Museo Evita, Buenos Aires: uma casa de memórias políticas.

June 6, 2017 | Autor: Janaina Mello | Categoria: History, Cultural History, Political History, Museology, Museologia, História
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RELAÇÕES INTERNACIONAIS

ANO III Nº 2

LA HISTORIA DE ÁFRICA EN LA ESCUELA: ALGUNAS NOTAS SOBRE LOS DISCURSOS CURRICULARES DE ARGENTINA Y BRASIL

Rio de Janeiro 2º semestre de 2015

POR FRANCISCO RAMALLO E DANIELA SANTOS DO ROSÁRIO

ISSN:2318-5767 (IMPRESSO) ISSN:2318-6380 (DIGITAL)

Info JORNAL INFORMATIVO DO NÚCLEO DE ESTUDOS INTERNACIONAIS BRASIL-ARGENTINA DISTRIBUIÇÃO GRATUITA | VENDA PROIBIDA

RELAÇÕES BRASIL-AMÉRICA DO SUL ENTREVISTA COM CARLOS LESSA NOTÍCIAS ● Curso de língua francesa instrumental

para as Relações Internacionais com o professor Carlos Guilherme Sampaio ● Criado o curso de doutorado em Relações Internacionais na UERJ

● Curso de Extensão Gratuito com a

MUSEO EVITA, BUENOS AIRES

UMA CASA DE MEMÓRIAS POLÍTICAS POR JANAINA CARDOSO DE MELLO E HILDÊNIA SANTOS OLIVEIRA

Jornal Informativo do Núcleo de Estudos Internacionais Brasil-Argentina | 2º semestre de 2015 EDITORIAL O JORNAL INFORMATIVO DO NÚCLEO DE ESTUDOS INTERNACIONAIS BRASIL-ARGENTINA é uma publicação do Núcleo de Estudos Internacionais Brasil-Argentina, que se vincula ao Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGRI/UERJ) e ao Programa de Estudios Argentina-Brasil (PEAB), da Universidad Nacional de Rosario (UNR). É disponibilizado semestralmente, com o objetivo de congregar e incentivar estudantes que pretendam divulgar seus estudos sobre as relações internacionais do Brasil e da Argentina. Além disso, pretende disponibilizar reflexões sobre: os processos de integração regional; a dimensão histórica e cultural das relações internacionais dos dois países; as relações comerciais, a articulação econômica e as relações econômicas com parceiros externos. Visa, também, divulgar os seminários, cursos de extensão, workshops e congressos realizados pelo NEIBA/PPGRI/UERJ e pelo PEAB/UNR. Os autores assumem inteira responsabilidade pelas opiniões expressadas nos artigos. O jornal é de acesso aberto, sendo permitida a reprodução total ou parcial dos conteúdos publicados, desde que mencionada a fonte.

InfoNEIBA

ISSN:

Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rua São Francisco Xavier, 524, 9º andar, sala 9037 (bloco F)

2318-5767 (versão impressa) 2318-6380 (versão digital)

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Coord. Prof.ª Dr.ª Layla Dawood, UERJ.

Mestre em Relações Internacionais pela UERJ e especialista em História das Relações Internacionais também pela UERJ.

Doutorado em História das Relações Internacionais pela Universidade Paris III, França. Professor Adjunto do Departamento de História da UERJ. E-mail: [email protected] GLADYS T. LECHINI Doctora en Ciencias: Sociología por la Universidade de São Paulo, Brasil. Profesora Titular de la Cátedra de Relaciones Internacionales, UNR.

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Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

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LEANDRO GAVIÃO Doutorando em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e mestre em Relações Internacionais também pela UERJ. Coordenador e pesquisador do NEIBA. Coordenador do InfoNEIBA. E-mail: [email protected] RESPONSÁVEIS DAS LINHAS DE PESQUISAS ● Mídia, Cultura e Relações Internacionais Coord. Prof. Dr. Maurício Santoro, UERJ. ● Regionalismo e Política Externa

RAFAEL SALES ROSA Mestrando em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Especialista em História das Relações Internacionais também pela UERJ. É revisor do Jornal InfoNEIBA. E-mail: [email protected]

Graduando em Relações Internacionais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). GUTEMBERG BARBOSA Graduado em Arquivologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e graduando em Geografia pela UERJ.

PESQUISADORES ASSOCIADOS HELEN NUNES Doutoranda em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e mestra em Relações Internacionais pela UERJ.

Coord. Prof.ª Dr.ª Miriam Saraiva, UERJ. LAURA BRIZUELA ● Cooperação, Modernização e Política de Defesa na América do Sul Coord. Prof. Dr. Claudio Silveira, UERJ.

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Doutoranda em Economia Política Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestra em Relações Internacionais pela UERJ.

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Janaina Cardoso de Mello* e Hildênia Santos Oliveira** [email protected] e [email protected]

Museo evita, Buenos Aires: uma casa de memórias políticas.1 Eva María Duarte de Perón nasceu na Província de Buenos Aires em 1919, filha de Juana Ibarguren com Juan Duarte. Aos dezesseis anos despontou em radionovelas, sensibilizando as massas. Desde 1943, participava da Associação de Trabalhadores das Rádios Argentinas, quando em 1944, ao auxiliar as vítimas do terremoto na cidade de San Juan, conheceu Juan Domingo Perón, uma forte liderança na Secretaria do Trabalho (DÍAZ, 2005).

teatro biográfico, ao abrir de cada cortina, revela-se uma fase de sua vida, começando pela infância, sua juventude como atriz e, finalmente, sua vida como primeira-dama ao lado de Juan Perón. Por isso, os títulos das salas são intrínsecos à vida da personagem musealizada: “Eva Actriz – El encuentro con Perón”, “Primera Dama”, “Voto Feminino/Partido Peronista Feminino”, “Ayuda Social Directa”, “Renunciamineto – Final Inesperado”, “La Razón de mi vida”.

Eva e Juan casaram-se em 1945. Extremamente popular na Argentina, Eva apresentava-se como: “una mujer de vosotras, madres, esposas, novias y hermanas... de mi salió el hijo que está en los cuarteles o el obrero que forja una Argentina nueva, en tierra, mar y aire” (BARRONI, 1970, p. 75-76).

O Museo Evita abriga ainda o Instituto Nacional de Investigaciones Históricas Eva Perón – INIHEP, responsável pela organização e pesquisa histórica do acervo. Na entrada do Museu Evita há um banner de sinalização que traduz sua narrativa expográfica “Mi vida, mi mission, mi destino”. Administram a instituição: Natalia Nierenberger (direção do museu), Gabriel Miremont (curadoria) e Cristina Álvarez Rodríguez (presidência do INIHEP).

Juan Perón foi eleito presidente em 1946, após um longo período de ditadura. O legado de Evita e Juan Perón cristalizou-se em doze hospitais, mais de mil escolas, universidades e casas de apoio para mulheres e crianças. A Fundação Evita Peron ajudou idosos e participou da reforma do sistema prisional, especialmente o feminino. Evita morreu de um câncer aos 33 anos, e seu funeral foi um dos maiores cortejos do país, tendo seu corpo embalsamado e exposto até 1955. Com o golpe militar, seu corpo foi roubado e levado para Milão (Itália), somente retornando à casa em 1971, onde hoje está no Cemitério da Recoleta. O golpe político-militar de 1955 derrubou Perón e buscou destruir tudo relacionado à Fundação Evita Perón. Por isso, o Museu Evita constituiu-se num forte elemento na retomada da memória contra as ações de um esquecimento planejado. O museu é um poderoso espaço de reflexão e encontro com a cultura educativa, é também um lugar de representações sociais. O museu é percebido como uma “casa de memórias” (DAMATTA, 1997). A casa é o lugar da calma, habitada por pessoas com um destino em comum, com objetos e valores tradicionais. Sua subjetividade permeia a honra, o cuidado dos bens e seus membros. A casa é o lugar do amor familiar que mantém as portas abertas aos agregados. Na casa há reconhecimento, respeito, um mundo à parte, onde o tempo mensura-se pelo envelhecimento das coisas. O Museu Evita inaugurado em 26 de julho de 2002, em Buenos Aires, em homenagem à memória de Eva María Duarte Perón, marcou os cinquenta anos de sua morte. Organizado pela sobrinha-neta, Cristina Álvarez Rodrigues, está na rua Lafinur, nº 2988, em Palermo, num prédio construído pela família Carabassa. A casa do Instituto e Museu, construída em 1923 pelo arquiteto Estanislao Pirovano, foi declarada “Lugar Histórico Nacional” pelo Decreto nº 349/99 e tornou-se “lugar de interesse cultural” pela Resolução 187/2000 da Cidade Autônoma de Buenos Aires e “Monumento Histórico Nacional” pelo Decreto nº 231/07. A casa foi adquirida em 1948 pela Fundação de Ajuda Social Eva Perón para ser o lugar de Trânsito nº. 2.

No museu, o visitante viaja pela história argentina e transformação política de uma nação através da vida de uma mulher, buscando convencê-lo de que há um divisor de águas, a Argentina antes e depois de Evita. O museu configura-se em uma ideologia para vivificar o mito. Remete-se ao conceito de nação como “comunidade imaginada” de Benedict Anderson (2008, p. 32), pois, embora todos os membros dessa grande nação jamais se conheçam pessoalmente a construção cultural do arquétipo lhes dá a sensação de comunhão e solidariedade. O Museu Evita é um instrumento simbólico da “nação peronista” real e “imaginada” personificada numa mulher e assim “o museu e a imaginação museologizante cumprem seu papel eminentemente político” (Ididem, ibid, p. 246).

¹ O trabalho é resultado de pesquisa empírica à partir de uma visita técnica realizada no Museu Evita, em Buenos Aires, em 2012, com recursos da Secretaria Estadual de Cultura de Sergipe (SECULT-SE). Referências: ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. Reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Cia. das Letras, 2008. BORRONI, Otelo; VACCA, Roberto. Eva Perón. Vida y milagros de nuestro pueblo. Buenos Aires: CEAL, 1970. DAMATTA, Roberto. A Casa & A Rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. DÍAZ, Martha Susana. Mulher e Poder. O caso de Eva Perón na política argentina. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais. Salvador: UFBA, 2005. ________________________________________________________

As casas museus assumem funções sociais corroborando na conformação cultural da sociedade. Criam uma identidade institucional sob o signo da reificação do passado, registram a memória. Guardam parte de uma trajetória, ajudam a sociedade a entender as histórias de vida. Nelas ouve-se a voz de um passado, observam-se biografias míticas e fatos tornados histórias. As casas museus não ocultam, elas revelam heranças culturais de um período.

* Janaina Cardoso de Mello é Pós-Doutoranda em Estudos Culturais (PACC-UFRJ); Doutora em História Social (PPGHIS-UFRJ); Professora da Graduação em Museologia (UFS) e dos Mestrados em História (PROHIS-UFS e PPGH-UFAL). ** Hildênia Santos Oliveira é Mestranda em História (PROHIS-UFS); Bolsista Capes 2014-2015; Graduada em Museologia (UFS).

A história de Eva Duarte é comunicada em treze salas. Os espaços são subdivididos em exposições de curta e longa duração. Como num 2º semestre de 2015

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Entrevista - Carlos Lessa Carlos Lessa é economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez doutorado na Unicamp, ex-presidente do BNDES foi também reitor da UFRJ. Concedeu a entrevista à Helen Miranda Nunes para o NEIBA e responde nossas perguntas sobre a situação econômica e política do Brasil e a necessidade de repensar um projeto nacional no cenário Internacional. (10 de novembro de 2015) InfoNEIBA - Quais são os elementos fundamentais hoje para se repensar um projeto nacional?

presença neste comércio dos elementos dinâmicos e confirmando um papel de fornecedor de commodities.

Carlo Lessa - Eu começaria colocando a pergunta: O que é o povo? Qual foi o seu processo de constituição? Quais são os grandes afetos, as grandes cargas emocionais simbólicas que o povo tem? Acho, por exemplo, que aqui na América Latina, nós podemos coletar exemplos extremamente fascinantes porque temos uma variedade de relações afetivas e de autoestima muito curiosas. Uma variedade realmente impressionante. No caso da Argentina, me chama muito a atenção [...] o fenômeno do peronismo enquanto uma manifestação afetiva cujo símbolo era a Evita Perón; e cuja afirmação do argentino popular urbano em relação à velha oligarquia porteña.

Quanto à imagem brasileira, à inserção brasileira no grande jogo político internacional, digamos assim, eu acho que o Brasil tem se esforçado por marcar algumas posições sem correspondência com a realidade econômica das forças produtivas. Porém, é inquestionável que desde a visão de Terceiro Mundo até a rota inicial dos BRICS, há um esforço político e institucional de marcar a presença brasileira. Não sei avaliar os desdobramentos objetivos desses esforços. Porém, ele tem o mérito de poder alimentar uma necessária controvérsia geopolí-

Acho que, por exemplo, isto produziu o incêndio do prédio do Jockey Club argentino como caráter simbólico. Sintomático porque não houve queda da Bastilha, mas incêndio de um clube social. Acho que tem muito a ideia de “nós somos a Argentina em potencial”. Isso é o denominador comum do peronismo. Já no Brasil, não tem um fenômeno de afirmação afetiva com a força simbólica de Perón. Não temos. Temos sim um movimento afetivo fortíssimo exaltando o futebol brasileiro. Eu acho que os povos têm a necessidade de identificar esses objetos de afeto. Essas condensações de afeto. Essas sensações de pertinência e de aceitação irrestrita de símbolos. Acho que hoje essa é uma questão revivida de certa maneira [...] É uma questão absolutamente atual. E é extremamente útil o núcleo como o de vocês fazer comparações destas categorias que empregam o coração popular. InfoNEIBA - Em sua opinião, como é a inserção brasileira hoje no sistema internacional? Como o Brasil se insere? Carlos Lessa - Do ponto de vista objetivo das relações econômicas, creio que há um retrocesso no modo pelo qual estamos integrados ao sistema mundial de comércio. Estamos reduzindo nossa 1º semestre de 2015

tica e subsidiar o processo decisório interno. Quanto à presença cultural, não temos tido nenhum sucesso relevante. A ideia de um país musical com dimensões continentais não está adequadamente consolidada. A literatura brasileira, apesar do fenômeno Paulo Coelho, não se enraizou nas coletâneas mundializadas. Perdemos visibilidade com futebol, com os desastres futebolísticos e a displicência de permitir a falência da Varig. InfoNEIBA - Na sua visão, como são as relações do Brasil e da América do Sul, em especial, as relações com a Argentina?

Info

Carlos Lessa - O Brasil vive, historicamente, um problema sério de um continente sul-americano derivado do tamanho brasileiro que apesar de não ser alardeado nem exaltado, é percebido pelos nossos vizinhos como uma situação extremamente assimétrica. Isto exige uma atenção delicada e cuidadosa com as relações que o Brasil mantém com cada uma das nações sulamericanas e impõe uma articulada atenção com iniciativas brasileiroargentinas que não podem acentuar a assimetria. Temos que reforçar nossa presença e integração com os argentinos e, ao mesmo tempo, praticarmos uma política de negação da assimetria. Não é fácil [...] Um exemplo dramático pela repercussão nos países observadores é a disputa sobre fábricas de papel desenvolvidas pela Argentina e Uruguai. É muito difícil ao Brasil se posicionar de forma transparente sobre esse tema. [...] Muito complicado. Como aparecer para os bolivianos e paraguaios como irmãos? O eixo Brasil-Argentina é o eixo chave para o futuro da América Latina; BrasilArgentina é chave para o futuro do continente. Porém, os dois países têm que desenvolver em conjunto uma política que reduza a percepção de prioridade brasileira-porteña. [...] A energia elétrica do Paraguai poderia ser um domínio para cooperação [...]. InfoNEIBA - Em sua opinião, no Brasil, o que é mais grave hoje a crise política ou a econômica? Como elas se relacionam? Carlos Lessa - Eu não sei responder. Tenho a percepção de que a falta de um projeto nacional impõe uma reflexão profunda sobre a identidade brasileira e a degradação de nossa autoestima. Acho que é um processo que se desenvolve a partir da experiência autoritária que não foi resolvida por uma profunda discussão republicana. [...] InfoNEIBA - Como o senhor enxerga a perspectiva desenvolvimentista hoje para a economia brasileira? Carlos Lessa - Não consigo abrir mão da ideia de que o Brasil necessita de um projeto de desenvolvimento que combine de maneira clara forças produtivas e 4

forças sociais. É, será da interação bem sucedida dessas duas dimensões que poderá amadurecer um novo horizonte de desejo histórico para o povo brasileiro. (Vou te dizer uma coisa que a gente não pode discutir isso ainda, mas acho que já tem alguns componentes apontando em direção a uma discussão sobre o Brasil a sério).

InfoNEIBA - Quais são os fatores essenciais para a recuperação da economia brasileira?

InfoNEIBA - E quais seriam esses pontos?

“O Brasil (...) é percebido pelos nossos vizinhos como uma situação extremamente assimétrica. Isto exige uma atenção delicada e cuidadosa com as relações que o Brasil mantém com cada uma das nações sulamericanas e impõe uma articulada atenção com iniciativas brasileiro-argentinas que não podem acentuar a assimetria”

Carlos Lessa - (Eu acho que a ideia de que se esgotou a mágica republicana da nova república, não tem mais nem pelos caminhos dos direitos e nem pelo caminho dos paliativos sociais como forma de enfrentar os desejos. É necessário aprofundar a discussão. Eu acho que essa discussão já começa na sua geração. Quero tanto ver isso que eu acho que começo ver as coisas com olhos mais... otimistas. Mas não vou dizer isso).

Carlos Lessa - Explicitar a nação como potência e objeto de desejos. O Brasil pode enfrentar as restrições se houver coesão nacional em torno dos desejos. Uma indicação forte da possibilidade

disto a vir ocorrer está na generalizada opinião favorável à prioridade de itens

de consumo público como saúde, educação e segurança. Esta prioridade irá explicitar a dramática diferença entre o padrão de vida e de qualidade de vida. O padrão da vida motorizada se combina com o bloqueio à livre circulação das pessoas. Hoje a questão urbana dramatiza escolhas que deverão modificar significativamente as prioridades do país. Por exemplo, transporte coletivo de qualidade ou/e multiplicação da frota de automóveis individuais?

InfoNEIBA - Qual é a sua mensagem para os alunos de Relações Internacionais? Carlos Lessa - Sejam protagonistas do debate necessário sobre Brasil e seu futuro. Vocês podem ser uma ponta de lança para repor as prioridades geopolíticas da nação.

Francisco Ramallo y Daniela Santos do Rosário * [email protected] y [email protected] LA HISTORIA DE ÁFRICA EN LA ESCUELA: ALGUNAS NOTAS SOBRE LOS DISCURSOS CURRICULARES DE ARGENTINA Y BRASIL.

Este breve artículo es el resultado de un diálogo de dos profesores e investigadores en relación a la enseñanza de la historia de África y las representaciones del mundo negro en las escuelas de Argentina y de Brasil. Bajo diferentes enfoques, nuestros análisis se concentran en abordar esta temática desde una mirada normativa que recorre una serie de aspectos sobre los diseños curriculares. Los países analizados presentan diferencias extremamente marcadas sobre esta cuestión, incluso se vuelven paradigmáticas si recordamos que Brasil por ejemplo es el país con mayor presencia de africanos y afrodescendientes (representada en su último censo como el 51% de su población) y Argentina es de menor (ocultada y expresada en su censo por debajo del 1% de su población). No obstante es posible encontrar en ambos casos algunas semejanzas en las imágenes y representaciones de cultura africana que se representan, como así también similitudes en los prejuicios y los preconceptos en la historia única que se construye de este continente. En el caso brasileño desde el año 2003 existe una ley (10.639) que recorre el contexto curricular del todo el sistema educativo, desde el nivel inicial al superior, y propone un trayecto transversal. Se trata de una normativa que ofrece directrices curriculares nacionales para la educación de las relaciones étnico-raciales y para la enseñanza de la historia y la cultura afr0-brasilera y africana. Su justificación y fundamentación para la enseñanza del pasado africano se basa en una cuestión identitaria, en donde África asume un significado: la consciencia del pueblo negro. De esta forma en Brasil la normativa es general y pretende funcionar en todas las áreas de formación, entrecruzando disciplinas, niveles y experiencias.

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Info

En el caso Argentino si bien la historia de África no tiene una centralidad curricular, en el contexto de la provincia de Buenos Aires en los diseños curriculares para la enseñanza de la historia (20062010), es posible advertir una novedosa presencia en relación al pasado de este continente. En los diseños de 2º y 5º año de la escuela secundaria el pasado africano se vuelve clave para entender las unidades de los vínculos coloniales del triángulo comercial entre Europa, América y África, y del mundo poscolonial (en el cual la descolonización de las ex colonias en África y Asia traza las líneas para comprender la historia de la segunda mitad del siglo XX). En este marco es evidente que aparece una historia africana pero el mundo afrodescendiente continúa silenciado y ocultado. Los diseños curriculares presentan una escritura que incluso podríamos designar rápidamente como contrahegemónicas en relación a la enseñanza tradicional de esta disciplina, en el sentido que cuestionan la historia eurocéntrica y que ofrecen otra mirada de la historia universal (antigua/medieval/moderna). Pues creemos que tal incorporación aparece como una tentativa de contrarrestar el carácter dominador eurocéntrico y no para valorizar al atacado pueblo negro. Analizar esta cuestión requiere además reparar en otros planos que refieren a comparar normativas bien diferentes, en este caso los diseños curriculares están descentralizados (pues no existe un diseño común de orden nacional) y en el contexto de la provincia de Buenos Aires se caracterizan por ser prescriptivos en relación a los contenidos, orientaciones y secuencias didácticas. Asimismo la propuesta brasileña de transversalidad de los contenidos de la historia africana permite una apropiación de la cultura, que hace (re)pensar la herencia africana en esta sociedad, dando énfasis a los contenidos afrobrasileños y afrodiaspóricos. 5

Diferente es en Argentina, en donde la tendencia a una historia que marque una ruptura con el eurocentrismo dominante, crea una lectura de África como un “otro”, sin que se destaque los afrodescendientes de este país y manteniéndolos aún en un lugar de invisibilidad. Por otro lado, la ausencia de una construcción de contenidos educacionales delimitados en relación a África y la historia afro-brasileña en comparación con Argentina dificulta las posibilidades de aplicación de esos contenidos en las aulas.

el anti-racismo puede ser ensañado también. Y aquí nuestro países conjuntamente tienen mucho por hacer, en nuestras cotidianas desnaturalizaciones del mundo presentado en las aulas, mostrando que la nuestra “realidad” es una construcción histórica, donde los profesores y los estudiantes presentamos alternativas y nuevas realidades.

También es cierto que los curriculum no resuelven las cuestiones sobre las prácticas educacionales. En el sentido de que si bien estos países están (re)pensando las tramas del pasado del pasado africano en sus aulas, precisamos de más. Las distancias entre las normativas y lo que ocurre en las aulas es muy grande. La formación de los docentes en estas áreas de saberes es muy deficiente, y se continúa en los dos contextos representado a África como un continente pobre y colmado de prejuicios. Sumado a que el motor de la historia de África desde lo curricular aún son las historias europeas. Precisamos pensar y sentir la cultura africana y las de sus descendientes de un lugar otro. Necesitamos entonces que los propios educadores sean quienes acaben con la naturalización hegemónica de la inferioridad africana y de sus afrodescendientes. Las imágenes que durante siglos se construyeron sobre África no se destruirán fácilmente, pero nosotros los profesores somos quienes podemos comenzar a disputar esta historia única.

BRACCHI, Claudia (coordinadora). Diseño Curricular para la Educación Secundaria: Marco General para el Ciclo Superior. La Plata, Dirección General de Cultura y Educación de la Provincia de Buenos Aires.

Cerrando estas líneas nos queda señalar que pensamos que la educación en temas de la cultura africana ocupa un lugar central para superar el racismo en nuestras escuelas. En tal sentido reconocemos que el racismo y el anti-racismo se pueden manifestar de diferentes formas en los discursos y prácticas sociales de la educación. Pues de la misma manera que el racismo es enseñado,

Referencias:

COSTA, Sergio. DOIS ATLANTICOS: Teoria social, anti-racismo, cosmopolitismo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (2010). Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasilia: SECAD, 2010 _____________________________________________________ * Francisco Ramallo es profesor y investigador en formación del Departamento de Ciencias de la Educación (FH-UNMdP). Doctorando en Humanidades y Artes (UNR) y estudiante de posgrado de PosAfro- CEAO (Universidad Federal de Bahía). *Daniela Santos do Rosário es licenciada en Historia por la Universidade Jorge Amado (UNIJORGE). Maestranda de PosAfroCEAO (Universidad Federal de Bahía).

NOTÍCIAS NEIBA PROMOVE O CURSO PIONEIRO DE LÍNGUA FRANCESA INSTRUMENTAL PARA AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA UERJ. Buscando atender as necessidades dos estudantes de Relações Internacionais da UERJ, o NEIBA promove um curso de língua francesa instrumental com um ensino inovador e dinâmico. Com um professor de excelência, doutorando da UERJ, Carlos Guilherme Sampaio, oferecendo aos estudantes sua experiência tanto com o idioma quanto com a cultura francesa. O curso será ministrado em duas turmas de 25 vagas* cada: Turma 1: segundas e quartas de 18h às 19:40h; Turma 2: segundas e quartas de 19:50h às 21:30h A matrícula ocorrera na sala do NEIBA (9018, bloco A - 9º andar) e teve o valor de R$ 150,00 (por módulo) no período de 29/02 a 04/03/2016. O curso ocorrerá na sala 9002, bloco A - 9º andar a partir do dia 07/03/2016 (início das aulas). *Vagas prioritárias a estudantes de Relações Internacionais UERJ

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Notícias II JORNADA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO NEIBA FOI UM SUCESSO! A II JorNEIBA ocorreu no dia 9 de outubro de 2015, e teve como tema: "Os desafios das novas tecnologias de comunicação no século XXI". A Comissão Organizadora agradece a participação: dos ouvintes que prestigiaram a Jornada; dos monitores que auxiliaram o público presente; dos comunicadores dos GTs; dos professores Maurício Santoro e Miriam Saraiva que moderaram os GTs; do apoio decisivo da Fundação Konrad Adenaeur e da secretaria do PPGRI-UERJ representada pelo funcionário Jefferson; do aceite do convite pelo jornalista Andrew Fishman para a palestra: “Edward Snowden: o sombrio mundo da espionagem digital sobre nossas liberdades individuais” na conferência de encerramento e a todos os envolvidos na realização da II Jornada de Relações Internacionais do NEIBA. Muito obrigado a todos!

ÁUDIO DA PALESTRA MINISTRADA PELO PROFES- GRANDE EVENDO É CANCELADO DEVIDO À OCUPASOR ALEXANDRE MORELI (FGV-RJ) ÇÃO DE ALUNOS DA UERJ No dia 04 de novembro, o NEIBA promoveu a palestra “O Atlantismo Tropical brasileiro e a ordem internacional no pósSegunda Guerra Mundial”, ministrada pelo Prof. Dr. Alexandre Moreli (coordenador do Centro de Relações Internacionais do CPDOC/FGV). O áudio está disponível no canal do NEIBA no Soundcloud: https://soundcloud.com/neiba-492165560/palestraalexandre-moreli

MUJICA VISITA A UERJ E NEIBA MARCA PRESENÇA O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, conhecido por sua legislação mais avançada sobre as drogas, esteve no Brasil à convite da Federação de Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul (Federasur) e no dia 26 de agosto promoveu, por iniciativa própria do ex-presidente, um encontro entre jovens no anfiteatro da UERJ, que calorosamente o recebeu com uma lotação do espaço.

Lamentavelmente o evento “Democracia virtual - implicações políticas” foi cancelado devido à ocupação que protestava contra a falta de pagamento de profissionais terceirizados e de bolsas por alunos da UERJ em seus diferentes campus. O tema era as implicações políticas da democracia, onde seriam discutida a influência da internet e das redes sociais na sociedade civil e na política. Neste evento seria lançada a edição 3/2015 da série Cadernos Adenauer, intitulada “Internet e sociedade”.

VALORIZAÇÃO DOS CURSOS DE DOUTORADO: CRIAÇÃO E PREMIAÇÕES

COMO CITAR O INFONEIBA MELLO, Janaina Cardoso de & OLIVEIRA, Hildênia Santos. Museo evita, Buenos Aires: uma casa de memórias políticas. InfoNEIBA: Jornal Informativo do Núcleo de Estudos Internacionais Brasil-Argentina, Rio de Janeiro, Ano III, n. 2, p. 3, jul.-dez. 2015. Obs.: o destaque é para o título do periódico, o subtítulo não é destacado. ISSN: 2318-5767 (impresso) e 2318-6380 (digital)

Com muito orgulho e muita honra, foi criado o curso de doutorado em Relações Internacionais na UERJ, sendo aprovado no dia 3 de março de 2016 por unanimidade pelo CSEPE (Conselho Superior de Ensino Pesquisa e Extensão). O que significa uma vitória na trajetória do curso, representando a primeira instituição publica no estado do Rio de Janeiro com esse curso de doutorado. E nossa parceira, a Universidade Nacional do Rosário, recebeu a nota máxima (equivalente à Excelente) no curso de doutorado também em Relações Internacionais pela Comisión Nacional de Evaluación y Acreditación Universitaria (CONEAU), demonstrando o resultado dos esforços da instituição para com o curso e os estudantes.

O InfoNEIBA recebe em fluxo contínuo: artigos, resenhas e materiais de cunho acadêmico para divulgação. Maiores informações no site: www.neiba.com.br 2º semestre de 2015

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