Multilateralismo e Bilateralismo: os padrões estratégicos das relações entre o Brasil e a Rússia

July 12, 2017 | Autor: Cristina Pecequilo | Categoria: Russia, Brazilian Foreign policy, Política Externa Brasileira
Share Embed


Descrição do Produto

Multilateralismo e bilateralismo: Os padrões estratégicos das Relações entre o Brasil e a Rússia Cristina Soreanu Pecequilo Alessandra Aparecida Luque A disseminação da crise econômica e financeira dos Estados Unidos (EUA) em 2008 mostrou significativas tendências políticas, sociais e econômicas de mudança no equilíbrio de poder mundial. O declínio das tradicionais potências ocidentais mais afetadas pela crise, tais como os EUA e a União Europeia (UE) e também a estagnação do Japão lançou um olhar diferenciado sobre as fundações de um novo eixo de poder simbolizado pelas nações emergentes: China, Índia, Brasil, Rússia e África do Sul. A profundidade da crise e a necessidade de soluções que dependiam de uma agenda norte-sul de cooperação revelaram o envelhecimento das organizações internacionais governamentais (OIG) financeiras e de comércio tradicionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. As estruturas vigentes de formulação de políticas e tomada de decisões demonstraram-se datadas devido a uma distribuição insuficiente de poder entre seus membros. Outras OIGs, tais como a ONU, em especial seu Conselho de Segurança, e o G8 também eram menos representativas. Ao mesmo tempo, alianças alternativas ligadas a esses novos centros de poder, como ambos os G20 (o de comércio e o financeiro), estavam ganhando terreno significativo como fóruns de debate, incluindo nações desenvolvidas, países emergentes e países de menor desenvolvimento (PMDR). Ao passo que esses desequilíbrios estruturais tendiam a ser resolvidos no passado por meio de guerras, desde o final da Guerra Fria, em 1989, há razoável consenso acerca de se poder chegar a ajustes pacificamente. A defesa de uma reforma abrangente das OIGs e do sistema multilateral representa essa visão. Nações emergentes como o Brasil e a Índia não desejam confrontar a ONU, mas sim atualizá-la, estendendo essa mesma lógica ao FMI, ao Banco Mundial e à Organização Mundial de Comércio (OMC). Para enfrentar a inércia destas mudanças, essas nações enfatizaram seus próprios arranjos multilaterais e trocas diplomáticas no final da primeira década do século XXI. Essas alianças de geometria variável são ainda pressionadas por muitas questões relacionadas à vulnerabilidade social, política e econômica das nações emergentes. Outro elemento singular que afeta as perspectivas de qualquer parceria é o peso dos EUA em cada uma das políticas externas e as particularidades das realidades regionais e globais que afetam suas

agendas.. Hoje definidas como nações emergentes, ou o novo Segundo Mundo,1ou ainda BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China; expressão cunhada por Jim O’Neill, da Goldman Sachs), na década de 1970 esses países eram também definidos como nações em desenvolvimento, potências médias, Estados periféricos, Terceiro Mundo, o Sul, e enfrentavam oscilações em suas políticas internacionais e internas. No caso dos BRIC, desde 2011, tornaram-se BRICS, com a inclusão da África do Sul no grupo das nações emergentes mais relevantes. Paradoxalmente, todos estes elementos indicam a possibilidade de cooperação e afastamento entre as nações emergentes em suas coalizões. Assim, o objetivo deste capítulo é examinar as perspectivas de uma parceria estratégica específica entre as nações emergentes: as relações bilaterais Brasil-Rússia, tentando entender seus padrões em vista de seu passado recente, da natureza diversa de suas sociedades e do cenário mundial. Comparada a outras parcerias estratégicas na história da política externa brasileira, a opção russa é nova. A melhora dessas relações representa um desafio para ambas as nações, seja na arena bilateral, na multilateral, na regional ou na global, que também as relacionam com outras nações emergentes, tais como a Índia e a China, suas demais alianças de geometria variável e seus contatos com os EUA.

Caminhos diferentes e distantes (1917/1989) A relações diplomáticas entre o Brasil e a Rússia foram estabelecidas em 18282 e desde então mostraram-se relativamente estáveis e distantes devido ao distanciamento geográfico, a diferenças culturais e opções políticas ao longo desse curso. Todavia, essas relações “tem se mostrado livre de conflituosidade ou mesmo de contradições insolúveis” (Vizentini, 2009:79), o que ajudou a manter o respeito mútuo. Ambos os países sempre compartilharam uma característica geopolítica comum: a de nações grandes e relevantes, potências significativas em sua esfera de influência (Guimarães, 2005). Ao longo do século XX, passando pela Guerra Fria e logo após sua conclusão, as relações bilaterais do Brasil com a União Soviética (URSS), Rússia após 1991, mostraram padrões de distanciamento. De 1917 a 1989, os contatos diplomáticos ou eram caracterizados pela ruptura (de 1917 a 1945 e de 1947 a 1959) ou pela renovação (de 1959 a 1961 e de 1964 em diante)

1

O Primeiro Mundo continua sendo o desenvolvido (o “Norte”); o Terceiro, as nações mais pobres do Sul (PMDR) e o Segundo Mundo é composto das nações emergentes: China, Rússia, Índia, Brasil e África do Sul (Khanna, 2008). 2 Para um relato mais detalhado ver Zhebit (ZHEBITa, 2009).

devido às identidades ideológicas diferentes de regimes (socialismo e capitalismo). O Brasil e a Rússia enfrentavam realidades de potência distintas: de 1947 a 1989, a antiga URSS era definida como uma superpotência, líder do bloco oriental e do Segundo Mundo comunista; o Brasil era uma nação em desenvolvimento, parte do Sul e do Terceiro Mundo. Na análise de Vizentini (1998) essas circunstâncias ofereciam um escopo limitado para as relações com a URSS e também com o bloco oriental, as quais se caracterizavam principalmente pela busca e abertura de novos mercados de comércio para os produtos brasileiros. Ainda que alguma influência política pudesse ser observada em relação ao apoio ao processo de descolonização do eixo Sul-Leste de cooperação (acrescido ao Sul-Sul e à divisão Norte-Sul e Leste-Oeste) durante o período da PEI (Política Externa Independente) de 1961 a 1964, que representou um salto rumo a um papel global no sistema e suas organizações multilaterais, o foco da relação permanecia sendo o econômico. Nunca o Brasil deixou de ser, nem mesmo com sua crescente posição autônoma, um país que se define como uma “nação do Bloco Ocidental”, sendo parte do Terceiro Mundo, mas não do Movimento dos Países Não Alinhados (MNA). Essa tendência foi aprofundada pelo regime militar (1964/1985), que percebia a opção ao leste como restrita ao comércio, para ajudar o Brasil a atingir o objetivo de tornar-se uma Potência Média, distanciando-se da agenda socialista de seus parceiros comerciais. A relação caracterizava-se por uma agenda política de baixo perfil e uma parceria econômica centrada em commodities, com alguns acordos tecnológicos. Alguns autores sugerem que essa situação começou a mudar durante a década de 1980, mesmo antes do fim da Guerra Fria em 1989, quando os países passaram por um processo de transição em seus regimes políticos e econômicos. A partir de 1985, Lytton Guimarães (2000) e Bacigalupo (2000) mencionam a existência de caminhos semelhantes de reforma: no Brasil, a democratização da Nova República com José Sarney, findando o regime militar e buscando uma agenda diferente de política externa que mostrava padrões ambíguos de autonomia e retorno ao bilateralismo, e, na URSS, a agenda da Perestroika (reestruturação econômica), Glasnost (transparência política) e o Novo Pensamento (reaproximação com o Ocidente) de Mikhail Gorbachev. Houve um ligeiro aumento do comércio bilateral e estudos sobre possíveis canais de cooperação tecnológica, que era vista como uma oportunidade para aprofundar os contatos políticos que levariam a um novo padrão de mudanças.

Após 1989, essas tendências foram identificadas como parte da universalização do liberalismo político e econômico (“fim da história”). A agenda do Consenso de Washington e seu conteúdo neoliberal – que definia como prioridades a privatização, a desregulamentação, cortes no estado de bem-estar social, abertura de mercados – foi adotada, assim como a ideia das “regras do jogo” da democracia, representadas pela modernização e atualização das políticas que as uniria, acrescentando-se a isso a ideia de ser significativo o reordenamento pós-Guerra Fria e suas OIGs. Contudo, as relações bilaterais Brasil-Rússia não sofreram mudanças significativas e nem tampouco as alianças multilaterais. A busca por relações mais estreitas com o Ocidente e os EUA era uma das principais razões que poderiam explicar isso, além da crise interna e da vulnerabilidade que levou a essa escolha. O objetivo de ambas as agendas não era a busca por alternativas, o que poderia ter levado a uma relação diferente, mas sim a definição do alinhamento em relação aos EUA e ao Ocidente (o Norte). A lógica dessa escolha era a de que os países que seguissem essas reformas ganhariam benefícios do Norte, tais como empréstimos, auxílio tecnológico, reconhecimento político e acesso a mercados. Para o Brasil, isso representava o retorno à política tradicional de alinhamento com os EUA que prevaleceu de 1902 a 1961, conhecido como eixo bilateral de suas Relações Internacionais (Pecequilo, 2008), abandonando a visão global multilateral. No caso da URSS a ruptura era mais significativa: a ideia de alinhar-se com os EUA veio logo após a Guerra Fria, quando os países foram definidos como superpotências e se confrontaram pelo controle da política mundial. Se o Brasil estava voltando ao passado, a URSS o estava abandonando de forma radical, inclusive suas raízes ligadas à Revolução Russa de 1917, para entrar em cena como um novo Estado capitalista.

Um caminho comum de crise e reforma (1989/2002) Durante a década de 1990, ambas as nações, assim como diversas outras nas Américas, na África e na Europa Oriental, adotaram as prescrições ditadas pelo Consenso de Washington. Os pilares da reforma política e econômica foram implementados sem muito questionamento. Para ambas as nações, isto aprofundava seu distanciamento. Além disso, o Brasil e a URSS sofriam importantes pressões em suas políticas internas que levou “a um claro enfraquecimento de relações na segunda metade de 1991” (Vizentini, 2009:74).

No Brasil, Fernando Collor foi eleito pelo voto popular em 1989. Sua agenda centrava-se na modernização e na estabilização da economia, que estava enfrentando sérios desafios devido à hiperinflação e à estagnação. Collor também prometera liderar o Brasil rumo ao Primeiro Mundo, devido ao fortalecimento de laços com os EUA. A política externa era caracterizada pelo baixo perfil e pelo alinhamento com o Norte. Seu governo teve vida curta, já que, após chegar ao poder em 1990, o Presidente eleito sofreu impeachment em 1992 devido a acusações de corrupção, isolamento e políticas econômicas fracassadas. O único legado positivo foi a criação do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) com a Argentina, o Paraguai e o Uruguai. Embora em suas origens o MERCOSUL pudesse ser visto como um produto da integração neoliberal com os EUA, que propunham seus blocos (como o Acordo de Livre Comércio Norte-Americano, NAFTA e a Iniciativa para as Américas), suas bases ligavam-se com uma visão autônoma da integração sul-americana que cresceu depois que Collor saiu do poder. À frente do governo, Itamar Franco (1992/1994), antes Vice-Presidente, tentou recuperar as relações internacionais multilaterais e globais do Brasil, trabalhando para o crescimento do MERCOSUL e propondo a criação de uma Área de Livre Comércio Sul-Americana (ALCSA). O governo tentou reativar suas relações com as nações “baleia”. Incluíam-se nessa categoria aquelas definidas como polos regionais e potências continentais, principalmente no Terceiro Mundo, tais como a Índia, a China e a Rússia. Havia a tentativa de reconquistar influência em instituições multilaterais após as concessões de Collor na Rodada Uruguai do Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT) e apresentar o pedido brasileiro por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSONU). O alcance dessas iniciativas, contudo, foi limitado, por dois motivos: a crise econômica vigente, da qual o país apenas começava a erguer-se após o “Plano Real”, plano de estabilização implementado por Fernando Henrique Cardoso (FHC) no Ministério da Economia em 1994, e a ausência de alternativas reais fora do escopo da América do Sul. Cardoso seria eleito presidente em 1994, prosseguindo, com dois mandatos, até 2002. A agenda de FHC (1995/2002) relacionava-se mais de perto com a de Collor do que com a de Itamar, seguindo os conceitos de alinhamento. Porém, o estilo tático e a personalidade de Collor e Cardoso eram diferentes. Cardoso é um intelectual e durante o governo de Itamar esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores e, posteriormente, no Ministério da Economia, no qual implementou, como já visto, o Plano Real. O alinhamento era pragmático e visto como uma maneira de comprovar o valor, o bom comportamento e a boa vontade do Brasil em fazer parte

dos regimes e das OIGs “de forma responsável”. Uma vez que se estabeleceu esse padrão, o Brasil seria reconhecido como uma significativa potência e parceiro regional e atingiria seus principais objetivos, tais como o assento permanente no CSONU e um sistema de comércio justo na OMC. O MERCOSUL era visto como parte desse projeto. O alcance da estabilidade econômica e política era uma das conquistas do governo de Cardoso, o que levou a sua reeleição em 1998. Logo após esta reeleição, diante da crise interna e à falta de benefícios do Norte se seguiriam alguns ajustes nessa posição. De 1995 a 1999, não se dava prioridade às relações com a Rússia, a China ou a Índia, com ênfase no eixo Norte-Sul. Em comparação com a Rússia, o caminho brasileiro de crise e reforma seria relativamente fácil. Na condição de nação capitalista em desenvolvimento, o Brasil sofria com os desafios comuns e os desequilíbrios aos quais se acostumara em sua história. Por outro lado, a antiga superpotência foi derrotada na Guerra Fria e sofreu o completo desmantelamento das estruturas políticas e econômicas da URSS. A “nova” Rússia que emergiu em Dezembro de 1991 não era o resultado de uma escolha de seus líderes, como Gorbachev, que sofreu um golpe militar em agosto de 1991, e foi sucedido por Boris Ieltsin (1991/1998), que foi eleito posteriormente, mas produto de uma crise interna profunda que levou à queda do império soviético. O desmembramento da URSS seria definido pelo Presidente Vladimir Putin (1999/2008) em 2007 como “a maior tragédia geopolítica do século XX” (PUTIN, 2007). A Rússia nascia em um contexto de enfraquecimento e pressão por uma transição rápida de uma economia socialista centralizada para um capitalismo de mercado em seu ápice: o neoliberalismo. Ieltsin e sua equipe econômica optaram pela terapia de choque, vendendo a maior parte dos bens do Estado para a iniciativa privada, controlada por jovens russos com ligações com o Ocidente, que seriam chamados de oligarcas. O principal setor da economia russa, as exportações de gás e petróleo eram controladas por esses oligarcas, que não pagavam impostos. O Estado russo desmantelou-se, observando-se a degradação das Forças Armadas, dos sistemas de bemestar social e educacional da antiga União Soviética. Combinados, esses processos aumentaram a vulnerabilidade da nação. O crime e a corrupção disseminaram-se e os padrões de vida caíram progressivamente, levando ao desemprego, hiperinflação, alcoolismo, migrações, pobreza e a um declínio demográfico. Deu-se à crise econômica, política e social o nome de Catastroika, em alusão à antiga Perestroika.

A política externa de Ieltsin alinhava-se com o Ocidente, em particular com os EUA. A nova Comunidade dos Estados Independentes (CEI) que supostamente ligaria a Rússia às antigas Repúblicas Soviéticas em uma estrutura de cooperação era tão-somente uma parceria frouxa entre Moscou e outros Estados, como Ucrânia e Belarus, e os da Ásia Central, que também estavam buscando laços privilegiados com o Ocidente. As nações bálticas, por sua vez, não estavam interessadas em manter-se sob a esfera de influência de Moscou e, assim como muitas nações da Europa Oriental, estavam buscando uma parceria com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e com a União Europeia (UE). Para o Ocidente, essa situação era particularmente interessante, e sua atenção estava voltada para os recursos naturais da porção central da Ásia, o gás e o petróleo, fazendo avançar a presença de empresas na região a fim de controlar essas matérias-primas sem ter de lidar com Moscou. Assim como na agenda do Brasil, não havia nenhum interesse em particular nas ações da Rússia em buscar alternativas, a despeito de avaliações positivas como a apresentada por Rego Barros: “A Rússia e o Brasil, por suas dimensões, tem todas as condições de desempenhar um papel relevante no cenário mundial, o que a Rússia já faz, mas também de se tornarem parceiros e colaboradores na construção de uma nova ordem internacional e para o exercício positivo de sua cooperação bilateral”. (1994:117). As relações bilaterais mostravam os mesmos padrões do passado: ligações comerciais, com o Brasil exportando produtos para a Rússia, alguma cooperação tecnológica e científica, e a ausência de conflitos. Até mesmo tendências positivas tais como o crescimento estável no comércio bilateral desde 1994 e, em 1997, a criação de uma Comissão de Alto Nível (CAN) condicionavam-se a essas agendas low profile. Todavia, a CAN e a Comissão Intergovernamental Brasil e Rússia representavam um importante começo para aquilo que viria nos anos 2000, conforme discutido por Grass e Lober (2007). Essas dinâmicas começaram a mudar em 1998/1999, quando essas nações enfrentaram a falência de suas agendas internacionais e a piora da crise econômica. Mais uma vez, os países foram atingidos de maneiras diferentes, porém com resultado semelhante: a busca por uma política externa mais autônoma e uma mudança de prioridades. Do lado da Rússia, o cenário econômico e social era assustador em 1998. O governo de Ieltsin estava imerso em corrupção e não havia autoridade no país. O modelo neoliberal havia empobrecido a população russa e a maioria dos bens era controlada pelos oligarcas e, no âmbito internacional, o país enfrentava uma situação muito delicada que aumentava sua vulnerabilidade. A Rússia estava perdendo

importante terreno em sua esfera regional de influência. A presença das companhias energéticas ocidentais na Ásia Central (avanço que foi denominado de “diplomacia dos dutos”, representativo do Segundo Grande Jogo por recursos eurasianos) e, na Europa Ocidental, a expansão da OTAN para a Europa Oriental e a Guerra do Kosovo em 1999 foram momentos de mudança na agenda do alinhamento. A UE também estava promovendo estudos para seu alargamento até as fronteiras russas. Além disso, os EUA e a UE apresentavam inúmeras críticas à democracia russa. Não apenas a Rússia não conquistara benefício algum com sua política de baixo perfil (com exceção de sua entrada no G7, que então passou a ser conhecido como G8), mas também estava sofrendo um processo de estrangulamento (encirclement) pelo Ocidente. A primeira reação da Rússia foi a de ir de uma posição para outra. Em vez de alinhar-se ao Ocidente e aos EUA, a nação passou a uma política de confrontação, manifestando-se contra a unipolaridade e em defesa da multipolaridade. Ao final de 1999, depois de uma década de profunda crise, Ieltsin saiu do poder e foi sucedido por seu antigo Primeiro Ministro, Vladimir Putin. Putin tornou-se Presidente no ano seguinte e implementou a reversão das políticas anteriores. O novo governo deu fim aos privilégios dos oligarcas e reconquistou o controle do setor de energia (produção e transporte) representado pela Gazprom (gás) e pela Rosfnet (petróleo), o que permitiu ao Estado recuperar suas receitas. Além disso, a prioridade era a centralização de poder e a reconstrução do Estado em termos estruturais e ideológicos, recuperando o orgulho da nação. Quanto às RI, o Conceito de Política Externa da Federação Russa, de 2000, enfatizando o papel do Estado e a autonomia da Rússia, defendendo uma reforma pacífica das OIGs e o sistema multipolar, representava essa nova fase. A política também era pragmática, centrando-se na Rússia como uma potência em recuperação, e com presença em duas regiões, o Oriente e o Ocidente. Em sua parte oriental, a Rússia buscou reconquistar sua influência na Ásia Central e deu início a uma nova estrutura de cooperação com a Índia e, principalmente, com a China, levando à Organização para Cooperação de Xangai (OCX). A política da Rússia centrava-se nas nações emergentes como suas principais parceiras e, em meados dos anos 2000, o país começou a definir-se assim também. Os impactos foram positivos para as relações bilaterais, nas quais se observaram mudanças no lado brasileiro igualmente. Para o Brasil, o fracasso de suas opções durante a década de 1990 não se refletiu em ganho algum em suas principais áreas de interesse: o comércio e a influência política. Após a reeleição de FHC em 1998 desequilíbrios econômicos e sociais estiveram presentes, demandando

ajustes nas taxas de trocas comerciais, mecanismos que afetaram a economia interna, bem como o MERCOSUL, que também estava sofrendo com a profunda crise neoliberal que atingia a Argentina. Com isso, o Brasil experimentou uma perda de poder de barganha internacional. O ajuste da agenda de política externa rumo à autonomia, incluindo a crítica à “globalização assimétrica” ganhou terreno no governo de Cardoso, então em seu segundo mandato (Silva, 2009a). Em 2000, o I Encontro dos Presidentes da America do Sul em Brasília lançou a IIRSA (Integração da Infraestrutura Regional Sul Americana) e o governo também começou a dar mais importância para suas relações com as nações do Sul, como a Índia, a China e a Rússia, que haviam sido deixadas de lado em meados da década de 1990. O Brasil e a Rússia anunciaram em 1999/2000 sua parceria estratégica (conforme se vê na Tabela 4), o que levou à assinatura de acordos adicionais. Em 2001, o Primeiro Ministro russo visitou o Brasil e, em 2002, a viagem de Cardoso à Rússia sinalizou o aumento das relações comerciais e políticas, vide a reforma das OIGs: o Brasil apoiou a candidatura da Rússia à OMC e a Rússia a do Brasil no CSONU. A Rússia apoiou os pedidos do Brasil, Índia, China e África do Sul por um G8 expandido. Acrescente-se ainda que em 2001 o Brasil e a Rússia tinham um propósito comum na luta contra o terrorismo, seguindo os eventos nos quais ambos apoiaram os primeiros passos dos EUA em sua Guerra Global ao Terror (GWT) após o 11 de Setembro. Posteriormente, essas atitudes mudariam na questão da invasão do Iraque em 2003, levada adiante pelo governo de George W. Bush. Não apenas o Brasil, mas também a América Latina como um todo apresentou-se como uma opção viável de parceria na Era Putin, principalmente no que diz respeito aos recursos energéticos. Acrescidas à aliança estratégica Brasil-Rússia, as relações russas com a Venezuela nos setores militar, nuclear e energético (o que também pretendia demonstrar que a Rússia ganhara nova autonomia em relação aos EUA ao apoiar Hugo Chavez) eram relevantes, assim como os contatos com outros países tais como a Bolívia, a Colômbia e o Equador. Zhebit defende que “[...] as companhias russas forneceram equipamentos para hidrelétricas na Argentina, Brasil, México e Colômbia e, na Colômbia, eles exploram campos de petróleo e detém joint-ventures no setor automobilístico na Colômbia, Uruguai e Equador” (2006:25). Considerando o escopo da Política Externa russa, Donaldson e Nogee veem o bloco de nações como parte de um “não-Ocidente”:

Ao passo que certas áreas tiveram uma prioridade maior que outras, no todo os interesses de Moscou no não-Ocidente, no período que se inicia no final da Guerra Fria, foram claramente mais limitados que os do período anterior. O término da luta ideológica e geopolítica global com os Estados Unidos, junto com limitações significativas na habilidade da Rússia em projetar influência econômica, causou inicialmente uma reorientação das prioridades de Moscou para as áreas de fronteira com os estados póssoviéticos. A recuperação econômica da Rússia, atiçada pela afiada espora dos preços do petróleo e do gás durante os últimos anos da presidência de Putin, promoveu um nível maior de atividade, especialmente em áreas selecionadas da África e da América Latina onde oportunidades para investimento em recursos energéticos poderiam ser encontradas. (Donaldson & Nogee, 2009:338)

Igor Ivanov também enfatiza a renovação e o alargamento das relações russo-latino americanas na década de 1990, até mesmo quando a nação vivenciou uma política externa de baixo perfil:

[...] De 1992 a 2000, mais de 140 documentos bilaterais foram assinados, dentre os quais tratados da “nova geração” e declarações que davam as bases para relações e princípios de cooperação. Os acordos cobriam a cooperação comercial e econômica, científica e tecnológica, bem como o encorajamento e a proteção mútua de investimentos, trocas culturais, exploração e desenvolvimento espacial, esforços para combater os narconegócios, e assim por diante. (Ivanov, 2002:135)

Havia ainda uma falta de projeção política para além da retórica diplomática devido às restrições remanescentes: para o Brasil, ainda uma presença de baixo perfil e, para a Rússia, a profundidade de sua crise e a necessidade de reconstruir seu Estado da estaca zero. Acrescentavase a isso a resistência que ainda havia por parte de alguns grupos em ambas as nações, a fim de recuperar uma atitude independente. Portanto, um salto qualitativo nas relações bilaterais somente seria dado de 2003 em diante, quando Luis Inácio Lula da Silva chegou ao poder no Brasil e quando a Rússia de Putin havia suplantado o pior período de sua crise interna. A situação foi bem descrita por Cervo,

Depois dessa fase neoliberal, que coincide no Brasil com a transição do modelo desenvolvimentista para a real interdependência e no Leste europeu com a transição do comunismo (...) tornaram-se viáveis certas iniciativas que incorporam oportunidades de intercâmbio ao alcance das duas regiões. Essas oportunidades, no que diz respeito às relações entre Brasil e Rússia, somente são percebidas depois das eras Fernando Henrique Cardoso e Boris Ieltsin, ao mesmo tempo em que Luis Inácio Lula da Silva e Vladimir Putin conduzem à maturidade as relações internacionais de seus países (...) Lula aprecia o fortalecimento desse polo de poder e se percebe como interlocutor, coincidindo aliás com a nova Rússia na visão de mundo e em muitos pontos da política internacional. As condições estão postas (...) para o adensamento das relações bilaterais. (Cervo, 2008:269 e 271)

Cabia a Lula e a Putin melhorar as relações bilaterais Brasil-Rússia além do campo econômico e ganhar maior influência no âmbito mundial. Nas palavras de Putin, “A Rússia e o Brasil possuem recursos consideráveis mas ainda não plenamente explorados (...) O nosso objetivo estratégico comum é dar a essa interação maior dinamismo, incrementá-la qualitativamente e enriquecê-la com novos aspectos.” (Putin apud Quintela, 2005:21)”. A partir de 2003, novos caminhos de cooperação bilateral foram explorados, mas foi no âmbito multilateral que essas relações ganharam terreno, fortalecendo laços entre os BRICS.

Novos caminhos para o século XXI (2003/2013) Ao analisar as perspectivas das relações bilaterais entre o Brasil e a Rússia, é necessário entender os padrões de parceria estratégica bilateral e multilateral. Considerando o nível bilateral, embora cada uma das duas nações defina a outra como um “parceiro estratégico”, as relações ainda se centram na cooperação comercial e tecnológica, melhorando gradualmente nos últimos anos, acrescidas das trocas culturais. Características políticas, diplomáticas e estratégicas estão se desenvolvendo mais rapidamente na arena multilateral como parte de esforços conjuntos das nações emergentes. Embora o sucesso das políticas de Putin de recuperação econômica e política tenham levado a Rússia a ser incluída nesse grupo junto com o Brasil, a Índia, a China e depois a África do Sul, a situação da nação vinha sendo bem diferente, particularmente no passado. Ainda que se possa concordar que todas essas nações são atualmente potências médias e polos de poder regional, a Rússia não se encaixa propriamente nesse grupo, visto que o Brasil, a China e a Índia e a África do Sul representam “novas potências regionais em desenvolvimento” do Terceiro Mundo, e a Rússia é uma antiga superpotência. Conforme menciona MacFarlane, A noção de emergente sugere um Estado que está crescendo de maneira dinâmica e passando por uma transformação; um estado cujo poder em ascensão faz com que ele questione seu lugar estabelecido no sistema e se posicione de forma mais ambiciosa na política internacional. Essa imagem está longe da realidade russa. A Rússia é mais propriamente vista como um Estado que vivenciou recentemente um dano substancial e está tentando estancar seu sangramento. (Macfarlane, 2006:43)

Para a Rússia, sua definição como uma nação emergente é útil para seu reposicionamento no equilíbrio internacional de poder em uma condição mais lucrativa do que aquela do final da Guerra Fria. Muito embora os EUA tenham permanecido, e ainda permaneçam, como a

referência mais importante (e ameaça percebida) para a política externa russa devido a sua projeção mundial e na antiga esfera de influência da Rússia na Eurásia e na Europa (o Grande Jogo II, a GWT, o escudo contra mísseis e a expansão da OTAN são as principais preocupações, conforme definidas no Plano de Defesa da Rússia de 2010), a Rússia encontrou alternativas importantes entre as nações emergentes. Com a China e a Índia (RIC) enfatizou-se o Eixo Oriental de suas RI e, com o Brasil, abriu mais espaços em uma região distante. Conforme assinala Zhebit (2003), a Rússia exerceu uma política externa pragmática e de múltiplos eixos e a equação BRIC ajudou a expandir os contatos entre os Estados, além de enfatizar o multilateralismo. Acrescente-se ao seu próprio crescimento e autonomia política e cooperação tecnológica e estratégica que o BRIC foi também “auxiliado” por dois eventos nesse processo de aprofundamento de laços estratégicos: a Guerra no Iraque em 2003 (precedida pela Doutrina Bush em 2002) e a crise econômica global de 2008/2009. A Doutrina Bush e a Guerra do Iraque, em 2002/2003, representaram o auge do unilateralismo de W. Bush na Casa Branca após a breve reaproximação multilateral depois do 11 de Setembro que levou ao apoio à GWT e à Guerra do Afeganistão. Contudo, a doutrina preventiva e a guerra que se seguiu, fizeram com que outras nações se alinhassem defensivamente contras os EUA. Nas Nações Unidas, o Eixo da Paz entre Moscou, Paris e Berlim tornou-se conhecido e a OCX observou um novo impulso, assim como o conceito do BRIC (do lado brasileiro, o Fórum de Diálogo IBAS, composto por Brasil, Índia e África do Sul também ganhou terreno). Para Moscou, o período 2003/2005 foi caracterizado pelas “Revoluções Coloridas”, quando os EUA interferiram em alguns processos eleitorais nos antigos Estados soviéticos, tais como Ucrânia e Geórgia contra os interesses russos. Todos esses esforços buscavam uma contrapartida diplomática à hegemonia dos EUA (denominado de soft balancing) e alternativas, já que era senso comum que ninguém poderia confrontar essa nação militarmente. Essas alianças de geometria variável ofereciam uma resistência pacífica ao poderio dos EUA sem confrontá-lo, abrindo novas instâncias de cooperação diplomática. Mais adiante, a superextensão imperial dos EUA após 2005 e algumas mudanças na agenda neoconservadora levaram à tentativa de reconquistar a influência dos EUA vis-à-vis esses polos de poder. Todavia, o processo de fortalecimento dos emergentes já estava em andamento como é exemplificado pela expressão “o gênio saiu da garrafa”, com o aprofundamento da crise econômica e a crescente força de polos alternativos. O eixo das nações

emergentes foi menos atingido pela crise, como já mencionado. Para as relações entre o Brasil e a Rússia, isso significou o fortalecimento de laços tanto no nível bilateral quanto no multilateral, em particular no BRIC. A Primeira Cúpula do BRIC em Ecaterimburgo ocorreu na sequência da reunião do G20 financeiro em 2009 e representou um passo muito importante rumo à unidade das nações emergentes e suas demandas pela reforma da estrutura de poder no sistema internacional, que correspondesse às tendências de multipolaridade. Propostas alternativas para o desenvolvimento e o crescimento foram apresentadas pelo BRIC, que também teve um papel decisivo durante a crise. No âmbito bilateral Lula e Putin,3 a quem se seguiu Dmitri Medvedev na presidência em 2008, concentraram-se em melhorar a agenda em todos os seus aspectos e não somente no comércio. No âmbito comercial, Zhebit (2009) indica que houve um crescimento estável a partir de 2004. Os principais produtos exportados pelo Brasil são: carne suína, bovina e de frango, bem como açúcar e café. Do lado brasileiro, a importação da Rússia concentra-se principalmente em matérias-primas para a produção de fertilizantes. Ao longo dos últimos anos, a importância do mercado russo para o agronegócio brasileiro vem crescendo consideravelmente, o que por vezes gera tensões relacionadas a desequilíbrios comerciais. Por vezes, a Rússia fecha seus mercados para os produtos brasileiros, tais como carne suína, valendo-se de barreiras fitossanitárias. Esses desequilíbrios comerciais são a principal preocupação nessa relação, e o Embaixador russo no Brasil, Vladimir Tyurdunev (2009) os destacou. Inclusive, objetiva-se o aumento da lista de importações em diversas áreas, da nuclear à espacial e energética. Nessas áreas, a Rússia possui maiores vantagens competitivas devido a seu desenvolvimento tecnológico. A fim de lidar com essas questões diversas comissões conjuntas foram estabelecidas e estão operando em ambas as Câmaras de Comércio. As Tabelas 1 a 3 mostram esses padrões comerciais gerais.

Tabela 1 3

Para um relato interessante da parceria estratégica ver Grass e Lober (2007).

Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Exportação U$ FOB MIL (A) 746.291 422,967 1.102.621 1.252.511 1.500.226 1.658.048 2.917.435 3.443.428 3.741.296 4.652.979 2.868.561

Importação U$ FOB MIL (B) 315.115 570.695 464.299 427.740 555.156 808.034 722.131 942.574 1.709.411 3.331.870 1.412.127

Balança Comercial (A-B) 431.176 -147.728 638.321 824.771 945.070 850.014 2.195.304 2.500.854 2.031.884 1.321.109 1.456.434

Fontes : Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Brazil Trade Net

Comércio Rússia-Brasil US$ mil-Fob

2005 2006 2007 Exportações - Principais Produtos Carnes e Miudezas, produtos comestíveis 1.656.145 1.587.222 1.939.655 Açucares e Produtos de Confeitarias 790.137 1.296.694 1.048.717 Veículos, Automóveis, Tratores e Ciclos 73.313 142.247 196.744 Fumo (tabaco) e seus sucedâneos manufaturados 104.250 115.355 115.008 Caldeiras, Máquinas, Aparelhos e Instrumentos Mecânicos 41.096 46.725 Importações- Principais Produtos Adubos ou Fertilizantes 521.274 633.019 1.266,50 Combustíveis, óleos e ceras minerais 57.987 36.545 214.621 Sal, Enxofre, Terras e Pedras, Gesso, Cal e Cimento 16.440 7.357 36.187 Borracha e suas Obras 14.206 20.317 35.533 Ferro Fundios, Ferro e Aço 33.577 153.602 40.222 Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Brazil Trade Net

Tabela 2

2008

2009

2.502.309,00 1.596.538 1.159.687 871.714 245.359 220.853 156.635 116.306 75.388 21.221 1.959.919 925.174 188.822 65.795 59.393

933.534 106.442 49.286 46.636 76.682

Brasil-Rússia US$ mil-Fob Exportações-Principais Produtos Carnes e Miúdos, Comestíveis Açucares e Produtos de Confeitaria Grãos e Frutas Oleaginosas Produtos Alimentícios Diversos Fumo (tabaco) e seus Sucedâneos Manufaturados Café, Chá e Especiariais Importações-Principais Produtos Adubos ou Fertilizantes Ferro Fundido, Ferro e Aço Armas e Munições, Partes e Acessórios Combustíveis, Óleos e Ceras Minerais Borracha e Suas Obras Sal, Enxofre, Terras e Pedras, Gesso, Cal e Cimento

2009 jan-mar

% total

2010 jan-mar

% total

322.795 157.864 940 11.602 17.080 3.370

57,60% 28,20% 0,20% 2,10% 3,00% 0,60%

372.373 355.073 39.407 18.365 17.218 13.223

42,80% 40,80% 4,50% 2,10% 2,00% 1,50%

62.556 10.051 0 20.738 20.601 41.165

34,60% 5,60% 0,00% 11,50% 11,40% 22,80%

141.160 75.012 32.228 28.927 19.039 4.887

40,80% 21,70% 9,30% 8,40% 5,50% 1,40%

Fontes: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Brazil Trade Net

Tabela 3

Outras áreas estratégicas definem a relação que está se desenvolvendo desde o estabelecimento do CAN em 1997. Como já mencionado. Zhebit (2006:23) lembra que a Rússia mantém essa relação especial apenas com outras quatro nações: os EUA, a França, a China e a Ucrânia. Diversos acordos advieram nas questões nucleares, militares e espaciais, conforme descrito na Tabela 4, de 2002 a 2004. Com relação ao programa espacial, Colin (2007) e Zhebit (2006) assinalam essa arena como uma das mais lucrativas para a cooperação bilateral. Estudos conjuntos entre o governo brasileiro e Roskosmos (a Agência Espacial russa) levaram ao primeiro voo de um astronauta brasileiro ao espaço, Marcos César Pontes, em março de 2006, e colocaram em ação estudos relativos à modernização dos Lançamentos de Veículos Espaciais (LVE) brasileiros ligados ao Projeto Orion e ao acesso da Rússia à Base de Alcântara no Maranhão (que levou a uma nova Declaração Conjunta em 2008 publicada em http://www2.mre.gov.br/dai/b_russ_48.htm; consultada em 19/05/2010). Na área de energia, desde 2004 os empreendimentos brasileiros estão engajados em contatos (Petrobrás e Zarubezhneft/Petrobrás e Gazprom) para desenvolver projetos conjuntos de exploração, produção e refino desses recursos. Em 2011, a Gazprom abriu um escritório no Rio de Janeiro que inclui investimentos russos no pré-sal brasileiro, bem como o compartilhamento de experiência em logística no que diz respeito à experiência russa de transporte de recursos energéticos em situações de longa distância. O setor que é o maior beneficiário dessas trocas é o de Gás Líquido Natural (GLN). De fato, não apenas no Brasil, mas também na Venezuela, no Peru, na Bolívia e na Argentina, a Gazprom está atuando mais intensamente. Na arena cultural, a cooperação ganhou terreno entre os dois corpos diplomáticos, do Brasil e da Rússia, após a assinatura do Protocolo de Intenções entre o Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e a Academia Diplomática do Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa (2006). Atividades de pesquisa em conjunto, alunos, professores, pesquisadores, cientistas e scholars estão entre os envolvidos nas atividades propostas. Em abril de 2009 a Companhia Multimedia, brasileira, e a Gazeta Rossiyskaya, de Moscou, deram início a uma parceria para publicação no Brasil de notícias sobre a Rússia. Contudo, o Jornal do Brazil e a Gazeta Mercantil, que publicavam essas matérias, sofreram uma crise significativa que deu fim à sua circulação diária em formato impresso. Atualmente, o jornal Folha de S. Paulo publica este caderno periodicamente.

Outros exemplos de cooperação cultural relacionam-se às novelas brasileiras televisionadas na Rússia e a um dos projetos mais bem sucedidos que é a escola Bolshoi de balé no Brasil. A escola Bolshoi enfatiza a mistura de ambas as culturas e, em março de 2010, celebrou seu aniversário de dez anos. Escolas de futebol brasileiras estão também presentes na Rússia, bem como trocas de experiências em outros esportes (Colin, 2007). Lober e Grass (2007) mencionam que, na Rússia, o Brasil é também visto como uma nação muito exótica, ao passo que a comparação com as realidades russas por vezes leva à criação de mitos com relação ao país (o que também ocorre no Brasil). Até 2008, os principais acordos entre o Brasil e a Federação Russa após o fim da Guerra Fria encontram-se descritos na Tabela 4, a seguir.4

4

Os acordos de 1961 a 2008 podem ser encontrados no site do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (http://www2.mre.gov.br/dai/birussia.htm).

Título

Celebração

Em Vigor

Comunicado Conjunto Sobre Princípios de Interação Em Direção ao Século XXI

21/11/1997

21/11/1997

21/11/1997

21/11/1997

21/11/1997

21/11/1997

Comunicado Conjunto para a Criação da Comissão de Alto Nível Brasileiro-Russa a Ser Presidida Pelo Vice-Presidente do Brasil e o Presidente da Federação Russa Acordo de Cooperação para Pesquisa do Uso Pacífico do Espaço Acordo de Cooperação Cultural e Educacional

21/11/1997

21/11/1997

Tratado Sobre Relações de Parceria

22/06/2000

22/06/2000

12/12/2001

12/12/2001

09/04/2002

16/11/2005

22/11/2004

22/11/2004

22/11/2004

22/11/2004

Exteriores da Federação Russa

04/04/2006

04/04/2006

Declaração Conjunta

26/11/2008

26/11/2008

Declaração Russo-Brasileira Sobre a Luta Contra Terrorismo Memorand de Entendimento Sobre a Cooperação em Controle de Tecnologias Militares de Interesse Mútuo Protocolo de Intenções entre o Instituto Rio Branco e o Ministério das Relações Exteriores no período de 2004 a 2006 Memorando de Entendimento Relativo ao Programa de Cooperação em Atividades Espaciais Protocolo de Intenções entre o Instituto Rio Branco e o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e a Academia Diplomática do Ministério das Relações

Desde 2010, além das Cúpulas dos BRIC, observou-se uma intensificação de visitas bilaterais entre o Brasil e a Rússia, que se tornaram regulares. A viagem de Lula a Moscou em maio de 2010 representou um passo à frente nessa cooperação. Essa viagem tratou de questões específicas de relações bilaterais e da reforma do CSONU, e alguns tópicos contenciosos como o programa nuclear do Irã. Embora haja alguma convergência nas agendas nucleares do Brasil e da Rússia, em particular no que se refere à cooperação tecnológica, em algumas questões a Rússia, devido a sua estatura nuclear, está mais próxima dos EUA do que do Brasil. Uma das conquistas mais significativas na arena bilateral foi a abolição de vistos para viagens curtas (com um limite de 90 dias) para cidadãos russos e brasileiros, após um acordo celebrado

no

Rio

de

Janeiro

em

2008

e

finalizado

em

2010

(disponível

em

http://www.brasemb.ru/pt/service/vistos/AVISO/index.php?id=109, disponível em 05/10/2010).

A reunião corroborou os esforços de cooperação prévia no âmbito bilateral e no multilateral no setor de energia e para trocas tecnológicas para a produção de aviões na Rússia pela EMBRAER, além da construção, no Brasil, de uma usina hidrelétrica e de uma termoelétrica. Todas essas propostas contarão com o apoio do banco de desenvolvimento russo Vnesheconombank (semelhante ao BNDES).5 A Rússia, ademais, na atualização de seu Conceito de Política Internacional de 2008, menciona especificamente esses esforços como prioridades em sua agenda. O Conceito enfatiza que “(....) a Rússia se fará mais inteiramente engajada em formatos tais como o Grupo dos Oito e em seu diálogo com seus parceiros tradicionais, o Troika (Rússia, Índia e China) e com o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China (...)” (The Foreign Policy Concept of the Russian Federation, 2008:s/p). O mesmo padrão é seguido pela política externa brasileira e foi resumido pelo Presidente Lula em sua viagem à Rússia em 2010, a última após o fim de seu segundo mandato (2003/2010), a qual, junto com o Presidente Putin e Medvedev, pode ser vista como uma nova fase das relações bilaterais. Acredito que neste período no qual estive à frente do governo brasileiro, muitas coisas importantes aconteceram nas relações Rússia e Brasil. De 2002 a 2008, nosso comércio cresceu 375%. Em 2008, alcançamos U$ 8 bilhões. Em 2009, devido à crise econômica, houve um declínio de 46% (...) Acredito que existe um espaço extraordinário de crescimento do comércio Rússia-Brasil. Claramente, o Brasil possui um superávit comercial. E o Presidente Medvedev sabe e os meus Ministros sabem, que defendi boas práticas comerciais para haver equilíbrio e que o comércio é uma rua de duas mãos, de forma que ambas as nações possam alcançar igual equilíbrio (...) Possuímos um plano de ação para a nossa parceria estratégica, acredito que ela fortalece e enriquece a nossa cooperação bilateral. E devemos, acima de tudo, equilibrar nosso comércio, estimular a cooperação científica e técnica na arena espacial, militar e de energia nuclear. (Discurso durante reunião ampliada, 2010, s/p)

Tanto a sucessão do Presidente Lula pela Presidente Dilma Rousseff, como a continuidade Medvedev-Putin (eleito Presidente novamente em 2010), representaram a preservação de um clima positivo na relação bilateral, que se estende ao nível multilateral, em particular nas reuniões dos BRICS e nas do G20 financeiro. Porém, conforme vem sendo discutido ao longo deste capítulo, embora haja um aumento no fluxo de contatos e comércio, nenhum dos dois países continua a ver o outro como uma prioridade “número um” em suas 5

Essas informações estão disponíveis no site da Câmara do Comércio Brasil-Rússia, “Especial BRIC”: http://www.brasil-russia.org.br/index.php?view=article&catid=44:noticias-do-mes&id=84:marco-abril-2010qespecial-bricq&format=phocapdf. Acesso: 19/05/2010.

respectivas agendas. Contudo, essa escala de prioridades não deve ser vista como negativa, mas sim como uma prova da complexidade das agendas de política externa dos países e sua abrangente estrutura. Assim como o Brasil concentra seu interesse na América do Sul em suas relações ampliadas nos eixos Sul-Sul e Norte-Sul, a Rússia tende a focar-se na Eurásia e na pressão exercida pelos EUA e a OTAN a seus interesses. Comum a ambos é a preocupação em relação aos EUA e o peso dessa nação em sua agenda. Diferentemente do Brasil, a Rússia tem preocupação central com a integridade do seu Estado devido aos eventos da Guerra Fria que desmantelaram a URSS e enfraqueceram suas fronteiras. Os desafios não são apenas eurasianos, mas também internos, visto que os efeitos da crise discutida ainda existem. Antes de deixar a Presidência e entrar para a equipe de Medvedev como Primeiro Ministro, Putin enfatizou a vulnerabilidade vigente da Rússia devido à sua dependência de recursos energéticos para manter sua recuperação econômica e a necessidade de modernização. Um plano para essa modernização foi apresentado por Medvedev com foco na modernização da indústria e nas vantagens comparativas da Rússia (Medvedev, 2010b). A despeito de apoiar a posição do Brasil na ONU, o assento permanente representa, bem como a agenda nuclear, um dos aspectos remanescentes do poderio soviético para a Rússia, o que pode levar a algumas divergências significativas em questões estratégicas (conforme discutido brevemente na questão da proliferação). Em 2012, a nova Presidência Putin deu continuidade a esta pauta de modernização e recuperação econômica. Juntos, todos esses elementos ainda levam à análise de Grass e Lober de que “não há uma unidade abrangente nos interesses nacionais do Brasil e da Rússia” (2007:157) e a de Martynov (2009) que defende que essas relações baseiam-se ainda em “termos tradicionais”, ou seja, relações comerciais. Comparativamente, a Rússia de hoje está mais vulnerável do que o Brasil no âmbito econômico e social, ao passo que ao Brasil ainda falta o poderio estratégico militar da Rússia (muito embora este último não esteja em seu ápice). Ambas as nações ainda tem de conhecer melhor uma a outra por meio da promoção de estudos e cooperação, entendendo suas realidades e histórias passadas. Há espaço para explorar as oportunidades da relação bilateral? Sim, junto com um aumento das tendências multilaterais, levando à análise de Colin de que existem (...) importantes convergências de posições sobre os mais variados temas internacionais (papel central da ONU e do direito internacional, multilateralismo, multipolarização do

mundo). Além dos mecanismos institucionais de cooperação existentes e de um significativo intercâmbio comercial, já existe uma base nas relações bilaterais capaz de permitir sua elevação a um novo patamar (...) de complementaridade às relações que o Brasil mantém com outros países e grupos. A parceria poderá ter significado estratégico sobretudo por sua capacidade potencial de gerar efeitos relevantes para além do plano estritamente bilateral. (Colin, 2007:128)

Portanto, os padrões de bilateralismo e multilateralismo nas relações entre o Brasil e a Rússia podem, ainda, desenvolver-se no sentido de uma parceria estratégica estável e pragmática que reforce uma agenda autônoma de Relações Internacionais para ambas as nações. Referências bibliográficas ALTEMANI, Henrique e LESSA, Antonio Carlos (org.). Relações internacionais do Brasiltemas e agendas. Volumes 1 e 2. São Paulo: Saraiva, 2006. Aviso aos cidadãos brasileiros e russos. Embaixada do Brasil na Federação da Rússia, 17 de maio de 2010. Published at: http://www.brasemb.ru/pt/service/vistos/AVISO/index.php?id=109. Available on 19/05/2010. BACIGALUPO, Graciela Zubelzú de. “As relações russo-brasileiras pós-Guerra Fria”, Revista Brasileira de Política Internacional, 43 (2), 2000, em: http://www.mundorama.info/Mundorama/RBPI_-_1993-2007_files/RBPI_2000_2.pdf Consultado em 09/06/2008. CERVO, Amado Luiz. Inserção internacional – formação dos conceitos brasileiros. São Paulo: Saraiva, 2008. COLIN, Roberto. Rússia – O Ressurgimento da Grande Potência. Joinville: Letras Brasileiras, 2007. Declaração Conjunta. Visita Oficial à República Federativa do Brasil do Presidente da Federação da Rússia, Dmitry Medvedev Rio de Janeiro, 24 a 26 de novembro de 2008. Disponível em: http://www2.mre.gov.br/dai/b_russ_48.htm. Consultado em 19/05/2010. Discurso do Embaixador Vladimir Tyurdunev na recepção de 29 de Abril de 2009. Parceria Estratégica Brasil-Rússia. Embaixada da Federação da Rússia no Brasil. Disponível em http://www.brazil.mid.ru/pr/par09_02.html. Consultado em 26/06/2009. Discurso durante reunião ampliada com o Presidente da Federação da Rússia Medvedev. Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/discursos-artigos-entrevistas-eoutras-comunicacoes/presidente-da-republica-federativa-do-brasil/discurso-durante-reuniaoampliada-com-o-presidente-da-russia-dmitri-medvedev. Consultado em 28/07/2010. DONALDSON, Robert H; NOGEE, Joseph L. The Foreign Policy of Russia: changing system, enduring interests. New York: M.E.Sharpe, 2009.

Entrevista do Embaixador da Rússia no Brasil, Vladimir Tiurdunev a Alex Urso. Jornal do Brasil Online, disponível em http//jbonline.terra.com.br/pextra/2009/05/07/e070527062.asp. Consultado em 28/05/2009. Especial BRIC – março/abril/2010. Câmara de Comércio Brasil-Rússia. Disponível em http://www.brasil-russia.org.br/index.php?view=article&catid=44:noticias-domes&id=84:marco-abril-2010-qespecial-bricq&format=phocapdf. Consultado em 19/05/2010. GRASS, Pavel L e LOBER, Vladimir L. Parceria Estratégica entre Brasil-Rússia no Século XXI. Rio de Janeiro: Publit, 2007. GUIMARÃES, Lytton M. Brasil-URSS: os processos de mudança e as relações bilaterais. In: ALBUQUERQUE, José Augusto Guilhon (org). Sessenta Anos de Política Externa Brasileira (1930/1990). Vol. 3. O Desafio Geostratégico. São Paulo: Annablume/NUPRI, 2000. pp.393-430. GUIMARÃES, Samuel Pinheiro. Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. Highlights of Speech by Russian Minister of Foreign Affairs Sergey Lavrov at the Brazilian Diplomatic Academy, Rio Branco Institute, Brazilia, December 14, 2006. Ministry of Foreign Affairs of the Russian Federation. Information and Press Department. Disponível em http://www.ln.mid.ru/Brp_4.nsf/. Disponível em 27/07/2010. HURRELL, Andrew. “Hegemony, Liberalism and global order: what space for would-be great powers”, International Affairs, 82(6), pp.1-19, 2006. IVANOV, Igor S. The New Russian Diplomacy. Washington, D.C: The Brookings Institution Press, 2002. Interview of the President of Russia Dmitry Medvedev to RAI and Corriere della Sera, July 5, 2009. Ministry of Foreign Affairs of the Russian Federation. Information and Press Department. Disponível em http://www.ln.mid.ru/Brp_4.nsf/arh/07D5029CA41BEE67C32575EC00253967?. Disponível em 14/07/2009. KHANNA, Parag. O Segundo mundo. Rio de Janeiro: Ed. Intrínseca, 2008. LIMA, Maria Regina Soares de. “A política externa brasileira e os desafios da cooperação SulSul”, Revista Brasileira de Política Internacional, 48(1) pp. 1-36, 2005. MACFARLANE, S. Neil. “The R in BRICs: Is Russia an emerging power?”, International Affairs, 82(1), pp.41-57, 2006. MARTYNOV, Boris. .Os BRICs e a ordem mundial em degradação. In: ZHEBIT, Alexander (org). Brasil-Rússia: história, política, cultura. Rio de Janeiro: Gramma, 2009. pp.83-103. MEDVEDEV, D. BRIC “Countries: Common Goals, Common Actions”. Disponível em: http://eng.kremlin.ru/news/78. Consultado em 07/28/2010.

MEDVEDEV, D. Go Russia! Disponível em http://eng.kremlin.ru/news/298. Consultado em 06/07/2010b. MELVILLE, Andrei & SHAKLEINA, Tatiana. Russian foreign policy in transition – concepts and realities. Central European Union University Press: Budapest, 2005. PECEQUILO, Cristina Soreanu. “A Política Externa do Brasil no Século XXI: Os Eixos Combinados de Cooperação Horizontal e Vertical”, Revista Brasileira de Política Internacional, 51 (2), pp.136-153, 2008. Protocolo de Intenções entre o Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil e a Academia Diplomática do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, 2006. Disponível em http://www2.mre.gov.br/dai/rusprot.htm. Consultado em 19/05/2010. PUTIN, Vladimir. Speech at the 43rd Munich Conference on Security Policy, 02/10/2007. Disponível em: http://www.kremlin.ru/eng/speeches/2007/02/10/ 0138_type82912type82914type82917type84779_118123.shtml. Acesso em 06/07/2009 QUINTELA, Thereza Maria Machado (org.). Brasil-Rússia: fortalecimento de uma parceria. Brasília: FUNAG, 2005. REGO BARROS, Sebastião do. “O Brasil e a Rússia”. In: FONSECA JR., Gelson e CASTRO, Sergio Henrique Nabuco de. Temas de Política Externa Brasileira. Volume II. Brasília: IPRI/Paz e Terra, 1994. pp.117-136 SEGRILLO, Angelo. “A Nova Rússia: balanço e desafios”. In: Conferência Nacional de Política Externa e Política Internacional – II CNPEPI (2 : Rio de Janeiro : 2007) : o Brasil no mundo que vem aí. – Brasília : Fundação Alexandre de Gusmão, 2008. pp. 89-105 SEGRILLO, Angelo. “Rússia: economia e sociedade”. In: Seminário de Rússia – Conferência Nacional de Política Externa e Política Internacional (2. :Rio de Janeiro : 2007): O Brasil no mundo que vem aí. Seminário : Rússia. Brasília : Fundação Alexandre de Gusmão, 2008. p 7997. Disponível em: http://www.funag.gov.br/biblioteca-digital/ultimoslancamentos/?searchterm=O Brasil no mundo que vem aí. Seminário : Rússia. Consultado em 27/06/09 SILVA, Luiz Inacio Lula. “Em Ecaterimburgo, os BRIC atingem sua maioridade”. Artigo publicado no Valor Econômico, 16/06/2009. Disponível em [http://www.mre.gov.br/portugues/politica_externa/discursos/discurso_detalhe3.asp?ID_DISCU RSO=3493]. Consultado em 26/06/2009. SILVAa, André Luis Reis da. Do otimismo liberal à globalização assimétrica – A política externa do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Curitiba: Juruá, 2009. THE FOREIGN POLICY CONCEPT OF THE RUSSIAN FEDERATION. Disponível em http://www.kremlin.ru/eng/text/docs/2008/07/204750.shtml. Consultado em 28 jun. 2009.

TSYGANKOV, Andrei. Russia´s foreign policy – change and continuity in national identity. Maryland: Rowman & Littlefield Publishers, 2006. VIZENTINI, Paulo Fagundes. Relações internacionais do Brasil – de Vargas a Lula. 2ª ed . São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2005. VIZENTINI, Paulo Fagundes. A política externa do regime militar brasileiro. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 1998. VIZENTINI, Paulo Fagundes. “Relações Brasil-URSS/Rússia: superando a geografia e os preconceitos” In: ZHEBIT, Alexander (org). Brasil-Rússia: história, política, cultura. Rio de Janeiro: Gramma. pp.67-80. 2009. VIZENTINI, Paulo; WIESEBRON, Marianne (orgs.). Neohegemonia americana multipolaridade? – Polos de poder e sistema internacional. Porto Alegre: UFRGS, 2006.

ou

ZHEBITa, Elena. Marcos da história das relações bilaterais Brasil-Rússia. In: ZHEBIT, Alexander (org). Brasil-Rússia: história, política, cultura. Rio de Janeiro: Gramma. pp.17-45. 2009 ZHEBIT, Alexander. “A Rússia na Ordem Mundial: com o Ocidente, com o Oriente ou um Polo Autônomo em um mundo multipolar?”, Revista Brasileira de Política Internacional, 46 (1), pp.153-181, 2003. ZHEBIT, Alexander. “Um olhar sob a cooperação inter-regional: América Latina- Estados póssoviéticos”. Observatório Político Sul-americano, n.10, outubro de 2006, p.1-28. Disponível em: [http://observatorio.iuperj.br/artigos_resenhas/Um%20olhar%20sobre%20a%20cooperacao%20i nter-regional.pdf]. Consultado em 12 jun.2009. ZHEBIT, Alexander (org.). Brasil-Rússia: história, política, cultura. Rio de Janeiro: Gramma, 2009. A Survey of Russian Federation Foreign Policy. Ministry of Foreign Affairs of the Russian Federation. Information and Press Department. http://www.ln.mid.ru/brp_4.nsf/e78a48070f128a7b43256999005bcbb3/89a30b3a6b65b4f2c3257 2d700292f74?OpenDocument

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.