himalaya

COMPUTERS & GEOSCIENCES

2014

Agricultura

6

A Geographic Information System (GIS)-based approach to adaptation to regional climate change: a case study of Okutama-machi, Tokyo, Japan

MITIGATION AND ADAPTATION STRATEGIES FOR GLOBAL CHANGE

2014

Avaliação de medidas de adaptação

7

Climate change and the potential global distribution of Aedes aegypti: spatial modelling using geographical information system and CLIMEX

GEOSPATIAL HEALTH

2014

Saúde

8

Assessing and Mapping Climate Change Vulnerability with the Help of GIS: Example of Burundi

GI FORUM 2014: GEOSPATIAL INNOVATION FOR SOCIETY

2014

Geral / estudos de vulnerabilidade

9

Predicting climate-change-caused changes in global temperature on potato tuber moth Phthorimaea operculella (Zeller) distribution and abundance using phenology modeling and GIS mapping

AGRICULTURAL AND FOREST METEOROLOGY

2013

Agricultura

10

Recent GIS based national assessments of climate change consequences in France: methods, results and lessons learnt

JOURNAL OF COASTAL RESEARCH

2013

Geral / estudos de vulnerabilidade

11

Climate Change Effects on Transportation Infrastructure Scenario-Based Risk Analysis Using Geographic Information Systems

TRANSPORTATION RESEARCH RECORD

2013

Transportes

12

GIS-based models for water quantity and quality assessment in the Jucar River Basin, Spain, including climate change effects

SCIENCE OF THE TOTAL ENVIRONMENT

2012

Segurança do Abastecimento de Água

13

Permafrost, Infrastructure, and Climate Change: a GISBased Landscape Approach to Geotechnical Modeling

ARCTIC ANTARCTIC AND ALPINE RESEARCH

2012

Estruturas

14

Using Meta-Analysis and GIS for Value Transfer and Scaling Up: Valuing Climate Change Induced Losses of European Wetlands

ENVIRONMENTAL & RESOURCE ECONOMICS

2012

Zonas costeiras

15

GIS assessment of coastal vulnerability to climate change and coastal adaption planning in Vietnam

JOURNAL OF COASTAL CONSERVATION

2012

Zonas costeiras

9

Scenarios of future built environment for coastal risk assessment of climate change using a GIS-based multicriteria analysis

ENVIRONMENT AND PLANNING B-PLANNING & DESIGN

2012

Zonas costeiras

Assessment of Flood Vulnerability to Climate Change Using Fuzzy Model and GIS in Seoul

JOURNAL OF THE KOREAN ASSOCIATION OF GEOGRAPHIC INFORMATION STUDIES

2012

Vulnerabilidade a inundações

18

Exploring Climate Change Effects on Watershed Sediment Yield and Land Cover-based Mitigation Measures using Swat Model, RS and GIS: Case of Cagayan River Basin, Philippines

22ND CONGRESS OF THE INTERNATIONAL-SOCIETYFOR-PHOTOGRAMMETRYAND-REMOTE-SENSING

2012

Hidrologia / Sedimentos

19

A GIS Framework for Changing Cropping Pattern Under Different Climate Conditions and Irrigation Availability Scenarios

WATER RESOURCES MANAGEMENT

2011

Agricultura

20

Climate change and its human dimensions based on GIS and meteorological statistics in Pearl River Delta, Southern China

METEOROLOGICAL APPLICATIONS

2011

Uso do solo versus temperatura

2011

Avaliação de medidas de adaptação

2011

Impacto em vários Ecosistemas

2011

Segurança do Abastecimento de Água

2011

Hidrologia/ impacto numa bacia hidrográfica

2010

Zonas Costeiras

2010

Transportes

2010

Hidrologia/ estudos pluviométricos

16

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A GIS-based climate change adaptation strategy tool 21

22

Assessing the Impacts of Climate Change on Terrestrial Ecosystems in Bhavanisagar Reservoir and its Surroundings, Using Multitemporal Satellite Data and Gis Techniques

23

Coupled Model Development between Groundwater Recharge Quantity and Climate Change Using GIS

24

Climate-change impact hydrological modelling

assessment

using

GIS-based

Assessing the Vulnerability of Asian Megadeltas to Climate Change Using GIS 25

26

Integrating a GIS based Land-use Transport Model and Climate Change Impact Assessment Analysis for Sustainable Urban Development of London to 2100

27

GIS-based high-resolution spatial interpolation of precipitation in mountain-plain areas of Upper Pakistan for regional climate change impact studies

INTERNATIONAL JOURNAL OF CLIMATE CHANGE STRATEGIES AND MANAGEMENT ISPRS BHOPAL WORKSHOP ON EARTH OBSERVATION FOR TERRESTRIAL ECOSYSTEM JOURNAL OF THE KOREAN ASSOCIATION OF GEOGRAPHIC INFORMATION STUDIES WATER INTERNATIONAL COASTGIS SYMPOSIUM 2005/6TH INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON GIS AND COMPUTER CARTOGRAPHY FOR COASTAL ZONE MANAGEMENT 1ST INTERNATIONAL CONFERENCE ON SUSTAINABLE URBANIZATION (ICSU) THEORETICAL AND APPLIED CLIMATOLOGY

Tabela 1. Alterações climáticas e SIG, publicações científicas 2010-215. Fonte: Elaboração Própria. Dados: Web of Science (Thomson Reuters) [25 de outubro de 2015].

Evidentemente, uma grande quantidade de artigos relacionados com as alterações climáticas antropogénicas, e que assentam na utilização de ferramentas SIG, não terão essa referência explícita no título. Todavia, com a presente análise, e para este universo, constata-se uma predominância de artigos ligados à agricultura e às vulnerabilidades das zonas costeiras. Importa referir também a presença de áreas de estudo não abordadas nesta monografia, de que são exemplo a segurança do abastecimento de água; a propagação de doenças por via do

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contacto com espécies de insetos que, como resultado das alterações climáticas, se disseminam para outras regiões e o impacto das alterações climáticas no setor dos transportes.

6. Considerações Finais

Em jeito de conclusão, parece legítimo afirmar que os SIG se assumem como ferramentas poderosíssimas face a um problema de enorme complexidade como as alterações climáticas antropogénicas, que exige abordagens coordenadas e colaborativas. Enquanto ciência, a geografia permite-nos conhecer o conteúdo e o contexto do mundo em que vivemos, fornecendo modelos para a sua compreensão. Recorrer a um SIG para reunir todos os dados de que dispomos permite-nos visualizá-los, analisá-los, detetar padrões, projetar cenários e compartilhar informações, algo fundamental para levar a cabo uma ação verdadeiramente informada. Compreende-se, pois, que os SIG detenham um enorme potencial para funcionar como ponte de ligação entre o mundo científico e o mundo político, vital para a resolução do problema, já que a) detêm a capacidade de funcionar como ferramenta aglutinadora de todo um vasto conjunto de diferentes dados, originários das mais variadas fontes, orientando a tomada de decisão informada e a ação por parte dos decisores políticos e demais partes interessadas; e b) poderá auxiliar no processo fundamental de conscientização da sociedade civil para os perigos associados ao problema climático, aspeto indissociável e galvanizador da ação política.

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