Movimento no campo gravítico.
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Vasco Simões ISIG 1998 EQUAÇÕES RIGOROSAS DO MOVIMENTO DE UMA PARTÍCULA MATERIAL SUJEITA À ACÇÃO DA GRAVIDADE, REFERIDAS A UM SISTEMA DE REFERÊNCIA OXYZ LIGADO À TERRA NUM PONTO O COM LATITUDE
π 2
−γ .
I.
A única força actuante sobre a partícula de massa m em r P(x,y,z) é a força gravítica Fg , proporcional ao inverso do quadrado da distância de P ao centro da Terra C, assim
r Fg = m k
1 C− P
2
(C − P) C− P
C = ( 0, 0, − R ) e P = ( x , y , z ) vem
como
r Fg = m k
( − x , − y , − ( z + R)) x 2 + y 2 + ( z + R) 2
3
onde R é o raio médio da Terra.
II.
As equações do movimento são
r m P ′′ = Fg
onde P ′′ é a segunda derivada de P calculada a
partir do referencial suposto fixo, trata-se pois da aceleração absoluta. Como a aceleração absoluta é a soma da aceleração relativa com a aceleração de transporte e com a aceleração de Coriolis, Pa′′= Pr′′ + Pt ′′+ Pc′′ , tem-se r m ( Pr′′+ Pt ′′+ Pc′′) = Fg e portanto, relativamente ao referencial fixo na superfície da Terra teremos: r m Pr′′= Fg − m Pt ′′− m Pc′′
Calculemos
− m Pt ′′ . A aceleração de transporte é a aceleração do ponto O, origem do referencial
móvel. Como este descreve um movimento circular que suporemos uniforme, com velocidade angular ω , P vai descrever um movimento circular uniforme de raio
P1 − P sendo P1 a projecção de P sobre o eixo C ω , de
r versor e . Como o movimento é uniforme, Pt′′= ω 2 ( P1 − P) e − mPt′′= − mω 2 ( P1 − P) . Calculemos as coordenadas de P1 . Tem-se: r P1 − C = ( P − C)| e = ( x , y , z + R)|( − sin γ , 0,cosγ ) = − x sin γ + ( z + R) cosγ Como P1 − P = P1 − C + C − P vem:
r P1 − P = P1 − C | e + C − P = [ − x sin γ + ( z + R) cosγ ]( − sin γ , 0, cosγ ) + ( − x , − y , − R − z)
= [ ( − x sin γ + ( z + R) cosγ )( − sin γ ), 0,( − x sin γ + ( z + R) cosγ ) cosγ ] + ( − x , − y , − R − z)
(
= x sin2 γ − ( z + R) sin γ cosγ − x ,− y ,− x sin γ cosγ + ( z + R) cos2 γ − R − z
Assim:
)
Vasco Simões ISIG 1998
((
− mPt′′= − mω 2 ( P1 − P) = − mω 2 x sin2 γ − ( z + R) sin γ cosγ − x ,− y ,− x sin γ cosγ + ( z + R) cos2 γ − R − z
))
Calculemos agora PC′′ . Tem-se:
r e1
r
r e2
r e3
dy dx dz dy 0 ω cosγ = 2 −ω cosγ ,ω cosγ + ω sin γ , − ω sin γ dt dt dt dt dy dz dt dt
PC′′ = 2ω ∧ Pr′ = 2 −ω sin γ dx dt portanto
dy dx dz dy − mPC′′ = 2mω cosγ , − 2mω cosγ − 2mω sinγ , 2mω sin γ dt dt dt dt
Podemos pois escrever, finalmente, as equações diferenciais do movimento relativo de P
m
m
m
d 2x dt 2 d2y dt
2
d 2z dt
III
2
=
− mkx
− mω 2 ( x sin2 γ − ( z + R) sin γ cosγ − x) + 2mω cosγ
3
+ mω 2 y − 2mω cosγ
3
+ mω 2 x sin γ cosγ − mω 2 ( z + R) cos2 γ + mω 2 ( z + R) + 2mω sin γ
x 2 + y 2 + ( z − R) 2 =
− mky x 2 + y 2 + ( z − R) 2
=
− mk ( z + R) x2 + y2 + ( z − R ) 2
dz dx − 2mω sin γ dt dt
dy dt
Se considerarmos um movimento numa região cujas dimensões são pequenas em relação ás dimensões
da Terra, podemos, numa primeira aproximação fazer x=y=z=0
e as equações do movimento ficam: m m m
ou:
dy dt
3
d 2x dt
2
d2y dt
2
d 2z dt
2
= mω 2 R sin γ cosγ + 2mω cosγ = −2mω cosγ =
− mk R
2
dy dt
dx dz − 2mω sin γ dt dt
− mω 2 R cos2 γ + mω 2 R + 2mω sin γ
mx&& = mω 2 R sin γ cosγ + 2mω cosγ y& my&& = −2mω cosγ x& − 2mω sin γ z& k mz&& = − m 2 − ω 2 R sin2 γ + 2mω sin γ y& R
Eliminando o factor t fica:
&& x = ω 2 R sin γ cosγ + 2ω cosγ y& 2
dy dt
Vasco Simões ISIG 1998 &&y = −2ω cosγ x& − 2ω sin γ z& k && z = − 2 − ω 2 R sin2 γ + 2ω sin γ y& R
A chamada aceleração da gravidade tem as duas componentes
ω 2 R sinγ cosγ = gx
e
k − 2 − ω 2 R sin2 γ = gz , sendo R
portanto: && x = gx + 2ω cosγ y&
&&y = −2ω cosγ x& − 2ω sin γ z& &&z = gz + 2ω sin γ y&
Derivando a segunda equação obtém-se &&& y = −2ω cosγ && x − 2ω sin γ &&z
e utilizando a primeira e a terceira equações fica: &&& y = −2ω cosγ ( gx + 2ω cosγ y& ) − 2ω sin γ ( gz + 2ω sin γ y& ) &&& y = −2ω cosγ gx − 4ω 2 cos2 γ y& − 2ω sin γ gz − 4ω 2 sin2 γ &&y &&& y = −2ω cosγ gx − 4ω 2 y& − 2ω sin γ gz
ou seja &&& y + 4ω 2 y& = −2ω cosγ gx − 2ω sin γ gz
e temos uma equação linear de coeficientes constantes. A equação característica é
α 3 + 4ω 2α = 0 ⇒ α = 0 ∨ α = ±2ωi A solução da equação homogénea correspondente é
yh = A + B cos(2ωt + δ ) Uma solução particular da equação é y p = Dt ⇒ D =
− cosγ gx + sin γ gz 2ω
e a solução geral será: y = A + B cos(2ωt + δ ) +
− cosγ gx + sin γ gz t 2ω
Para t = 0, y = 0, y& = 0 fica 0 = A + B cosδ
e
2ωB sinδ +
− cosγ gx + sin γ gz =0 2ω
Como &&y = 0 para t = 0 , porque x& = z& = 0 vem
y& = −2 Bω sin(2ωt + δ ) +
− cosγ gx + sin γ gz 2ω
3
gy = 0
Vasco Simões ISIG 1998 Para t = 0 vem
0 = −2 Bω sin δ +
− cosγ gx + sin γ gz 2ω
e
&&y = −4Bω 2 cos(2ωt + δ ) donde
( &&y)t = 0 = −4Bω 2 cosδ = 0 assim: A + B cosδ = 0 − cosγ gx + sin γ gz =0 −2 Bω sinδ + 2ω 4Bω 2 cosδ = 0 Da última equação resulta que
cos δ = 0
δ=
⇒
π 2
então, da segunda equação vem −2 Bω =
cosγ gx − sin γ gz 2ω
⇒ B=
− cosγ gx + sin γ gz 4ω 2
, e
A=0
portanto, obtém-se finalmente y=
− cosγ gx + sin γ gz 4ω 2
π − cosγ gx + sin γ gz cos 2ωt + + t 2 2ω
e como && x e &&z dependem de y& , o problema fica resolvido, e ficam conhecidas as funções x ≡ x( t ), y ≡ y( t ), z ≡ z( t )
IV
Como a força centrífuga m( gx , 0, gz ) é muito pequena, uma vez que
ω=
2π rad / s 24 × 60 × 60
pode considerar-se a resultante da força gravítica e da força centrífuga como sendo paralela a Oz. Chame-se
mg à grandeza da resultante, então, as
equações do movimento de P tomam a forma mx&& = 2 mω cosγ y& my&& = −2mω cosγ x& − 2mω sin γ z& mz&& = − mg + 2mω sin γ y&
Ainda atendendo a que ω é pequeno, e ficam mx&& = 0
⇒
x& = C te = 0
⇒
4
x = C te
y& é pequeno, as equações
Vasco Simões ISIG 1998 y&& = −2ω sin γ z& z&& = − g
z& = − gt + C
Integrando a última equação :
e se a partícula está inicialmente em repouso, C = 0 ,
então z& = − gt
⇒
1 z = − gt 2 + D 2
Supondo que a partícula é abandonada de uma altura h, é z = h para t = 0 , logo D = h , e: z = h−
1 2 gt 2
então, a segunda equação fica: y&& = 2 gω sin γ t
y& = gω sin γ t 2 + E
⇒
e, se y& = 0 para t = 0 fica E = 0 , então y = gω sin γ
t3 +F 3
e, se y = 0 para t = 0 fica F = 0 , logo
y = gω sin γ
t3 3
O tempo de queda é t tal que z = 0 , portanto z = 0 ⇒ h−
gt 2 =0 ⇒ 2
t=
2h g
e, durante este tempo, a partícula em queda livre sofre um desvio para leste dado por 2 h gω sin γ 2 h = y 3 g g originado pela força de Coriolis.
5
3
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