Música nos Andes da época pré-hispânica à contemporaneidade: a etnoarqueomusicologiaandina enquanto disciplina e seu olhar sobre o universo andino

July 24, 2017 | Autor: D. La Chioma Vill... | Categoria: Iconography, Andean Archaeology, Archaeomusicology, Andean Ethnoarchaeomusicology, Moche Archaeology
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Música nos Andes da época pré-hispânica à contemporaneidade: a etnoarqueomusicologia andina enquanto disciplina e seu olhar sobre o universo andino

Daniela La Chioma Silvestre Villalva. Doutoranda do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP e bolsista FAPESP

Modelo metodológico de Adje Both, 2009, para a Arqueomusicologia Pré-Hispânica.

1. 2. 3. 4.

Etnoarqueomusicologia Andina: Denominação conferida por Dale Olsen (2002)

Arqueologia musical Iconografia Fontes históricas Analogia etnográfica

A árvore de classificação musical do Peru, segundo Dale Olsen

Olsen, 1986

Objetivo: Discutir dois estudos de caso de como se aplica esta metodologia, usando a antara, instrumento de sopro análogo à flauta de Pã. 1.

Dualismo e Cosmovisão na produção musical andina (usando dados arqueológicos Nasca)

2. Poder e performance no mundo andino Pré-Hispânico (usando dados arqueológicos Moche)

A cosmovisão andina e o sistema atual de IRA-ARKA •

O sistema de Ira- Arka baseia-se no princípio de complementaridade andina. A antara Ira, correspondente ao âmbito masculino, começa e lidera as canções, enquanto a flauta Arka, feminina, responde à primeira. Este processo é considerado um diálogo: (...) arka e ira combinam suas notas para criar uma melodia particular que resulta de uma interação integrada e complementar (Baumann, 1996:31).



Instrumento de caráter coletivo: a organização dos Sikuris se dá em tropas formadas por grande número de pares de antaristas. Baumann (1996) e Bellenger (2007) estudaram tipos variados de tropas, como os Jula Julas, os Lakitas etc.

Fotos: Carlos Mansilla Vásquez.

Dados arqueológicos e etnográficos de antaras em conjunto: • Cahuachi – Nasca. Material escavado por Giuseppi Orefici e analisado por Anna Gruszczynska. Total de 27 antaras quebradas intencionalmente, todas organizadas em pares. • Estudos de Haeberli com antaras de coleção: verificou que as antaras eram produzidas em conjunto e apresentavam complementaridade de escalas. (Olsen, 2002: 68) • Músico de Las Trancas, escavado por Julio Tello em 1927. • Estudos de Carlos Mansilla Vásquez (em processo, comunicação pessoal): atesta que as notas se complementavam, no período Nasca, à maneira de Ira-Arka atual. • A produção e consagração dos conjuntos de antaras na ilha de Taquile, Titicaca (Bellenguer, 2007: 143)

Músico de Las Trancas: Tumba S-III-CQT Tropa de 6 antaras encontrada com indivíduo de alto status.

Foto cedida por Carlos Mansilla Vásquez. Som: Pedro Paulo Salles.

1ª Análise (Bolaños, 1988).

ANTARA Nº TUBO Nº

1/1130

1/1131

1/1132

1/1133

1/1134

1/1135

1

·

·

·

·

G +20

G +40

2

·

·

·

·

C -40

C -40

3

·

D# +20

·

·

D# +25

D# +25

4

·

·

·

·

G +5

G +5

5

A –20

·

·

·

·

A +20

6

C# ±0

C# ±0

·

·

·

C +45

7

D + 20

D +10

·

·

·

C# +40

8

E –20?

·

E +40

E -50

·

D# -5

9

·

F -20

F -10

·

·

E ±0

10

G# -10

G# +10

G# -30

·

F# +10

F# ±0

11

A -10

A -30

A -20

A -10

F# +20

G +40

12

A# ±0

A# ±0

A# ±0

A# +20

G# +10

G# +40

13

B -10

B -20

·

·

A# -30

A + 30

Tabela cedida por Carlos Mansilla Vásquez.

Foto cedida por Carlos Mansilla Vásquez.

2ª Análise (Mansilla, 2007). ANTARA NASCA Nº I/1130 (S-III-CQT-5)

Nº DE TUBO

MUESTRA 1

12/2006

MUESTRA 2

Media

Nota

± Cents

Hertz

Nota

± Cents

Hertz

Nota

±Cents

Hertz

1

G3

+3

196.3

G3

+6

196.2

G3

+5

196.4

2

B3

+44

252.9

B3

+40

253.2

B3

+42

252.9

3

Eb

+18

314.9

Eb

+38

317.3

Eb

+28

316.2

4

G4

-10

390.0

G4

-14

388.8

G4

-12

391.1

5

A4

-29

434.7

A4

-25

867.4

A4

-27

435.1

6

Db 5

-5

556.9

Db 5

+2

559.2

Db 5

-3

558.4

7

D5

+23

596.6

D5

+25

598.6

D5

+24

598.3

8

E5

-4

662.7

E5

+3

664.2

E5

-1

663.8

9

F5

-48

682.1

F5

-49

685.7

F5

-49

684.2

10

Ab 5

-21

823.0

Ab 5

-33

827.7

Ab 5

-27

826.3

11

A5

-49

865.4

A5

-49

862.9

A5

-49

865.5

12

Bb 5

-41

920.0

Bb 5

-45

919.5

Bb 5

-43

921.1

13

B5

-32

977.5

B5

-30

983.2

B5

-1

980.9

Tabela cedida por Carlos Mansilla Vásquez.

Seria de fato um músico? A equipe de Antropologia Física do Museu Nacional De Arqueologia, Antropologia e História do Peru constatou que sim (Tomasto, 2006). As conclusões, detalhadas no relatório final, foram as de que o indivíduo era do sexo masculino, de idade entre 45 e 50 anos. A análise das mandíbulas atestou desgastes usuais em pessoas que tocam instrumentos de sopro. A análise dos ossos das pernas e pés demonstrou que essas partes eram muito resistentes, e que o indivíduo realizava muitas atividades em pé, como correr, caminhar ou dançar.

Foto cedida por Carlos Mansilla Vásquez.

O Senhor das Antaras na Iconografia Nasca e a lógica da reprodução

MNAAHP, LIMA.

MNAAHP, LIMA.

Museu Amano, Lima.

O corpo de antaras

Ubbelohde Doering, 1931. Baumann, 1996.

Em Huayñopasto Grande, departamento de Oruro, Bolívia, um conjunto de sikuris que tocava para Max Peter Baumann posicionou suas antaras no chão após a apresentação no formato de um corpo humano: Na minha presença, os músicos uma vez colocaram os instrumentos no chão no formato de um ser humano após terminarem de tocar. O significado do par enquanto a corporificação de um indivíduo, referindo-se ao corpo inteiro do conjunto, está ilustrada aqui de uma forma convincente, assim como a soma das partes está sempre relacionada ao todo da realidade (Baumann, 1996: 54).

MNAAHP, Lima. Fotos da autora.

MNAAHP, Lima. Fotos da autora.

MNAAHP, Lima. Foto: Carlos Mansilla

Luricocha, Huanta (Ayacucho). Fotos cedidas gentilmente por Carlos Mansilla.

Música e relações de poder no mundo Moche O “Sacerdote Guerreiro” e o “Tema de Apresentação”

Fowler Museum of Cultural History, Los Angeles. Donnan, 1998: 53. Donna McClelland: Alva & Donnan, 1993: 18.

As Tumbas de Sipán. Lambayeque, Peru

Rodríguez, L.H.; Alva, W.A. et al, 2012

Atributos encontrados na tumba 14 de Sipán

Museu de Sítio Huaca Rajada-Sipán. Foto da autora.

Museu de Sítio Huaca Rajada-Sipán. Foto da autora.

Museu de Sítio Huaca Rajada-Sipán. Foto da autora.

Museu de Sítio Huaca Rajada-Sipán. Foto da autora.

Museu de Sítio Huaca Rajada-Sipán. Foto da autora.

Fotos: Museo Etnográfico de Berlin. Donnan & McClelland, 1999.

Tomadores de Coca e Adoradores

Imagem: Uceda, 2008: 154.

Fotos: Museo Larco, Lima.

Tomador de Coca

Adorador

Considerações finais -

Instrumentos sonoros podem ser indicadores arqueológicos de mudanças ou influências religiosas e ritualísticas, bem como de poder político-religioso de seus tocadores.

- Os dados etnohistóricos sobre a produção sonora atualmente na região andina podem elucidar elementos fundamentais desta produção no passado pré-hispânico, pois existem homologias e correlações no que tange à forma de tocar os instrumentos e aos seus representantes e intérpretes, que exercem algum tipo de poder ou influência política e religiosa. -

É fundamental conhecer a cosmovisão ameríndia em geral, e andina em particular, para compreender o alcance e o significado do som e da produção sonora em cada sociedade estudada.

À diferença do historiador musical, o arqueomusicólogo encontrará suas partituras tanto na iconografia, na concepção sonora que acompanha a performance das tradições contemporâneas ou, mais ainda, deverá aprender a tratar e interpretar estas como tais (Mendívil, 2009: 15).

Agradecimentos:

Profa. Dra. Maria Isabel D’Agostino Fleming

Profa. Dra. Marcia Arcuri Prof. Dr. Pedro Paulo Salles

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