Movimento OcupeEstelita. A ecologia da mídia e o imaginário político da cidade

July 8, 2017 | Autor: P. Serrano | Categoria: Protest, IMAGINARIOS URBANOS, Redes Sociais, Cidadania
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Movimento OcupeEstelita. A ecologia da mídia e o imaginário político da cidade OccupyEstelita movement. Media's ecology and city's political imaginary 1

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Claudio Cardoso de Paiva / Paulo Henrique Souto Maior Serrano Resumo: Propõe-se aqui uma análise do Movimento #OcupeEstelita (Recife, PE), colocando em perspectiva a sua projeção na comunidade virtual instalada na rede social Facebook. Este fenômeno tem se irradiado de maneira presencial (atores sociais em carne e osso ocupam o espaço urbano Cais Estelita) e de maneira virtual e interativa (atores-em-rede ocupam o #CaisEstelita, forjando uma inteligência coletiva conectada). Ambos formam uma paisagem (pós)urbana, irrigada por um imaginário político que postula a construção de uma nova forma de cidade e cidadania. Metodologicamente, o trabalho busca fazer uma mapeamento das imagens, textos, narrativas e conversações em circulação na web referentes ao fenômeno Ocupe Estelita e analisá-los com base nas percepções advindas do campo da Comunicação, dos estudos das mídias, da Filosofia e da Ciência do Imaginário (Bachelard, Durand, Maffesoli). Palavra chave: OcupeEstelita; imaginário; protestos; redes sociais; cidadania. Abstract: Here is proposed an analysis of the #OcupeEstelita (Recife, PE) movement, putting in perspective its projection at the virtual community located at the social network Facebook. This phenomenon has grown in a present way (social actors on flash and bone occupy Cais Estelita's urban space) and in a virtual way (net-actors occupy #CaisEstelita forging a conected collective inteligence). Both create a (post)urban landscape, irrigated by a political imaginary that postulates the construction of a new city and citizenship. On its method, this paper searched for images, texts, narratives and conversations on the web related to Ocupe Estelita's phenomenom and analised it based on perceptions from communication, media studies, philosophy and imaginary (Bachelard, Durand, Maffesoli). Keywords: OccupyEstelita ; imaginary ; protests ; social networks; citizenship.

INTRODUÇÃO O nosso “lugar de fala”, de escuta e observação se situa no âmbito das Ciências da Informação e da Comunicação, uma área por definição interdisciplinar. Apostamos numa interface epistemológica híbrida em que concorrem os Estudos Culturais em Comunicação, a Filosofia e Ciência do Imaginário, Estudos de Mídia e Tecnologia do Imaginário, uma hermenêutica e antropologia histórico-filósófica atenta à midiatização, que pode enriquecer o exercício jornalístico, na narração do fato, a partir de uma mirada além da mera superfície da reportagem e buscando atingir uma interpretação fidedigna dos acontecimentos. Aqui, especificamente, buscamos apresentar elementos para uma análise do fenômeno Ocupe Estelita (Recife – PE), em que concorrem instâncias econômicas, éticas, políticas, culturais, mercadológicas, jurídicas, ecológicas

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e comunicacionais. Sendo um movimento de contestação e resistência – em nível presencial e virtual – tem ocupado as manchetes da imprensa ocidental e atraído as preocupações de filósofos, cientistas políticos, sociólogos, ambientalistas, artistas, escritores, jornalistas, cineastas e repercutido de maneira intensa nos debates sobre meio ambiente, gestão governamental, política social, mercado imobiliário, etc. O QUE É #OCUPEESTELITA? O Movimento Ocupe Estelita é um dos mais inovadores movimentos sociais que atuam na luta pelo direito à cidade no Brasil, para além da massa crítica, da tarifa zero e do passe livre, envolvendo a classe média, profissionais da cidade, Universidades e a população para pensar alternativas para o projeto de transformar o que resta dos armazéns do Cais José Estelita e do pátio de manobras ferroviárias contíguo em uma dúzia de torres de apartamentos de alto padrão. (...) A reivindicação parece tão justa quanto simples: criar canais de participação popular nas dinâmicas de construção da cidade, usualmente monopolizadas pelas grandes construtoras, por vezes associadas ao poder público através de convenientes derrogações e artimanhas de gabinete. (...) O movimento mostra que a manguetown dos anos 1990, hoje Hellcife, ainda é o epicentro de uma produção cultural múltipla, que irradia expressões significativas não só para a Região Nordeste, mas para o País e o mundo. (…) No panorama das lutas pelo direito à cidade e no imaginário de como pode ser a Nova Babilônia e as nossas metrópoles do futuro, certamente o Ocupe Estelita tem grande impacto. (SOUZA, 2014)

O termo gentrificação define a alteração das dinâmicas de estruturação de bairros ou regiões através da construção de novas edificações que valorizam a região e afetam os ocupantes de baixa renda do local. As mudanças do estilo de vida de uma comunidade urbana e o crescimento de residentes ricos ou empresas podem coibir a permanência de moradores que não sustentam os altos valores das propriedades ou dos bens e serviços de seu entorno. Os movimentos contestatórios em Recife tem origem nas críticas ao projeto “Novo Recife” que buscava revitalizar o centro histórico da cidade propiciando incentivos fiscais e leilões de galpões e prédios abandonados em virtude da migração das rotas de grande valor comercial para locais periféricos. Em meados de 2012 os galpões começaram a ser ocupados pelos moradores em resposta às tentativas de demolição por parte do consórcio de construtoras interessado na gentrificação da região. A crítica dos moradores passa a ter a adesão de professores, ativistas, artistas e intelectuais (anexo 3) que demonstram todo o seu envolvimento com o urbanismo em sentido amplo. Como grande parte dos movimentos, manifestações e protestos insurgentes, nós cidadãos, telespectadores, e-leitores e contribuintes, temos acesso aos fatos pelas mídias. As redes sociais

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digitais, como parte dos novos processos midiáticos, comunicacionais e jornalísticos, permitem-nos uma maior aproximação do acontecimento: a partir de leituras imersivas podemos interagir, fazer avaliações, criticar e literalmente colaborar na reconstrução do acontecimento por meio de conversações, interlocuções através dos meios digitais, assistir e debater as audiências públicas, participar dos manifestos in loco, etc (anexo 01). Cumpre destacar a tradição de movimentos e lutas sociais em Recife, Pernambuco e Nordeste Brasileiro, aos quais temos acesso a partir de um repertório de imagens e narrativas midiáticas que atestam surpreendentes modalidades de resistência e enfrentamento aos poderes hegemônicos. Uma arqueologia das pinturas, desenhos, fotografias, documentários, produtos de fotojornalismo, entre outros, nos apresentam uma iconicidade importante para interpretarmos a complexidade dos embates e lutas dos índios, nativos, gentios, colonizadores e invasores, que antecipam o estado das coisas no III milênio. O SENTIDO, A MÁSCARA E O IMAGINÁRIO Uma observação atenta dos movimentos sociais recentes (em níveis presenciais e virtuais) nos permite perceber que as narrativas mitopoéticas (nos audiovisuais, cinema, televisão, new media) antecipam, atravessam e impulsionam os acontecimentos históricos. Não por acaso, a máscara do personagem Guy Fawkes, do filme “V de Vingança” (2005) tornou-se ícone obrigatório nas manifestações mundiais de protesto; eis um sintoma da Terra-Pátria midiatizada no século XXI. Logo, é preciso desde já demarcar algumas premissas, apostas, imagens conceituais que vão sinalizar o sentido de nossa argumentação acerca do fenômeno #OcupeEstelita, insurgente no Recife e irradiado em “aldeia global”, graças à potência das “mídias livres” ou “ninjas” e redes sociais e de seus efeitos no âmbito da imprensa internacional (anexo 4). A substância das mídias e suas respectivas mediações críticas – para o melhor e para o pior – afetam as experiências fundamentais da cognição, estética, ética e política contemporâneas. Para o pior, o espectro da explosão das Torres Gêmeas e os afetos coletivos resultantes do sinistro – simbolicamente – foram antecipados por Hollywood; para o melhor, a competência comunicativa das cidades rebeldes, as formas sociais da indignação, revolta e enfrentamento dos poderes hegemônicos do turbocapitalismo e do Estado tecnocrático-neoliberal – a exemplo de OcupeWall Street e OcupeEstelita – têm sido “imaginadas” previamente e em diversos matizes, nas ficções,

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docudramas e lítero-filosofia dos audiovisuais, em obras como Fahrenheit 451, Admirável Mundo Novo, 1984, assim como no cerne da filmografia nacional, em títulos como O Cangaceiro, Guerra de Canudos, Quilombos, Barra 68, O som ao redor; estes e outros, contêm os arquétipos dos movimentos de protesto no ambiente midiatizado do século XXI. A própria mobilização social das manifestações de junho de 2013 incidentalmente impulsionadas e reapropriadas em torno do vídeo comercial #VemPraRua da FIAT. O REGIME DAS IMAGENS E A TRANSFIGURAÇÃO DO ESPAÇO E TEMPO Na espessura histórico-social e política, no terceiro milênio, atualizam-se as noções de história, acontecimento, espaço, tempo, e conseqüentemente, os estilos de identidade, subjetividade, socialidade e participação. Não é preciso ir muito longe para compreender que o atual “estado das coisas”, no plano da cognição, afetividade, sensibilidade e imaginação política, resulta também do modo como os atoresem-rede se apropriam, reconstroem e redirecionam a forma e o sentido da comunicação, mídia e jornalismo tradicionais. O M-15 espanhol, a Primavera Árabe e as jornadas de junho, Brasil 2013 demonstram como a inteligência coletiva conectada pôde transfigurar as bases dos movimentos sociais recentes. Tudo isso foi previsto – de algum modo na pop filosofia de Deleuze, na esquizoanálise de Guattari e na genealogia ontológico-política de Foucault. Todos inspirados na filologia nietzscheana, desconstrução pós-metafísica de Heidegger, mas principalmente pelas “imagens em movimento” do cinema. Assim, a dimensão estética, norteadora dos filósofos franceses pós-68, sendo desviante, outsider, pós-colonialista, tem uma profunda intuição da forma e sentido das “revoluções moleculares” e “micropolítica” do século XXI, movidas pelas sensações, afetos e perceptos em conexão imediata com imagens acústicas, sensórias, audiovisuais. A repercussão e o “êxito” do movimento #OcupeEstelita se devem ao seus aspectos estéticos, sensíveis, imaginais, que seduzem, aglutinam, agregam todos aqueles movidos pelo sonho feliz de um novo projeto de cidade (e de cidadania).O movimento #OcupeEstelita reaparece de maneira mais viva e dinâmica, a partir de um “conhecimento aproximado”, gerado pelo campo das Ciências (e experiências) da Comunicação. Este campo – convém notar – avançou bastante, pois – como diria Muniz Sodré - foi afetado radicalmente pela virulência dos seus mais vivos objetos de interesse, suas recentes descobertas, ou seja, as “comunidades imaginadas”, as “massas irradiadas pelas mídias”, humanos (e pós-humanos) em interação sociotécnica permanente. O campo da

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Comunicação ultrapassa e redefine a antropologia incluindo aí as experiências da psicologia, pois atualiza os saberes sobre o desejo (de identificação, experiência coletiva e participação na vida pública); a sociologia, pois refaz as concepções de grupo, sociedade e comunidade (principalmente, na era das mídias e redes sociais) e a semiótica, pois lança novas luzes sobre a natureza e sentido da linguagem (como morada do Ser), dos códigos, símbolos e significações (no tempo forte da informação, comunicação e iconicidade). Cumpre destacar a importância da inserção da Filosofia e Ciência do Imaginário no campo da Comunicação. Isto é, a emanação da tradição de pesquisa que se funda na Psicologia das Profundezas (Jung), sendo assimilada pelo extraordinário estudo dos símbolos (Bachelard), pela análise das estruturas antropológicas do imaginário (Durand) e atualizada hoje por Maffesoli, descortinando a “razão sensível” que rege a iconicidade dos protestos, como “cimento social”. Na esteira deste filão filosófico, ético-estético, epistemológico, destacam-se os pesquisadores em Comunicação que apostam na interface Comunicação e Imaginário (Machado da Silva, Rocha Pitta, Contrera, Martins, entre outros), abrindo novas arestas para o pensamento comunicacional. Este filão é importante para entender o fenômeno #OcupeEstelita, pois este não se esgota nos limites das análises meramente políticas, econômicas, jurídicas, sociológicas, na medida em que, rizomaticamente, sofrem as influências e contágios de múltiplas ocorrências simultâneas, no sentido utilizado por Spinoza. Para entender o movimento convém nos remetermos aos regimes diurno e noturno que regem o imaginário simbólico dos protestos, antes, durante e depois da midiatização. Há vastas camadas mitológicas (regionais e universais) que envolvem a experiência da manifestação: há o “gênio do lugar”, a “louca da casa”, o “inconsciente que protesta”; arquétipos e símbolos estruturam o imaginário de cada formação cultural. Tudo isso merece crédito no ato de análise do movimento #OcupeEstelita. Para além da “utopia e paixão” que movem os espíritos indignados diante da situação de exploração, ultraje e aviltamento no âmbito das vivências urbanas e da exclusão, em recife, há uma “lógica da razão sensível” irredutível às investigações meramente empíricas, às enquetes quantitativas, aos diagnósticos corporativos ou voluntaristas. Todavia, cumpre dissipar a polissemia quando se trata de avaliar a forma e o sentido da experiência, e a Filosofia e Ciência do Imaginário se tornam alavancas metodológicas potentes na medida em que busca a “unicidade” (tão cara a Walter Benjamin), em meio à dispersão e diversidade. A luta social do movimento #OcupeEstelita é importante – dentre outros fatores – porque em meio às diversas manifestações de protesto no Brasil desde as “Jornadas de junho 2013”, esta distingue uma especificidade: luta por um novo projeto de cidade que está diretamente ligado aos fluxos comunicacionais (abrangendo a

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comunicação face à face, escrita, impressa, radiofônica, audiovisual, digital). E aqui, providencialmente, surge-nos a colaboração antropo-filosófica, a rigor ecosófica (pois ultrapassa a dimensão antropológica, isto é, a visão do protesto como resultado das disparidades culturais, de raça, de classe, de faixa etária, e aponta para o matiz ecológico) do estudioso Massimo Di Felice. O trabalho Paisagens Pós-Urbanas. As Formas Comunicativas do Habitar (Felice, 2009) tem essa sensibilidade e inteligência de captar como os movimentos sociais recentes, têm uma parte orgânica, visceral, em carne e osso, e a outra, eletrônica, digital, interativa (o ciberativismo ou netativismo é isso, a reunião de ambas). Além disso, o seu conceito de cidade compartilha a ideia dos pesquisadores em cibercultura, que reconhecem a empiricidade vibrante das “cidades virtuais”, “cidades inteligentes”, “cidades híbridas” que não são outra coisa senão o locus privilegiado das novas “comunidades simbólicas”.Nessa direção caminha o estudo @ Internet e #Rua. Ciberativismo e Mobilização (Antoun e Malini, 2013), trazendo importantes contribuições para a “imaginação comunicacional”, o que inclui as novas concepções de espaço público e espaço privado, uma tradução fidedigna das experiências de engajamento, ativismo e militância conectadas às tecnologias interativas do imaginário. Mudou o regime antropológicocomunicacional e sociopolítico do protesto porque o meio ambiente se modificou. Esta mutação é enfrentada igualmente no trabalho coletivo A Rua no Século XXI. Materialidade Urbana e Virtualidade Cibernética (CISECO, 2014), uma mirada na “coincidência dos opostos” (termo que enuncia a máxima da Filosofia e Ciência do imaginário), expressando justamente a condição do imaginário pós-moderno, cuja estrutura e funcionamento – mais que em outras épocas – é pluralista, múltipla e diversificada, por isso mesmo o seu sentido é difícil de ser apreendido. Conectividade, mobilidade, ubiqüidade são as palavras de ordem do nosso tempo, traduzindo as formas de vida física e mental. Diante destas, Bauman, na obra Modernidade Líquida (2000), alerta para o monopólio dessas experiências, indica o poder daqueles que sabem e podem controlá-las e a penúria dos despossuídos, os sem micro, sem rede, sem conexão. E aí reside a estratégia crucial dos manifestantes do movimento #OcupeEstelita: saber exercer sua competência comunicativa na arte de “ocupar” os espaços públicos.Como já descrevia o filósofo-geógrafo Milton Santos (1994) há um novo espaço técnico-informacional, em que os indivíduos buscam habitação, mobilidade, identificação, pertencimento, participação. As imagens estáticas, em movimento, gráficas, audiovisuais, digitais dos espaços em litígio, na área do Cais José Estelita (PE), na perspectiva da Filosofia e Ciência do Imaginário, asseguram – simbolicamente – essa possibilidade (anexo 3).Desenha-se aqui empiricamente e epistemologicamente o que Castells (1999) descreve como

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“cultura da virtualidade real”. O sociólogo toca nos nervos da questão, enunciando os termos híbridos do imaginário contemporâneo, em consonância com as corporeidades atuais: animal, vegetal, digital, sociotécnico, biocibernético, carne e silício, humano, pós-orgânico. Os seres na sociedade em rede realizam o hibridismo, mixagem, sincretismo e sincronicidade formulados pela imaginação filosófica.Contemplando a relação entre mídia, sociedade e imaginário, na perspectiva das teorias da comunicação, ocorre um trajeto fenomenológico e epistemológico, em várias etapas, em que o empírico sinaliza a direção do teórico-epistemológico: persuasão-efeitos (teoria funcionalista), negação (teoria crítica), recepção-mediação (estudos culturais latino-americanos), participação-ocupação (estudos de comunicação & netativismo). Para entender a dinâmica do movimento #OcupeEstelita, pelo prisma da comunicologia, não há que se preterir as contribuições familiares, não se pode subestimar a manipulação da imprensa corporativa, que, associada às corporações dos empreiteiros distorce o sentido do movimento, sonega informações ou simplesmente as elimina. A crítica da mídia monopolista é necessária, com tudo o que esta tem de “industrialização” e “espetacularização da cultura”, “reificação”, geradora de “alienação”. É preciso atentar também para a forma como se processam as modalidades de hegemonia política e cultural, influenciando os cidadãos na maneira como optam por uma solução imobiliária, mercadológica, excludente ou por uma estratégia comunitária, democrática, includente. Todavia, o imaginário que estrutura o campo comunicacional precisa ir mais longe: deve enfrentar a aparente contradição entre utopia (por um lugar/cidade melhor) e a ocupação (de um espaço público vendido por migalhas a um grupo privado de empreiteiros, através de transações ilícitas). Na realidade, o acontecimento se encontra pleno de paradoxos, em que se digladiam interesses empresariais, políticos, governamentais, arquitetônicos, comunitários, artísticos, ecológicos. IMAGINAÇÃO AFIRMATIVA DA COMUNICAÇÃO EM REDE Da parte do pensamento comunicacional, caberia perceber como esses atores são afetadas por percepções midiatizadas (para o melhor e para o pior), e que as redes e mídias sociais (e a cognição coletiva conectada gerada por estas) são – em grande parte – responsáveis pela repercussão das tensões, conflitos, crises e oportunidades e, finalmente que a “vida em rede” transfigurou o imaginário, as vivências, as experiências, o modo de ser e estar no mundo. As novas tecnologias de informação e comunicação alteram os processos de comunicação, de produção, de criação e de circulação de bens e serviços nesse início de século XXI, trazendo

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uma nova configuração social, cultural, comunicacional e, consequentemente, política. Essa nova configuração emerge com os três princípios básicos da cibercultura: liberação da emissão, conexão generalizada e reconfiguração social, cultural, econômica e política. (…) Esse tripé (emissão, conexão, reconfiguração) tem como corolário a mudança social na vivência do espaço e do tempo. ( LEMOS & LEVY, 2010, p.45) Os atores e actantes (Latour) conectados às mídias e redes sociais são os “criadores” do movimento #OcupeEstelita. O protesto em rede deve ser compreendido como extensão das indignações humanas. Sem as inteligências humanas e artificiais conectadas em rede não existiria o imaginário político e as ações afirmativas que têm colocado o movimento na agenda dos debates sobre meio ambiente, mobilidade, cidadania e participação popular.Os jargões contemporâneos como #NósSomosCharlie, #JeSuisCharlie, #OcupeEstelita são atravessadas por simbologias que indicam as formas da cultura (e da contracultura), os estilos de revolta, protesto e contestação atuais. Mas não se apreende a essência de cada um dos fenômenos sociopolíticos sem atentar para as suas combinações históricas, ético-políticas, sociais, religiosas, mitológicas. O que – à primeira vista - parece apenas um mero efeito da indústria cultural, globalização, espetacularização da vida cotidiana, ganha outros significados, ao observarmos as formas assumidas pelo “espírito dominante” de cada tempo e lugar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho – de cunho ensaístico – representa um resultado parcial das investigações empíricas realizadas pelos grupos de pesquisadores em Comunicação – PPGC e PPJ/UFPB. Até aqui a preocupação principal se ateve ao exercício de mapeamento das notícias em circulação na imprensa e particularmente, suas postagens no perfil da comunidade #OcupeEstelita no FaceBook. Provisoriamente detectamos algumas séries de imagens, iconicidades, enunciados e narrativas que nos permitem um “conhecimento aproximado” do fenômeno.Surpreendentemente, o corpus empírico nos indicou elementos que sinalizam um deslocamento de sentido do protesto, inicialmente uma estratégia de resistência e defesa do terreno nas redondezas do Cais Estelita pelos habitantes das comunidades periféricas.

Após confrontos com a polícia, a serviço das

empreiteiras e com respaldo do Estado, o movimento ganhou as redes sociais e a partir daí ganhou um novo sentido, na medida em que atores sociais ligados às mais diversas áreas profissionais dedicaram-se a colaborar na ampliação do debate. Neste momento já não se tratava mais de

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enfrentar um projeto imobiliário irregular e socialmente excludente. O movimento #OcupeEstelita – principalmente a partir da participação de artistas, educadores, intelectuais – foi conduzido para a seara jurídica. A pressão coletiva, estruturada nas bases de uma imaginação política e comunicacional afirmativa, gerou a irradiação internacional do movimento (anexo 4), cuja notícia se espraiou pelos diversos jornais mundiais e se tornou parte da agenda de discussão de projetos para as cidades no novo milênio.

Diferentemente de outras manifestações, o #OcupeEstelita se

caracteriza pela maneira como atraiu a cooperação de gestores nos domínios da arte e da educação. Tornou-se o motivo de filmes e canções que já fazem parte do repertório imaginal do país. A exemplo do rap do cantor Crioulo “Sangue no Cais”, tradução poético-musical do imaginário da indignação, marca registrada das culturas rebeldes, ou o vídeo “Cidade Roubada” produzido por integrantes do movimento. Contribuições estas que despertaram a opinião pública para um exercício de imaginação vigilante e dialógica face aos poderes hegemônicos, mas também para a participação de setores tradicionais como o jornalismo, o direito, a arquitetura, o empresariado e os políticos profissionais. Repercutido num circuito cultural célebre pela imaginação criadora: Recife é a capital do Frevo e do Maracatu, cancioneiro, danças, musicalidade, ritmos, vestimentas e adereços que constituem um repertório rico e exuberante. Estas franjas socioantropológicas acabaram por conferir matizes específicos, flexíveis, irônicos, bem humorados e, sobretudo, corajosos, num contexto usualmente tenso e violento.

O movimento se encontra em processo: as

negociações junto aos poderes competentes ainda se encontram em trânsito. Espera-se – efetivamente – um desfecho exitoso no que concerne à disputa pelo espaço na área do cais Estelita. Entretanto, importa de fato a demonstração de uma simbologia valente que tem servido de referência para outros nichos culturais e políticos do país, e isto se deve fundamentalmente ao “gênio do lugar”, conforme alude o filão antropológico.

No que concerne ao campo da

comunicação e suas interfaces com as mídias, redes sociais e as tecnologias do imaginário, o #OcupeEstelita lança uma lufada de vento na ambiência hodierna, pois, à maneira politeísta, conjuga o arcaico e o tecnológico, o centro e a periferia, o artesanal e o pós-industrial, mas sobretudo, as redes de comunicação interativa que concederam visibilidade e dizibilidade aos excluídos, aos sem terra, os sem micro e sem banda larga.

As conexões entre arte e educação, no

caso #OcupeEstelita, tem sido afortunadas também pela maneira como o imaginário coletivo dos atores sociais têm realizado processos de troca, intercambiando experiências cognitivas, estéticas, ético-políticas – dentro e fora das redes sociais. Por um lado enriquece e norteia os novos modos de politização (e ocupação dos espaços urbanos), tramando uma nova ecologia das cidades e

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simultaneamente, tem atualizado os mitos regionais, locais, setoriais, ampliando-os numa espacialidade que atravessa as fronteiras e territórios nacionais: #OcupeEstelita tem se tornado algo além de um simples meme ou grito de guerra pós-moderno na internet e atingido outras instâncias culturais globais, internacionais, a partir da exportação das imagens, sons e interculturalidades. Enfim, o movimento #OcupeEstelita, utilizando sensorialmente, inteligentemente e coletivamente os recursos sócioinformacionais, lúdico-digitais, tem elevado a auto-estima dos moradores das comunidade no seu entorno e aberto novas arestas para a reelaboração de um novo projeto de cidade, em respeito às necessidades ecológicas contemporâneas.

A experiência consiste na

abertura para novas estratégias de ação afirmativa, incorporando polos antagônicos (empresários e ativistas, políticos e comunidades, comerciantes e estetas). A nossa pesquisa ainda se encontra em curso e mesmo reconhecendo que o corpus empírico mostra-se incipiente, os anexos ao fim do trabalho poderão oferecer leituras mais aprofundadas sobre o fenômeno. Para os estudiosos em jornalismo, mídias e comunicação, o material deve servir de base para outras investigações. E particularmente no domínio da Filosofia e Ciências do imaginário, apostamos no diálogo interdisciplinar que pode – no fim das contas – arejar a experiência do conhecimento, a partir de novas incursões como a ecosofia, a midiologia, a tecnossocialidade e o interacionismo simbólico; nessa perspectiva, esperamos poder renovar a travessia que acolhe um espírito científico em que se reencontram, o homem diurno da ciência e o homem noturno da poesia. 1

Doutorado em Sciences Sociales. , Professor do Programa de Pós Graduação em Comunicação e do Programa de Pós Graduação em Jornalismo da UFPB, [email protected] 2

Mestre em Linguística Aplicada, Professor do Departamento de Mídias Digitais da UFPB, [email protected] REFERÊNCIAS BACHELARD, G. A terra e os devaneios da vontade. São Paulo: Martins Fontes, 2008; ___ A terra e os devaneios do repouso. S. Paulo: Martins Fontes, 1998. CASTRO, P.C; FAUSTO NETO, A; HBERLÊ, A; VERÓN, E; CORRÊA, L.G; RUSSI, P. (org.) A Rua no Século XXI. Materialidade urbana e virtualidade cibernética. Maceió: EDUFAL, 2014.

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