Mundo de Contrastes: Contrastes existentes entre o Haiti e a República Dominicana relativamente às políticas

June 3, 2017 | Autor: Joana Loureiro | Categoria: Estudo De Caso
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Página 28

[Ancorensis Cooperativa de Ensino]
25 De maio de 2015










Mundo de Contrastes: Contrastes existentes entre o Haiti e a República Dominicana relativamente às políticas ambientais





Joana Loureiro
Mariana Domingues



Índice:
Introdução
Desenvolvimento das duas regiões de maneira contraditória;
Haiti e República Dominicana, uma ilha, dois mundos;
Turismo no Haiti;
Proteção ambiental no Haiti e na República Dominicana, o que é feito ao longo do tempo;
Comparação entre o Haiti e a República Dominicana: Problemas;
As organizações nacionais ou internacionais que atuam ou atuaram no Haiti e na República Dominicana;
Como contrariar esses problemas;
8.1- A vegetação é a chave para a criação de novas perspetivas;
8.2-Pistas de soluções para resolver o problema ambiental do Haiti;
Conclusão
Anexos
Bibliografia











Introdução:
Para a disciplina de Geografia C, foi-nos incutido a tarefa da elaboração de um Estudo de caso cuja temática incide sobre o "Mundo de Contrastes". Dentro deste tema o nosso grupo decidiu abordar os contrastes ambientais visíveis atualmente entre a República Dominicana e o Haiti. Nações distintas (divididas por uma fronteira de 360 km de extensão. A oeste da fronteira situa-se o Haiti e a leste, a República Dominicana) e realidades bem diferentes, como poderemos comprovar ao longo do decurso deste trabalho.
O Haiti é um país pobre, com um baixo nível de desenvolvimento humano e económico. Apresenta imensa vulnerabilidade relativamente aos desastres naturais, e sobretudo requer de uma vasta ajuda externa. A degradação ambiental é um dos principais problemas deste país, o que leva a uma maior multiplicidade de problemas, como tempestades, inundações, deslizamentos e inclusive terramotos, tal como aconteceu em 2010 no qual muita gente não sobreviveu.
Ao longo da história do Haiti desde a sua independência, pouco ou nada se fez para proteger as áreas verdes e os recursos naturais do país que foram explorados intensamente para fins económicos rápidos e não-sustentáveis.
Atualmente os principais problemas ambientais do Haiti são: a desflorestação extensiva, erosão do solo e a poluição das fontes de água potáveis. De salientar que as poucas florestas do país estão a ser destruídas, para a extração do combustível (carvão), mas também para dar lugar a agricultura.
A República Dominicana é comparada a um paraíso em termos ambientais, com paisagens deslumbrantes pois possui uma maior preocupação relativamente a esta variante.
Quanto às infraestruturas a República Dominicana tem uma rede razoável de estradas em comparação com o Haiti. Mas não podemos fechar os olhos e dizer que é um país perfeito, pois é considerando como um dos mais atrasados países da América Latina.
Por conseguinte, face à conjuntura anteriormente abordada falaremos ainda, das organizações ambientais nacionais e internacionais que atuam nas diferentes regiões com o intuito de promover novas soluções para combater os impactos ambientais que de certa maneira prejudicam o bem-estar da população e ainda com o objetivo de fazer face aos problemas que enfrentam atualmente.



















Mas por que estas duas regiões se desenvolveram de maneira diferente?

Mas por que estas duas regiões se desenvolveram de maneira diferente?
Fig.1 mapa da ilha de HispaniolaDurante muito tempo, toda a ilha estava sob o domínio espanhol. Porém, em 1697 a Espanha cedeu à França um terço da parte ocidental da ilha. A região foi chamada de Saint Domingue, e tornou-se a colónia francesa mais rica, enquanto a República Dominicana não era vista como uma possessão importante para a Espanha. Por isso, a França podia e queria investir na sua colónia desenvolvendo plantações intensivas baseadas no trabalho de escravos trazidos da África para trabalharem na produção de açúcar, café, cacau e algodão.
Fig.1 mapa da ilha de Hispaniola

Porém em 1791, aconteceu uma revolta de escravos, e logo após a escravidão foi abolida. Depois de uma longa e sangrenta guerra, a colónia declarou independência em 1804. Desde então, Saint Domingue foi chamado Haiti.
Fig.2 Aproximadamente dois terços da população do Haiti vivem da agriculturaNo entanto, o novo país foi atormentado com problemas. As propriedades foram divididas entre a população, e a maior parte dos haitianos trabalhavam uma terra, mas poucos deles viviam dela. As parcelas eram muito pequenas, e os proprietários não concordavam numa gestão conjunta. Além disso, a população do Haiti nunca foi homogénea. Os escravos vinham de mais de uma centena de diferentes grupos étnicos, e originalmente nada tinham a ver um com o outro".
Fig.2 Aproximadamente dois terços da população do Haiti vivem da agricultura

Haiti e República Dominicana: uma ilha, dois mundos
Haiti e República Dominicana: uma ilha, dois mundos
Fig.3 Ilha de HispaniolaSão dois países que partilham a mesma ilha, mas têm um processo de desenvolvimento bastante diferente. Enquanto a República Dominicana é um dos destinos turísticos mais apreciados, o Haiti é um dos países mais pobres da América segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
Fig.3 Ilha de Hispaniola




Fig.4 Praia da República DominicanaA República Dominicana é comparada a um paraíso, à primeira vista, com as palmeiras, praias de areia branca e o mar com uma cor de azul cristalino. Milhões de turistas viajam para este país, estupefactos com a beleza da natureza e dos hotéis de luxo. Porém a República Dominicana esconde " um lado negro" pois é considerado um dos países mais atrasados e menos prósperos da América Latina, e encontra-se localizado geograficamente a leste do Haiti.
Fig.4 Praia da República Dominicana


O Haiti (nome criado pelos índios, "Ayiti" que significa " Pays de Hautes Montagnes"- País de Altas Montanhas) foi outrora considerado igualmente um "paraíso na Terra", com altas montanhas separadas por várias planícies e vales largos, uma grande diversidade de aves, árvores majestosas, enfim densas florestas. Em 1492 a percentagem de cobertura vegetal representava 80%.
Fig.5 Haiti
Fig.5 Haiti


Fig.6 Imagem de satélite da fronteira do Haiti com a República Dominicana (direita)Porém três séculos depois, 1792, a desflorestação do Haiti tornou-se cada vez mais evidente e catastrófica, devido a motivos económicos (como por exemplo, para a extração de madeira, principal fonte de energia em São Domingos). A desflorestação excessiva leva consequentemente a inundações graves que só em 2004 matou mais de três mil pessoas. Infelizmente não tem havido uma gestão relativamente às bacias marinhas, costeiras e hidrográficas. A cobertura florestal nas encostas íngremes ao redor da bacia hidrográfica do Haiti preserva o solo, que por sua vez retém a água da chuva, reduzindo deste modo, os picos de cheias dos rios e conservando os fluxos de água na estação seca. Mas devido a esta conjuntura, a desflorestação tem causado a liberação do solo a partir das bacias superiores. Muitos dos rios do Haiti são agora altamente instáveis, mudando rapidamente de inundações destrutivas para fluxos baixos de água.
Fig.6 Imagem de satélite da fronteira do Haiti com a República Dominicana (direita)


A sociedade e o ambiente são inseparáveis, uma vez que o ser humano é o principal agente em termos de conservação e de degradação do ambiente. Atualmente, a cobertura vegetal do Haiti é de 1,5% e esta percentagem está cada vez mais a diminuir, o que traz e trará
Fig.7 Condições sociais da população do Haitifuturamente consequências bastante penosas. Para além da desflorestação existe outros problemas como: a erosão e a poluição dos solos e da água por fertilizantes e resíduos industriais, poluição do ar pela emissão de gases tóxicos…
Fig.7 Condições sociais da população do Haiti


Turismo no Haiti
Turismo no Haiti
Fig.8 Labadee, um dos destinos de cruzeiro do paísEm 2012, o país recebeu 950 mil turistas (a maioria dos navios de cruzeiro) e esta indústria gerou 200 milhões de dólares em 2012. Em dezembro do mesmo ano, o Departamento de Estado dos Estados Unidos emitiu um alerta relativamente às viagens feitas ao Haiti pois, apesar de milhares de cidadãos norte-americanos visitarem com segurança o Haiti a cada ano, alguns turistas estrangeiros foram vítimas de crimes violentos, incluindo assassinato e sequestro, predominantemente na região de Porto Príncipe.
Fig.8 Labadee, um dos destinos de cruzeiro do país



Proteção do ambiente no Haiti e na República Dominicana e o que foi feito ao longo do tempo
Proteção do ambiente no Haiti e na República Dominicana e o que foi feito ao longo do tempo
A proteção ambiental do lado dominicano apresenta melhores resultados do que no lado haitiano. Na República Dominicana a preocupação com o meio ambiente começou no século XX. Na segunda metade do século XIX, no lado dominicano havia altos índices de desflorestação e de poluição nos rios devido ao cultivo da cana-de-açúcar e outros produtos rentáveis, assim como para obtenção de carvão para energia. Entre 1919 e 1930 começou a surgir uma maior preocupação ambiental por iniciativa de dois académicos preocupados com os danos ocorridos nas bacias hidrográficas ao redor da área de Santiago.

Fig.9 Reserva Natural del YaqueEm 1927 é criada a Reserva Natural Vedado del Yaque, onde a entrada de pessoas é controlada. Mas em termos políticos, só quando o ditador Rafael Trujillo sobe ao poder é que se dá verdadeiramente importância ao ambiente e à sua conservação. Por este meio foram tomadas algumas medidas como:
Fig.9 Reserva Natural del Yaque


Expandiu a área do Vedado del Yaque e criou novas reservas naturais;
Criou o primeiro Parque Nacional do país;
Organizou um corpo de guardas florestais, suprimiu as queimadas agrícolas e proibiu o corte de pinheiros nativos da ilha na área de Costanza, na Cordilheira Central.
Em 1937 foi descoberto que o potencial da atividade madeireira era de 40 milhões de dólares, muito elevado para a época. O governo passou a adotar medidas de extração mais sustentáveis, como o reflorestamento.
Na década de 50 começaram os estudos sobre o potencial hidroeléctrico no país para substituir a dependência dos combustíveis fósseis, principalmente o carvão, grande causador da desflorestação. A partir daí foram criados mais Parques Nacionais com o objetivo de proteger as bacias hidrográficas importantes para a geração de energia hidroeléctrica.
Fig.10 TrujilloEm 1958 foi convocado o primeiro Congresso Ambiental no país. Após a morte de Trujillo e o fim do seu governo, a proteção ambiental enfraqueceu e os madeireiros voltaram a derrubar as florestas.
Fig.10 Trujillo




Fig.11 BalaguerSobe ao poder Balaguer, que como, como Trujillo, reconhecia a urgente necessidade de manter as bacias hidroeléctricas florestadas para assegurar o fornecimento de energia elétrica e para o consumo industrial e doméstico. O governo Balaguer tomou medidas drásticas como:
Fig.11 Balaguer


Eliminar os madeireiros comerciais e fechar todas as serrarias do país.
O governo transferiu a responsabilidade da proteção florestal para o Departamento de Agricultura para as Forças Armadas, além de declarar a atividade madeireira ilegal e crime contra a segurança do Estado.
Expandiu o sistema de reservas naturais, criou os dois primeiros parques nacionais litorâneos, criou santuários para baleias, proibiu a caça…
No setor industrial, pressionou as indústrias a tratar os resíduos sólidos e líquidos, implementou medidas para controlar a poluição do ar e taxou as mineradoras.
Enquanto ao longo do século XX a República Dominicana conseguiu criar um bom sistema de proteção ambiental e procurou um modelo de desenvolvimento económico mais sustentável, o Haiti não seguiu o mesmo caminho, pelo contrário. O Haiti teve uma grande instabilidade política em que nenhuma das suas decisões abrangia a proteção ambiental.
Fig.12" Papa Doc" DuvalierA população empobrecida e sem apoio de políticas governamentais, exploravam de forma não-sustentável os recursos naturais. Em 1957 o Haiti passou a ser governado por um ditador "Papa Doc" Duvalier, cujo governo foi deveras desastroso para a população e para o desenvolvimento do país.
Fig.12" Papa Doc" Duvalier



Como resultado da completa falta de interesse dos governantes haitianos na proteção ambiental, no final do século XX o sistema de parques nacionais era composto por míseros quatro parques. Os quatro parques são pequenos e ameaçados constantemente por camponeses que derrubam árvores com o intuito de produzir carvão.
Fig.13 Parque no Haiti
Fig.13 Parque no Haiti


Fig.14 Parque na República DominicanaEnquanto isso o sistema dominicano possui 74 parques abrangendo 32% da área do país, incorporando quase todos os habitats. Os governantes haitianos também não fizeram quase nada para o desenvolvimento do país ou para reduzir os altos índices de pobreza. A consequência disso é a miséria da população generalizada e com uma economia pouco desenvolvida.
Fig.14 Parque na República Dominicana


Atualmente também se constata o fenómeno da "superpopulação do espaço urbano", principalmente devido à explosão demográfica, ao êxodo rural e à ausência de políticas públicas adequadas em termos de urbanismo e população. Situações que desencadeiam enormes problemas de urbanismo, transportes públicos, água potável, eletricidade, saneamento básico, dentre outros.
Comparação entre o Haiti e a República Dominicana: ProblemasQuanto às infraestruturas, na República Dominicana há uma rede razoável de estradas, o que permite viajar sem problemas. No Haiti, no entanto, existe um deficiente desenvolvimento de transportes e de redes de comunicação o que leva a que as pessoas percam mais tempo a chegar ao local pretendido.
Comparação entre o Haiti e a República Dominicana: Problemas

Fig.15 Diferença existente em termos de florestação entre o Haiti e a República Dominicana Quanto à florestação podemos constatar que na República Dominicana predomina amplas florestas de pinheiros e no Haiti campos desflorestados. Ambos os países perderam florestas, mas o Haiti perdeu muito mais, uma vez que, possui apenas sete espaços arborizados, dos quais, apenas dois são protegidos como parques florestais, ambos sujeitos a desflorestação ilegal. Hoje, 28% da República Dominicana ainda é coberta de florestas, contra apenas, 1,5% do Haiti.
Fig.15 Diferença existente em termos de florestação entre o Haiti e a República Dominicana


Nenhuma cidade haitiana tem um fornecimento regular de energia elétrica, para muitos haitianos a principal fonte de energia é a madeira. Em grande medida, esta é uma razão pela qual as florestas do país desapareceram. Principalmente no Haiti, esta situação levou a problemas como: erosão e perda da fertilidade do solo, perda da proteção das bacias hidrográficas e, portanto, de energia hidroeléctrica potencial, e diminuição de chuvas.

Relativamente à questão das alterações climáticas é um problema que atinge tanto o Haiti como a República Dominicana. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que cerca de 36 milhões de toneladas de solo fértil é levado a cada ano pelo vento e pela chuva. Grande parte acaba por ir para rios e lagos que se tornam lama durante a estação chuvosa. Com a perda de fertilidade do solo, ocorre a queda de produtividade e como resultado, agricultores têm cada vez mais optado por cortar árvores para vender como lenha e carvão vegetal.

Fig.16 Placa tectónica de CaribenhaPor outro lado, o Haiti localiza-se geograficamente muito frágil devido aos movimentos das placas tectónicas (placa Caribenha) isso lhe expõe a vários ricos e desastres naturais como a erosão, terramotos, deslizamentos de terra… De salientar, o terramoto de magnitude 7 MW que ocorreu no início de 2010.
Fig.16 Placa tectónica de Caribenha



Fig.17 Epicentro do terramoto na península de TiburonO seu epicentro foi na península de Tiburon, aproximadamente a 25 km da capital, Porto Príncipe. Análises indicam que cerca de três milhões de pessoas foram atingidas pelo sismo. Estimativas indicam que cerca de 100.000 a 200.000 pessoas morreram. Para além das vidas perdidas, o desastre destruiu inúmeras construções do local atingido. Prédios de comércio, habitações, escolas e hospitais ficaram com as suas estruturas muito danificadas ou mesmo destruídas. Perante esta tragédia, vários pedidos de ajuda foram surgindo em todo o mundo, inclusivo a comunicação social apelava para a ajuda humanitária, para erguer este país.
Fig.17 Epicentro do terramoto na península de Tiburon


Fig.18 Crianças haitianas em campos de desabrigados devido ao terramoto Com o passar do tempo, a situação foi piorando, devido a demora no atendimento dos pedidos de ajuda, o que fez com que os setores de segurança e saúde passassem a enfrentar um cenário crítico, com protestos públicos e violência. Passados cinco anos, o terramoto ainda deixa marcas pelo país. Segundo as Nações Unidas, o sismo foi o pior desastre já enfrentado pela organização desde sua criação em 1945.
Fig.18 Crianças haitianas em campos de desabrigados devido ao terramoto



As chuvas atingem também ambos os países, porém geralmente, por via dos ventos, incidem mais na direcção leste onde as cadeias de montanhas são um obstáculo à sua passagem o que leva a que exista uma maior precipitação orográfica no lado dominicano e a uma maior exuberância florestal. Em oposição, o Haiti é uma região bastante seca, uma vez que, como a chuva ocorre mais no lado dominicano faz com que os rios originários das montanhas não recebam os cursos de água pelo facto de chover neste país muito menos.

Por conseguinte, mesmo chovendo menos, as chuvas quando ocorrem são fortes causando deslizamentos de terra em montes íngremes e sem árvores, que contribuiu ainda mais, para o enfraquecimento dos meios de subsistência dos povos locais que, ao contrário da República Dominicana, são densamente localizadas em áreas rurais.



Para além destes motivos, existem outros, como a política de parques nacionais. Enquanto a República Dominicana conta com setenta e quatro parques ou reservas que ocupam 32% do seu território, o Haiti tem apenas quatro, sendo que os mesmos estão sob constante ameaça devido à exploração clandestina para a produção de carvão.



A ONU afirma que o nível de instrução da população é um fator bastante prejudicial. No Haiti apenas 50% da população é alfabetizada, enquanto na República Dominicana a percentagem atinge 90%. Por outro lado, a taxa de mortalidade infantil no Haiti é quase três vezes maior do que na República Dominicana.

Outro aspecto importante a referir é a questão dos solos. O Haiti possui um território mais montanhoso, tendo poucas planícies contudo possui importantes áreas para o desenvolvimento da agricultura. Por este motivo, o Haiti desenvolveu uma economia agrícola (em certos momentos mais rica que a dominicana) às custas do capital ambiental. Ou seja, para desenvolverem a economia, a maior parte das florestas do país foram deitadas a baixo e os solos foram desgastados devido a uma agricultura intensiva e não sustentável do mesmo.

Por fim, outro dos motivos incide sobre o crescimento populacional. No tempo colonial, quando o Haiti fazia parte do domínio de França, as suas terras eram trabalhadas por escravos o que levou a uma explosão populacional do lado haitiano que não houve no lado dominicano. O tamanho de cada um dos territórios é muito semelhante, mas a população haitiana era e continua a ser maior. Atualmente o Haiti possui o dobro da densidade populacional em relação à República Dominicana.


Organizações nacionais ou internacionais que atuam ou atuaram no Haiti e na República DominicanaAs organizações de vocação ambiental são de duas categorias: nacionais ou internacionais. Existe vários programas, várias iniciativas e associações, que se consagram relativamente à questão ambiental do Haiti e da República Dominicana.
Organizações nacionais ou internacionais
que atuam ou atuaram no Haiti e na República Dominicana
No lado dominicano, a sociedade civil consciencializou-se em relação às questões ambientais, levando ao surgimento de muitas organizações não-governamentais e do desenvolvimento do setor académico que se tornaria extremamente importante na convenção ambiental e dos recursos naturais.
Quanto as organizações nacionais podemos salientar duas:
O Instituto de Direito Ambiental da República Dominicana (IDARD), organização sem fins lucrativos devidamente constituída de acordo com as leis nacionais sobre o assunto que visa desenvolver um espaço para estudo, discussão e análise das questões jurídicas ambientais, por meio de programas, projetos e atividades de formação sobre as questões ambientais e a lei em geral, para incentivar o estudo da legislação ambiental, obtenção, proteção do ambiente e a melhoria da qualidade de vida.

Programa de Formação em Gestão e Direito Ambiental
Este programa tem como finalidade tornar as pessoas mais conscientes dos seus direitos e deveres ambientais. Este programa foi desenvolvido com a ajuda e coordenação conjunta do Ministério do Meio Ambiente, instituições e agências nacionais.

Quanto às organizações internacionais podemos referir a seguinte:
The Nature Conservancy organização internacional, sem fins lucrativos, líder na conservação da biodiversidade e do meio ambiente, cuja missão é conservar plantas, animais e comunidades naturais que representam a diversidade da vida na Terra, protegendo espaços que necessitam para sobreviver. A The Nature Conservancy tem o apoio de mais de um milhão de associados e já ajudou a proteger mais de 50 milhões de hectares de terra ao redor do mundo através de estratégias inovadoras de conservação. The Nature Conservancy espera deste modo, garantir um equilíbrio entre as pessoas e a natureza em locais críticos. Para 2009, a organização tinha um total de 5,64 milhões de dólares.
Relativamente ao Haiti, possuindo atualmente uma ameaça para a paz internacional e para a segurança na região, decidiu-se estabelecer uma Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti (MINUSTAH). O comando desta operação pertenceu ao general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, do Exército Brasileiro.








Fig.19 Conversa entre um civil haitiano e o oficial do exército norte-americano no Porto Príncipe, aquando da missão da ONU
Fig.19 Conversa entre um civil haitiano e o oficial do exército norte-americano no Porto Príncipe, aquando da missão da ONU


As Nações Unidas e os seus parceiros lançaram recentemente um programa de recuperação ambiental de 200 milhões de dólares, que irá decorrer ao longo de vinte anos no Sudoeste do Haiti e visa beneficiar mais de 200 000 pessoas, pretendendo o seu desenvolvimento rural sustentável, abrangendo sectores desde a pesca ao turismo.
"Restabelecer os serviços ambientais da região será uma medida fundamental para restabelecer uma via de desenvolvimento real e duradouro para as suas populações e um passo na direção de uma economia verde", declarou Achim Steiner, Director Executivo do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), por ocasião da inauguração do programa em Port-Salut, no Sul do Haiti.

Sobre o plano internacional o PNUE Programme des Nations-Unies pour l'Environnement (Programa das Nações Unidas para o Ambiente) e o PNUD Programme des Nations-Unies pour le Développement (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) são dois exemplos significativos relativamente à questão ambiental do desenvolvimento sustentável no Haiti.
Contrariamente ao PNUE, o PNUD considera que o Haiti é o país da região do Caribe que tem uma biodiversidade mais rica com 5 000 espécies de plantas e 2 000 espécies de animais, mas desde a ratificação da convenção sobre a diversidade biológica em agosto de 1996, a riqueza biológica do país confrontou alguns problemas relevantes como a degradação do ambiente, a ameaça de extinção de várias espécies de plantas e de animais, o desflorestamento, o desaparecimento das espécies de plantas e de animais raras, a poluição dos ecossistemas marinhos e costeiros e o comércio ilegal de espécies endémicas que tendem a desaparecer como Flamingo rosa ou "Aratinga Chloroptera" e o Papagaio do Hispaniola.




Denominado Iniciativa "Côte Sud" constituída por parceiros que inclui o governo do Haiti e da Noruega, a organização Catholic Relief Services, o Earth Institute da Universidade de Colômbia, em Nova Iorque, são uma série de organizações não-governamentais (ONG) que surgiram no momento em que o Haiti assinalou o primeiro aniversário do sismo.

A enorme pobreza, a insegurança alimentar e a vulnerabilidade a catástrofes – que estão estreitamente ligadas às questões ambientais têm vindo a afetar o bem-estar local, há décadas, e a iniciativa propõe uma nova abordagem. Dez comunas, com uma população total calculada em 205 000 pessoas, beneficiarão diretamente do programa, que inclui ações nos domínios da reflorestação, controlo da erosão, gestão das pescas e o desenvolvimento das pequenas empresas e do turismo, bem como um melhor acesso à água e saneamento, saúde e educação.

Como se encontra consagrado na constituição haitiana, os cidadãos têm o direito à associação para defender os seus direitos e de participar no desenvolvimento social, político e económico do seu país. Nesse sentido, as organizações ambientais nacionais foram criadas pelos grupos ou agrupamentos de cidadãos que são conscientes da relevância do meio ambiente.






Podemos citar como exemplo as organizações como l'Association Haïtienne de Droit de l'Environnement (AHDEN) (Associação Haitiana de Direito do Ambiente), formada por advogados e juristas, cujo objetivo é promover os direitos ambientais sobretudo nas áreas rurais.
Environnement et Société (HARES) (Haiti, Riscos, Ambiente e Sociedade), associação que tem como objetivos principais: sensibilizar a população sobre a vulnerabilidade do Haiti relativamente aos fenómenos naturais e sensibilizar a população relativamente aos riscos de catástrofes naturais inerentes.

A constituição de 1987 da República do Haiti afirma que: "No quadro da proteção do ambiente e da educação pública, o Estado tem como obrigação proceder para a criação e para a manutenção dos jardins botânicos e zoológicos em alguns pontos do Território". Este artigo mostra não apenas a responsabilidade do Estado em proteger o ambiente, mas também o seu empenho em desenvolver as ações concretas como o intuito de alcançar o seu objetivo.
Paralelamente existe duas leis específicas que tratam mais profundamente a questão ambiental: o Código das Leis Haitianas do Ambiente e o Decreto sobre a proteção do Ambiente. Nesse sentido a legislação haitiana é bastante complexo relativamente ao ambiente, nomeadamente no domínio das árvores e das áreas protegidas, cobrindo deste modo 80 % da legislação.






Soluções para contrariar os problemas atuais
Soluções para contrariar os problemas atuais
A vegetação é a chave para a criação de novas perspectivas

É graças à menor diferença étnica na República Dominicana, que após a independência esta região possuía um bem económico acima do Haiti, e uma maior estabilidade política. Devido a campanhas de florestação feitas ao longo do tempo, fez com que a República Dominicana seja atualmente um importante fonte de rendimento, nomeadamente direccionada para o turismo.
Por outro lado o Haiti está longe disso. Projetos de reflorestamento poderia ser um passo concreto para ajudar as pessoas em crise a encontrar melhores condições de vida. Nas zonas florestadas deve-se assim, evitar deslizamentos de terra causados por inundações e tempestades, que ocorrem com grande frequência devido às alterações climáticas da região. Em contrapartida, a República Dominicana preocupa-se em proteger a vegetação, o que leva a que muitos haitianos tentem encontrar trabalho e refúgio na República Dominicana onde o nível de vida, bem como as condições de vida são mais elevadas.
Soluções para resolver o problema ambiental do Haiti

Os problemas ambientais são resultado maioritariamente das ações humanas, que causam bastantes impactos na natureza, senão houver uma boa política ambiental.
No Haiti podemos enumerar duas causas ligadas a degradação ambiental, a pobreza e a fraqueza do Estado. Deveriam aplicar certas medidas para controlar o avanço da degradação ambiental tais como:

Resolver o problema de pobreza erradicando a fome, a má nutrição, a falta de cuidados de saúde, a falta de acesso à água potável;

Restabelecer a autoridade do Estado pela luta contra a corrupção;

Controlar o espaço geográfico e a evolução demográfica da população criando uma polícia florestal para proteger o ambiente;

Criar empregos sustentáveis, eliminando a disparidade que existe na repartição das riquezas do país;

Aumentar o orçamento do Ministério do Ambiente;

Aplicar o Código florestal e todas as leis inclusivas e renovar o Código de higiene tomando as sanções severas contra todos aqueles que o violam;

Reforçar o serviço de recolha e gestão dos lixos;

Aumentar a produção nacional, valorizar e regulamentar o modo de exploração dos recursos naturais e das minas do país;

Criar um plano de ação sustentável, para o país não depender tanto da ajuda económica do estrangeiro;

Plantar pelo menos 2 000 000 de árvores (selvagens e fruteiras) a cada mês;

Combater o preço de carvão que a maioria da população utiliza para cozinhar.


Todo este trabalho ambiental no Haiti faz parte de um programa denominado Iniciativa de Regeneração do Haiti, liderada pelo instituto da Terra da Universidade da Columbia e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O esforço deste programa começou em 2008, com a restauração ecológica de uma das dezenas de bacias hidrográficas do país. Agora os trabalhos recaem para a costa Sul do Haiti, onde já foram utilizados 8 milhões de dólares em financiamento.

Este programa recai sobretudo sobre o planeamento: levantamentos sobre a qualidade do solo, dados de satélite sobre os padrões da topografia e da água, e a criação de um mapa que determina se as encostas podem suportar a agricultura. Foi também instalado um pluviómetro automatizado, que comunica a velocidade do vento e dados sobre precipitação em tempo real e via satélite, isto permitirá alertar com antecedência sobre risco de inundações.
Sem um governo forte e empenhado em resolver estes problemas no Haiti, os programas de reabilitação ambiental têm tido, resultados mistos. Falhas comuns entre estes projetos, que receberam um total de 391 milhões dólares desde 1990. De acordo com o Haiti Regeneration Initiative, verifica-se a falta de coordenação entre as organizações de ajuda internacionais e os ministérios do governo, por falta de alternativas de emprego, e um histórico de intervenções de curto prazo aplicado às questões de longo prazo.






Conclusão:
No decurso da elaboração deste trabalho chegamos a algumas conclusões relevantes. A Ilha Hispaniola possui duas regiões tão distintas, principalmente em termos ambientais, devido aos povos colonizadores que marcaram o rumo diferente tanto do Haiti como da República Dominicana.
Em termos turísticos, a República Dominicana é um dos destinos mais apreciados, conhecido pela beleza da natureza e pelas suas praias. Uma das maiores diferenças entre estas duas regiões é que, enquanto a República Dominicana desde cedo se preocupou sobre as questões ambientais, o Haiti desde cedo demonstrou desinteresse nesta variante pela inoperância dos governos em adotar medidas para prevenir os impactos ambientais. De salientar que o Haiti para além de ter o dobro da população da República Dominicana geograficamente situa-se num local de grande fragilidade relativamente a catástrofes naturais.
Por outro lado, ficamos a conhecer que a maior parte das vezes a falta de recursos energéticos no Haiti, devido à sua situação de pobreza extrema, leva à desflorestação (principal problema do Haiti, possuindo apenas 1,5 de cobertura vegetal) para a extração de madeira para a produção de carvão.
Mas existem outros problemas como: à falta de infraestruturas no Haiti contrapondo com uma situação contraditória relativamente à República Dominicana; a situação climática que prejudica ambas as regiões de salientar a questão da chuva que faz com que exista uma maior precipitação do lado dominicano, onde há uma maior florestação de que no lado do Haiti; por outro lado, o Haiti localiza-se geograficamente muito frágil devido aos movimentos das placas tectónicas (placa Caribenha) isso lhe expõe a vários ricos e desastres naturais; Na República Dominicana possiu setenta e quatro parques ou reservas que ocupam 32 % do território contrapondo como a situação precária do Haiti que possui apenas quatro sob constante ameaça devido à exploração clandestina para a produção de recursos energéticos; A ONU afirma ainda que um dos problemas mais prejudiciais tem a ver com o nível de instrução, uma vez que, no lado do Haiti apenas 50% da população é alfabetizado contrapondo com a República Dominicana que possui 90%; Por fim, outros dos motivos deriva do facto da população ser mais numerosa no Haiti do que na República Dominicana (O Haiti possui o dobro da densidade populacional comparativamente à República Dominicana).
Outro dos aspetos de relevância incide sobre o facto da intervenção nestes países de organizações nacionais ou internacionais que contribuíram para haver uma sustentabilidade dos recursos energéticos e do próprio ambiente. No lado dominicano, podemos destacar, ao nível das organizações nacionais, O Instituto de Direito Ambiental da República Dominicana (IDARD). Ao nível das organizações internacionais podemos salientar The Nature Conservancy e a própria ONU que lançaram um programa de recuperação ambiental de 200 milhões de dólares, e os programas das Nações Unidas para o ambiente, nomeadamente PNUD e a PNUE.
Do lado do Haiti, em termos de organizações não-governamentais temos a iniciativa "Côte Sud", AHEDEN e o HARES. A própria constituição de 1987 mostrava preocupação nos impactos ambientais e a responsabilidade do Estado em proteger o ambiente.
Para tentar resolver os impactos ambientais no Haiti foram implementadas algumas medidas tendo em vista a preservação do ambiente e onde o Estado passou a ter um papel mais interventivo, algo que não acontecia no passado.







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Bibliografia:
http://www.dw.de/hait%C3%AD-y-rep%C3%BAblica-dominicana-una-isla-dos-mundos-diferentes/a-16593304#
http://www.unric.org/pt/desenvolvimento-sustentavel/30237-haiti-onu-e-parceiros-lancam-novo-projecto-de-desenvolvimento-sustentavel-
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Geografia Universal- Grandes Atlas do século XXI












Anexos:
De acordo com Jared Diamond:
Fig.20- Turismo na República Dominicana[...] o Haiti é pequeno, formado por quatro parques nacionais, ameaçados por camponeses que derrubam árvores para fazer carvão. Em comparação, o sistema de reservas naturais da República Dominicana é relativamente o mais completo e o maior das Américas, compreendendo 32% da área do país em 74 parques de reservas (…) incorpora todos os tipos importantes de habitat. É claro que o sistema também, sofre com uma abundância de problema e uma deficiência de fundos, mas ainda assim é impressionante para um país pobre com outros problemas e prioridades. Por trás do sistema de reservas há um vigoroso movimento nativo de preservação, com muitas organizações não-governamentais mantidas pelos próprios dominicanos, e não impostas ao país por conselheiros estrangeiros".
Fig.20- Turismo na República Dominicana


Fig.22 elevada população no mundo ruralFig.21 Turismo no Haiti
Fig.22 elevada população no mundo rural


Fig.21 Turismo no Haiti


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