Mulheres Empreendedoras: Retrospectiva e Perspectivas de Estudos

May 30, 2017 | Autor: L. Leal | Categoria: Entrepreneurship
Share Embed


Descrição do Produto

 

Mulheres Empreendedoras: Retrospectiva e Perspectivas de Estudos Autoria: Hilka Vier Machado, Larissa Estela Berehulka Balan Leal, Alexandre Marcelo Guedes, Joiceli dos Santos Fabricio

Resumo Os dados do Global Entrepreneurship Monitor Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2010), referente à mensuração de dados de 2009, mostraram que, no Brasil, 53% dos empreendedores são mulheres e 47% homens. É a segunda vez que o percentual de mulheres ultrapassa os homens que empreendem no Brasil, mesmo assim faltam estatísticas sobre mulheres empreendedoras (HOLMQUIST, 1997). Para a Organização Internacional do Trabalho (ILO, 2001) não é suficiente o esforço de muitos países para aumentar o número de empreendedoras, mas é preciso pensar medidas para obter maior poder econômico nesse segmento. Considerando essa relevância e importância do tema, este ensaio teórico teve como objeto estudos sobre mulheres empreendedoras, sendo o seu objetivo compreender quais aspectos associados ao empreendedorismo por mulheres foram enfatizados nesses estudos, a fim de identificar possibilidades de novas pesquisas. O ponto de partida foi a revisão de literatura feita por Greene et al. (2003), abrangendo 300 artigos sobre mulheres empreendedoras publicados em revistas científicas internacionais durante o período de 1976 a 2001. Posteriormente foram levantados artigos publicados em periódicos científicos internacionais e nacionais nos campos do Empreendedorismo e da Administração, respectivamente, no período compreendido entre 2002 a 2010 e, aproximadamente 80 artigos adicionais foram analisados. A classificação dos dados resultou nas seguintes categorias: a) panorama de estudos em diferentes países; b) crescimento e sobrevivência das empresas; c) equilíbrio trabalho e família; d) redes sociais; e e) abordagens das pesquisas. Identificaram-se como perspectivas para novos estudos os seguintes campos: Empreendedorismo e gênero, crescimento das empresas dirigidas por mulheres, políticas públicas, mortalidade de empresas e mentoring. Outros campos que, mesmo com um número considerável de pesquisas, ainda prescindem de novos estudos também foram identificados, como, por exemplo, o caso das redes. Finalmente, tal como salientado por comentam Carrier, Julien e Menvielle (2006), neste ensaio constatou-se que poucas pesquisas são longitudinais, o que possibilitaria compreender a solução de problemas por empreendedoras, principalmente o avanço em relação a problemas conjunturais ou estruturais. No âmbito geral, os estudos evidenciaram que empresas de mulheres são pequenas e apresentam dificuldades de crescimento.

1     

 

1.

Introdução Até o ano de 1970 a participação do sexo feminino na criação e propriedade de empresas era muito pequena, mas, os resultados do relatório Global Entrepreneurship Monitor Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2010), referente à mensuração de dados de 2009, mostram que, no Brasil 53% dos empreendedores são mulheres e 47% homens. Baugh, Chua e Neupert (2006) analisando a influência institucional em 41 países participantes do GEM, entre 2000 e 2003, salientaram que nos países mais prósperos as diferenças entre os números de empreendedores mulheres e homens diminui. A proporção de mulheres empreendedoras é negativamente associada ao nível de desenvolvimento econômico mensurado em termos per capita. Um olhar social favorável ao empreendedorismo e o nível de igualdade de gênero são associados com existência de suporte normativo para empreendedoras. A transformação na demografia empreendedora deu origem a pesquisas no campo do empreendedorismo, principalmente no plano internacional, cujo recorte de análise foi principalmente pautado no sexo (feminino), sendo que muitas destas pesquisas serão mencionadas no corpo deste trabalho. Grande parte desses estudos utilizou o sexo feminino como recorte de pesquisa, partindo do pressuposto que a maioria dos estudos anteriores no campo do empreendedorismo tinha sido realizada com indivíduos do sexo masculino e que, portanto, tornava-se necessário o desenvolvimento de pesquisas com mulheres. Não é apenas essa a importância de estudos com mulheres empreendedoras, mas, entre outras, é possível ainda relacionar pelo menos três outras razões. Primeiramente, do ponto de vista da atividade empreendedora, a heterogeneidade dos atores que empreendem é um quesito importante para explicação do fenômeno, pois como salienta Davidsson (2004), a pesquisa em empreendedorismo parte dos pressupostos de incerteza e heterogeneidade, requerendo o estudo das idéias no seu contexto e ainda como as ideais e comportamentos estão ligados a diferentes tipos de antecedentes diretos e indiretos. Isto é, antecedentes individuais e coletivos, como, por exemplo, os culturais. Nesse aspecto, estudar as mulheres na condição de empreendedoras representa uma possibilidade de análise do fenômeno empreendedor em contextos culturais diversos. Em segundo lugar, Holmquist (1997) considera que há falta de estatísticas sobre mulheres empreendedoras, sendo que pesquisas com empreendedoras podem contribuir para preencher essa lacuna. Em terceiro lugar, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (ILO, 2001), não é suficiente o esforço de muitos países para aumentar o número de empreendedoras, mas é preciso pensar medidas para obter maior poder econômico nesse segmento. Além desses aspectos, especificamente no Brasil, a importância desses estudos está associada ao crescimento e participação das mulheres como empreendedoras, como mostram os dados do GEM, comentados por Natividade (2009), como também porque esses enquadram nas prioridades estabelecidas no II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (SPM, 2008). Essas razões são apenas algumas e não abrangem todo espectro de justificativas para estudar empreendedoras. O foco específico de análise desse ensaio teórico são estudos publicados anteriormente sobre mulheres empreendedoras. Não será objeto deste ensaio a análise da participação de mulheres na economia ou no mercado de trabalho, senão na condição de empreendedoras. Isso não implica na irrelevância desses estudos, os quais, em determinadas situações, podem até mesmo guardar uma estreita relação com a explicação da opção do papel empreendedor para mulheres. Porém, considerando o número de estudos e as peculiaridades dos pequenos negócios, torna-se necessário fazer esse recorte da pesquisa. No campo do empreendedorismo são praticamente três décadas de pesquisas voltadas para analisar o exercício do papel empreendedor por mulheres. Esse ensaio teórico procura compreender quais aspectos associados ao empreendedorismo por mulheres foram enfatizados 2     

 

nesses estudos, com o objetivo de conhecer os resultados e refletir se ainda há campo para pesquisas adicionais, e, caso isso se confirme, quais necessidades, possibilidades e caminhos para novas pesquisas. Após uma breve abordagem sobre a pesquisa em empreendedorismo, será mencionado o percurso metodológico que foi seguido para identificar e analisar os estudos utilizados. Posteriormente os dados são apresentados, seguidos da respectiva análise e considerações finais. 2. Considerações sobre a Pesquisa em Empreendedorismo Na literatura sobre empreendedorismo há uma discussão sobre o conceito de empreendedorismo, que reflete a complexidade e que é relevante para a pesquisa nesse campo. Dentre os principais trabalhos voltados para essa questão, destacam-se os de Gartner (1985), Shane e Venkataraman (2000), Baron e Shane (2007), Sarasvathy (2008) e Julien (2010). Gartner (1985) utiliza uma abordagem que foi utilizada por Cassol, Silveira e Hoeltgebaum (2007) e que representa uma abordagem ampla do fenômeno, envolvendo as seguintes dimensões: indivíduo, processo, organização e ambiente, representadas na figura 1. INDIVÍDUO(S) AMBIENTE

ORGANIZAÇÃO PROCESSO

Figura 1: Esquema para descrever a criação de empresas Fonte: Gartner (1985, p. 698)

Para Shane e Venkataraman (2000) a pesquisa em Empreendedorismo deveria estar centrada na resposta às questões: Por que, quando e como algumas pessoas e não outras se tornam empreendedores? Eles enfatizam o papel da obtenção de informações na percepção e exploração de oportunidades, visão que é reforçada por Baron e Shane (2007). Contudo, para esses últimos o Empreendedorismo é um processo constituído por distintas etapas, sendo uma delas a percepção e exploração de uma oportunidade, além de outras até a efetiva criação do negócio. No entanto, para Sarasvathy (2008) é preciso pensar o empreendedorismo para além das abordagens causais, pautadas na racionalidade econômica e compreender diferenças em determinadas condições de incerteza, nas quais o fenômeno é explicado pelas respostas às questões: quem sou, o que sei fazer, quem conheço? Para a autora a limitação da racionalidade em condições de incerteza impulsiona os indivíduos a construírem valores e oportunidades em um mercado construído coletivamente entre stakeholders. A criação de valor, mais do que o foco na oportunidade, é a finalidade do empreendedorismo para Julien (2010) e Davidsson (2004), que apresentam níveis diferenciados de criação de valor, de acordo com a inovação ou ruptura que produzem no mercado. Sem procurar reduzir a complexidade dessa discussão a poucas palavras, o que se pretende nesse item é apenas mencionar possibilidades de abordagens e temáticas que fazem parte do repertório de pesquisas no campo do Empreendedorismo. Assim, a identidade do empreendedor, ou a oportunidade, ou a criação de valor, por exemplo, são pontos de partida para a pesquisa. Ademais, outro ponto importante para compreender a exploração de oportunidades ou a criação de valor por indivíduos, embora pouco explorado na literatura, é o fracasso (SARASVATHY, 2008; BARON, SHANE, 2007). Além disso, a importância das redes ou networks na pesquisa é apontada por diferentes autores, dentre eles Sarasvathy (2008), Julien (2010) e Filion (1991). 3     

 

Neste ensaio, além da abordagem de Gartner (1985), a de Davidsson (2004) foi selecionada para orientar as análises quanto ao amplo escopo da pesquisa em Empreendedorismo, mostrado na figura 2. Desejo de Realização

Nível Educacional

Impostos

Experiência no Setor

Modelos de Identificação Estrutura do Setor

Características Regionais

Tamanho da Empresa

Legislação Trabalhista

Empreendedorismo e Crescimento da Empresa

Assumir Riscos

Índice de Crescimento do Setor Localização

Idade da Empresa Estágio do Ciclo de Vida Características Pessoais: Idade, sexo e Preferências

Lócus de Controle

Formação /Especialização

Redes de Relacionamento

Otimismo

Experiência de Gestão

Figura 2: Esquema para descrever a relação entre diversas variáveis que influenciam o empreendedorismo e o crescimento das empresas. Fonte: Davidsson (2004), p. 37)

Observa-se na figura 2, que Davidsson aborda o Empreendedorismo e o crescimento das empresas como objetos de estudo associados e que estão relacionados a uma gama de variáveis, tais como modelos de identificação, redes, formação para a gestão, características pessoais, tais como: idade, lócus de controle e desejo de realização, além de outras que envolvem dimensões do ambiente, como taxas e legislação trabalhista. Outras estão associadas com a empresa, como o tamanho e o estágio do ciclo de vida. Essas breves considerações ilustram a complexidade da pesquisa nesse campo e fornecem um panorama das possibilidades de pesquisa que serão utilizadas como referência na análise. Antes disso, são apresentados os detalhamentos sobre o percurso metodológico seguido. 3. Percurso Metodológico A natureza deste estudo é um ensaio teórico, indutivo, na medida em que busca a construção das abordagens a partir das interpretações dos estudos realizados. Porém, apesar do caráter indutivo, o estudo terá como parâmetro norteador os estudos sobre pesquisa em empreendedorismo, principalmente os estudos de Gartner (1985) e Davidsson (2004). Quanto ao objeto do estudo, como já mencionado, este é constituído por estudos com mulheres empreendedoras, ou seja, mulheres que abriram empresas, tanto individualmente, quanto com outros sócios. Foram também considerados, quando identificados, estudos comparativos sobre homens e mulheres empreendedoras. No entanto, alguns estudos sobre casais que empreenderam e gerenciam os negócios em conjunto não foram considerados, pelo fato de retratarem outra condição de perfil e de gestão. Sobre a fonte de dados, as bases de dados utilizadas foram diversos journals no campo do empreendedorismo, sendo a maioria deles inseridos no Portal da CAPES no ano de 2010. No Brasil, foram utilizadas Revistas da área de Administração, pois não há Revistas específicas na área de Empreendedorismo, e foram consultadas as seguintes: R A E, RAC, O&S e Revista de Administração Pública. Optou-se por incluir apenas artigos publicados em periódicos científicos brasileiros e não em eventos, a fim de não analisar e comparar produções científicas diferenciadas, uma vez que artigos científicos publicados em Anais de eventos não são geralmente considerados produções científicas definitivas. O levantamento foi realizado no âmbito de um grupo de pesquisas vinculado a um Programa de Pós Graduação em Administração, do qual os autores são integrantes, com início em 2009. Quanto ao período de 4     

 

análise dos dados, foi definido um recorte a partir de 2001 para os estudos internacionais, pois até essa data o estudo de Greene et al. (2003) já tinha realizado um rastreamento dos artigos. Assim mesmo alguns artigos que constavam no banco de dados do grupo de pesquisa e que foram publicados antes de 2001, mesmo se não mencionados por Greene et al. (2003) foram também considerados. Adicionalmente, em torno de 80 artigos foram incluídos na análise. Tanto para os dados nacionais, quanto internacionais, o levantamento considerou até os estudos publicados no início de 2010. No tocante à análise do material, ela se embasou inicialmente na categorização de dados apontada por Bauer e Gaskell (2002) para agrupamentos dos dados. Em seguida, utilizaram-se os esquemas de Davidsson (2004) e de Gartner (1985) para análise à luz da pesquisa em Empreendedorismo. 4. Apresentação dos dados Esse ensaio foi orientado inicialmente pela revisão da literatura realizada por Greene et al. (2003), que estudaram as publicações sobre mulheres empreendedoras em revistas científicas na área de Empreendedorismo durante o período de 1976 a 2001, totalizando 300 artigos. De acordo com as autoras, o primeiro artigo sobre mulher empreendedora foi publicado em 1976 no Journal of Contemporary Business, e consistia em uma pesquisa com 20 empreendedoras. Posteriormente, no período compreendido entre os anos 80 a 89 um total de 31 artigos foi publicado, sendo a grande maioria depois desse período. A categorização feita pelas autoras resultou em quatro grupos, sendo: a) Empreendedor: atributos pessoais e motivações; b) Unidade de negócio: estratégias de criação, por exemplo, a escolha do setor; capital inicial; processo de investimento; c) Contexto: networks, barreiras e obstáculos (fatores inibidores), políticas públicas; d) Perspectiva de pesquisa (teoria feminista, papéis sexuais). Estudo similar também foi realizado por Carrier, Julien e Menvielle (2006), que analisaram os artigos sobre mulheres empreendedoras publicados no período entre 1980 e 2005. Entretanto, eles apresentaram categorias semelhantes às de Greene et al. (2003) em alguns aspectos, como motivações e contexto (redes), mas outras diferenciadas, como podem ser observadas na categorização dos artigos publicados, que foi a seguinte: a) motivações; b) estilos de gestão; c) desempenho; d) necessidades de formação; e) conciliação trabalho e família; f) redes e financiamento. Neste estudo, a classificação dos dados resultou nas categorias: a) panorama de estudos em diferentes países; b) crescimento e sobrevivência das empresas; c) equilíbrio trabalho e família; d) redes sociais e e) abordagens das pesquisas. 4.1. Panorama sobre Estudos em diferentes países Esse item propicia uma visão dos estudos realizados em diferentes países. Inicialmente, na América do Norte, estudos com empreendedoras foram os pioneiros, tendo sido realizados primeiramente nos Estados Unidos e posteriormente no Canadá. Enquanto nos Estados Unidos o primeiro estudo foi realizado no final dos anos setenta, como mencionado anteriormente, no Canadá, estudos com empreendedoras foram publicados somente a partir de 1990. Estes eram voltados principalmente para delinear o perfil de empreendedoras, como o de Belcourt (1990), realizado com 36 empreendedoras e que constatou que o desejo de independência foi o principal motivo para abertura das empresas. Também Collerette e Aubry (1990) estudaram o perfil de empreendedoras do Quebec, abrangendo aproximadamente 1.200 mulheres. A metade das empreendedoras começou com menos do que U$ 10.000 e ¾ estavam envolvidas no setor de serviços, sendo que a maioria das empresas empregava menos do que cinco empregados. Dois problemas foram apontados por elas: conciliar família e trabalho e obter fundos para seus negócios. Mais da metade das empreendedoras trabalhava 5     

 

mais do que 40 horas semanais e 14% estava envolvida em mais do que um empreendimento. Ainda em 1990, Gosselin e Grisé realizaram outra pesquisa no Canadá, com 75 empreendedoras, e o que foi ressaltado como principal obstáculo para a atuação delas foi a falta de confiança por parte de bancos, fornecedores e clientes, sendo que para 38% desses casos isso estava associado ao fato de serem mulheres. Outras dificuldades apontadas por 15% delas foram: a falta de capital inicial e falta de tempo para si próprias. No tocante à concessão de crédito, Riding e Swift (1990) realizaram estudo com 153 empresárias e constataram que elas recebiam menos crédito do que os homens e que as exigências colaterais eram diferenciadas para homens e mulheres. O conjunto desses estudos mostrou que as empresas das mulheres eram pequenas, a jornada de trabalho era extensa e elas enfrentavam dificuldade para obtenção de crédito, como também para conciliar trabalho e família. Nos Estados Unidos, além do estudo mencionado, outros focavam principalmente o perfil, tal como o de Neider (1987), que procurou delinear o perfil de empreendedoras na Flórida. A pesquisa de Loscocco (1991) constatou, tal como no Canadá, a falta de acesso a capital e que algumas empreendedoras não almejavam o crescimento dos negócios, pois priorizavam o equilíbrio entre trabalho e família. Posteriormente, Buttner e Moore (1997) realizaram uma pesquisa com 129 empreendedoras e identificaram que não apenas o desejo de realização, mas a limitação na promoção nas organizações as quais elas trabalhavam anteriormente foi um dos motivadores para criação do próprio negócio. Na Europa, estudos foram realizados na França, Polônia e Reino Unido. Com relação à França, Milwaukee e Orhan (2001) buscaram junto a 320.000 empresas saber se havia discriminação por parte dos bancos para concessão de empréstimos e constataram que as exigências colaterais para empréstimos eram diferentes para homens e para mulheres. Descobriram que 55% das empresas não tinham empregados e 7% tinham mais do que 10 empregados, confirmando a tendência em micro e pequenas empresas, identificada também na América do Norte. No caso da Polônia, Zapalska (1997) e Bliss e Garrat (2001) salientam que mulheres empreendedoras diferiam dos homens nos seguintes aspectos: a) pelos obstáculos que enfrentam; b) pelas razões para começar negócios; c) pelos fatores que consideram importantes para sucesso. Zapalska (1997) não identificou diferenças em termos de firmeza e atitude emocional na gestão dos negócios. No Reino Unido, Dhaliwal (1998) pesquisou empreendedoras asiáticas estabelecidas no Reino Unido, comparando um grupo de empreendedoras em empresas familiares e outro das que abriram seu próprio negócio, sendo cinco empreendedoras em cada grupo. Constataram influência da dominação masculina familiar nos negócios, principalmente nas mulheres que pertenciam ao grupo das empresas familiares. Nessas, geralmente o homem tomava conta da parte financeira e externa dos negócios e a mulher dos problemas do dia a dia interno das empresas. Nos países escandinavos, estudos realizados na Finlândia (VAINIO, 2001) mostraram que a maioria das empresas são pequenas, com menos do que 9 empregados. O Empreendedorismo mostrou-se mais atrativo para aquelas mulheres que não têm filhos dependentes delas. De acordo com Kyrö (2002), aproximadamente 30% dos negócios na Suécia, Finlândia, Noruega e Dinamarca são de mulheres e um dos objetivos deste estudo era discutir critérios comuns a ser adotado, para fins de informações em bancos de dados oficiais, de modo a tornar visível nas estatísticas oficiais essa participação. A ausência ou carência de estatísticas sobre mulheres empreendedoras é um problema comum, que já foi discutido na Conferência promovida pela OECD no ano 2000 sobre mulheres empreendedoras. Um estudo foi identificado na Índia, desenvolvido por Das (1999), junto a 35 mulheres empreendedoras, sendo que ela cunhou três grupos de empreendedoras: a) empreendedoras por oportunidade: condição pessoal que favoreceu a criação da empresa (porque tinham tempo disponível, porque era um hobby ou porque o marido ou a família tinham negócios); b) 6     

 

empreendedoras forçadas: precisavam de dinheiro ou tinham que ajudar a família; c) empreendedoras criadoras (gostavam de enfrentar desafios, de serem independentes, buscavam auto satisfação e queriam ser modelos para os filhos). É interessante salientar que, além dessa tipologia apresentada por Das (1999), Cromie e Hayes (1988) classificaram as empreendedoras em três grupos, sendo: a) inovadoras: as que buscam autonomia, querem evitar insatisfação no trabalho e desejam ganhar dinheiro; b) as dualistas: não almejam crescimento, querem tempo para dedicação ao trabalho e à família; c) as que retornaram ao trabalho depois que os filhos cresceram. Sobre o conjunto das empreendedoras na Índia, Das (1999) constatou ainda problemas para criar os negócios: fluxo de caixa irregular, falta de capital, problemas com vendas e qualidade do produto e falta de experiência gerencial das empreendedoras. Procurando investigar o desempenho de empreendedoras nos seus negócios, Hirisch e Öztürk (1999) estudaram uma amostra de 54 empreendedoras na Turquia e constataram falta de experiência gerencial. Por outro lado, Sabbir e Di Gregorio (1996), investigando um grupo de 32 empreendedoras no Paquistão mostraram que o suporte familiar e a experiência prévia foram condições importantes para criação dos negócios por elas. Em uma amostra mais ampla, constituída por 200 empreendedoras, Lerner, Brush e Hisrich (1997) buscaram identificar fatores que influenciaram o desempenho de empreendedoras israelenses, sendo o desempenho avaliado em termos de lucratividade, aumento no faturamento, retornos sobre investimentos e aumento no número de empregados. Motivação para iniciar o negócio e objetivos foram amplamente associados ao desempenho, enquanto que a socialização (experiência familiar, a experiência anterior e o nível educacional) não teve associação com o desempenho. Mas, a afiliação a redes foi altamente significativa para o desempenho. Na Austrália, Bennett e Dann (2000) realizaram estudo junto a 229 mulheres e verificaram, em ordem de importância, que as razões para iniciar os negócios foram: busca pelo aumento de rendimentos, desejo de realização, desejo de independência, reconhecimento de oportunidade, insatisfação com emprego anterior, assim como intuito de ajudar o marido. No caso dessas empreendedoras, quando tinham sócios, na maioria dos casos eram os maridos. Um aumento da participação de mulheres no segmento industrial também foi identificado. São escassos os estudos na América Latina. Um dos estudos, abrangendo Argentina, Brasil e México, foi realizado por Weeks e Seilin (2001). Essa pesquisa contou com uma amostra de 300 mulheres e 300 homens no México e na Argentina, respectivamente. No Brasil, a pesquisa foi desenvolvida por meio do SEBRAE com 500 homens e 500 mulheres. Homens e mulheres apresentaram interesses semelhantes quanto ao acesso à capital e à tecnologia no caso brasileiro. Tanto na Argentina, quanto no México, as mulheres, mais do que os homens, consideraram o treinamento mais importante para promover o crescimento dos negócios. Outro estudo no Brasil, o de Jones (2000), investigou o comportamento empreendedor de um grupo de 28 empreendedoras em São Paulo, comparando-o com o de 39 homens e não encontrou diferenças significativas. Outros estudos no Brasil podem ser citados, como o de Lindo et al. (2007), focado na análise do equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional para empreendedoras de dois diferentes ramos de atividades: creches e buffets, no Rio de Janeiro. Elas atribuíram importância à flexibilidade de horário para equilíbrio trabalho e da família e afirmaram que contam com o suporte de cônjuges, familiares e sócios. Ressaltase ainda o trabalho de Machado et al. (2003), abordando o processo de criação de empresas por mulheres, confirmando as motivações e reduzido capital inicial, tal como constatado em outras localidades. Outro estudo brasileiro de Machado (2006) analisa a vivência emocional de mulheres no papel empreendedor, que mostrou-se distinta de acordo com as fases do 7     

 

processo empreendedor. Por fim, Natividade (2009) discute políticas públicas voltadas ao Empreendedorismo por mulheres no Brasil, que tiveram início a partir da edição dos planos nacionais de políticas para mulheres.    Além desses estudos mencionados nos diversos países, também uma pesquisa comparativa foi detectada, abrangendo 6 países (MCCLELLAND et al., 2005). Este abrangeu 8 empreendedoras do Canadá, 11 de Singapura, 14 da África do Sul, 9 da Austrália, 5 da Nova Zelândia e 9 da Irlanda, no total de 56. O objetivo era identificar barreiras de entrada, crescimento e internacionalização. Somente canadenses percebem alto nível de lucratividade como motivação para crescerem. As outras empreendedoras acharam mais importante ampliar a carteira de clientes e identificar novas oportunidades. Canadá, Singapura e Irlanda usavam networking como meio para desenvolver os negócios. Nota-se que até o início dos anos 2000, a configuração dos estudos era voltada à identificação do perfil das empreendedoras e das empresas. No final dos anos noventa alguns estudos procuram avaliar o desempenho das empresas, como o de Lerner, Brush e Hisrich (1997). O que se observa nos anos subseqüentes é a construção de algumas linhas de investigação, que serão comentadas na seqüência, iniciando-se pelas publicações sobre crescimento e sobrevivência das empresas. 4.2. Crescimento e sobrevivência das empresas

Algumas pesquisas voltaram-se para análise do crescimento das empresas. Gundry e Welsch (2001) pretendiam, junto a 832 empreendedoras cujas empresas pertenciam a diversos setores industriais, identificar estratégias escolhidas para promover o crescimento das empresas. Os resultados mostraram que empreendedoras orientadas ao elevado crescimento eram claramente diferentes daquelas orientadas ao reduzido crescimento. As primeiras eram muito mais propensas a selecionar estratégias para as suas empresas que permitissem maior foco em expansão de mercado e novas tecnologias, assim como em demonstrar maior intensidade na direção da sua empresa (o negócio era a atividade mais importante na vida delas). Quanto à sobrevivência dos negócios, o estudo de Boden e Nucci (2000) examinou a relação entre características de proprietários e dos negócios e a sobrevivência das empresas. A amostra consistia em empresários individuais, homens e mulheres, donos de empresas criadas ou adquiridas em dois diferentes períodos: 1980-1982 e 1985-1987. De modo geral, a média das taxas de sobrevivência das empresas de empreendedores homens nestas duas amostras mostrou-se entre 4 a 6% maior, respectivamente, do que a das empresas pertencentes a mulheres. O mesmo estudo identificou ainda que as mulheres empreendedoras, em ambos os grupos, tinham pouca experiência anterior de gestão e utilizaram menos capital financeiro para iniciar ou adquirir as suas empresas do que os homens fizeram. No primeiro grupo (1980-1982), a sobrevivência mostrou relação significativa com o montante do capital para iniciar o negócio. Além disso, a perspectiva de sobrevivência de empresas de homens e mulheres era maior para os proprietários com experiência de 10 ou mais anos de trabalho anterior. Este último aspecto evidencia que o tempo de atividade empreendedora tende a apresentar maior relação com variação na sobrevivência do que o sexo do empreendedor. Por último, a pesquisa apontou a influência de condições macroeconômicas, na medida em que os índices de sobrevida das empresas de homens e mulheres que iniciaram suas atividades no período entre 1985 e 1987 eram consideravelmente superiores aos das empresas que tiveram início entre 1980-1982. Outro estudo comparativo focado na relação entre estratégias e recursos iniciais na sobrevivência das empresas de homens e mulheres foi o de Carter, Williams e Reynolds (1997), que analisaram o padrão de descontinuidade de 203 novas empresas no segmento de 8     

 

varejo. O resultado mostrou que empresas de mulheres tinham maior probabilidade de descontinuidade do que as de homens, e as mulheres iniciaram os negócios com capital inferior ao dos homens. No mesmo ano, o estudo de Carter e Allen (1997) teve como foco empresas de mulheres empreendedoras que se encontravam na fase de adolescência de seu ciclo de vida, a fim de verificar se estilo de vida do proprietário e influências de intenções de crescimento estavam diretamente relacionados com o tamanho da empresa. Elas constataram que o acesso a recursos financeiros e a ênfase atribuída pelas empreendedoras à gestão financeira da empresa eram mais influentes no crescimento do que efeitos do estilo de vida das empreendedoras. Pouco depois, Still e Timms (2000) constataram que o reduzido capital inicial e a multiplicidade de papéis limitavam o crescimento de empresas de mulheres, na visão de representantes de 57 instituições diversas, que tinham envolvimento com empreendedoras na Austrália. Adicionalmente, Bates (2002) apresenta uma discussão sobre dificuldades de crescimento de empresas de mulheres, principalmente quando elas começam a atuar em segmentos que tradicionalmente eram ocupados por homens. A principal restrição, nessas condições, é a dificuldade em aumentar a fatia de mercado constituída por outras empresas que seriam potenciais clientes. Verifica-se que uma das evidências apontadas em estudos comentados anteriormente é a de que os recursos financeiros que mulheres empregam para iniciar ou desenvolver suas empresas são pequenos. Gatewood et al. (2003) analisaram 173 artigos sobre capital de risco em nove diferentes revistas científicas da área de empreendedorismo e constataram diferenças desfavoráveis para as mulheres em relação aos homens quanto à destinação de recursos as empresas. Essa situação deu origem ao Projeto Diana, um projeto conjunto envolvendo diferentes países, criado em 1999, para estimular investimentos em empresas de mulheres. 4.3. Equilíbrio trabalho e família Neste estudo, assim como no desenvolvido por Carrier, Julien e Menvielle (2006) sobre pesquisas publicadas sobre mulheres empreendedoras, identificaram-se estudos com ênfase na conciliação trabalho e família, como os de Moore e Buttner (1997) e o de Still e Timms (2000). O primeiro deles, realizado junto a empreendedoras que eram anteriormente executivas nos Estados Unidos, procurava compreender qual era a relação entre a forma como as empreendedoras definiam sucesso e os motivos apontados por elas para terem deixado as organizações nas quais trabalhavam anteriormente. Um dos motivos apontados era a necessidade de equilibrar trabalho e família. Concomitantemente, a discriminação no avanço na carreira foi menos importante para deixarem a organização anterior na qual trabalhavam do que a oportunidade e o crescimento almejado. Para Still e Timms (2000), que pesquisaram empresas australianas, esse também foi um dos motivos para criação das empresas, mas na realidade, para as autoras, esse equilíbrio dificilmente se concretiza no início das empresas e na fase de crescimento, pois ambas demandam um envolvimento intenso dos empreendedores. 4.4. Redes Sociais Sobre a participação de empreendedoras em redes sociais, Wharton e Brunetto (2007) comentam que a imersão em redes sociais pode contribuir para amenizar barreiras que se apresentam no desempenho do papel empreendedor. Há outros estudos que abordam a inserção de mulheres em redes sociais, sendo alguns comparativos e que são sucintamente apresentados no quadro 1. Quadro 1: Estudos sobre empreendedoras e redes 9     

  Autor Verhuel, Turik

Ano 2001

Fonte Small Business Economics

Weinberg, Katinca

2001

Journal Entrepreneurship

Bliss, Garratt

2001

Small Business Management

Greve, Salaf

2003

Entrepreneurship Theory and Practice

Aldrich, Cliff.

2003

Journal of Business Venturing

2003

usasbe.org/knowledg e/whitepapaers/green e2003.pdf

Wharton, Brunetto

2007

Women in Management Review

Godwin, Stevens, Brenner

2006

Entrepreneurship Theory and Practice

Manolova, Carter, Manev, Gyoshev

2007

Entrepreneurship Theory and Practice

Ming Yhen, Chong.

2007

Journal of Asia Entrepreneurship and Sustainability

Klyver, Terjensen

2007

Women in Management Review

Roomi, Parrott.

2008

Journal Entrepreneurship

Sorenson, Folker, Brigham.

2008

Entrepreneurship Theory and Practice

Tong, Jane.

2008

Gender Management

Greene al.

et

of

of

in

Título Start-up capital: Differences between male and female entrepreneurs What Role does Bargaining Power Play in Participation of Women? A Case Study of Rural Pakistan Supporting Women Entrepreneurs in Transitioning Economies Social Networks and Entrepreneurship The pervasive effects of family on entrepreneurship: toward a family embeddedness perspective Women Entrepreneurs: Moving Front and Center: An Overview of Research and Theory.

Abordagem Características de redes constituídas por homens e mulheres. Formação de Redes na busca por legitimação de mulheres no Paquistão. Formação de redes de mulheres na Polônia. Redes de imigrantes, desenvolvimento e manutenção da rede. Características de formação de redes, evidenciando algumas diferenças entre homens e mulheres. Revisão da produção acadêmica, evidenciando a produção de estudos sobre redes.

Women entrepreneurs, opportunity recognition and government-sponsored business networks: A social capital perspective Forced to Play by the Rules? Theorizing How Mixed-Sex Founding Teams Benefit Women Entrepreneurs in MaleDominated Contexts The Differential Effect of Men and Women Entrepreneurs’ Human Capital and Networking on Growth Expectancies in Bulgaria Theorizing a framework of factors influencing performance of women entrepreneurs in Malaysia Entrepreneurial network composition: An analysis across venture development stage and gender Barriers to Development and Progression of Women Entrepreneurs in Pakistan The Collaborative Network Orientation: Achieving Business Success through Collaborative Relationships

Percepção de benefícios potenciais da rede e relações de confiança.

Barriers to networking for women in a UK professional service

Barreiras para a formação de redes por mulheres.

Características da rede (homofilia e heterofilia) e permeabilidade do feminino em espaços masculinos. Estudo desenvolvido na Bulgária, evidenciando os diferentes efeitos da rede para homens e mulheres em economias de transição. Adequação de políticas para a formação de redes de mulheres na Malásia. Composição das redes por homens e mulheres em diferentes estágios e evidências de similaridades. Barreiras para a formação de redes de mulheres no Paquistão. Características de redes de mulheres.

Fonte: Desenvolvido pelos autores

Embora haja um número considerável de trabalhos publicados, na maioria deles consta a recomendação para estudos adicionais nesse campo. Uma possibilidade para a perspectiva de novos estudos pode emergir a partir do trabalho de Tonge (2008), que apontou dezessete tipos de barreiras enfrentadas pelas mulheres para a formação de redes. 10     

 

4.5. Abordagens das pesquisas Um dos grupos de artigos analisados apresenta a discussão sobre as abordagens das pesquisas. O principal pilar dela sustenta-se na alegação que o empreendedorismo é tradicionalmente um campo masculino. Nesse sentido, segundo Hurley (1999), há necessidade de incorporar teorias femininas e de gênero às teorias sobre empreendedorismo. Na realidade, é Ahl (2004) que constrói uma demarcação temporal sobre essa questão, ao discutir a construção do gênero em publicações no campo do Empreendedorismo. Ela menciona uma tendência a reforçar o “masculino” e a reproduzir desigualdades de gênero, favorecida por quatro constructos que criam um protótipo de empreendedora: a) a visão que o empreendedorismo é algo bom, com uma inclusão de modo instrumental da mulher nessa lógica; b) a visão que homens e mulheres são diferentes, a partir de estereótipos femininos construídos, tal como: boa mãe, etc; c) a divisão estabelecida na sociedade entre público e privado, sendo que às mulheres está socialmente associado o espaço privado; d) a visão individualista, negligenciando a dimensão social na construção de significados. Esses constructos sociais, reproduzidos em muitas pesquisas, segundo a autora, colocam as mulheres à margem do fenômeno empreendedor, o que pode contribuir para reforçar fragilidades e não para melhor desempenho no papel. Interessante, ainda nessa perspectiva, é a pesquisa de Lewis (2006), realizada junto a 19 empreendedoras em Londres, com a finalidade de explorar como elas percebiam a si mesmas no mundo dos negócios. Embora o estudo tivesse como pressuposto a desigualdade nas percepções entre a imagem de homens e de mulheres empreendedores por parte delas, os resultados mostraram que elas vêem mais igualdades entre elas e os homens do que diferenças. Mostrou também que, muitas vezes, os esforços que elas fizeram para se apresentarem como mulheres de negócios são colocados em risco pelo comportamento de outras mulheres, ressaltando a necessidade de abordagens centradas nas diferenças entre mulheres empreendedoras. Nessa mesma perspectiva de análise, Wilson e Tagg (2010) desenvolveram um estudo com 60 empreendedores, sendo 30 homens e 30 mulheres, para saber como viam outros empreendedores que conheciam (homens e mulheres). Poucas diferenças e mais similaridades entre as concepções de homens e mulheres foram identificadas, conduzindo o autor à formulação da seguinte hipótese: empreendedores rejeitam a concepção que o sexo, gênero ou estereótipos possam ter impacto significativo nos negócios. Recentemente Smith (2010) publicou um ensaio teórico, no qual defende a necessidade de uma literatura que reflita a construção de visões do fenômeno empreendedor por ambos os sexos. Segundo o autor, ainda está estabelecida e predominante a conexão entre masculinidade e empreendedorismo. De fato, o questionamento subjacente a esses estudos encontra-se associado à necessidade de definir rumos para a pesquisa com mulheres empreendedoras em um novo momento, questão que será discutida nas próximas seções. 5. Análises e Perspectivas Comparando os resultados obtidos neste estudo com outros estudos, como mostra o quadro 2, visualizam-se algumas diferenças e semelhanças na definição das categorias de análise. Greene et al. (2003)

Carrier, Julien Menvielle (2006)

e

Neste estudo

11     

  Atributos pessoais e motivações

Motivações

Panorama de estudos diferentes países.

Estratégias de criação: escolha do setor; capital inicial; processo de investimento, etc. Networks, barreiras e obstáculos (fatores inibidores), políticas públicas; Perspectiva de pesquisa (teoria feminista, papéis sexuais).

Estilos de gestão

Crescimento e das empresas.

Redes

Redes Sociais.

Necessidades de formação

Abordagens das pesquisas.

Conciliação trabalho e família Desempenho das empresas Financiamento.

Equilíbrio trabalho e família

em

sobrevivência

Quadro 2: Categorias de análise sobre estudos com empreendedoras. O panorama de estudos em diferentes países foi uma opção de classificação deste estudo, não sendo presente nos outros mencionados no quadro 2, mas que foi importante para visualizar enfoques associados a diferentes lugares em diferentes épocas. Por meio deles, foi possível identificar a tendência nos estudos iniciais sobre perfis das empreendedoras e das empresas, o que encontra respaldo na inexistência de estatísticas na época sobre empreendedoras. Após isso, algumas iniciativas de estruturação de bancos de dados foram adotadas por países, como foi o caso de países escandinavos, como já foi comentado. Por outro lado, enquanto o estudo de Carrier, Julien e Menvielle (2006) não incluiu na classificação dos artigos que discutiam a perspectiva ou as abordagens de pesquisa, os outros dois apresentaram essa classificação, mostrando uma tônica implícita na pesquisa sobre empreendedoras associada à dimensão de gênero e empreendedorismo. No caso deste estudo, foram identificados dois artigos deste ano, evidenciando a atualidade e a presença desse aspecto nas pesquisas. Fica claro, no entanto, que o debate em torno dessa questão não se exauriu ainda e a sua complexidade é elevada. Enquanto os outros dois estudos adotaram a classificação de estratégias e estilos de gestão, neste estudo aderiu-se ao agrupamento relacionado a crescimento e sobrevivência das empresas, sendo que o estudo de Carrier, Julien e Menvielle (2006) incluiu também o desempenho das empresas como agrupamento. Finalmente, as redes sociais ou networks puderam ser observadas nos três estudos. Mas, será que, no conjunto geral, os agrupamentos sinalizam que estudos com empreendedoras esgotaram as problemáticas associadas ao papel empreendedor por mulheres? Em uma apreciação geral sobre o conteúdo dos artigos deste estudo, foram observadas algumas evidências, como por exemplo, o fato que a maioria das empresas são pequenas e utilizaram capital inicial menor do que os homens para início dos negócios. Por outro lado, parece haver uma influência das redes sociais, na medida em que foram e continuam sendo amplamente discutidas nas pesquisas. Entretanto, alguns problemas parecem não terem sido discutidos o suficiente na literatura, como é o caso da problemática do crescimento das empresas, que precisa ser melhor estudado. Analisando os dados, à luz do escopo da pesquisa em Empreendedorismo, delineados por Davidsson (2004) e Gartner (1985), identificam-se perspectivas de estudos. Inicialmente, quanto aos fatores do ambiente, em termos de políticas públicas, apenas o estudo de Natividade (2009) apresentou esse enfoque, indicando a necessidade de estudos adicionais. Outro aspecto que não foi encontrado nas publicações analisadas foram estudos sobre mortalidade ou fracasso de empresas de mulheres, o que é muito importante, por exemplo, para compreender dificuldades de crescimento e barreiras encontradas por mulheres. A esse 12     

 

respeito, Machado (2008) realizou um estudo com algumas empreendedoras que não tiveram sucesso, indicando que as causas de mortalidade encontram-se também nas formas como os empreendimentos foram criados e geridos, além de condições externas, associadas ao ambiente econômico. Poucos estudos foram ainda identificados sobre mentoring ou modelos de identificação. Sintetizando os comentários anteriores, temas como Empreendedorismo e gênero, crescimento das empresas, políticas públicas, mortalidade e mentoring constituem perspectivas de estudos, na medida em que pairam ainda dúvidas sobre esses aspectos na literatura e que eles representam tópicos fundamentais para o crescimento das empresas existentes, como também podem de contribuir para o fomento de novas empresas. Nesse sentido, essas são algumas perspectivas de estudos que precisam ser desenvolvidas para fortalecimento das empresas de mulheres, a fim de que elas alcancem melhor competitividade e continuem crescendo. Mais especificamente, Greene et al. (2003) mencionam a necessidade de pesquisas a partir de três grupos de temas: a) capital Humano: criação e desenvolvimento de competências empreendedoras durante a criação e crescimento do negócio, papel da liderança e da visão no crescimento e desenvolvimento dos negócios de mulheres empreendedoras, a influência da socialização no sucesso delas em adquirir recursos e particularmente, capital para crescimento, formas de gestão da própria carreira; b) escolhas estratégicas: fatores que influenciam as estratégias de crescimento de negócios conduzidos por mulheres; critérios de escolha do setor, abordagem de aquisição de capital é a sua influência no crescimento e o desenvolvimento dos negócios; c) barreiras estruturais: normas institucionais em diferentes setores, e como essas influenciam a habilidade das mulheres em obter recursos para criar e crescer os negócios; papel do setor, práticas e normas em determinar se mulheres terão sucesso em obter capital, necessidade de fomentar estudos sobre crescimento. Adicionalmente, a Organização Internacional do Trabalho aponta como boas práticas para o desenvolvimento de pequenos negócios por mulheres: a disponibilidade de recursos para criar e desenvolver negócios por mulheres, o suporte familiar e da comunidade baseado em igualdade de oportunidades e de propriedade; a disponibilidade de suporte, treinamento e aconselhamento, direcionado para necessidades específicas das mulheres; leis e políticas governamentais delineadas para reduzir barreiras e encorajar desenvolvimento de empresas por mulheres (ILO, 2001). Considerações Finais A revisão dos estudos sobre empreendedoras, realizada nesse ensaio teórico, possibilitou uma visão ampliada do assunto. Inicialmente, é importante salientar que diferenças entre modos de empreender por homens e mulheres não constituem o principal foco dos estudos. Mas, eles vão além dessa perspectiva e procuram explorar modos e dificuldades de empreender por mulheres, em diversas localidades e em diferentes momentos. Nota-se que, com o passar do tempo os enfoques foram mudando, pois como comentam Carrier, Julien e Menvielle (2006, p.45): “as mulheres e os homens, e, portanto entre eles os empreendedores e outros atores econômicos, evoluíram nos últimos 10 ou 20 anos. A sociedade mudou muito e em ritmo variado segundo cada país”. Essa mudança nos papéis tinha sido também constatada em 1989, por Birley, a partir da expansão do número de pequenas empresas por mulheres. Os resultados mostraram um leque de abordagens teóricas e uma sintonia entre as vivências de cada país e cada época em relação a problemas enfrentados pelas mulheres, sendo que muitas medidas parecem terem sido derivadas das pesquisas, como foi o caso do 13     

 

acesso ao financiamento. Esses resultados contrariam as considerações feitas por Gomes, Santana e Araújo (2009, p.1), no sentido que os estudos com empreendedoras “não trouxeram contribuições relevantes para a área e revelam-se frágeis, com predomínio de surveys”. Ao invés disso, esses estudos sinalizam avanços no campo do empreendedorismo por mulheres, como também possibilitaram a identificação de novas perspectivas de pesquisas, que são ainda necessárias para explicação do fenômeno e que foram arroladas nesse ensaio. No entanto, como comentam Carrier, Julien e Menvielle (2006), poucas pesquisas são longitudinais, o que possibilitaria compreender a solução de problemas por empreendedoras, principalmente o avanço em relação a problemas conjunturais ou estruturais. Mas, os estudos mostram que as empresas de mulheres são menores, e o desejo de crescimento é em geral menor. Para Ahl (2004) a pesquisa com mulheres empreendedoras necessita de um novo direcionamento, que inclua mais estudos comparativos, mais fatores contingenciais, construindo epistemologia de como a ordem social constrói e reconstrói gênero. Isso não quer dizer que é necessária uma abordagem do Empreendedorismo para homens e outra para mulheres. Referências AHL, H. The Sicentific Reproduction of Gender Indequality. A discourse analysis of research texts on women’s entrepreneurship. Copenhagen Business Press, 2004. Sweden. ALDRICH, H. E.; CLIFF, J. E. The pervasive effects of family on entrepreneurship: toward a family embeddedness perspective. Journal of Business Venturing, v. 18, n.5, p. 573–596, 2003. BARON, R., SHANE, S. Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo: Thomson, 2007. BATES, Timothy, Restricted Access to markets characterizes women-owned businesses. Journal of Business Venturing, v. 17, n. 4, p. 313-324, jul. 2002. BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa Qualitativa com texto, imagem e som. 7ª ed. Petrópolis: Vozes, 2002. BELCOURT, M. A family portrait of Canada’s Most Successful Female Entrepreneurs. Journal of Business Ethics v.9, n. 4-5, p. 435-438, 1990. BENNETT, R.; SANN, S The Changing Experience of Australian Female Entrepreneurs. Gender. Work and Organization, v. 7, n. 2, p. 75-83, 2000. BIRLEY, S. Female Entrepreneurs: Are they really any different? Journal of Small Business Management, p. 32-38, jan. 1989. BLISS, R.; GARRATT, N. Supporting Women Entrepreneurs in Transitioning Economies. Journal of Small Business Management, v. 39, n. 4, p. 336-344, 2001. Boden Jr., Richard J., e Nucci, Alfred R. On the survival prospects of men’s and women’s new business ventures. Journal of Business Venturing, v. 15, n. 4, p. 347-362, 2000. BUTTNER, H.; MOORE, D. P. Women’s Organizational Exodus to Entrepreneurship: SelfReported Motivations and Correlates with Success. Journal of Small Business Management, v. 35, p. 34-47, jan. 1997. CARRIER, C.; JULIEN, P. A.; MENVIELLE, W. Un regard critique sur l’entrepreneuriat féminin : une synthèse des études des 25 dernières années. Gestion, v. 31, n. 2, p. 36-50, 2006. CARTER, N. M.; WILLIAMS, M.; REYNOLDS, P. D. Discontinuance among new firms in retail: the influence of initial resources, strategy, and gender. Journal of Business Venturing, v. 12, n. 2, p. 125-145, 1997. 14     

 

CARTER, N. M.; ALLEN, K. R., Size determinants of women-owned business: choice or barriers to resources? Entrepreneurship & Regional Development, v. 9, n. 3, p. 211 – 220, jul. 1997. CASSOL, N. K.; SILVEIRA, A.; HOELTGEBAUM, M. Empreendedorismo Feminino: Análise da Produção Científica da Base de Dados do Institute for Scientific Information (ISI), 1997-2006. In: ENANPAD – ENCONTRO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓSGRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 31, 2007, Rio de Janeiro. Anais… Rio de Janeiro: ANPAD, 2007, p. 1-15. 1 CD-ROM. COLLERETTE, P.; AUBRY. P. Socio-Economic Evolution of Women Business Owners in Quebec . Journal of Business Ethics, v. 9, p. 417-422, 1990. CROMIE, S.; HAYES, J. Towards a typology of female entrepreneurs. The Sociological Review, v. 36, n. 1, p.87-113, 1988. DAS, M. Women Entrepreneurs from Southern India: An Exploratory Study. The Journal of Entrepeneurship, v. 8, n. 2, p. 147-163, 1999. DAVIDSSON, P. Researching Entrepreneurship. Springer: Boston/New York/Heidelberg/Dodrecht, 2004. DHALIWAL, S. Silent Contributors: Asian Female Entrepreneurs and Women in Business. Women’s Studies International Forum, v. 21, n. 5, p. 463-474, 1998. FILION, L. J. Vision et relations: clefs du success de l’entrepreneur. Quebec : Les éditions de l’entrepreneur, 1991. GARTNER, W. A conceptual framework for describing the phenomenon of the new ventures creation. Academy of Management Review, v. 10, n. 4, p. 696-706, Oct. 1985. GATEWOOD, E.; CARTER, N.; BRUSH, C.; GREENE, P.; HART, M. Women Entrepreneurs, their ventures, and the venture capital industry. Sweden: ESBRIEntrepreneurship and Small Business Research Institute, 2003. GODWIN, L. N.; STEVENS, C.; BRENNER, N. L. Forced to play by the rules? Theorizing how mixed-sex founding teams benefit women entrepreneurs in male-dominated contexts. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 30, n. 5, p. 623-642, Aug. 2006. GOMES, A. F.; SANTANA, W. G.; ARAÚJO, U. P. Empreendedorismo Feminino: o estadoda-arte. In: ENANPAD – ENCONTRO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓSGRADUAÇÃO EM ADMNISTRAÇÃO, 33. 2009, São Paulo. Anais… São Paulo: ANPAD, 2009, p. 1-16. 1 CD-ROM. GOSSELIN, H. L.; GRISÉ, J. Are Women Owner-Managers Challenging Our definitions of Entrepreneurship? An In-Depth Survey, Journal of Business Ethics, v. 9, p. 423-433, 1990. GUNDRY, L. K.; WELSCH, H. P. The ambitious entrepreneur: high growth strategies of women-owned enterprises. Journal of Business Venturing v. 16 n. 5 p. 453-470, 2001. GREENE, P.; HART, M.; GATEWWOD, E.; Brush, C.; CARTER, N. Women entrepreneurs: moving front and center: an overview of research and Theory. 2003. Disponível em: http://usasbe.org/knowledge/whitepapers/greene2003.pdf acessado em 08/10/2009. GREVE, A.; SALAFF, J. W. Social Networks and Entrepreneurship. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 28, n. 1, p. 1-22, 2003. HAMOUDA, A., HENRY, C.; JHONSTON, K. The role of networking in the creation and Development of women-led businesses: a study of Female entrepreneurs in Ireland. 26th ISBA National Small firms Conference: SMEs in the Knowledge Economy, 2003. Disponível:http://ww2.dkit.ie/var/ezwebin_site/storage/original/application/24272d84f865 f15a1e38257e187f0c48.pdf, acessado em 31/03/2010. HISRICH, R. D.; ÖZTÜRK, S. A. Women entrepreneurs in a developing economy. Journal of Management Development, v.18, n. 2, p. 114-124, 1999. 15     

 

HOLMQUIST, C. The other side of the coin or another coin? – Women’s entrepreneurship as a complement or an alternative? Entrepreneurship & Regional Development, v. 9, n. 3, p. 179-182, 1997. HURLEY, A. E. Incorporating feminist theories into sociological theories of entrepreneurship. Women in Management Review, v. 14, n. 2, p. 54-62, 1999. ILO- International Labour Organization. Globalisation and Gender Briefs Seriares n.3. Commonwealth Secretariat. Small & Medium Enterprise Development. p. 1-6, 2001. Disponível em http://www.thecommonwealth.org, acessado em 08/10/2009. JONES, K. Psychodynamics, gender, and reactionary entrepreneurship in metropolitan Sao Paulo, Brazil. Women in Management Review, v. 15, n. 4, p. 207-217, 2000. JULIEN, P. A. Empreendedorismo Regional. São Paulo: Saraiva, 2010. KLYVER, K.; TERJESEN, S. Entrepreneurial network composition An analysis across venture development stage and gender. Women in Management Review, v. 22, n. 8, p. 682688, 2007. KYRÖ, P.; TYRVÄINEN, P. Woman Entrepreneurship in the Nordic Countries. v. 1/2. Reports from the School of Business and Economics, Universtiy of Jyvaslkya. School of Business and Economics. Numerous 26 e 27, 2002. LERNER, M.; BRUSH, C.; HISRICH, R. Israeli women entrepreneurs: an examination of factors affecting performance. Journal of Business Venturing, v. 12, n. 4, p. 315-339, 1997. LEWIS, P. The Quest for Invisibility: Female Entrepreneurs and the Masculine Norm of Entrepreneurship. Gender, Work and Organizations, v. 13, n. 5, p. 453-468, 2006. LINDO, M. R.; CARDOSO, P. M.; RODRIGUES, M. E.; Wetzel, Ú. Vida pessoal e vida profissional: os desafios de equilíbrio para mulheres empreendedoras do Rio de Janeiro. Revista de Administração Contemporânea RAC-Eletrônica, v.1, n.1, p. 1-15, 2007. LOSCOCCO, R. Women in Small Business, Gender & Society, p. 523- 529, dec. 1991. MACHADO, H. V., ST CYR, L. MIONE. A., ALVES, M. C. M. O processo de criação de empresas por mulheres. RAE eletrônica. v. 2, n. 2, 2003. MACHADO, H. V. Expressão Emocional no Exercício da Atividade Empreendedora por Mulheres. Organização & Sociedade, v. 13, n. 38, p. 59-72, 2006. MACHADO, H. V. (org). Causas de Mortalidade de Pequenas Empresas. Maringá: Eduem, 2008. MACHADO, J. P. et al. Empreendedorismo no Brasil, Curitiba: IBQP, 2010. McCLELLAND, E.; SWAIL, J. M.; BELL, J; IBBOSON, P. Following the pathway of female entrepreneurs. A six-country investigation. International Journal of Entrepreneurial Behaviour & Research. v. 11, n. 2, p. 84-107, 2005. MILWAUKEE, J; ORHAN, M. Women business owners in France: The issue of financing discrimination. Journal of Small Business Management, v. 39, n. 1, p. 95-102, 2001. MING-YEN; T. W.; CHONG, S. C. Theorizing a framework of factors influencing performance of women entrepreneurs in Malaysia. Journal of Asia Entrepreneurship and Sustainability, v. 3, n. 2, sep., 2007. MANOLOVA, T. S. et al.. The differential effect of men and women entrepreneurs' human capital and networking on growth expectancies in Bulgaria. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 31, n. 3, p. 407-426, 2007. MOORE, D.; BUTTNER, H. Women Entrepreneurs moving beyond the Glass Ceiling. London: Sage, 1997. NATIVIDADE, D. R. Empreendedorismo feminino no Brasil: políticas públicas sob análise. Revista de Administração Pública v. 43, n. 1, 2009. NEIDER, L. A preliminary investigation of female entrepreneurs in Florida. Journal of Small Business Management, v. 25, n. 3, p. 22-29, 1987. 16     

 

OECD. Les femmes entrepreneurs à la tête de PME: pour une participation dynamique à la mondialisation et à l’economie fondée sur le savoir. Proceedings. Paris : OECD, 2000. Atelier n. 1. RIDING, A. L.; SWIFT, C. Women Business Owners and terms of credit: some empirical findings of the Canadian experience. Journal of Business Venturing, v. 5, p. 327-340, 1990. ROOMI, M. A.; PARROTT, G. Barriers to Development and Progression of Women Entrepreneurs in Pakistan. Journal of Entrepreneurship, v. 17, v. 5, p. 59–72, 2008. SARASVATHY, S. D. Effectuation Elements of Entrepreneurial Expertise. New Horizons in Entrepreneurship. Northamplton: Edward Elgar, 2008. SHABBIR, A.; GREGORIO, S. D. An examination of the relationship between women’s personal goals and structural factors influencing their decision to start a business: the case of Pakistan. Journal of Business Venturing, v. 11, n. 6, p. 507-529, 1996. SHANE, S. A.; VENKATARAMAN, S. The promise of entrepreneurship as a field of research. Academy of Management Review, v. 25, n. 1, p. 217-226, 2000. SMITH, R. Masculinity, doxa and the instititutionalisation of entrepreneurial identiy in the novel Cityboy. International Journal of Gender and Entrepreneurship, v. 2, n. 1, p.27-48, 2010. SORENSON, R. L. et al. The collaborative network orientation: Achieving business success through collaborative relationships. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 32, n. 4, p. 615-634, 2008. SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES SPM. II Plano Nacional de Políticas para as mulheres. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Brasília, 2008. Versão PDF. Disponível em www.presidencia.gov.br/spmulheres.   Acessado em 08/10/2009.   STILL, L. V.; TIMMS, W. Women's business: the flexible alternative workstyle for women. Women in Management Review, v. 15, n. 5/6, p. 272-283, 2000. TONGE, J. Barriers to networking for women in a UK professional service. Gender in Management: An International Journal, v. 23, n. 7, p.484-505, 2008. VAINIO K. Food, Clothes and Care. Finnish Female Entrepreneurs from 1750 to 2000. University of Turky, Finland. 2001. VERHUEL, I.; THURIK, R. Start-up capital: does gender matter? Small Business Economics, v. 20, n. 4, p. 443-76, 2001. WEEKS, J. R., SEILER, D. Women’s Entrepreneurship in Latin America: An Exploration of Current Knowledge. Inter-American Delevolpment Bank, Washington, D.C. Sustainable Development Department Technical Papers Series. Felipe Herrera Library, Washington, 2001. Disponível em: http:// www.iadb.org/sds/sme. Acessado em 08/10/2009.   WEINBERG, K. What Role does Bargaining Power Play in Participation of Women? A Case Study of Rural Pakistan. Journal of Entrepreneurship, v. 10, n. 2, p. 209-221, 2001. WHARTON, R. F.; BRUNETTO, Y. Women entrepreneurs, opportunity recognition and government-sponsored business networks. Women in Management Review, v. 22, n. 3, p. 187-207, 2007. WILSON, F.; TAGG, S. Social constructionism and personal constructivism. International Journal of Gender and Entrepreneurship, v.2, n.1, p. 68-82, 2010. ZAPALSKA, A. A profile of woman entrepreneurs and enterprises in Poland. Journal of Small Business Management, v.35, n.4, p. 76-82, 1997.  

17     

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.