Multiculturalismo e Sociodiversidade

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNI-BH INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CURSOS DE PEDAGOGIA E HISTÓRIA

PROJETO DE PESQUISA MULTICULTURALISMO E SOCIODIVERSIDADE: TRABALHANDO COM QUESTÕES SOCIAIS EM SALA DE AULA

BELO HORIZONTE 2015

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNI-BH INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA E HISTÓRIA ANDRÉ CAVIOLA ANDREZA OLIVEIRA GUILHERME AMORMINO IGOR SILVA JUSLANE GOMES LUCAS ROMANO MARCOS VINÍCIUS SHELDON MEDEIROS

PROJETO DE PESQUISA MULTICULTURALISMO E SOCIODIVERSIDADE: TRABALHANDO COM QUESTÕES SOCIAIS EM SALA DE AULA

Projeto apresentado como requisito parcial para a aprovação na disciplina Trabalho Interdisciplinar de Graduação II, do 2º módulo do 1º ciclo dos cursos de História e Pedagogia do Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH. Orientador: Professor Luís Filipe Arreguy

BELO HORIZONTE 2015

RESUMO

O artigo em questão tem como objetivo trabalhar com assuntos voltados para o exercício da cidadania, como, por exemplo, religião, política e preconceito. Desenvolvido em parceria da instituição Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) com a Escola Municipal Prefeito Souza Lima, foram convidados alunos do sétimo ano com faixa etária entre onze e doze anos para participarem de uma oficina, respeitando três etapas sólidas do trabalho: os conceitos, as discussões e a criação. Ao final da intervenção, foi elaborada e deixada na escola uma cartilha didática, para que essas questões fossem perpetuadas no ambiente escolar pelos professores e alunos participantes da oficina, tornando-se multiplicadores desta ação.

Palavras-chave:

contemporaneidade,

práticas de ensino, interdisciplinaridade.

multiculturalismo,

sociodiversidade,

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................5

O ENSINO FUNDAMENTAL...............................................................................6

A INSTITUIÇÃO ESCOLAR................................................................................7

A ESCOLA..........................................................................................................9

AS INTERVENÇÕES.........................................................................................12

CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 17

APÊNDICE A: Situações-problema utilizadas no primeiro dia de intervenção..20

ANEXO A: Imagens utilizadas no segundo dia de intervenção........................ 21

ANEXO B: Material produzido no terceiro dia de intervenção.......................... 26

INTRODUÇÃO

A verdade é mutável, é histórica, ela pode ser construída ou desconstruída. Está, na maioria das vezes, ligada ao discurso da classe dominante sobre o que é certo ou errado e, sem uma crítica necessária, sendo acatada pela opinião pública. Dessa forma, acreditamos ser um dos motivos para essa dicotomia em que nos encontramos. Onde o “diferente”, o “outro”, é motivo de uma convivência não harmoniosa e, muitas vezes, uma exclusão social. Dermeval Saviani, no livro Educação Brasileira, irá propor, como papel da filosofia, a mediação entre a ação assistemática e a ação sistematizada. De acordo com o autor, compreende como conhecimento assistemático aquele guiado por “razões implícitas, sem que seja necessário explicitá-las”1, ou seja, decisões tomadas de acordo com seu contexto social, seus valores e suas crenças, a sua filosofia de vida. No que diz respeito ao conhecimento sistemático, suas decisões são tomadas a partir de um filtro filosófico, compreendido por um tripé: problema, reflexão e ação. Por problema, não devemos considerar o sentido negativo da palavra, mas sim, o fato de tratar-se de algo que ainda não sabemos e pretendemos descobrir. Esse descobrimento se dá através da reflexão, que, segundo Demerval Saviani, consiste em “examinar detidamente, prestar atenção, analisar com cuidado”2. Após o ato de refletir partimos para ação e, como não é possível uma reflexão total, esta levantará novamente um problema. Logo, de acordo com o autor, é possível ao homem sistematizar porque ele é capaz de assumir, perante à realidade, uma postura tematizadamente consciente. A condição de possibilidade da atividade sistematizada é, portanto, a consciência refletida. Eis aí o seu fundamento. E o exercício pleno e acabado da consciência refletida, denomina-se filosofia.

Nossa proposta, não consiste que o aluno utilize da filosofia – de forma acadêmica – para discorrer sobre assuntos ordinários. Mas, sim, que, nós, como graduandos em história, possamos apropriar-nos da filosofia para 1

SAVIANI, Dermeval, Educação Brasileira, p. 74.

2

SAVIANI, Dermeval, Educação Brasileira, pp. 75-76.

despertar a reflexão durante o discurso de ódio ou discurso da classe dominante. No qual, a repetição, torna-se meramente um hábito cotidiano. Com base no crescente discurso de ódio e da intolerância em larga escala, foram abordados assuntos voltados para a cidadania, religião, política e preconceito. Buscando um caráter reflexivo durante toda a discussão, o primeiro passo consistiu na elaboração de conceitos. Não conceitos previamente estabelecidos por nós, mas sim, pelos próprios alunos. No qual foram convocados a responderem as seguintes perguntas: O que é cidadania? O que é religião? O que é política? O que é preconceito? Tentando, sempre, manter distância das definições dogmáticas, os assuntos foram trabalhados de forma argumentativa, com base nas convicções que os alunos já possuíam e na desconstrução e construção do discurso, a partir de narrativas e reportagens de diversos meios de comunicação, com o intuito de mostrarmos que há sempre outro ponto de vista, uma possibilidade diferente da anterior, não necessariamente certa ou errada. Portanto, se no estudo das ciências humanas, tudo é cheio de dúvidas e problemas; os pensamentos e as teorias são todas cheias de contradições e questionamentos, então, quando nos deparamos com um sujeito cheio de certezas e verdades, faz-se necessário possuir certa lucidez, que, entre o certo e o errado, existe uma gama de possibilidades. É essa lucidez que tentamos despertar durante todas as etapas deste processo.

O ENSINO FUNDAMENTAL

O ensino fundamental corresponde à segunda etapa da educação básica, sendo compreendido como “a mais complexa, pois abrange três fases da vida: infância (6 a 9 anos), pré-adolescência (10 a 12 anos) e adolescência (12 a 14 anos)”3, conforme afirmado pela autora Rosane Siqueira. Essa fase da educação, também pode ser divida em duas etapas, a primeira, compreendendo os cinco primeiros anos, onde é objetivo do professor:

3

SIQUEIRA, Rosane. Organização da Educação Brasileira, p. 61.

garantir o domínio da leitura, da escrita e dos cálculos básicos da matemática (adição, subtração, multiplicação e divisão), bem como possibilitar o desenvolvimento da reflexão social, cultural, econômica, política do local onde 4 vive.

Enquanto os quatro anos seguinte são destinados à formação dos adolescentes no quesito compreensão do ambiente e o mundo em que vivem. Logo, podemos concluir que, o ensino fundamental é de extrema importância para a formação do aluno como sujeito. Sujeito este, dotado de pensamento crítico e reflexivo, fundamental para a nossa proposta de trabalho. Ao falarmos do ensino de história, surge como eixo temático para o quarto ciclo (7º e 8ºs), a história das representações e das relações de poder; nações, povos, lutas, guerras e revoluções; cidadania e cultura no mundo contemporâneo, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do ensino de história. Dessa forma, faz-se necessário a insistência nas discussões sobre os temas propostos no capítulo anterior, no qual, o aluno está em processo de formação acadêmica e condizente com o seu ciclo escolar atual.

A INSTITUIÇÃO ESCOLAR

A instituição escolar, como as outras instituições da modernidade, passa por uma crise do seu funcionamento e reconhecimento, embora ainda goze de maior prestígio que as demais, como o manicômio, que já não existe, e a prisão, que é duramente atacada. Apesar das dificuldades que a escola atravessa, ainda parece difícil viver numa sociedade onde as escolas não existam, pois, como afirma Durval de Albuquerque5, como é característica das instituições sociais, a escola, quase sempre, nos aparece naturalizada, como se sempre tivesse existido, como se não fosse uma criação social e histórica recente, como se não fosse pensável o seu desaparecimento. Ao mesmo tempo, vozes de todos os lugares da sociedade enunciam a crise da escola e, como também é comum na história das instituições modernas, propõem a sua urgência e necessária reforma.

4 5

SIQUEIRA, Rosane. Organização da Educação Brasileira, p. 61. ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. Por um ensino que deforme: o docente na pós-modernidade, pp. 1-2.

Essa crise deve-se a filosofia adotada pela escola no seu surgimento, pois ela aparece como instituição disciplinadora. Por isso, entende-se que o objetivo da escola estaria atrelado à modelação do sujeito e suas subjetividades, os lugares que ele pode ocupar e sua identidade cultural. A escola idealizada tem como objetivo transmitir para a criança os conhecimentos necessários para que ela deixe a menoridade e alcance a maioridade, tornando-a um adulto cidadão, patriota e senhor de si e do mundo que o cerca. Para alcançar a formação do sujeito, a escola utiliza do panoptismo, que, como descreve Foucault6, é um (...) espaço fechado, recortado, vigiado em todos os seus pontos, onde os indivíduos estão inseridos num lugar fixo, onde os menores movimentos são controlados, onde todos os acontecimentos são registrados, onde um trabalho ininterrupto de escrita liga o centro e a periferia, onde o poder é exercido sem divisão, seguindo uma divisão hierárquica contínua, onde cada indivíduo é constantemente localizado, examinado e distribuído entre os vivos, os doentes e os mortos – isso tudo constitui o modelo compacto do dispositivo disciplinar.

Esse dispositivo disciplinar entra em crise quando os indivíduos dentro das instituições percebem que não são observados, mas passam também a observar a instituição. Como afirma Gilmar José de Toni7, (...) no momento que esse indivíduo sabe como funciona tal aparelho no qual está inserido, passa a utilizar todos os tipos de artifícios e formas de persuasão para atingir seus objetivos e fazer tal aparelho funcionar a seu favor, e a partir disso, parte da sua aprendizagem já não fica mais sob o encargo do sistema de educação escolar, mas o indivíduo se torna autônomo e ao mesmo tempo resistente ao modelo educacional.

Quando o aluno adota essa conduta, ele passa a jogar com a escola. Percebe que o Estado pouco faz para que sua educação seja realmente de qualidade, que a escola não é capaz de oferecer a educação que seria ideal. Percebe também que, apesar do seu baixo rendimento, tudo será feito para que ele seja admitido para as próximas séries. A partir deste momento, o aluno deixa de prestigiar a escola e seus colaboradores.

6 7

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir, p. 163. TONI, Gilmar José. Filosofia e Educação: Aproximações e Convergências, pp. 350-351.

Tendo também em vista que a escola não é mais o centro detentor das informações, o aluno deixa de ter no professor o centro da referência de conhecimento. Os recursos oferecidos pela internet podem facilmente substituir o professor tradicional, que apenas transmite conhecimento para a realização intelectual. Caberia ao professor, então, o papel de mediador entre o aluno e o conhecimento, de tirar o aluno de sua zona de conforto, provocá-lo e colocá-lo em conflitos cognitivos, ou, como propõe Durval de Albuquerque8, (...) precisamos de um professor que deforme e não que forme, um professor que ponha em questão, primeiro em sua própria vida, em suas práticas e discursos os códigos sociais em que foi formado. Professor que pense o ensinar como atividade de auto-transformação, como uma atividade diária de mutação do que considera ser sua subjetividade, sua identidade, seu Eu.

Na leitura de Nietzsche por Jelson Roberto de Oliveira, educar seria “ensinar o além-do-homem, no sentido de promover a criação e a superação de si; é despertar os sentidos para elevação da cultura; é afirmar a tragicidade da vida e preparar para lidar com ela; é educar para o raro, o excepcional e o superior.”9 A escola na pós-modernidade deveria, portanto, ajudar o aluno a se construir enquanto sujeito, dar a ele a oportunidade de criar e se criar, de questionar e se avaliar. Enquanto a escola se manter atrelada à moldes tradicionais enfrentará a crise de seu funcionamento e reconhecimento. A solução seria, portanto, a revisão e reformulação de suas práticas, objetivos, métodos e intenções para se adequar ao sujeito que surge no mundo pós-moderno.

A ESCOLA

A partir das discussões propostas no capítulo anterior e, da inevitável crise do sistema escolar, muitas das vezes relacionadas a um modelo institucional que não acompanha ou não consegue acompanhar a pósmodernidade, trazemos a seguir, um relato elaborado sobre a escola. Onde, 8 9

ALBURQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. Por um ensino que deforme: o docente na pós-modernidade, p. 9. OLIVEIRA, Jelson Roberto de. Filosofia e Educação: Aproximações e Convergências, pp. 259-260.

em um primeiro momento, fomos apenas conversar e, depois, resolvemos observar as aulas e as relações existentes na escola. O local escolhido foi a Escola Municipal Prefeito Souza Lima, possuindo a vice-diretora Dioneia Pereira, como mediadora do espaço, exercendo a comunicação entre nós alunos e a instituição. A escola encontra-se localizada na Rua dos Paraguaios nº97, Vila Maria, Jardim Vitória. A instituição possui uma ótima infraestrutura, com salas de aulas bem organizadas, refeitório, quadra

de

esportes,

biblioteca,

laboratório

de

informática,

sala

de

acompanhamento para alunos com dificuldades escolares e um auditório. Segundo a vice-diretora, o público presente na escola é composto de forma heterogênea, atendendo alunos da parte nobre do bairro e de regiões periféricas. Existem alguns casos pontuais como uso de drogas e bullying. As ações previstas pela Lei 10639/03 (educação sobre questões afro-brasileiras), são exercidas pela própria diretora da instituição, incentivando as mais diversas manifestações culturais, utilizando-se de uma experiência pessoal para passar esse conteúdo para os alunos. Com exceções dos casos pontuais mencionados acima, segundo a vice-diretora, a indisciplina, a intolerância, o preconceito e o uso de drogas não acontecem de forma generalizada. Outro ponto observado é que já foram realizadas algumas atividades na escola por parte de uma funcionária da secretaria. A mesma é estudante do curso de Ciências Biológicas e promoveu debates em torno da higienização pessoal e sexualidade, envolvendo alunos e os respectivos pais. Após esse primeiro momento, em que andamos pela escola e recebemos essas informações da vice-diretora, agendamos visitas com o intuito de observar as aulas, os alunos durante o intervalo e entrevistar alguns funcionários. Conforme observado pelo Marcos Vinícius10 durante uma aula, é presenciado o caso da indisciplina e de ofensas de cunho homofóbico, conforme descrito em seu relato, apesar dos alunos terem idade entre 13 e 14 anos, foram realizados alguns xingamentos bastante ofensivos ao professor de forma paralela. Ofensas homofóbicas eram mais frequentes. A professora vendo a cena de bullying nada fez, não impondo sua autoridade. [...] no caso de um aluno específico que, evidentemente o mais indisciplinado na turma e com grande poder de 10

Integrante do grupo do TIG e aluno do segundo período do curso de História na instituição Centro de Ensino de Belo Horizonte (UNI-BH).

influência, faz frequentemente usos de palavras de baixo calão e sempre causando desconcentração nos outros alunos, agressões físicas e até ameaças com cadeira foram presenciadas. Isso, de forma velada, em tom de brincadeira, no laboratório de informática e, novamente, a professora nada fez.

Diante dessa descrição, podemos constatar que comportamentos inadequados foram corriqueiros durante as observações, impossibilitando até, em alguns momentos, o andamento das aulas. O fato mais surpreendente foi a falta de atitude da professora que, podendo intervir, confrontar os alunos, utilizar diferentes métodos pedagógicos para tratar do assunto, simplesmente deixou passar despercebido. Porém, não podemos creditar essa omissão apenas à figura do professor dentro de sala, já que, muitas vezes têm acontecido agressões por parte dos alunos aos professores, gerando medo ou receio ao docente. Comportamento este, que contribui para o fortalecimento do aluno que comete esses atos. Porém, uma observação realizada durante a mesma visita evidência que, os alunos motivam uns aos outros, podendo, essa motivação, ser utilizada para que os alunos cativem os seus colegas e familiares sobre as questões do nosso tema de trabalho, sendo que muitos não possuem uma opinião formada e, com as nossas reflexões, poderão repensar certas atitudes.

Outra situação presenciada é narrada pelo Lucas Romano11, o qual relata sobre a falta de domínio do professor com os estudantes, em que “alguns alunos apresentam resistência em trocar seus lugares. A professora então sai de sala para chamar a coordenação e grande parte dos alunos levanta e se retira para o pátio antes do intervalo se iniciar”. No entanto, enquanto alguns alunos agem dessa forma “outros são tão aplicados que preferem usar o intervalo para estudar”, conforme relato do Lucas Romano. Compreendendo como uma terceira etapa da visita, conversamos com a vice-diretora e alguns professores e, também, outros funcionários da escola. Como, por exemplo, a responsável pela cantina, pela faxina, a monitora do intervalo e o vigia, por achar que esses cargos não representam para os alunos, o mesmo poder hierárquico que os demais integrantes da escola, como os professores, coordenadores e diretores, mas que, juntamente desses, 11

Integrante do grupo do TIG e aluno do segundo período do curso de História na instituição Centro de Ensino de Belo Horizonte (UNI-BH).

contribuem para o funcionamento do ambiente escolar. Parte dessa experiência é relatada pela Andreza Oliveira12, conversando com diversos funcionários da escola, o que predomina é a dificuldade de aceitação das diferenças entre os alunos. “Eles fazem piadinhas (...) usam forma de insulto”, dizia uma funcionária ao ser questionada. Alguns concordam que a responsabilidade desse preconceito são os adultos que rodeiam esses jovens: “com certeza é pela idade, mas é um trabalho que é feito, é um olhar mais próximo dos alunos mesmo sendo inevitável”, argumenta outro funcionário. Relatam, também, da falta de oportunidades de incentivo à mudança no comportamento, mesmo disponibilizando informativos como banners, cartazes ou suportes de forma visível tratando sobre o assunto. Conforme afirmado por outro funcionário, “eles não conversam sobre isso (...)”. Ou seja, não é um tema abordado com ênfase. Também, talvez, por não conhecimento ou falta de incentivo, é um assunto que não desperta interesse dos alunos. Grande parte dos funcionários questionados alega que os estudantes sofrem várias formas de bullying, principalmente por sobrepeso. Houve também quem dissesse que não existe tanto preconceito por se tratar de “situações basicamente semelhantes” entre os alunos. “o motivo principal é a mistura de culturas”.

Essa primeira experiência, tendo como necessidade traçar um melhor panorama sobre as relações existentes na escola, foi de grande ajuda para executarmos nossas ações. Como todo ambiente formado por sujeitos, as divergências estão presentes. Como propósito do nosso trabalho não procuramos o respeito pautado na semelhança, mas sim, na diferença existente entre os seres humanos. Fazendo-se respeitar pelo o que é, pelo que acredita e, pelo o que o diferencia dos demais, sendo característica fundamental da relação entre indivíduos.

AS INTERVENÇÕES

Após as visitas realizadas, os relatos obtidos por parte da vice-diretora Dioneira Pereira e as observações realizas pelo grupo, resolvemos realizar nossa atividade. A oficina, recebendo o mesmo nome do título do trabalho, Trabalhando Com Questões Sociais Em Sala de Aula, foi dividida em três fases realizadas em dias diferentes e mantendo um intervalo de dois a quatro dias entre eles. 12

Integrante do grupo do TIG e aluno do segundo período do curso de História na instituição Centro de Ensino de Belo Horizonte (UNI-BH).

Os alunos escolhidos foram os do sétimo ano do ensino fundamental, com idades entre onze e doze anos. O objetivo disso era que, entre as intervenções os alunos tivessem tempo de conversar com seus familiares ou entre eles e levantar questões em salas de aula. Nossa atividade ocorreu através de uma conversa com os alunos, sendo levantados fatos comuns a todos – notícias dos variados meios de comunicação – e ouvindo os posicionamentos dos mesmos. Nossa intenção não era levar o conhecimento até eles, mas sim, construirmos de forma articulada e causar uma reflexão sobre os acontecimentos, tentando relacionar com o cotidiano existente na escola e no bairro, já que os alunos moram nas proximidades. No primeiro dia, levamos anotado em uma série de papéis que foram distribuídos entre os alunos selecionados, várias situações que exigiam um posicionamento. Por exemplo, “o que você faria caso descobrisse que um amigo ou parente próximo se revelasse homossexual?”, ou, então, “ o que você faria se entrasse na escola um colega praticante de candomblé ou umbanda?”. Alguns responderam à primeira pergunta falando que deixariam de ter algum tipo de amizade com a pessoa por medo de ser taxada também como homossexual e, no segundo questionamento, alguns falaram que não teria a menor importância, enquanto alguns outros afirmaram que manteria distância, pois pessoas praticantes dessas religiões praticam o mau. Importante observar que todos os comentários e posicionamentos, em relação às perguntas, ocorreram mediante risos e brincadeiras. A partir das respostas elaboradas pelos alunos, trabalhamos com a questão do “diferente”, que, por vivermos em um país reconhecidamente diversificado, não poderíamos exigir a homogeneidade de opiniões, de gostos ou opções de todos. E, que o tom de pele, não era fator determinante para minimiza-lo, que esse discurso não passava de uma “invenção”, ou seja, uma criação social para justificar a escravidão existente no Brasil. Ao longo de todo o

primeiro

dia,

através

das

situações-problemas,

trabalhamos

na

desconstrução da opinião deles, mostrando a importância de possuírem fundamentos de acordo com suas respostas já que, muitos respondiam, mas não sabiam justificar o motivo.

No terceiro dia, levamos onze imagens extraídas dos meios de comunicação, relatando casos de abusos, agressões, maus tratos e morte, derivados da não aceitação de determinada etnia, opção religiosa, opção sexual, violência na escola, violência no futebol, racismo e preconceito contra a mulher. As imagens foram impressas em folha A3, onde foram passadas, uma por uma aos alunos, enquanto eram questionados sobre o que se tratava certa imagem. Após os questionamentos e os posicionamentos dos alunos, a notícia de jornal era lida e o acontecimento era trabalhado. Dentre os fatos escolhidos, os que merecem destaque, foram os seguintes: “Após sair de culto de candomblé, menina de 11 anos leva pedrada no Rio”13; “Briga entre torcidas organizadas cancela festa do Cruzeiro”14; “Aluno de 16 anos agride professora com socos e golpes de caneta em Sergipe”15; “Menina sofre bullying e apanha na saída da escola em Piracicaba, SP” 16; “Mulher espancada após boatos em rede social morre em Guarujá, SP”17; “Bolsonaro chama refugiados de escória do mundo”18; “Mãe denuncia racismo contra filha de 4 anos, aluna é xingada de ‘preta horrorosa’” 19; “Família de criança encontrada morta na praia tentava ir para o Canadá”20. Cada assunto relatado nas variadas notícias, serviram como base para as discussões. No caso da menina agredida ao sair do culto de candomblé, foram trabalhadas as questões das matrizes religiosas do Brasil e do sincretismo religioso envolvendo as religiões afro-brasileiras. Quando falamos sobre violência no futebol, foram levantados questões de intolerância, de que, a paixão pelo time era maior que o respeito ao outro. Sobre a mulher espancada no Guarujá, questionamos o fato das pessoas agirem sem pensar, sem questionar-se, dando margem para atitudes agressivas e impensáveis, além dos conceitos de misoginia e feminicídio. Ao falar sobre a menina que sofreu

13

Notícia retirada do site http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1642819-apos-sair-de-culto-de-candomblemenina-de-11-anos-leva-pedrada-no-rio.shtml 14 Notícia retirada do site http://www.otempo.com.br/cidades/briga-entre-torcidas-organizadas-cancela-festa-docruzeiro-1.754322 15 Notícia retirada do site http://educacao.uol.com.br/noticias/2015/07/03/aluno-de-16-anos-agride-professora-comsocos-e-golpes-de-caneta-em-sergipe.htm 16 Notícia retirada do site http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2013/09/menina-sofre-bullying-e-apanha-nasaida-da-escola-em-piracicaba-sp.html 17 Notícia retirada do site http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-boatos-emrede-social-morre-em-guaruja-sp.html 18 Notícia retirada do site http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/bolsonaro-chama-refugiados-de-escoria-do-mundo 19 Notícia retirada do site http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/07/20/interna_gerais,307109/mae-denunciaracismo-contra-filha-de-4-anos-aluna-e-xingada-de-preta-horrorosa.shtml 20 Notícia retirada do site http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/familia-de-crianca-encontrada-morta-na-praiatentava-ir-para-o-canada.html

bullyng na escola e apanhou na saída e da criança que foi chamada de “preta horrorosa” procuramos extrair e investigar sobre situações parecidas que aconteciam na escola. E, sobre a fala do Bolsonaro e o menino Aylam encontrado morto na praia, falamos da crise de imigração, motivada pelos constantes conflitos existentes no Oriente, pautados nas guerras civis, palcos para movimentos insurgentes de cunho radical, como o Estado Islâmico. A cada assunto proposto, conceito debatido, tentava-se utilizar da ação sistematizada proposta por Demerval Saviani, no qual, deveríamos levantar um problema, onde esse levaria a uma reflexão e, após isso, uma ação. Mostrando para as crianças que, caso isso fosse realizado, a ação final seria menos danosa. Que, a cada situação, deveríamos nos perguntar o porquê isso ocorre e o porquê tomar determinada atitude. Se, antes de agir, fossem utilizados da reflexão, desfechos diferentes teriam ocorrido. No

terceiro

dia,

recapitulamos

todos

os

assuntos

abordados,

conversamos um pouco mais, buscamos extrair deles se, após os dois dias anteriores, eles tinham presenciado certas situações e, caso tivessem presenciado, agiriam diferente. Alguns foram resistentes e fiéis às suas convicções, alegando que, para ele, nada mudou, outros – a grande maioria – responderam positivamente aos estímulos. Por fim,

propusemos que

produzissem algo; um texto, um desenho, uma composição, deixamo-los livres para decidirem o que produzir baseado nas experiências anteriores. O retorno do terceiro dia foi gratificante e produtivo, desenharam situações envolvendo a diversidade de cor, a igualdade entre homens e mulheres e, o mais surpreendente, uma garota escreveu uma experiência de bullyng que sofria por causa do cabelo cresço e leu perante toda a sala, afirmando que a oficia contribuiu para que a mesma superasse isso e não enxergasse como um fato negativo possuir cabelo crespo e, de algumas outras crianças, serem anelados ou lisos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como proposta estabelecida pelo TIG, professor na contemporaneidade, faz-se presente o desafio que é exercer a profissão docente na pósmodernidade. Intensificado, cada vez mais, pela crise da instituição escolar, em

que os alunos, cientes das falhas existentes e da não necessidade da figura do professor, estão tornando-se mais autônomos e independentes da escola. A partir dessa reflexão, surge a necessidade cada vez maior da criação de estratégias para serem colocadas em práticas. Alterando o lugar do aluno de espectador para interlocutor, no qual o conhecimento é construído de forma conjunta e não apenas pela transmissão do docente, divide-se a responsabilidade por esse processo. Fora o fato dos alunos

perceberem-se

responsabilidade

pelo

mais

ativos,

aprendizado.

desenvolvem Além

do

uma

carga

dessa

compartilhamento

dessa

responsabilidade, surge como estratégia, relacionar fatos corriqueiros, como as notícias presentes nas grandes mídias, utilizadas na oficina. Após as intervenções, procuramos ouvir da escola se, os assuntos trabalhados, foram perpetuados no seu interior, durante as aulas ou em diálogos com os funcionários. Após esse questionamento, a escola afirmou que sim, os alunos além de demonstrar um maior interesse e, de certa forma, ter inibido o comportamento agressivo em relação ao outro, elogiaram as práticas adotadas por serem mais dinâmicas e descontraídas. Motivados por esses resultados, elaboramos em conjunto com o trabalho, uma cartilha educativa que, como objetivo principal, está o de fornecer fundamentos para esses assuntos serem trabalhos. A mesma encontra-se dividida em três capítulos, sendo eles: Política, Intolerância e Preconceito e Africanidade e Cultura Indígena. No que diz respeito ao primeiro capítulo, Política, é trabalhado os conceitos de o que é política e o que é ser político, não no fato de exercer uma atividade, mas de agir de forma política. Após isso, é dissertado sobre a praticidade da política como interação entre indivíduos com diferentes interesses pessoais. Em seguida, o funcionamento do sistema político, no caso do Brasil a república democrática. E, por fim, a opinião pública, sobre como as pessoas são influenciadas pela grande mídia quando não realizam o filtro filosófico que propomos durante todo o trabalho. No segundo capítulo, Intolerância e Preconceito, é trabalhado a aversão ao diferente, no qual o preconceito surge quando padrões idealizados pela sociedade não são correspondidos. Que, para justificar e extinguir o diferente

cria-se o hábito de recriminar. Após isso, são denunciadas as diversas formas de preconceito, acompanhadas de texto explicando como acontecem. No último capítulo, Africanidade e Cultura Indígena, é trabalhado a heterogeneidade da população brasileira, ou seja, a não existência de um estereótipo físico ou cultural do que seria o brasileiro, mas sim, um conjunto de estereótipos variados que se expressam em diversas formas através da música, da arte, da dança, da culinária e de certos hábitos, sempre variando de acordo com cada região e/ou classe social presente no país. Em seguida, é trabalhado a herança das matrizes culturais desses povos para a composição da cultura e manifestações existentes nos dias atuais, como por exemplo, a língua, a geografia, a agricultura, a dança, a música, a religião, as artes, dentre outros. Em todo o material, mantém-se presente várias figuras ilustrando sobre o que é narrado e, ao fim de cada capítulo, indicativos de vídeos de fácil acesso – presentes na internet – e locais para serem visitados. Como afirmado anteriormente, este material tem como objetivo fundamentar o trabalho do professor. No qual, concentrado em três capítulos, traz assuntos pertinentes aos dias atuais e, a nossa dissertação de TIG, comprovando o método empregado e o desfecho alcançado nesta proposta. Como considerações finais, fica o desejo e a satisfação de poder ter contribuído para o processo de aprendizagem, encontrando na atividade docente cada vez mais a necessidade de aliar a atividade de educador com a de pesquisador. Sendo, esta última, fundamental para a manutenção de um bom profissional que irá despertar o interesse do aluno, a vontade de aprender, o desafio que é o mundo acadêmico, no ambiente escolar e na graduação, e, as infinitas oportunidades que uma boa formação lhe propiciará.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. Por um ensino que deforme: o docente na pósmodernidade. In: Áurea da Paz Pinheiro e Sandra C. A. Pelegrini. (Org.). Tempo, Memória e Patrimônio Cultural. 1 ed. Teresina: EDUFPI, 2010, v. 1, p. 55- 72. Texto disponível no site: http://www.cchla.ufrn.br/ppgh/docentes/durval/artigos/por_um_ensino_que_deforme.pdf

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DAMATTA, Roberto. (1986). O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. 33 ed. Petrópolis. VOZES, 2007.

HALL, Stuart. (2014). A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro. Lamparina.

OLIVEIRA, Luiz Fernandes de. Concepções docentes sobre as relações étnico-raciais em educação e a lei 10.639. In: 30º Reunião anual da ANPED, 2007, Caxambu. 30º Reunião anual da ANPED: ANPEd: 30 ANOS DE PESQUISA E COMPROMISSO SOCIAL, 2007. Disponível em http://30reuniao.anped.org.br/trabalhos/GT04-3068--Int.pdf.

OLIVEIRA, Jelson Roberto. Filosofia e Educação: Aproximações e Convergências. In: Paulo Eduardo de Oliveira (Org.). Curitiba. CÍRCULO DE ESTUDOS BANDEIRANTES, 2012.

SAVIANI, Dermeval. Educação Brasileira. Campinas. AUTORES ASSOCIADOS, 1996.

SIQUEIRA, Rosane. Organização da Educação Brasileira. Belo Horizonte. GRUPO ÃNIMA EDUCAÇÃO, 2015.

TONI, Gilmar José. Filosofia e Educação: Aproximações e Convergências. In: Paulo Eduardo de Oliveira (Org.). Curitiba. CÍRCULO DE ESTUDOS BANDEIRANTES, 2012.

APÊNDICE A: Situações-problema utilizadas no primeiro dia de intervenção

1. O que você faria caso descobrisse que um amigo ou parente próximo se revelasse homossexual? 2. O que você faria caso fosse retirado de um local em razão de sua etnia/cor? 3. O que você faria se entrasse na escola um colega praticante de candomblé ou umbanda? 4. O que você faria caso fosse discriminado em razão de sua religião? 5. Qual seria sua reação caso um colega agredisse verbalmente um professor? 6. O que você faria caso um professor agredisse verbalmente um colega? 7. O que você faria caso fosse agredido verbalmente por um professor? 8. O que você faria se fosse agredido verbalmente por um colega? 9. Você concorda com agressões em razão de convicções religiosas? 10. O que você acha dos estrangeiros refugiados no Brasil? 11. Você concorda com a ação dos “justiceiros”? 12. O que você acha da discriminação em razão de tribo cultural? 13. O que você pensa sobre o papel e lugar da mulher na sociedade?

ANEXO A: Imagens utilizadas no segundo dia de intervenção

Reportagem: Após sair de culto de candomblé, menina de 11 anos leva pedrada no Rio. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1642819-apos-sair-de-culto-decandomble-menina-de-11-anos-leva-pedrada-no-rio.shtml

Reportagem: Briga entre torcidas organizadas cancela festa do Cruzeiro. Fonte: http://www.otempo.com.br/cidades/briga-entre-torcidas-organizadas-cancela-festado-cruzeiro-1.754322

Reportagem: Aluno de 16 anos agride professora com socos e golpes de caneta em Sergipe. Fonte: http://educacao.uol.com.br/noticias/2015/07/03/aluno-de-16-anos-agride-professoracom-socos-e-golpes-de-caneta-em-sergipe.htm

Reportagem: Alunos protestam contra direção e destroem escola em GO Fonte: http://g1.globo.com/goias/noticia/2015/04/alunos-protestam-contra-direcao-edestroem-escola-em-go-veja-video.html

Reportagem: Mulher sofre bullying e apanha na saída da escola em Piracicaba, SP. Fonte: http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2013/09/menina-sofre-bullying-eapanha-na-saida-da-escola-em-piracicaba-sp.html

Reportagem: Adolescente é espancado e preso nu a poste no Flamengo, no Rio. , Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/02/adolescente-e-espancado-e-presonu-poste-no-flamengo-no-rio.html

Reportagem: Fã de Criolo e corrida, professor linchado quer limpar nome. Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/07/fa-de-criolo-e-corrida-

professor-linchado-quer-limpar-nome.html

Reportagem: Mulher espancada após boatos em rede social morre no Guarujá, SP. Fonte: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-aposboatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html

Reportagem: Bolsonaro chama refugiados de escória do mundo. Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/bolsonaro-chama-refugiados-de-escoria-domundo

Reportagem: Mãe denuncia racismo contra filha de 4 anos; aluna é chamada de “preta horrorosa”. Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/07/20/interna_gerais,307109/maedenuncia-racismo-contra-filha-de-4-anos-aluna-e-xingada-de-preta-horrorosa.shtml

Reportagem: Família de criança encontrada morta tentava ir para o Canadá. Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/familia-de-crianca-encontrada-morta-napraia-tentava-ir-para-o-canada.html

ANEXO B: Material produzido no terceiro dia de intervenção

Desenho realizado pelo aluno Guilherme do sétimo ano da E.M. Prefeito Souza Lima.

Desenho realizado pela aluna Jéssica do sétimo ano da E.M. Prefeito Souza Lima.

Desenho realizado pela aluna Jocélia da E.M. Prefeito Souza Lima.

Desenho realizado pelo aluno Jonatas da E.M. Prefeito Souza Lima.

Texto realizado pela aluna Juliana da E.M. Prefeito Souza Lima.

Desenho realizado pelo aluno Marcos da E.M. Prefeito Souza Lima.

Desenho realizado pelo aluno Thiago da E.M. Prefeito Souza Lima.

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