Museu de Arte Sacra: ensino de história e \"musealização\" do sagrado. Primeiro dia. 2015.

June 3, 2017 | Autor: Guilherme Luz | Categoria: Religion, Museum Education, Religious art, Museums
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O Museu de Arte Sacra de Uberlândia – introdução, visita e potencialidades do seu acervo. Primeiro dia do curso: Museu de Arte Sacra: ensino de história e “musealização” do sagrado. CEMEPE / LEAH-UFU / MAS – © 2015, Guilherme Amaral Luz

O “Lugar” do Museu • O museu é um “lugar de Memória”. Não se restringe, pois, à sua materialidade espacial, mas abrange, concomitantemente, uma espacialidade simbólica (Ex.: Museu Paulista ou do Ipiranga e Parque da Independência; MNBA no prédio da antiga Academia Imperial de Belas Artes; Museu Municipal de Uberlândia no prédio da Antiga Câmara Municipal...); • O museu é, portanto, monumento. Ele conta ao seu modo uma história a partir de um ponto que institui a organização do “lembrar”. Ele é efeito de instituições, de relações desiguais de poder, que autorizam ou desautorizam determinadas versões da história.

O “Lugar” do MAS • O MAS é um museu recém inaugurado na cidade e pertence à estrutura da Diocese de Uberlândia, da Igreja Católica Apostólica Romana. Ele obedece, assim, funções e comporta concepções que emanam dos documentos oficiais da Igreja, da sua estrutura institucional e da sua missão, tal como definida nos documentos conciliares, nas encíclicas papais e nas deliberações sinodais. • Fazer parte da estrutura da Igreja, embora limite os sentidos do museu de uma certa maneira, não significa uma necessária univocidade, tampouco, explica por completo a sua concepção. Isso porque a própria Igreja, como instituição, é diversa e múltipla.

O prédio do MAS • O museu localiza-se em anexo da Igreja do Divino Espírito Santo do Cerrado, prédio, em si, marcado por uma série de significados simbólicos, indissociáveis de sua história e de sua concepção arquitetônica. • Projeto da Igreja (1975) pela importante designer e arquiteta Lina Bo Bardi (esposa de Pietro Maria Bardi, curador do MASP) e construção entre 1976 e 1981, aproximadamente. Parceria com os arquitetos Marcelo Carvalho Ferraz e André Vainer e o artista Edmar de Almeida (natural de Araxá). • Encomenda do projeto: Frei Egydio Parisi e Frei Fúlvio Sabia, religiosos franciscanos ligados ao “Comissariado Franciscano de Nossa Senhora de Fátima do Brasil” (oficializado em este nome em 1965). • Apoio financeiro da organização católica alemã ADVENIAT, criada em 1961. • Bairro Jaraguá, nos limites da área urbana de Uberlândia na década de 1970, período de grande crescimento demográfico.

Questões presentes na própria história do prédio • Carisma franciscano e a atuação da ordem na América Latina na segunda metade do século XX, especialmente entre o final da Segunda Grande Guerra e as décadas sucessivas ao Concílio Vaticano II. • Reestruturação da Igreja na América Latina no século XX, com a consolidação de dioceses e paróquias no interior e a emergência do ideal comunitário (CEBs, mutirão, movimentos sociais...). • A estética “modernista” engajada e a relação entre tradições populares e inovação de vanguarda. • A memória da Segunda Guerra e a Igreja na Europa e no Novo Mundo. • Socialismo, teologia da libertação, participação, inclusão X avanço do Capitalismo, ideologia do progresso, ditadura militar, exclusão...

A escolha do prédio do MAS • Quando surgiu o projeto do MAS, no interior da Faculdade Católica de Uberlândia, não havia um local pré-definido para ele. Foram realizadas, sem sucesso, gestões políticas da Cúria junto à Prefeitura para que a atual Biblioteca Municipal comportasse o museu. • A Biblioteca Municipal funciona no bairro Fundinho desde 1976. Antes, ali funcionava, desde o início da década de 1940, a rodoviária da cidade. Com a construção do novo Terminal, em 1976, a Biblioteca foi para lá transferida. • A construção da antiga rodoviária, na década de 1940 deu-se após a demolição, naquele terreno, da primeira igreja da cidade, dedicada à Nossa Senhora do Carmo.

A escolha do prédio do MAS • A oportunidade de estabelecer o MAS em anexo à Igreja do Divino Espírito Santo do Cerrado deu-se em 2014, quando um dos principais idealizadores do projeto do museu, Pe. Rogério Alves, foi transferido da Paróquia São Pedro (matriz no bairro Saraiva) para a Paróquia do Divino Espírito Santo, cuja matriz é esta igreja; • A sede do MAS é entendida pela própria cúria e pelo Bispo Diocesano, Dom Paulo, como provisória, embora o valor cultural, artístico e arquitetônico do prédio tenha sido, inclusive, uma das razões para a sua escolha como abrigo do museu e, ao mesmo tempo, para a sua entrega à responsabilidade do Pe. Rogério como pároco.

Uma Igreja, uma Biblioteca, uma Rodoviária e três bairros... • Rodoviária – 1976 – Bairro Martins – Rodovia – Crescimento Demográfico – Interligação Regional – Interligação da Região com os Grandes Centros – Interligação com Brasília e o Interior do Brasil; • Biblioteca (Jucelino Kubitschek...) – 1976 – Bairro Fundinho – área central da cidade – marco inicial – local de cultura e expressão da autoimagem de uma cidade “progressista”; • Igreja do Espírito Santo do Cerrado – 1976 – Bairro Jaraguá – bairro periférico – popular – comunidade engajada no cotidiano social e religioso – arte com perspectiva social – limites entre o rural e o urbano.

Antes de começar a visitação da Igreja • Visita silenciosa. Exercício de percepção. Discutiremos as observações posteriormente. Apenas observar em silêncio absoluto, sem conversar ou fazer perguntas ao ministrante do curso ou uns para os outros. Perceber o “espaço sagrado” como tal (desafio!). • Anotar as perguntas e as observações que precisarem ser feitas depois (na discussão). • Observar todos os detalhes: portas, janelas, entradas de luz, pilastras, paredes, altar, ornamentos, piso, telhado. • Não construir julgamentos de qualquer ordem (estética, espiritual ou qualquer outra) – desafio!

Antes da visita ao Museu • Pode quebrar o silêncio, mas manter um estado de “percepção aguçada” (atenção), continua sendo um desafio! Não correr, observar atentamente e com vagar. • Divisão entre os sentidos, observações e percepções: olhar para os objetos (no espaço, na relação uns com os outros, no seu geral particular, nos seus detalhes próprios), ouvir (as informações e os comentários do “guia”, no caso, o ministrante do curso), ler informações sobre peças. Não se perder na observação. Se preciso, voltar, olhar de novo.

• O mais importante é a peça em si! Desafio! • Continuar o processo de anotações, sem se perder. Evitar iniciar reflexões e discussões ao longo da observação. Ser ativo na observação sem a ânsia de atropelá-la com os próprios pensamentos. • Proposta de exercício em outro momento: visitar o museu sozinho com uma câmera fotográfica, escolher um objeto e observá-lo com profundidade com o auxílio da câmera.

Obs.: As imagens a seguir não são de peças que compõem o acervo do MAS, mas exemplos de tipologias retirados da Internet.

Definindo leituras de objetos de acervos Proposta “descritiva”:

- Tipologia - Material, técnica e dimensões - Proveniência e coleção - Datação exata ou aproximada - Autoria individual, coletiva ou atribuída - Iconografia

Tipologias – Objetos litúrgicos Cálice e Patena

Tipologias – Objetos litúrgicos

Tipologias – Objetos Litúrgicos Crucifixo de mesa (objeto litúrgico)

Crucifixos procissionais (objeto litúrgico)

Tipologias – Objetos Litúrgicos

Espaço Litúrgico

Tipologias – Paramentos Litúrgicos Mitra (usada por bispos) Cores do tempo litúrgico representados em mitras

Tipologias – Paramentos Litúrgicos Casulas e Estolas

Túnica ou batina

Tipologias – Paramentos de Ordens Regulares Hábitos de Ordens Regulares

Hábitos femininos - Clarissas

Tipologias – Objetos devocionais (oratórios e nichos)

Oratórios/Altares budistas (Butsudan)

Tipologias – Imaginária Sacra

Imagens das Religiões Afro-brasileiras e Sincretismos

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