MORTALIDADE DE EUTERPE PRECATORIA (ARECACEAE) PÓS-FOGO DE SUPERFÍCIE EXPERIMENTAL NO SUB-BOSQUE DE UMA FLORESTA NA AMAZÔNIA OCIDENTAL

September 26, 2017 | Autor: M. Athaydes Liese... | Categoria: Plant Ecology, Fire Ecology, Arecaceae
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Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o): SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA

C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia MORTALIDADE DE EUTERPE PRECATORIA (ARECACEAE) PÓS-FOGO DE SUPERFÍCIE EXPERIMENTAL NO SUB-BOSQUE DE UMA FLORESTA NA AMAZÔNIA OCIDENTAL Marcus Vinicius Athaydes Liesenfeld - Universidade Federal do Acre - UFAC Gil Vieira - Orientador/ Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA INTRODUÇÃO: As fitofisionomias da Amazônia estão ameaçadas por diversos impactos e os incêndios florestais atualmente são considerados como principais modificadores da estrutura e diversidade das florestas, principalmente do sub-bosque. Indicadores de severidade são utilizados para melhor descrever o impacto dos incêndios e para posterior modelagem da mortalidade. O destino da planta após o impacto do incêndio florestal é consequência das injúrias provocadas pelo calor à planta e o resultado é binário: sobrevivência ou morte. Este destino tem direta relação com a morfologia, fisiologia e com o comportamento do fogo. Prever a mortalidade pós-fogo pode ser difícil, pois a mesma é resultado de múltiplos processos complexos atuando conjuntamente: i) queima da copa; ii) queima do caule e iii) aquecimento da raiz. Queima da copa é causada pela energia de calor da fumaça convectiva e da radiação, necrosando galhos, folhas e gemas, e é mensurada tanto em altura quanto em proporção. A queima do caule por radiação e condução de calor provoca carbonização – a chamada cicatriz, que é observada logo após o evento do fogo e é também medida em altura e proporção. A altura da planta e/ ou o diâmetro do caule, em conjunto com as variáveis de severidade, determinam a sobrevivência do indivíduo após o fogo. OBJETIVO DO TRABALHO: O objetivo deste estudo foi determinar de forma experimental, as variáveis morfológicas e de severidade melhor relacionadas ao aumento da temperatura em um fogo de superfície experimental, que expliquem a mortalidade pós-fogo de indivíduos jovens da espécie Euterpe precatoria no sub-bosque de uma Floresta Aberta com Palmeiras. MÉTODOS: O estudo foi feito na borda de uma Floresta Aberta com Palmeiras, no município de Cruzeiro do Sul, Alto Juruá, Acre, Brasil (7o45’S e 72o22’W). Médias anuais de precipitação: 2.160 mm, temperatura: 26 oC, e umidade relativa do ar: 84%. O experimento foi divido em três fases. Na Fase I n = 25 indivíduos jovens de E. precatoria foram obtidos aleatoriamente no sub-bosque e tiveram número de folhas e altura do estipe amostrados. Na Fase II, cada indivíduo foi submetido à queima controlada individual, em área acerada de 1 m2 junto ao estipe, sendo as temperaturas amostradas com três termopares K: temperatura (T1) na base da planta; (T2) na gema apical e (3) ambiente. Intervalo total de fogo: 360 s. Na fase III, 140 dias pós-fogo, foi obtida a proporção da cicatriz de queima do estipe, a proporção de queima da copa e a mortalidade dos estipes. Na análise dos dados a variável representativa do histórico tempo-temperatura foi escolhida pelo teste Spearman, e um modelo linear generalizado foi gerado com esta e com as variáveis morfológicas, determinando quais as significativas para predição de mortalidade. Em seguida, foi rodada a regressão logística e a probabilidade de mortalidade foi testada a posteriori por meio da curva ROC RESULTADOS E DISCUSSÃO: As queimas aconteceram no período do verão amazônico, nos meses de agosto e setembro de 2013, sempre no período midday, entre 11h00min e 17h00min. A temperatura máxima na base das plantas foi de 687,0 oC. A média das temperaturas médias do histórico tempo-temperatura foi de 112,2 oC +- 19 oC. A variável representativa do histórico tempo-temperatura foi o somatório das temperaturas da base (sumtb). Não há diferença desta variável entre os indivíduos (p=0,948). Dos 25 indivíduos, 14 morreram (56%) e 11 sobreviveram (44%). As variáveis significativas obtidas pelo método GLM foram: diâmetro à altura do solo (DAS) e proporção total de folhas queimadas (PQF). No modelo final da regressão logística binária (AIC=22,7), PQF e DAS explicam 88% da mortalidade do estipe de E. precatoria (Nagelkerke Pseudo R2=0,67). A equação de regressão para mortalidade de estipes jovens de E. precatoria no sub-bosque da floresta estudada foi

Logit(p) = 0,202 + 3,359 (arco seno(PQF)) - 3,199 ln(DAS). Estima-se que a probabilidade de mortalidade de indivíduos, que tiverem 100% de sua copa queimada, e que possuírem diâmetros menores de 4,0 cm será de mais de 74%, e para aqueles com diâmetros de 2,0 cm, a mortalidade será de 95%. A área sob a curva ROC (curva das características de operação do receptor), calculada a partir da probabilidade de mortalidade da regressão logística é de 0,883, indicando que a regressão possui bom desempenho em prever a mortalidade (h0 = 0,5). O método de queima utilizado no nosso trabalho é válido tanto pela facilidade de aplicação, quanto pelo controle das condições de fogo. Isso é interessante para avaliação experimental da severidade e mortalidade pós-fogo. O diâmetro do caule (estipe), mais que a altura da planta, associado à queima das folhas, como preditores de mortalidade pós-fogo de superfície é compatível com o observado em outros estudos feitos mundialmente e na Amazônia. CONCLUSÕES: A mortalidade pós-fogo de estipes dos indivíduos jovens de Euterpe precatoria no sub-bosque de uma floresta no oeste da Amazônia é determinada pela proporção de queima da copa e pelo diâmetro da base do estipe: indivíduos de menor diâmetro do estipe (menores que 4,0 cm) que tiverem uma maior proporção de suas folhas queimadas, após a ocorrência de um fogo de superfície, ou fogo rasteiro, terão mais 70% de chance de morrerem, quando comparados a indivíduos com maior diâmetro e menor proporção queima da copa. Altura total do indivíduo como variável morfológica e altura da cicatriz de queima do estipe como variável de severidade, não são importantes na previsão da mortalidade pós-fogo de superfície para esta espécie. Nossos resultados corroboram o evidenciado para outros grupos taxonômicos, em que possuir caules de menor diâmetro influenciaria positivamente mais a mortalidade do que a altura dos indivíduos. Dados da autorização legal para a pesquisa: Autorização do estudo: Certidão de Dispensa Ambiental 22/ 2012/ IMAC – Instituto de Meio Ambiente do Acre/Seccional Cruzeiro do Sul. Instituição de Fomento: CAPES/Ufac Palavras-chave: Floresta Aberta com Palmeiras Acre incêndios florestais

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