Muitas Teorias para Poucos Alunos

June 7, 2017 | Autor: Josias Pereira | Categoria: Produção de Vídeo Estudantil
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Texto : Muitas Teorias para Poucos Alunos. Josias Pereira

Muitas teorias para poucos alunos. Josias Pereira Falar de educação no Brasil é antes de tudo falar da necessidade da formação cultural e social de um povo, pois é através desta socialização que é formado o futuro cidadão, porém a escola no Brasil vem passando por varias mudanças algumas por determinação social e outras por modismo. A criação de cursos de doutorado e mestrado no país deveria contribuir para melhorar a educação no Brasil, porém não é essa a realidade que os índices apontam. Segundo as Instituições de ensino superior o curso de Pós Graduação "stricto sensu tem como objetivo contribuir com a pesquisa em educação no país. O doutorado tem por objetivo a capacitação para a pesquisa original e independente, de preferência um assunto inédito. Segundo a Presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisas em Educação (ANPEd) de 2005 Betânia Leite Ramalho os cursos de Pós Graduação em educação no Brasil tem 40 anos e contribui com a produção do conhecimento, poderes e práticas no âmbito educacional. O primeiro curso de pósgraduação em educação no Brasil foi criado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, iniciado em 1966. O Ensino Superior em Números Segundo dados do portal do MEC entre 1996 e 2008, houve um crescimento de 278% no número de doutores titulados no Brasil, o que corresponde a uma taxa média de 11,9% de crescimento ao ano. De cada dez doutores, oito trabalham em educação. Esse dado é importante e apresenta uma especialização na área de educação. Porém o que demonstra muita preocupação, pois se a área de educação é a que mais absorve doutores e mestres deveria ser, pela lógica, a área que mais apresenta desenvolvimento tecnológico e pedagógico, porém porque nossas escolas vivem em crise institucional e pedagógico? Como estes cursos de doutorado e Mestrado podem contribuir? Ou será que os alunos de Pós Graduação ao ingressar na universidade tem que manter o “status quo” de seus professores respaldando suas pesquisas? Citando-os e reafirmando a excelências de suas bibliografias? Como exemplo posso citar o uso da escola de Frankfurt no Brasil, que parece uma unanimidade. Porem podemos ver que esta tendência surge na escola de comunicação

da UFRJ onde seus professores oriundos de Pós graduações da Europa, especificamente da França chegam ao Brasil e começam a utilizar na faculdade as bibliografias estudadas, deixando assim de lado a Escola de Chigaco que em muitos momentos responde melhor as necessidades teóricas do que a Escola de Frankfurt, mas os estudantes não poderiam usar este conceito em função do orientador não usar este pressuposto. Assim podemos observar que o importante não é inovar dentro da Pós Graduação, mas manter o que a instituição acredita e faz como pesquisa. Nos estudantes somos obrigados a nos limitar a pesquisas dentro do âmbito do que a instituição reconhece como pesquisa; imitamos para conseguir o sonhado titulo que apenas 10 mil brasileiro possuem, segundo resultado da publicação da pesquisa Doutores 2010: Estudos da Demografia da Base Técnico-Científica Brasileira. O Lucro da Educação. Não seria o excesso de teoria na área educacional um problema? Segundo o Aurélio, teoria significa “Conhecimento especulativo, meramente racional” ou “Conjunto de princípios fundamentais duma arte ou duma ciência”. Este conhecimento racional é o que reina hoje nas escolas do Brasil. O aluno deve ter um raciocínio rápido e lógico para responder as respostas do vestibular e assim conquistar as melhores faculdades, os melhores cursos e ter como bônus os melhores salários no futuro. Os outros serão divididos em 3 partes. Os que entram na escola pública para os chamados cursos menores, os que entram na faculdade particular em bons cursos e os que entram na universidade particular em cursos considerados menores. Com a globalização o conhecimento entra na lista de “coisas” rentáveis. Desde o início da década de 1990, os analistas financeiros têm chamado a atenção para o potencial de a educação se transformar num dos mais vibrantes mercados no século XXI. As despesas mundiais com a educação chegaram a 2000 bilhões de dólares, mais do dobro do mercado mundial do automóvel. O crescimento do capital educacional tem sido exponencial e as taxas de rentabilidade são das mais altas: 1000 libras esterlinas investidas em 1996 valeram 3405 em 2000, uma valorização de 240%, superior à taxa de valorização do índice geral da bolsa de Londres. Estes dados são dos analistas da empresa de serviços financeiros Merril Lynch que consideram que o sector da educação tem hoje características semelhantes às que a saúde tinha nos anos 1970. A educação hoje no Brasil é um mercado gigantesco, muito fragmentado, pouco produtivo, de baixo nível tecnológico

mas com grande procura de tecnologia, com um grande déficit de gestão profissional e uma taxa de capitalização muito baixa. O governo de Fernando Henrique Cardoso, o Ministério da Educação, através do Programa de Recuperação e Ampliação dos Meios Físicos das Instituições de Ensino Superior e em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), viabilizou uma linha de financiamento de cerca de R$ 750 milhões para instituições de ensino superior, com recursos provenientes de empréstimo do Banco Mundial. O interessante é que estes recursos foram em grande parte canalizados para as universidades privadas. Desde 1999, o BNDES emprestou R$ 310 milhões às universidades privadas e apenas R$ 33 milhões às universidades públicas. Por outro lado o mercado continua selecionando com outro filtro, já que as classes mais simples chegaram na universidade melhorando a rentabilidade e a empregabilidade, porém o que as empresas querem saber qual foi a universidade estudada e o novo filtro passa a ser a Pós Graduação. Segundo dados do jornal O Globo1 mais da metade dos trabalhadores brasileiros com diploma de nível superior que conseguiram emprego com carteira assinada em 2010, precisamente 53,5%, foram contratados para vagas de nível médio. E uma das causas apresentadas no artigo são Universidades de baixa qualidade, descompasso entre formação e o que mercado precisa, valorização de alguns empregos de nível técnico são algumas explicações para esse fenômeno. A educação em muitos países, inclusive no Brasil, é considerado o passaporte de entrada para o chamado primeiro mundo. Porem conscientizar o povo tem por outro lado o problema dele aprender a votar e não manter mais no poder as oligarquias que há séculos tentam escrever a historia política do país de modo regional e nacional. A Escola Lógica A filosofia contribui para a criação da base do ensino moderno. Nesta educação a igreja começa a perder poder para a ciência e a transmissão dos conhecimentos. No século XVII surgem duas correntes que vão influenciar a educação: racionalismo e o Empirismo. Racionalismo tem na figura de Descartes o principal divulgador que apresentou um método (evidência, análise e síntese). A criança nasce como uma tabua rasa.

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Já o empirismo apresenta a experiência como sabe sem o uso do método, dentre eles se destacam Bacon e Locke. No século XVII se destaca Comênio que é considerado o pai da didática moderna para ele os alunos deveriam receber o ensino de forma prazerosa e eficiente. Ele lança a didática Magma, apresentando a universalização do ensino. Com a revolução industrial 1750 e o crescimento urbano acelerado

a burguesia já

apresentava poder econômico faltando o poder político para se manter no poder. Assim inicia uma luta contra os privilégios da burguesia e defende os princípios de igualdade, liberdade e fraternidade. A burguesia tem um crescimento social, porem não tem o poder político. É o fim das cruzadas, inicio do renascimento e com o crescimento das sociedades a educação passa a ser importante para a compreensão desta sociedade. Com a mudança política, sai a figura do Rei indicado por DEUS e surge timidamente a democracia onde o político é eleito pelo povo, mas não é qualquer um da população que pode votar, a principio apenas camadas da sociedade podem votar e serem votadas. Assim a burguesia controla o espaço político para que seus filhos possam ser mantidos no poder através da política e da educação. Desta época podemos destaca Rousseau e o contrato social, e a idéia de que a criança não é um adulto em miniatura e é preciso entender o seu universo. Segundo Rousseau “O homem nasce bom , a sociedade que o perverte”. (Gadotti, p35). O pensamento pedagógico Positivista consolida a concepção burguesa de educação. No século XVIII surgem duas novas forças antagônicas de um lado o movimento popular socialista e do outro o movimento elitista burguês. Segundo Gadotti “Essas duas correntes opostas chegam ao século XIX sob os nomes de marxismo e de positivismo, representando por seus expoentes máximos: Augusto Comte e Karl Marx.” (p107). Porem foi Durkheim um dos expoentes na sociologia da educação positivista. Segundo o autor a educação é uma imagem e reflexo da sociedade. “A pedagogia seria uma teoria da prática social” (Gadotti, p109). No Brasil o positivismo inspirou a Velha republica e também o golpe militar, segundo esta ordem o pais seria governado pela racionalidade, surgindo assim a tecnocracia que no Brasil foi instaurada a partir do golpe militar de 1964. Já o pensamento pedagógico socialista nasce nos movimentos populares com o desejo de democratizar o ensino, destacamos Marx e Engels, Gramsci, Makarenko, Vygotsky.

O Pensamento Pedagogico da escola Nova tinha como base a idéia de funbdamentar o ato pedagógico na ação, na atividade da criança. John Dewey foi um dos expoentes deste pensamento o que era importante para a burguesia pois Dewey acreditava na convivência democrática sem por em questão a sociedade de classes. O aluno passa a ser o centro da educação.

Dentre as pedagogias surgidas (o pensamento pedagógico fenomenológico

existencialista e o pensamento pedagógico antiautoritario) surge o pensamento pedagógico critico sobre a educação. Destacamos Althusser que apresenta a escola como aparelho ideológico do estado. E o sociólogo Pierre Bourdieu e a reprodução, chamado de críticos reprodutivistas. O pensamento critico do terceiro mundo destacamos Emilia ferreiro e Francisco Gutierrez e finalizamos com o pensamento pedagógico brasileiro que surge com base no iluminismo que os filhos da elite trouxeram para o país. Segundo Godotti “A criação da associação brasileira de educação (ABE), em 1924, foi fruto do projeto liberal da educação que tinha, entre outros componente, um grande otimismo pedagógico: reconstruir a sociedade através da educação”. (p230)

Destacamos Anísio Teixeira, Paulo Freire. Perspectivas atuais destacamos Skinner e o Behavioristas, ou seja, comportamento. Defendia a aprendizagem por conseqüências recompensadoras e dentro deste contexto desejamos apresentar a neurociência como uma nova área de estudos para a educação. Neurociência e Educação: No Brasil a escola cobra apenas o racional, enganamos nossas crianças, pois elas entram no jardim e utilizam o lúdico e brincam o tempo todo, porém ao termino do jardim e início da primeira serie é deixado de lado o lúdico e inicia a cobrança do racional, onde o aluno de 7 anos deve deixar de ser criança e se socializar no processo educacional para poder obter um bom trabalho no futuro. Podemos dizer que a escola só contribui para o desenvolvimento do hemisfério esquerdo do cérebro, deixando o direito de lado. Segundo o ganhador do prêmio Nobel de Medicina Dr Roger Sperry o raciocínio lógico, o calculo, analise são 1

próprios do hemisfério esquerdo, já o hemisfério direito é intuitivo, usa a imaginação, o sentimento e a síntese. Flores (2003) comenta como a imagem está sendo utilizada para ensinar crianças portadoras da síndrome de down, a aprender a falar, o que se apresenta

como um caminho em direção a palavra. Este experimento apresenta a importância da imagem no desenvolvimento do pensamento. A imagem se converte em elemento socializador devido a sua relação direta com as emoções, o hemisfério direito está mais super-estimulado e a aprendizagem se realiza então, de maneira não consciente (Flores p129, 2002)

Segundo Ignácio Morgano,(2007) pesquisador da área experimental em neurociência cognitiva da universidade Autônoma de Barcelona, dos dois hemisférios que possuímos é o hemisfério direito que funciona a parti das imagens, principalmente as que criam maior impacto, sendo assim as emoções funcionam como um elemento catalizador que grava no cérebro o que é mais importante. Segundo o pesquisador a aprendizagem e a memória são caras de uma mesma moeda, e a memória é ativada pela emoção. Por isso, o uso apenas do racional na educação formal pode ser um dos motivos dos problemas encontrados. Já o educador chileno Juan Casassus (2009) defende que o conhecimento só ocorre se exerce ação sobre a emoção Para o biólogo chileno Maturana (1998) as emoções tem um papel importante no desenvolvimento do sistema biológico. Na perspectiva Walloniana, sem o vínculo afetivo não há aprendizagem, já que aprender é um investimento que o sujeito empreende, e o sujeito aprendiz surge a partir da qualidade e do clima emocional que este estabelece com seus educadores. (Isabel Parolin p7, 2008)

Vemos que pela perspectiva de alguns pesquisadores tanto da área de psicologia, sociologia do conhecimento como da neurociência a emoção tem um papel importante no desenvolvimento biológico, social e na memória. Fazemos o paralelo com estas teorias e defendemos a tese de que a produção de vídeo contribui no processo educacional justamente por gerar no aluno o prazer e a emoção, porem o mesmo é descartado na escola formal, que só cobra o decorar, o repetir um procedimento vale mais do que o pensar novas possibilidades. Temos uma cultura antierro que afasta o aluno da experiência onde só é valorizado o que é academicamente certo, o que impede o aluno de propor hipóteses e testar a sua idéia, já que o professor passa o que é o correto, o que já foi experimentado e aceito. E só resta ao aluno repetir o que foi ensinado, sem criar, sem utilizar o hemisfério direito do cérebro. E como o aluno pode crescer sem a experiência do erro? Criamos um processo educacional esquizofrênico, já que o professor passa uma coisa que ele não experimentou que apenas decorou e ganhou títulos e repete o enfadonho para a nova

geração. Por outro lado a escola deve ser um espaço para a formação plena do cidadão, mas como formar um cidadão pleno decorando formulas que não são usadas no dia a dia e deixando de lado o audiovisual que já faz parte do dia a dia da população? Estranho? Não, essa é a realidade brasileira, depois os governantes não entendem porque o Brasil fica atrás dos demais países latinos americanos no setor educacional. O Cérebro Nosso cérebro apresenta dois hemisférios, o esquerdo e o direito. O hemisfério esquerdo tratar das deduções lógicas, compreensão das palavras, raciocínio dedutivo já o direito trata de uma perspectiva mais intuitiva, emocional, melodia, intuição e noção da realidade. Queremos apresentar a produção de vídeo como um catalisador para que a escola possa trabalhar os dois hemisférios unindo a razão e a emoção. Por exemplo, o nosso alfabeto é silábico e por isso ativa mais o hemisfério esquerdo; por outro lado, há países que utilizam ideogramas, como o utilizado pelos japoneses, que ajuda a desenvolver os dois hemisférios pois eles utilizam símbolos e sílabas. E a produção de vídeo contribui justamente nesta junção da palavra (roteiro) sendo transformada em imagem (câmera, atores, iluminação). A produção de vídeo surge como um elemento histórico atual que é atualmente muito usado pelos adolescentes e jovens, como um novo suporte lingüístico. Acreditamos que este suporte técnico pode contribuir no processo educacional, pois faz o aluno utilizar os dois hemisférios, esquerdo e direito aliando o racional com o emocional. São apenas hipóteses preliminares que levantamos. A produção de vídeo trabalha com a imagem com o imaterial no caso com o hemisfério direito enquanto a escola tradicional, o raciocínio o lado esquerdo. Será que a produção de vídeo não esta contribuindo para que a escola veja o aluno de forma sistêmica e não apenas racional? São duvidas que desejamos levantar mais do que responder neste momento, esperando a contribuição de outros pesquisadores. O que sabemos é que para os alunos a produção de vídeo é um espaço privilegiado de criação e troca simbólica; como pesquisador acredito que este procedimento técnico contribui no processo de educação. Em uma aula de produção de vídeo o professor pode contribuir modificando a representação social que o aluno apresenta, em vários casos do senso comum e com erros em certas analises. Devemos lembrar que o aluno se socializou em diversos espaços, até pela mídia.

Cabe ao professor apresentar ao aluno por meio do conhecimento cientifico, o conhecimento acadêmico. Criando um desequilíbrio, para que o aluno possa acomodar um novo conhecimento. Criando um novo esquema mental, ou substituindo o que ele conhece pelo novo conhecimento. Utilizando mais o hemisfério direito do que o esquerdo do cérebro que é o hemisfério mais utilizado pelo processo educacional.

Conclusão: Defendemos em nossa tese o uso da neurociência como um expoente importante para o processo educacional. Varias teorias do conhecimento tentam integrar então o aluno (sujeito) ao conteúdo. Algumas focaram no conteúdo (comportamentalista), outras no sujeito (apriorismo) e outras na interação (interacionismo) entre este sujeito e o conteúdo. No Brasil algumas teorias foram usadas, porém, no momento, a interação entre sujeito e objeto ganha destaque e a teoria pedagógica do construtivismo e a teoria pedagógica histórico crítica direcionam o pensar docente. Defendemos a produção de vídeo na contribuição do processo educacional por ser um elemento que une o cérebro em apenas um objetivo a informação e a sua transformação em conhecimento. E que o aluno possa saber utilizar este elemento no momento certo. Porem para isso defendemos o uso da neurociência como um elemento que pode explicar varias teorias “Piaget” e os esquemas mentais, Vygotsky e a interação, Locke e a Freire e o tema gerador dentre outros. Só falta a academia ter bom senso e sair de sua zona de conforto e querer aprender também em vez de se defender em seus pressupostos acadêmicos. Bibliografia GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. São Paulo : Ática, 1993.

GARDNER, H. Inteligência: um conceito reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. KOLB, B.; WHISHAW, I.Q. Neurociência do comportamento. Ed. Editora Monole. São Paulo, 200 Eletrônico 40 anos da pós-graduação em educação no Brasil: produção do conhecimento, Poderes e práticas http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n31/a13v11n31.pdf - acessado - 05/08/2011 Doutores 2010: estudos da demografia da base técnico-científica brasileira. – http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=15567 – acessado 09/08/2011

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