Motivações dos Atletas Portugueses de Wushu para a prática

June 19, 2017 | Autor: Jorge Rodrigues | Categoria: Motivation (Psychology), Tai Chi Chuan, Kung Fu, Wushu
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Através destes dois trabalhos distintos mas complementares, procuramos saber quais as motivações dos atletas para a prática de Wushu em Portugal. Para isso, aplicamos um questionário a 30 participantes e uma entrevista a 5 participantes, de modo a obtermos resposta às perguntas: 1) Quais serão as motivações do atleta de wushu para a prática? e 2) Será que as motivações para a prática do wushu se alteram em função: a) da idade, b) do género e c) da experiência? De uma forma geral, concluiu-se que os atletas portugueses parecem ter uma grande motivação no que diz respeito á sua evolução como atletas e praticantes, não deixando de parte a promoção do próprio bem-estar físico e mental. Estes mostraram ainda que não praticam nem competem com vista à busca de popularidade ou por obrigação dos pares.

Palavras-chave: motivação, wushu, prática, atletas

O Wushu encerra em si técnicas de defesa e ataque e o conhecimento dos valores filosóficos e culturais associados às tradições chinesas. Hoje em dia o Wushu tem perdido o seu carácter bélico, passando a ser visto como um desporto moderno, “artistico”. Assim, e como refere Cratty (1984), as razões pelas quais os indivíduos participam em atividades físicas podem variar, assumindo desta forma um caráter dinâmico. Esse dinamismo leva alguns autores a considerar duas fontes de motivação: as intrínsecas e as extrínsecas. Desta forma, para o presente estudo definiu-se então o seguinte objectivo: estudar quais as motivações dos atletas para a prática de Wushu em Portugal, e se estas se alteram em função da idade, género ou tempo de prática.

A segunda parte do estudo envolveu 5 participantes (3♀ e 2♂), com idades compreendidas entre os 15 e os 38 anos (x=25 σ=10,8), com uma média de 7,2 anos de prática (σ= 3,8) da modalidade. Os participantes de ambas as partes do estudo competiram nos Campeonatos Nacionais de 2011, sendo que alguns deles participaram ainda em outras provas internacionais.

A recolha de dados foi feita usando o Q.M.A.D. (Questionário de Motivação para as Atividades Desportivas), adaptado por Serpa & Frias (1992) para a língua portuguesa do P.M.Q. (Participation Motivation Questionaire) de Gill, Gross e Huddleston (1983), e uma entrevista semiestruturada, O tratamento dos dados foi realizado no programa PASW Statistics 17, utilizando o t teste de medidas independentes para observar as diferenças entre os géneros, e a One Way ANOVA e os testes de Post Hoc (de Tukey) para observar as diferenças entre os vários escalões de competição e as diferenças relativamente aos anos de prática na modalidade. O nível de significância foi fixado em p=0,05 ou 5%. As entrevistas foram tratadas com o software de análise qualitativa de dados Nvivo 9.

Os resulatdos observados evidenciaram diferênças estatisticas em diversos factores da motivação dos atletas de Wushu para o género, os diversos escalões e experiência na modalidade, mostrando que estas variâveis estão, de facto, interligadas com a motivação dos atletas para a prática deste desporto. Os resultados da entrevista serviram para suportar os dados estatisticos e na confirmação de alguns resultados obtidos na primeira parte do estudo.

ser humano é a necessidade de autorealização (ou crescimento). Desta forma, podemos identificar que os fatores de maior motivação dos atletas de wushu se encaixam neste tipo de necessidades, visto que estas estão relacionadas com o desejo e ter oportunidade de desenvolvimento pessoal. Apesar dos estudos de Serpa (1992), Rego (1995) e Dias (1995) terem sido realizados somente com jovens, os resultados acerca das motivações menos importantes para a prática desportiva estão de acordo com os resultados aqui obtidos, observando-se uma menor importância nos itens de índole egocentrista (popularidade e protagonismo), de pressão dos pares e no gosto em sair de casa.

Podemos dizer que os atletas portugueses veem a aprendizagem e o desenvolvimento das habilidades como uma motivação para praticar, não praticando ou competindo com o intuito de obter popularidade, protagonismo ou recompensas, podendo apenas dizer-se que procuram o reconhecimento do esforço em serem atletas, e a promoção da modalidade. O sexo masculino procura mais desenvolver as suas habilidades com o intuito de elevar o seu nível, enquanto o sexo feminino tem mais tendência para procurar o bem-estar físico e a saúde. Nos escalões de competição, os atletas mais velhos não procuram tanto continuar a evoluir como atletas (mas mais como praticantes) comparando com os mais novos.

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A primeira parte do estudo envolveu 30 participantes (14♀ e 16♂), com idades compreendidas entre os 12 e os 67 anos (x=28,9 σ=13,8), com uma média de 7,4 anos de prática (σ= 4,5) da modalidade.

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De acordo com a Teoria ERG de Alderfer (1972) e a Teoria das necessidades de Abraham Maslow (1951), um dos fatores mais importantes que leva a satisfação do

Serpa, S. (1991). Desenvolvimento somato-motor e fatores de excelência desportiva na população escolar portuguesa, Porto: FCDEF (Documento não publicado) Serpa, S. (1992). Desenvolvimento somato-motor e fatores de excelência desportiva na população escolar portuguesa, Porto: FCDEF (Documento não publicado). Theeboom, M., De Knop, P. (1997). An analysis of the development of wushu. International Review for the Sociology of Sport, 32, 267. Woolfolk, A. E., Nicolich, L. (1984). Educational psychology for teachers. Englewood Cliffs: Prentice-Hall.

I Congresso Internacional de Treino Desportivo do ISMAI 18-19 de Junho de 2012 Instituto Superior da Maia - ISMAI

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