Na Educação Ativa, Todos São Aprendizes Para A Vida

July 17, 2017 | Autor: Thálita Menezes | Categoria: Education, Active Learning
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DE AULA

EXPEDIENTE

EDITORIAL ACENE PARA O CONHECIMENTO

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DIÁLOGOS

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ENTREVISTA

“NA EDUCAÇÃO ATIVA, TODOS SÃO APRENDIZES PARA A VIDA” Com essas palavras a psicóloga e professora Thálita Menezes define o que entende do conceito da educação que coloca o estudante no centro do processo educativo POR Diego Gouveia

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Foto: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê

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ENTREVISTA

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ENTREVISTA

o professor precisa se ver como um aprendiz curioso

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Foto: Eduardo acervo pessoal Cunha / Curinga Comuniquê

ENTREVISTA

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PAINEL

EIXOS TEMÁTICOS NORTEIAM PARÂMETROS CURRICULARES Na segunda e última reportagem sobre os parâmetros curriculares e aplicação em sala de aula, vamos saber o que trabalhar em Matemática e nas Ciências Naturais e Sociais POR Késia Souza

A implantação dos parâmetros curriculares em todo o Brasil serve também como um norte para os docentes a respeito de que caminho seguir com os seus alunos e também perceber de forma mais prática se eles estão prontos para avançar para as séries seguintes. Que competências os estudantes devem ter nas disciplinas de

Na matemática, situações do cotidiano merecem destaque

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Matemática, Ciências Naturais e Ciências Sociais? É este o assunto que vamos abordar na segunda e última reportagem da série que trata dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Em Pernambuco, ao concluir este ano a implantação dos PCNs para toda a rede de ensino, a Secretaria Estadual de Educação (SEE) estabeleceu, em seu novo currículo, eixos temáticos para cada uma das disciplinas, que foram definidos em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais e com as orientações teórico-metodológicas definidas por meio de um estudo conjunto realizado por especialistas de cada área, gerentes de educação, comunidade acadêmica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade de Pernambuco (UPE) e comunidade escolar (professores, coordenadores). Vejam como são trabalhados e quais são os três eixos temáticos para a disciplina de Ciências Naturais, de acordo com a SEE:

Terra Universo

O eixo “Terra e Universo” trabalha as aprendizagens de Ciências referentes a Solos, Estrutura e Constituição do Planeta, Sistema Solar, Origem do Universo e Alfabetização e Letramento Científico. Essas aprendizagens relacionam-se à Astronomia e às Geociências e mobilizam saberes dos estudantes sobre marés, dia e noite, estações do ano, calendário e formas de marcação do tempo, por exemplo. Justifica-se o ensino desse eixo, porque os fenômenos celestes têm causado grande fascínio na humanidade, ao longo de sua história. Existem registros com cerca de 7.000 anos que mostram consequências desse fascínio, como, por exemplo, o aperfeiçoamento das medidas de tempo e o desenvolvimento de tecnologias para aferir tais medições.

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Ser Humano e Saúde

O eixo “Ser Humano e Saúde” trabalha os conteúdos do ensino de ciências referentes a: Funcionamento Integrado dos Sistemas Humanos, Funções Sistêmicas Gerais, Sexualidade, Saúde e Doenças, bem como Biofísica do Corpo Humano, Genética e Biotecnologia e Alfabetização e Letramento Científico. Esses conteúdos relacionam-se à Medicina, Nutrição, Farmácia, Matemática, Estatística e mobilizam saberes dos estudantes sobre doenças, corpo humano e sexualidade, por exemplo. Justifica-se o ensino desse eixo, a fim de promover o bem-estar físico, psicológico, cognitivo e social, numa perspectiva do estudante como ser integral. Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem que os estudantes desenvolvam o conhecimento sobre a constituição e o funcionamento do próprio corpo, promovendo uma percepção subjetiva e de intimidade, já que cada corpo é individual. Assim, é fundamental que o estudante conheça, além do próprio corpo, a relação deste com o ambiente no qual está inserido, bem como as condições promotoras da saúde. Vida e Ambiente

como parâmetro curricular, os conteúdos sobre os Fenômenos e Processos Ambientais, Sustentabilidade, Espaços e Alfabetização e Letramento Científico. Esses conteúdos relacionam-se à Biogeografia, História, Geografia, Biografia dos Pesquisadores, Economia e mobilizam saberes dos estudantes sobre seu próprio entorno e a observação do espaço, por exemplo. Com esse eixo, o intuito é fazer o ser humano se perceber como parte integrante do meio ambiente, compreendendo os aspectos socioeconômicos, históricos e políticos desse contexto, possibilitando a participação em discussões sobre as responsabilidades humanas voltadas ao bem-estar comum e ao desenvolvimento. No entanto, tais aspectos por si só não garantem a socialização de informações e conceitos científicos corretos e desprovidos de interesses pessoais sobre a questão ambiental. Assim, é função da escola envolver-se no debate ambiental, oferecendo recursos para que os estudantes sejam capazes de se posicionar e de participar dos fóruns de discussão.

Já para o ensino da matemática para Educação Básica (Ensino Fundamental), os parâmetros curriculares de Pernambuco foram estabelecidos baseados na importância da matemática para a formação humana, principalmente, em decorrência da sociedade em que vivemos cada vez mais permeada pela Ciência e pela Tecnologia. Diante disso, a SEE estabeleceu que se deve trabalhar em cima de alguns pontos:

estratégia de ensino e aprendizagem. O estudante deve, diante desses problemas, ser capaz de realizar tentativas, estabelecer hipóteses, testar essas hipóteses e validar seus resultados, provando que são verdadeiros ou, em caso contrário, mostrando algum contra exemplo.

Tratamento da informação

Em face dessas mudanças, novas ênfases no ensino e aprendizagem da Matemática tornaram-se inevitáveis, e as propostas curriculares mais recentes têm incluído conteúdos de um novo bloco, denominado, em geral, de “tratamento da informação”. Nesse bloco, quase sempre, são propostos conteúdos de: estatística, que procuram abordar questões de tratamento de dados com base em conhecimentos básicos desse campo científico; probabilidade, como base matemática para a estatística e como modelo teórico para os fenômenos envolvendo a ideia de acaso; matemática do discreto, que lida com a combinatória e suas ferramentas teóricas para a contagem sistemática de conjuntos discretos e com outros campos de conhecimento envolvendo estruturas de tais conjuntos. Evolução histórica dos conceitos matemáticos como estratégia de ensino

Resolução de Problemas

De acordo com os parâmetros estabelecidos pela SEE, o eixo “Vida e Ambiente” trabalha os conteúdos do Ensino de Ciências referentes a: Origem da Vida e Evolução, Fluxo de Matéria e Energia, Organização e Metabolismo, Biodiversidade. Além disso, a modificação do currículo avançou no sentido de propor,

Um primeiro caminho para levar o estudante a “fazer” Matemática é privilegiar a resolução de problemas como

Trazer a história da Matemática para a sala de aula significa mais que descrever fatos ocorridos no passado ou a atuação de personagens famosos. Em primeiro

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PAINEL lugar, é importante que as articulações da Matemática com as necessidades humanas de cada época sejam evidenciadas. Mais importante ainda, é preciso levar em conta as contribuições do processo de construção histórica dos conceitos e procedimentos matemáticos para a superação das dificuldades de aprendizagem desses conteúdos em sala de aula

formação da cidadania, mediante a compreensão da experiência humana, em diversos tempos e lugares. Cidadania e participação social e política

Jogos Matemáticos

Relações de poder, cidadania e movimentos sociais

leitura do espaço geográfico. Atualmente, mostra-se fundamental que a Geografia introduza os estudantes em discussões sobre os diferentes modos como os homens constroem e produzem o espaço geográfico e, por meio do uso de diferentes linguagens, possibilite a eles oportunidades de pesquisar, refletir, questionar e atuar de maneira ativa e crítica nesse nosso mundo tão complexo. Geografia

História Local, cotidiano, cultura e tecnologias A denominação genérica “jogos matemáticos” pretende englobar situações-problema de vários tipos. Entre eles podem ser citados: jogos que envolvem disputa entre duas pessoas ou entre pares, incluindo os clássicos e suas variações, tais como o xadrez, o jogo de damas, o jogo da velha e outros jogos com tabuleiro: o jogo do Nim e suas variantes e o jogo Hex3, que têm aparecido cada vez mais nas experiências com jogos matemáticos, quebra-cabeças de montagem ou movimentação de peças, tais como o Tangram (mais informações sobre esses jogos podem ser encontradas na internet). É necessário ampliar a dimensão lúdica, considerada bastante importante para o desenvolvimento integral do estudante. Os jogos são, ao lado disso, um elemento que favorece a inserção do estudante em sua cultura, na medida em que a dimensão lúdica está enraizada nela. Os jogos seriam, assim, mais uma forma de exploração da realidade do estudante.

Para o Ensino da História, os parâme- tros foram elaborados levando em consideração que os educadores devam realizar uma reflexão permanente sobre o que, para que, por que e como ensinar. Isso significa pensar sobre o que se deseja e espera que os alunos aprendam. A História como saber escolar tem um papel fundamental na 14

Organizações políticas e conflitos: povos, nações, lutas, guerras, revoluções. Natureza, terra e trabalho. Sociedade, cotidiano, cultura e tecnologias.

Histórias de Pernambuco

De modo mais específico, torna-se cada vez mais consensual a ideia da construção de uma proposta pedagógica que leve em consideração: - a problematização e a reflexão sobre as práticas espaciais vivenciadas pelos estudantes; - textos jornalísticos, história em quadrinhos, Internet, as geotecnologias etc. que possibilitem a produção, a expressão de ideias e a interpretação da geografia contemporânea; - a observação, a descrição, a busca de dados e informações em diversas fontes, a comparação, a análise e a explicação;

Sujeitos, práticas culturais e experiências coletivas

A proposta apresentada nos parâmetros curriculares para a disciplina de Geografia na Educação Básica norteia-se por uma abordagem multiescalar do espaço geográfico que, ao considerar a diversidade de combinações de fenômenos que ocorrem no mundo, estabelece um diálogo entre as generalizações e os detalhamentos na

- o questionamento da realidade com os estudantes e a organização de instrumentos de pesquisa que permitam a busca de dados e informações sobre as questões levantadas, favoreçam e ampliem a capacidade de reflexão do aprendiz, incluindo-o na investigação e análise crítica sobre a sua vida, o seu espaço vivido e os espaços mais amplos; - o trabalho de campo como uma das principais ferramentas da Geografia.

COTIDIANO | Hamilton Werneck

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APRENDER SIGNIFICA RESOLVER PROBLEMAS?

Prof. Hamilton Werneck é pedagogo, escritor e palestrante. [email protected]

Sim. Aprender é saber resolver problemas porque significa que alguns princípios adquiridos podem ser usados em utilidades diversas. Um dos teóricos da aprendizagem, Robert Gagné, afirma isso em obras escritas na década de setenta. Mais uma vez, os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) refletem a baixa capacidade de os alunos brasileiros resolverem problemas e isso reflete o tipo de ensino que desenvolvemos. O que a escola mais faz é desenvolver exercícios nos quais há uma pergunta e uma resposta. Nada mais que um questionário. Raramente o aluno se depara com uma situação problema. As avaliações concentram-se no conhecimento e nem sequer chegam à aplicação desse conhecimento. Os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que se interessam pelos resultados do PISA querem uma escola que prepare alunos para solucionar problemas em várias situações que a vida os colocar. Nós ainda estamos desenvolvendo um aspecto, apenas, da aprendizagem que poderia, dentro de uma perspectiva mais acanhada, permitir que um aluno decore um texto e responda corretamente sem nada entender. De modo contrário, para resolver problemas, ele não pode ter os conhecimentos adquiridos

somente de memória. Essa é a grande diferença. Quando o aluno resolve problemas, ele pensa e esse aspecto é dos mais importantes no aprendizado. Como nossa escola trabalha? Ela manda o aluno somar 10 + 10 e fica feliz quando a resposta retorna com o número 20. Mais ainda se a escola manda adicionar 50 ao número 20 e obtém a resposta 70! Até aí nós vamos. Um pequeno problema com esses mesmos dados poderia ser assim: Dez e dez não são vinte e, se adicionarmos cinquenta, encontramos onze! De que instrumento estou falando? Para solucionar o aluno deve pensar e, sobretudo, verificar que os resultados com os conhecimentos da soma não solucionam esse problema. Ele deverá pensar até chegar ao relógio. Dez horas e dez minutos não são vinte e, se somarmos cinquenta, chegaremos às onze horas. Gagné afirma que “graças aos processos de combinação de princípios antigos e novos, o aluno adquire uma reserva de habilidades”. Isso significa que o ser humano está dotado de uma qualidade que permite combinar os princípios antigos com os novos. Isso é o que a escola precisa fazer. E não se trata de mudar a metodologia para atender ao Pisa. Trata-se, sim, de preparar os alunos para situações diversas que a vida lhes apresentar.

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PAINEL

MURAL MURA DA E A EM BATATEIRA

GESTÃO PARTICIPATIV

ola, nem sempre eração entre família e esc int A iza end apr no ental para um dos pais Incentivar a participação mente explorada, é fundam ida dev tiprá das a um filhos é dêmico da criança do e vida escolar de seus lhor desenvolvimento aca me a ari M is ipa nic s mu eira não abrem cas educativas das escola isso, as escolas de Batat r po e, o, mp Ca do Escolas nte, as instituJosé, Gente Inocente e dessa relação. Semanalme o mã lém Be em a, Batateir literárias (ativilocalizadas no distrito de mandam para casa obras es içõ o jet Pro o E . erante”) com a rnambuco de Maria, interior de Pe denominada “Leitura Itin e dad o. ssã mi sa nes ajuda para seus filhos. Leitura em Rede também ade de que os pais leiam alid fin io me r po , ura na leit ultados comproAlém de estimular o prazer o vem dando certo e os res açã A a , ais tur cul es nifestaçõ de conduta para de textos, linguagens e ma . Deveria ser um exemplo vam e al ion cac edu o âmbit iniciativa insere os pais no outras escolas. os. filh s seu de do no aprendiza

Comunidade escolar de

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nto sobre Leitura

Batateira reunida em eve

Fotos: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê

PAINEL

AÇÃO EDUCAÇÃO ir os omo reduz “C re b so nas bates ia elétrica rg ipar de de e ic n DESAFIO e rt a e p d mo se logos com consu ?”. Os diá valiar ideia a o s n e o si r st n a a e c g fi e ti d en ção mo de rais jetivo de id os e promo ições fede com consu u st s a it o g st st e a in d g s o Com o ob o ã o ir uç estão omo reduz as para red está aberto de ensino” “C s, is re la b ra o e so d sc e fe boas prátic e. 5. O ições bilidade em entabilidad iro de 201 nas institu re e a v u fe g á e d da sustenta ates do Desafio Sust rio ia 5 is bem deb elo Ministé tos até o d quatro propostas ma p is a v id re v p o período de m ro as as. Os berá pública é p to premiará da uma das categori nsulta rece je co ro p A A consulta . va ca R$ 20 ção (Mec) lógicas ino cadas em chegam a ifi s co e ss te s n la e a c õ ip ç da Educa ic lu so art R$ 8 água e avaliará s para os p ensino, a trica e de io lé e m e d rê ia s p e rg õ propostas e iç n as institu o uso de e tos federais mil; para doras sobre des federais e institu e d 3 ia d o ida milhões. ologia. Até em univers ência e tecn lar pode o ci , sc o e ã ç e a d c a u de ed comunid e 2015 a fevereiro d IDADE

NTABIL DA SUSTE

ENSINO DE CAPOEIRA

A Associação Cultural Escola Brasil Capoeira, de Garanhuns, tem inserido a capoeira em várias camadas sociais. Para os integrantes do grupo, é um possibilidade de educar por meio da corporeidade que a prática bem direcionada do esporte pode promover. Brasil, França, Marrocos, Espanha e Itália são os países que o Grupo Escola Brasil Capoeira tem atuação. Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe são os estados em que o grupo realiza trabalhos. Em Alagoas e Pernambuco, o trabalho é realizado em comunidades carentes e bairros de áreas de risco, resgatando jovens e proporcionando um ensino com base numa metodologia desenvolvimentista, formando cidadãos com senso crítico a ponto de interagir de forma positiva.

Foto: acervo pessoal

EDUCADOR NOTA 10

No mês de outubro, três professores pern ambucanos tiveram seus esforços em torno de projetos didáticos inovadores reconhecidos . Os professores Anderson Pinheiro, da Escola Conviver, de Jaboatão dos Guararapes, Vaneza Melo, da Escola Municipal Prefeito Amaro Alves de Souza, de São Lourenço da Mata, e Janilson Salves, da rede municipal de Xexéu foram premiados no Educador Nota 10, importante prêmio de educação da América Latina. Dos mais de três mil professores de todo o país inscritos na premiação, 50 foram esco lhidos como finalistas.

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SALA DE AULA

“A CIÊNCIA FAZ PARTE DA CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO MAIS HUMANO” Com essas palavras, professor de Petrolina resumo o sentimento que tem sobre a docência POR Júlia Veras

O professor Marcos Ribeiro sempre gostou de viajar. Nascido no Recife, depois de concluir a licenciatura em Física na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), resolveu conhecer melhor o Brasil. Morou no Paraná, depois voltou para Pernambuco. Morou na Bahia, e voltou para Pernambuco. Morou no Chile, voltou de novo para Pernambuco. Cansou de Pernambuco, e morou cinco anos em Rondônia. Teve contato e convivência com índios, viajou de barco, conheceu a ciência praticada na floresta. A sua inquietação em conhecer novos lugares e conviver com todo o tipo de pessoas e culturas lhe ensinou a sua lição mais valiosa: a ciência está em tudo e deve, sim, fazer parte da construção de um mundo mais humano. Pai de João, de quatro anos, ele e a esposa Lígia esperam por outro bebê para 2015. Há mais de 20 anos, dedica-se ao ensino. “Sou meio espinosiano”, brinca, fazendo uma alusão ao filósofo holandês nascido no século XVII. “Primeiro, veio o amor pela natureza, depois, a física, e aí sim, pelo ensino da Física”, conta. Depois da temporada no Norte do País, fez um 18

concurso e foi trabalhar na Escola Otacílio Nunes, no município de Petrolina, sertão do estado, a 750 km do Recife. Na área rural, desafios não faltavam e eram vencidos por meio de projetos pedagógicos a exemplo da produção de fogões solares para agricultores. “Fizemos um trabalho interdisciplinar com todas as interfaces possíveis a uma escola pública. Participamos de uma feira na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf ) e ganhamos uma premiação por um aquecedor solar. Alunos que nunca tinham viajado de avião foram para Brasília defender o projeto”, lembra. O trabalho do professor chamou a atenção do coordenador do Espaço de Ciência e Cultura (ECC) da universidade, Carlos Wagner, que convidou Marcos para ser consultor da unidade. O entra e sai de crianças e a efervescência de pensamentos era tudo o que ele precisava. A partir da experiência, criou o Museu de Ciência Ricardo Ferreira, o único em uma escola pública no estado. Tem como proposta a construção de experimentos por parte dos alunos e está integrado à Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciências do

Brasil (ABCMC). Mas, como conhecimento não faz sentido se é guardado, uma parte do trabalho é itinerante. Ele e um grupo de alunos vão a outras escolas e fazem processos de formação. “Sempre faço pesquisas para saber da influência do museu. Uma coisa posso dizer: começamos com três alunos, hoje temos 80”. Da mais simples observação do cotidiano, novas ideias surgem e levam o professor e seus alunos cada vez mais longe. Da constatação de que boa parte da população de Petrolina tem o hábito de realizar caminhadas pelas principais vias da cidade veio a Marcos a curiosidade de saber se esses locais são adequados para a prática de exercícios físicos. “Em uma de nossas reuniões do museu, fiz a proposta e os alunos toparam realizar a pesquisa”. Nascia ali o projeto “Ar que Respiramos”, que foi vencedor da última edição da Ciência Jovem, feira nacional de ciências realizada pelo Espaço Ciência em Pernambuco e representou o Brasil na 7ª Expo Ciência Latino-americana (ESI-AMLAT 2014), em Medellín, na Colômbia. No evento, participaram instituições

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Professor Marcos com alguns alunos

nacionais e internacionais de níveis médio, inicial, técnico e universitário. Ao todo, seis projetos pernambucanos serão levados para a Feira Mundial. Para Marcos, a viagem foi um estímulo para dar fôlego às pesquisas e fazer os estudantes compreenderem que a educação é capaz de transformar pessoas. “Um aluno que carregava sacolas na feira para ganhar gorjetas foi para Medelin. Agora, vai fazer engenharia e me disse que eu era culpado disso. Esse momento marcou muito a minha vida. Os pais me abraçaram, disseram que eu mudei a vida do filho. Quero retribuir o que foi investido na minha pessoa e acho que o papel da educação é de mudar, não ficar só no quadro e giz. Quero mostrar ao povo o que a ciência pode fazer por ele”. O professor acredita que seu maior desafio é seduzir os alunos para as ciências ditas como duras, tentar dar significados aos fenômenos da natureza e unir a ciência com a arte. Marcos tem certeza de que uma não existe sem a outra. Para conseguir o intento, ao preparar as aulas, ele prefere sempre o método investigativo, em que todos possam participar com perguntas e construções de experimentos, além de relacionar a física com outras disciplinas. Os alunos propõem as atividades Fotos: acervo pessoal

de pesquisa que querem realizar a partir do ano letivo. Este ano, foram eleitos três projetos: Escutando a Luz, Rádio ComCiência do Sertão e Água: Uma gota, muita vida. Quando reitera que o acesso à ciência deve ser democratizado, ele bate ainda em outra tecla importante: “Trabalhar com o dito ‘aluno bom’ é fácil. Vamos trabalhar com alunos com problemas, que acham que não gostam dessa área do conhecimento, que não são disciplinados. Vamos acabar com esse muro”. Para isso, reforça, os projetos pedagógicos bem elaborados como uma das possíveis estratégias para alimentar a vontade de aprender. Na unidade em que trabalha, grupos de alunos fazem teatro científico e programa de rádio. "A ComCiência do Sertão para a escola na hora do recreio", ressalta. Na pauta, entrevistas com pessoas da região, como vaqueiros, pescadores ou o avô de um aluno, por exemplo, que é raizeiro. Depois, um cientista é chamado para fazer uma análise da conversa. Agora, o próximo passo é fazer uma web TV. “Quero mostrar que a ciência é fruto histórico da produção humana e que ela pode e deve favorecer a vida de todos. Ciência, tecnologia, sociedade e agricultura estão interligados”.

Projetos pedagógicos bem elaborados e que possam introduzir o aluno ao mundo das ciências são sempre de grande importância para estimular o aprendizado. Segue uma lista de projetos desenvolvidos por Marcos em parceria com alunos e outros professores:

A rádio ComCiência do Sertão - uma web rádio produzida pelos alunos. Na programação, entrevistas com a população ou alguma curiosidade sobre ciências. Água: uma gota, muita vida - Um projeto para analisar as águas do rio São Francisco e realizar a limpeza da orla do município de Petrolina. Escutando a luz - em parceria com a professora de filosofia Ana Patrícia, o projeto estimula alunos a desenvolverem atividades dentro da escola para estudantes com deficiência auditiva. Teatro científico: Alunos montaram um grupo de teatro com a finalidade de divulgar a ciência. As obras são todas de cunho científico Grupo de música Ricardo Ferreira Um grupo musical que elabora e executa músicas sobre ciências.

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INICIATIVA RESGATA AUTOESTIMA DE ALUNOS A PARTIR DA ARTE Valorização de diferentes etnias recupera outro olhar sobre si de estudantes do município de Itambé POR Marcela Cintra

O sucesso veio pelo aumento da autoestima do alunos 20

Em uma sociedade que valoriza e impõe aos cidadãos, desde jovens, padrões de beleza tipicamente ocidentais e, principalmente, europeus, deixando de lado as manifestações culturais orientais, o debate sobre as diferentes etnias e culturas nas escolas é de extrema importância para a formação de um cidadão mais consciente e respeitador das diversidades étnicas. É por isso que a Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Frei Orlando, localizada em Itambé, na Mata Norte do estado, realizou o projeto “Eu Sou uma Obra de Arte: Etnias do Mundo”. O objetivo era realizar, junto aos 340 alunos (entre 14 e 18 anos) participantes do projeto, uma reflexão sobre a importância das raízes culturais de cada povo. Segundo o professor de Artes e um dos principais idealizadores do projeto, Jayse Antônio da Silva Ferreira, as primeiras ideias surgiram por meio da experiência acumulada em sala de aula. O trabalho

de anos com adolescentes (em sua maioria socialmente desprivilegiados e fora dos padrões europeus de beleza estabelecidos socialmente) mostrou a ele que os jovens não só se sentiam menosprezados, mas também costumavam ter baixa autoestima. Jayse, então, expôs essa percepção à colega de trabalho e professora de Biologia Viviane Matos. Juntos, chegaram à conclusão de que mudar a visão de seus alunos sobre esse assunto era fundamental para que cada um deles pudesse conviver de forma mais saudável consigo mesmo. Para levar a discussão e o aprendizado para fora da teoria, uma exposição fotográfica foi montada na Biblioteca Municipal Alcides Carneiros, em Pedra de Fogo – cidade vizinha de Itambé -, na Paraíba. A mostra contou com cerca de 20 estudantes caracterizados como pessoas de diferentes regiões e países como: Alemanha, Jordânia, Tailândia, Itália, Brasil, Marrocos, Tibete, Peru, Etiópia, Guatemala e outros. No dia da

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Alunos do lado de suas produções fotográficas

exposição, que recebeu pais, alunos, professores e amigos, os estudantes caracterizados ficavam ao lado de sua respectiva foto para, então, darem informações detalhadas a respeito da etnia que representam. Para Jayse, que ensina na Frei Orlando há quatro anos, o projeto é importante porque tenta provocar nos alunos uma reflexão sobre “a importância da valorização das raízes de um povo, trazendo, para esses jovens, orgulho de seus traços fisionômicos e tornando-os disseminadores da valorização e do respeito dessa diversidade”. O professor

Fotos: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê

ainda ressalta a tentativa de desmistificar, entre seus alunos, a crença de que uma raça é mais bonita ou mais importante que outra. O resultado do projeto não poderia ser diferente, superando as expectativas dos envolvidos. O sucesso veio por meio das demonstrações de aceitação, valorização e aumento da autoestima dos alunos. Como se não bastasse, Jayse ainda garantiu uma “melhora considerável no que diz respeito à frequência dos jovens em sala de aula”. E não foi só dos estudantes que vieram respostas positivas. Para o professor, receber dos

pais desses alunos o relato de que seus filhos se sentiram mais confiantes e felizes quanto à sua cor e aparência foi muito gratificante. O êxito do “Eu Sou uma Obra de Arte: Etnias do Mundo” foi tão grande que agora ele já faz parte do calendário letivo da escola. Projetos como esse são sempre bem-vindos em uma sociedade tão diversificada em suas etnias e culturas, mas que ainda tem muito que aprender com elas. CONFIRA MUITO MAIS FOTOS EM NOSSO SITE.

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PALÁCIO DO CAMPO DAS PRINCESAS É IMPORTANTE PALCO DA HISTÓRIA DO BRASIL Visita à sede do governo de Pernambuco lança olhar sobre o Brasil Colônia e os dias de hoje POR Diego Gouveia

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Foto: Lucas Emanuel / Curinga Comuniquê

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Com uma fachada imponente, o prédio, que fica localizado no bairro de Santo Antônio, região central do Recife, guarda fatos históricos e políticos bastante importantes para compreensão do que o País é hoje. A região antigamente era conhecida como Ilha de Antônio Vaz. Foi nesse lugar que o conde Maurício de Nassau decidiu se instalar quando foi enviado pelo governo da Holanda para ocupar o novo território conquistado, em um episódio que ficou conhecido como Invasão Holandesa. A primeira construção feita foi o Palácio de Friburgo ou das Torres. O terreno foi adquirido em 1639 e as obras foram concluídas em 1642. Além dele, havia um grande jardim, um zoológico (o primeiro jardim botânico-zoológico do Brasil) e um observatório astronômico (o primeiro da América). São reconhecidas facilmente as transformações trazidas pelo Conde de Nassau para Pernambuco. Ele modernizou a vida local a partir da realização de grandes obras como parques, novas ruas, novos bairros, palacetes e pontes. Boa parte da estrutura do Palácio de Friburgo ruiu com as batalhas para retomada do território por parte do governo português. A volta de Maurício de Nassau para a Holanda, em 1644, levou o espaço a ser usado como quartel durante as lutas contra os holandeses. O edifício ficou praticamente destruído na época da Insurreição Pernambucana (1645-1654), em 1654, período que coincidiu com a volta da administração de Portugal. Na época, restou apenas, mais ou menos conservado, o prédio, que foi recuperado várias vezes e abrigou ainda diversos governadores. Em 1817, o prédio, no qual funcionava o Erário Régio (local em que se guardavam os bens da Fazenda Real), funcionou como sede do governo provisório, depois da Revolução Pernambucana, primeira tentativa de acabar com o domínio português no Brasil. O episódio deixou marcas na história do Brasil e rendeu ainda a constituição da bandeira de PernambuFoto: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê

Escadaria que dá acesso ao primeiro e segundo andar

co, criada pelos guerreiros da época. A emancipação do estado de Pernambuco durou 75 dias. O antigo prédio do Erário só iria receber um novo desenho em 1841, quando foi erguido o Palácio da Província. Foi esse prédio que recebeu o que hoje é conhecido como Palácio do Campo das Princesas. O governador Francisco do Rego Barros, Conde da Boa Vista, foi o primeiro a trabalhar e morar em suas dependências. Há na arquitetura elementos do estilo francês, mas com influências de outros lugares como utilização de pinhas (Portugal). Na época, tinha dois andares e também foi chamado de Palácio Velho para distinguir-se da remodelagem feita em 1918, quando ganhou um terceiro andar e as fachadas que conhecemos

hoje. Foi apenas em 1859 que o prédio ganhou o nome de Palácio do Campo das Princesas. Isso aconteceu depois da visita do imperador Dom Pedro II e da família imperial ao Recife. O nome é uma homenagem às princesas Isabel e Leopoldina, embora, registros históricos apontem para o forte indício de que elas não estiveram em Pernambuco durante a visita. Depois da Proclamação da República, a edificação se tornou a sede do governo em Pernambuco. Atualmente, é lá que o governador dirige o Estado com a ajuda de seus secretários. Um episódio que marcou bastante a história do estado e do prédio foi a deposição do governador Miguel Arraes em 1º de abril de 1964. Fortemente armados, um 23

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dia depois da deflagração do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, Miguel Arraes recusou-se a cumprir a ordem para não trair a vontade dos que o elegeram. O objetivo dos militares era que o então governador renunciasse ao cargo e abandonasse o local. O País viveu os 21 anos seguintes sob regime ditatorial. Atualmente, o governador recebe, no Palácio, visitas, realiza reuniões, promove solenidades. Alguns governadores chegaram a morar do Palácio. Hoje, o espaço não funciona como moradia para o governador e sua família. Vamos agora conhecer os principais espaços e as histórias do Palácio do Campo das Princesas. A monitora Anahi Haedo vai mostrar para gente! Salão de Recepções Espaço em que o governador recebe os convidados e autoridades nas festas. A sala é no estilo francês, mas há estátuas gregas, vasos chineses. Há um piano alemão do século XIX. Há quem diga ouvir à noite ainda hoje alguém tocar o piano. O teto é todo em gesso feito a mão pelo italiano Fellippo Lippo. Nesse espaço, é possível verificar as sete camadas de tinta em cima da original que foram descoberta no processo de restauração. A cor dos espaços usada atualmente é a mais próxima da original. Salão de banquetes Há 2500 peças em cristal francês. Espaço é feito para solenidades importantes. Salão das bandeiras Local onde são assinados os atos públicos. Leva esse nome porque nele há as bandeiras de todos os estados brasileiros. Para Visitas O Palácio do Campo das Princesas passou por uma restauração, de 2010 até o final de 2013 e foi reinaugurado em fevereiro de 2014. De acordo com o coordenador do programa de visitação, 24

Salão de Recepções

Salão de Banquetes

Salão das Bandeiras

Fernando Guerra, de 2007 até este ano, estiveram no local mais de cem mil pessoas. Ele também contou que, durante a restauração, houve atividades pedagógicas no lugar com o objetivo de entender o próprio processo. “O prédio é importante, sob o ponto de vista da cidadania, porque é sede do poder estadual. A população merece conhecer como funcionam os trâmites do poder. Há uma ideia geral do lado de fora daqui, mas com essas portas abertas as pessoas podem estar muito mais perto. O palácio é importante também na

perspectiva da civilidade e da história. Precisamos conhecer nossa trajetória para reconstruir a todo instante nossos caminhos”, comenta. A visita é guiada por dez monitoras, alunas bilíngues da UFPE que recebem turistas e público em geral. As visitas são realizadas nas quintas, sextas, sábados e domingos pela manhã e tarde. Grupos escolares, com até 90 alunos por turno, podem solicitar visita guiada gratuitamente pelo email ([email protected]) ou pelo telefone (81 3182-6694). Foto: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê

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TEMPESTADE DE IDEIAS O Tempestade de Ideias desta edição traz duas iniciativas para aproximar os estudantes de conteúdos de História. Nas próximas páginas, conheça sobre essas duas atividades que envolvem o Palácio do Campo das Princesas.

O vitral representa a República (1889). Pernambuco está acima da bandeira do Brasil numa clara referência à tentativa de emancipação do estado antes da proclamação. Há menção aos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas, que aderiram à revolução pernambucana.

Foto: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê

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A ARQUITETURA E A HISTÓRIA ARGUMENTAÇÃO No coração do bairro de Santo Antonio em Recife, está o complexo arquitetônico, no estilo Neoclássico, em que, além do Teatro Santa Isabel e do Palácio da Justiça, encontramos o Palácio das Princesas, sede do poder executivo em Pernambuco, que nos possibilita trabalhar o processo de urbanização do Recife ocorrido no período do domínio holandês. APLICAÇÃO Podemos iniciar fazendo uma leitura de imagens de algumas obras de Frans Post que retrata o Recife no século XVII. A leitura dessas obras nos possibilitará trabalhar o conteúdo Brasil Holandês e o processo de urbanização do Recife, suas mudanças e permanências. Essa será nossa ponte para conhecer a história da construção do complexo arquitetônico em que hoje está o Teatro Santa Isabel, o Palácio da Justiça e o Palácio das Princesas. Dessa forma, estaremos fortalecendo o respeito e a valorização do patrimônio artístico, histórico e cultural construídos por diferentes sociedades em diferentes tempos. ATIVIDADES

Palácio da Justiça

Divididos em grupos de pesquisa os estudantes poderão aprofundar seus estudos sobre o Brasil Holandês e pesquisar as mudanças e permanências daquele espaço (O que existia antes no espaço onde fica o palácio? Qual o estilo de arte encontrada na arquitetura dos prédios? Por que o Palácio ficou conhecido como “ Palácio das Princesas”? Que fatos históricos importantes marcam o Palácio das Princesas? Organize com os estudantes a socialização das pesquisas e um mural de fotografias (as fotos devem ser feitas no momento da visita ao complexo arquitetônico).

Desenho da vista do Recife feito por Frans Post

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Fotos: Lucas Emanuel / Curinga Comuniquê

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CONHECER E PRESERVAR OBJETIVOS - Compreender a importância da preservação do Patrimônio artístico e cultural - Compreender as relações entre passado e presente. - Identificar os Patrimônios artísticos e culturais da sua região, cidade e/ou município. - Conhecer e compreender as razões pela qual uma instituição existe para proteger o patrimônio histórico e artístico nacional (Iphan) METODOLOGIA Para favorecer o debate das questões referentes à conservação e à modernização do espaço e principalmente do planejamento urbano desse espaço, ou até mesmo para compreender as relações entre o passado e o presente, a observação e a interpretação do estilo arquitetônico apresentado nesse espaço é o primeiro passo para perceber a importância da preservação. O resgate das heranças culturais deve ser fundamentado na pesquisa. O aluno deve ser orientado a pesquisar sobre o período neoclássico encontrado nas construções observadas. Para isso será necessário além da pesquisa realizar a aula passeio. Essa atividade contribuirá para que o aluno aprenda a resguardar a memória da comunidade e desperte o sentimento de pertencimento. RESULTADOS ESPERADOS Divididos em grupos de trabalho e pesquisa, os alunos deverão visitar outros edifícios na sua comunidade ou fora dela para identificar outros patrimônios históricos culturais e levantar as questões referentes ao prédio pesquisado (Para que foi construído? E quando? Saber se é tombado, identificar o estilo arquitetônico e saber se corresponde à época que foi construído). Elaborar cartazes e folhetos de campanha de preservação do patrimônio histórico e cultural para ser distribuído em toda comunidade escolar e no entorno dela.

Teatro de Santa Isabel

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Fotos: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê

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METODOLOGIA WALDORF INSPIRA ESCOLAS PERNAMBUCANAS Nas salas de aula, há espaço para desenvolvimento pessoal por meio de brincadeiras e conteúdos didáticos POR Késia Souza

A pedagogia Waldorf foi desenvolvida pelo educador austríaco Rudolf Steiner. Ele defendia que ensino das crianças deveria ter como princípio o cultivo das potencialidades individuais, levando em consideração a diversidade cultural e se comprometendo com princípios éticos humanos amplos e gerais. Entre as especificidades dessa metodologia estão a forma como são abordados os conteúdos e atividades que visam ir ao encontro das necessidades próprias de cada fase do desenvolvimento dos alunos. A educação infantil é pensada com espaço e tempo para o desenvolvimento de uma infância saudável, sem procedimentos voltados para a alfabetização precoce. Dessa forma, os primeiros oito anos escolares do ensino fundamental têm, preferencialmente, acompanhamento feito pelo mesmo professor. 29

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Centro Gabriela Feliz Waldorf

Jardim Maturi Waldorf

as crianças têm o privilégio de um relacionamento com a natureza e a arte

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Hoje, no Brasil, existem aproximadamente mais de 100 escolas filiadas à Federação das Escolas Waldorf no Brasil. Além disso, há ainda um grande número de estabelecimentos de ensino em processo de admissão. No Recife, há Escola Waldorf e o Jardim Alecrim. As duas unidades procuram oferecer aos alunos um ambiente que inspira confiança e acolhimento, instaurado como se fosse a prolongação de uma casa. As crianças vivenciam atividades artísticas diversas e são convidadas diariamente a relacionar-se com o seu mundo interior e exterior da forma mais natural possível. Por meio do brincar livre, das brincadeiras de roda, do ouvir histórias e do contato com brinquedos simples feitos com materiais naturais - a criança experimenta o mundo e exercita sua vontade e autoconfiança. Mas não existem só escolas particulares que adotam a pedagogia Waldorf. No Recife, o Centro Comunitário Gabriela Feliz, localizado na Caxangá, atende a crianças carentes da comunidade. A instituição, que funciona há quase 20 anos, é filantrópica e todos os gastos são custeados por voluntários suíços. No ano passado, eles conseguiram auxílio do governo da Suíça para construir um novo prédio para a escola. De segunda a sexta-feira, por volta das 7h, Mikellyne, 3 anos, vai para a escola. “Gosto de desenhar e iria até no sábado se tivesse aula”, diz. A diferença que faz a menina gostar tanto do lugar está no método de ensino utilizado na unidade: a pedagogia Waldorf metodologia que busca estimular atividades artísticas nas crianças. “É ensino público com cara de particular”, disse a dona de casa Kleibiane Cavalcanti, mãe de Mikellyne Em Olinda, também há uma unidade de ensino que atende gratuitamente e tem suas ações norteadas pela metodologia Waldorf: o Jardim Maturi, um jardim-de-infância rural e comunitário. Desde 2008, atende crianças de 2 a 6 anos, moradoras do Sítio Histórico e da Zona Rural de Olinda, onde está localizado. Nesse ambiente, as crianças têm

o privilégio de um relacionamento com a natureza e a arte, calcado numa pedagogia profunda, que acha imprescindível esse relacionamento De acordo com os especialistas, o papel do professor na metodologia Waldorf tem uma grande diferença das escolas consideradas com pedagogia tradicional. Cada classe tem um tutor responsável por todas as matérias, que acompanha a mesma turma durante sete anos. "Nós precisamos ser uma referência de comportamento e disciplina para que o aluno possa se espelhar", justifica Alfredo Rheingantz, professor e membro da coordenação da Escola Waldorf Rudolf Steiner. Durante o período correspondente ao ensino médio, as classes ganham professores especialistas, mas continuam com um tutor. RESOLUÇÃO MEC - Na época em

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que saiu a resolução do Ministério da Educação (MEC), que determina que o aluno aos seis anos de idade esteja na 1ª Série, as escolas que adotam a metodologia Waldorf ingressaram com um pedido de consulta no Conselho de Educação, pois a pedagogia se baseia na ideia de que o desenvolvimento humano ocorre em períodos de sete anos. E para as escolas que adotam essa metodologia os meninos e meninas devem estar na 1ª série aos sete anos. Um dos objetivos foi evitar que supervisores de ensino obriguem as crianças a passassem de ano. O MEC deu parecer favorável. Para o então relator da matéria proposta pela Federação das Escolas Waldorf, Francisco Cordão, presidente da Câmara de Educação Básica do CNE, não se tratou de flexibilizar a regra. Não é flexibilizar a regra. Flexibilizar seria se permitíssemos a matrícula com 5 anos", ressalta.

A ESCOLA WALDORF Integrada na configuração oficial do ciclo básico da educação em nosso país, uma escola Waldorf encaminha o processo ensino-aprendizagem segundo alguns princípios básicos de inspiração antroposófica, entre os quais:

A liberdade individual é a maior riqueza do homem A Antroposofia entende que o que distingue o homem dos outros seres da natureza é a sua capacidade de decidir sobre si mesmo e de fazer escolhas conscientes. O propósito de uma Escola Waldorf é, portanto, formar indivíduos em condições de zelar por sua liberdade, prontos a responder por suas decisões, de modo a garantir não apenas o seu bem-estar pessoal, mas sua contribuição ao mundo.

O ensino só pode ser vivo e luminoso se for livre A aprendizagem que privilegia apenas o intelecto dificilmente atinge o ser humano por inteiro. As emoções e sensações que acompanham a experiência de aprender dão sustentação ao que é captado intelectualmente. Na Escola Waldorf, a expressão artística, presente em todas as áreas do conhecimento, favorece e possibilita essa integração, ao expor livremente os anseios humanos. Quando a

informação é elaborada no intelecto (pensar), passa pelos órgãos dos sentidos (sentir) e determina uma vontade (agir), ela se transforma em conhecimento. Pensar, sentir e agir é o caminho da aprendizagem.

O ser humano atual é fruto de acontecimentos que remontam aos primórdios da humanidade O homem reproduz em seu desenvolvimento a evolução da civilização humana. O currículo de uma Escola Waldorf acompanha e respeita esse tempo de crescer. O conteúdo é transmitido de acordo com a fase de desenvolvimento em que o aluno está, de modo que ele possa reconhecer dentro de si as experiências para as quais está pronto a viver. Ao entrar para a escola, a criança muito pequena é estimulada pela curiosidade, alcançando pouco a pouco o domínio da linguagem, da escrita, dos números e das ciências. Espera-se que, ao terminar o ensino médio, o jovem esteja, por fim, apto a se identificar com o homem contemporâneo.

COMO FUNCIONA A AULA • Aulas de Euritmia • Ensino em módulos temáticos • Aulas de Trabalhos Manuais, Música, Jardinagem, Artes ao longo de todo o currículo • Ensino de línguas estrangeiras (Inglês e Alemão) desde o primeiro ano • A avaliação é contínua e diversificada, e considera o aluno em seus diversos aspectos. Pretende ser tanto um retrato da situação de aprendizagem quanto um ponto de partida para desenvolvimentos posteriores • O elemento artístico, além de ser utilizado como uma faculdade em si, é um veículo didático Fonte: Federação das Escolas Waldorf no Brasil

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SÃO JOSÉ DO EGITO FOI PALCO DA I MOSTRA PEDAGÓGICA - PRÁTICAS EXITOSAS EM SALA DE AULA A I Mostra Pedagógica foi realizada pela Secretaria Municipal de Educação no Centro de Inclusão Digital no município de São José do Egito, em Pernambuco. O evento foi realizado no dia 9 de julho de 2014 e reuniu professores das escolas da zona urbana e rural, bem como avaliadores da região do Sertão do Alto Pajeú. A mostra teve como objetivo apresentar para a sociedade escolar projetos realizados em sala de aula que nortearam os educadores no processo ensino-aprendizagem, proporcionando-lhes uma prática inovadora e interdisciplinar. Na solenidade de abertura, o mestre de cerimônia e diretor especial de Ensino na Secretaria de Educação do município, Francisco de Assis Batista Campos Filho, destacou o objetivo, a metodologia e a importância do evento para a educação do município. No momento, se fez presente o prefeito Romério Guimarães, que reafirmou a importância do evento para a educação da cidade supracitada. Após o pronunciamento do prefeito e da secretária Acidália Pessoa Xavier, foi dado espaço ao palestrante e professor Edson Silva (Revista Acene) com o tema “A Educação do Sentimento do Professor”. À tarde, os projetos inscritos foram expostos para avaliação por meio de oralidade e pôsteres e a avaliação deles partiu de uma comissão formada por profissionais da educação, convidados para avaliarem os trabalhos propostos. Os vencedores receberam os prêmios: 1º lugar (um notebook), 2º lugar (um tablet) e o 3º lugar (um celular).

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CONFIRA ALGUMAS DATAS E ATIVIDADES QUE PODEM SER REALIZADAS NO MÊS DE DEZEMBRO 01 · Dia Internacional da Luta contra a AIDS 01 · Dia do Imigrante 02 · Dia Nacional do Samba 02 · Dia da Astronomia 03. Dia Internacional do Portador de Deficiência 04 · Dia da Propaganda 08 · Dia da Família 08 · Dia da Justiça 09 · Dia da Criança Especial 10 · Declaração Universal Direitos Humanos 10 · Dia Internacional dos Povos Indígenas 10 · Dia Universal do Palhaço 18 . Dia do Museólogo 21 · Dia do Atleta 25 · Natal 31 · Dia de São Silvestre 31 · Reveillon 1º de dezembro – Dia Internacional da Luta contra a AIDS

Que tal promover uma roda de diálogo com os estudantes sobre a AIDS? Boa oportunidade para desmistificar preconceitos e esclarecer dúvidas sobre a doença. 02 de dezembro – Dia Nacional do Samba

Ótima ocasião para aproximar os estudantes do ritmo, fazendo com que eles pesquisem sobre a história, principais sambistas. Também é possível trabalhar em sala as letras das músicas e até ensaiar uns passos. 04 de dezembro – Dia da Propaganda

Ótima data para conversar com a turma sobre a função da publicidade e sobre os gêneros textuais que existem. Uma atividade em grupo pode mostrar um lado mais criativo dos alunos. 08 de dezembro – Dia da Família

O que é família e qual deve ser sua configuração? É uma excelente data para mostrar os modelos mais modernos de família e falar um pouco sobre preconceito. 10 de dezembro – Declaração Universal dos Direitos Humanos

Descobrir para que foi criada pode ajudar os alunos a entenderem cada um de seus princípios. É válido para discutir com a turma como é possível educar para os direitos humanos, formando cidadãos que contribuam para efetivação dos direitos das pessoas. 34

Fotos: freeimages

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CONFIRA ALGUMAS DATAS E ATIVIDADES QUE PODEM SER REALIZADAS NO MÊS DE FEVEREIRO 01 . Dia do Publicitário 02 · Dia de Iemanjá 10 . Dia do Atleta Profissional 11 · Dia Mundial do Enfermo 14 · Dia da Amizade 16 · Dia do Repórter 19 · Dia do Esportista 21 · Dia da Conquista do Monte Castelo (1945) 23 · Dia do Rotaryano 24 · Promulgação da 1ª Constituição Republicana (1891) 25 · Dia da criação do Ministério das Comunicações 27 · Dia do Agente Fiscal da Receita Federal 27 . Dia Nacional do Livro Didático

02 de fevereiro – Dia de Iemanjá

Boa data para conversar sobre religiões de matrizes africanas e conhecer mais sobre suas características. Começando por Iemanjá, que tal descobrir um pouco de sua história e suas características?

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14 de fevereiro - Dia da Amizade

Excelente oportunidade de conversar sobre a amizade e estimular a turma à inclusão social. Dá para fazer uma brincadeira com um correio sentimental entre os estudantes. 19 de fevereiro – Dia do Esportista

É um dia para reunir as turmas e realizar campeonatos esportivos. Certamente, a turma vai adorar. É importante colocar alunos que sabem mais jogar um determinado tipo de atividade para ensinar a outros estudantes. 24 de fevereiro – Promulgação da 1ª Constituição Republicana

Como é o documento? Quais suas características? O que mudou de lá para cá? É possível fazer um balanço sobre os anos de república no Brasil. 27 de fevereiro – Dia Nacional do Livro Didático

Que tal organizar uma feira de livros ou formar grupos de leitura de autores de diferentes nacionalidades? Depois, é só reunir os estudantes e socializar o que cada um aprendeu com os livros que leram.

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PROFESSARE | Edson Silva

ERA, ANTES DE SER

Edson Silva da Rede Estadual de ensino; escritor; formador e palestrante.

Era aprendiz, antes de ser sábio. Aprendia com a certeza de que o não saber é uma segurança e que a cada nova aprendizagem ninguém se torna maior, apenas mais próximo da plenitude que é conhecer. Era observador, antes de ser observado. Compreendia que estar do lado de lá significava processo indispensável para um dia conhecer a alegria de estar à frente, como exemplo e como guia. Era consciente, antes de sonhar. Sabia que cada sonho é degrau e que viver sem alimentá-los não expressava ser realista, mas sim perder da realidade a doçura e o encantamento necessários. Era o que escuta, antes de dizer. Sabia que a palavra é veículo para os grandes encontros que unem os seres humanos, por isso acolhia no coração cada verbo tanto quanto desejasse dizê-los ao mundo. Era organizador, antes de liderar. Conhecia seus caminhos, seus objetivos e fazia da sua presença motivo de construção das aprendizagens partindo das possibilidades garimpadas no erro. Era administrador, antes de delegar. Sabia que cada problema era uma possibilidade de superação e fazia do tempo amistoso fornecedor dos laços que asseguram a felicidade. Era cooperador, antes de ser só. Ampliava a gestão do tempo e do espaço, fomentando o apoio, a harmonia e a solidariedade como formas simples de engrandecer a vida. Era animador, antes de ser mais. Envolvia a todos com o desejo de aprender, favorecendo a definição de um projeto de vida em que os

planos pessoais se fortalecessem na convivência com o outro. Era equipe, antes de ser genial. Elaborava projetos em comuns, dirigia trabalhos, buscava apresentar a todos as vantagens da renovação intelectual, enfrentava complexidades, sabia viver um serviço. Era competente, antes de solicitar. Tinha a consciência de fazer parte de um projeto maior e fazia da sua força um exemplo a ser seguido por todos que fizessem parte dos seus dias. Era social, antes de ser único. Sabia envolver nos seus projetos quem como ele cuida, compreende, faz do amor paterno e materno um dom a serviço da evolução de quem um dia cuidará do mundo. Era eficiente, antes de ser tecnológico. Sabia diferenciar os fins dos meios, explorando potencialidades, comunicando-se de diferentes formas, valorizando a cultura como principal tecnologia. Era ético, antes de ser crítico. Lutava contra preconceitos, discriminações, dialogava e valorizava a força do argumento como bom costume e competência de solidariedade. Era atual, antes de ser completo. Estabelecia metas pessoais, envolvia-se em projetos de formação constante, sabendo valorizar os conhecimentos dos seus pares e comunicá-los com os seus. Era amigo antes de ser mais. Sabia que a amizade se cultiva com o tempo e permanece nos corações de quem a entende como sublimação de um grande amor. Já era professor, antes de ser.

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FORMAÇÃO CONTINUADA

Práticas simples podem ajudar os docentes a ter mais qualidade de vida e, dessa forma, melhor desempenho nas atividades diárias POR Júlia Veras

Estamos na era do indivíduo super-herói

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FORMAÇÃO CONTINUADA

Professora Sheyla Costa em sessão de pilates

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Foto: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê

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Pilates é bom para professores que passam muito tempo em pé

Foto: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê

FORMAÇÃO CONTINUADA

Professor de Yoga Aurélio Azevedo Cardozo

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FORMAÇÃO CONTINUADA

Dicas para se exercitar em qualquer lugar

Na sede da Secretaria de Educação do Estado (SEE), no bairro da Várzea, no Recife, uma equipe composta por profissionais de educação física realiza atividades diárias com os servidores, incluindo aulas de práticas corporais, yoga, dança, ginástica localizada, e avaliação nutricional e física. O Núcleo de Atendimento ao Servidor (NAS) também trabalha com programas de prevenção, como o Doze por Oito, que alerta para o combate à pressão alta. Além disso, também são realizadas campanhas de vacinação, de doação de órgãos, e doação de sangue, em parceria com o Hemope.

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Fotos: Eduardo Cunha / Curinga Comuniquê

FORMAÇÃO CONTINUADA

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O QUE ESPERAR DA EDUCAÇÃO EM 2015? Está lá, bem no artigo 11 da tão falada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. É papel dos Municípios, entre outros tópicos, oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, sendo permitida a atuação em outros níveis de ensino

quando estiverem atendidas as necessidades de sua área de competência. Para saber como anda a execução dessas determinações, a Revista Acene entrou em contato com as secretarias de educação do Recife, Olinda, Paulista, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes para entender quais

foram os investimentos e projetos que elas desenvolveram e quais os planos futuros. Projetos de apoio à leitura, ampliação das atividades realizadas no contra turno e parcerias com o Governo Federal são algumas das apostas. Confira!

RECIFE

Secretários de Educação de cinco municípios da Região Metropolitana do Recife contam os projetos para o próximo ano

"Em 2015, esperamos ver uma melhoria drástica da educação municipal por meio do foco em gestão, melhoria da infraestrutura das escolas, valorização do professor e avanço no desempenho pedagógico dos alunos com investimentos em alfabetização, ensino integral e em programas tecnológicos como o Robótica na Escola".

Até 2016, o Programa de Escolas Municipais em Tempo Integral será ampliado para todas as unidades que atendem aos alunos do fundamental II. Entre as ações previstas nos próximos meses, estão a entrega de mais 37 creches-escolas e de 21 escolas de referência, a aquisição e distribuição de notebooks para os professores da rede, a Implantação do Diário de Classe Online; do Programa de Atendimento à Primeira Infância e do Bônus pelo Desempenho Educacional (BDE).

JORGE VIEIRA Secretário de Educação do Recife

CABO DE SANTO AGOSTINHO

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"A Prefeitura Municipal do Cabo Santo Agostinho, através da Secretaria Municipal de Educação, tem como uma das principais metas para 2015 as reformas, recuperações e fortalecimento do ensino das escolas das zonas urbanas e rural".

ELIAS SANTOS Secretário de Educação do Cabo de Santo Agostinho

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Fotos: 1 - Andréa Rego Barros/PCR | 2 - Assessoria de Imprensa

A cidade tem como meta reduzir analfabetismo em pelo menos 1% ao ano, de um total de 17.278 pessoas existentes no município (IBGE-2010), por meio de investimentos nas turmas da EJA e da continuidade do Programa de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Atualmente o Ideb do município é de 3.7 e a meta para 2015 é de 4.4. Outro alvo é ampliar o acesso e qualificação da oferta da educação às escolas da zona rural por meio da adesão aos Programas do Pronacampo.

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OLINDA

FORMAÇÃO CONTINUADA

“Nosso grande desafio, em 2015, é continuar trabalhando por uma escola inclusiva em seu sentido mais amplo, o que abrange o estudante e a família”.

MÁRCIA SOUTO Secretária de Educação de Olinda

A ampliação da oferta de atividades pedagógicas em dois turnos é o objetivo do Programa de Educação Integral de Olinda, do qual participam 1.500 estudantes de 60 escolas. A Educação Inclusiva é outro foco. Atualmente, a rede atende a 593 alunos com deficiência. Sob a proposição de eliminar o preconceito nas salas de aula, professores assistem a palestras que ajudam como lidar com situações de intolerância racial, homossexual e religiosa.

PAULISTA

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"Em 2015, seguiremos buscando novas maneiras de despertar, nos alunos, o interesse de participar, ativamente, do processo contínuo de mudanças sociais".

LÚCIO GENU Secretário de Educação do Paulista

JABOATÃO DOS GUARARAPES

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"Jaboatão deu um grande salto na educação municipal devido a boas iniciativas. No último Ideb de 2013, atingimos o primeiro lugar da RMR, nos anos finais do ensino fundamental (4.3), com destaque também nos anos iniciais (5.8, a escola de índice mais alto)”.

FRANCISCO AMORIM Secretário de Educação de Jaboatão dos Guararapes

Durante o ano de 2014 e nos próximos meses, a secretaria de Educação do Paulista aposta no incentivo à pesquisa e em projetos pedagógicos, a exemplo do projeto “Triatlo do Conhecimento”, que tem por objetivo a preservação da memória histórica por meio do estudo da História e da Geografia. Para ampliar o conhecimento dos alunos da rede municipal, a Prefeitura firmou parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para que 80 estudantes matriculados nas oitavas e nonas séries possam assistir a aulas no Centro de Ciências Biológicas da instituição.

Para garantir o incremento no processo de aprendizagem, o município aposta em parcerias não só com o Ministério, mas busca apoio de instituições privadas. Programas como o "Por que Pobreza", da Fundação Roberto Marinho; "Paralapracá", do Instituto C&A, e o "Nas Ondas de Leitura", com da Editora IMEPH, têm trazido novas ideias e formatos para a sala de aula. Parcerias com o Governo Federal tornam práticas o Projovem Urbano, o Mais Educação, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), o Relação Escola-Comunidade.

Fotos: 1 - Assessoria de Imprensa de Olinda | 2 - Assessoria do Paulista | 3 - Assessoria de Imprensa de Jaboatão dos Guararapes

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PSICOPEDAGOGIA | Elizângela Neves

TAREFAS ESCOLARES: UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO DAS ATIVIDADES PARA CASA Discorrer sobre tarefas escolares, particularmente, é um tema do qual gosto muito de orientar por ter a oportunidade de reiterar para os pais e os profissionais da educação sobre a importância que as TEs (tarefas escolares) têm para o desenvolvimento da aprendizagem, da autonomia e para a construção do hábito do estudo diário. Antes de colocarmos a necessidade à frente do prazer de aprender, basta buscarmos conhecer a filosofia da escola sobre as TEs. Se a escola assume que as tarefas escolares são instrumentos de complementação de estudo/aprendizagem e, se as atividades são bem planejadas, elas aguçam o desejo de feitura entre o que o professor diz que é importante fazer e o que a criança constata que é bom e que acrescenta ao seu repertório de conhecimentos ao fazê-lo. Etimologicamente, tarefa vem do árabe Tariha e significa “conjunto de trabalhos impostos a uma pessoa.” No entanto, nada imposto gera gosto, muito menos gesta desejo de aprender. Infelizmente, muitas escolas seguem à risca o significado de tarefa, esquecendo tão completamente que é sinônimo de atividade, que por sua vez, significa “exercer uma ação; qualidade do que ativo; conjunto de atos para realização de uma finalidade, prontidão, dinamismo”. Sendo assim, nenhuma tarefa deve cair na improvisação, desarticulada dos objetivos da aula e/ou aprendizagem. Pelo contrário, precisa ser dinâmica, inserindo diferentes questões com foco no mesmo conteúdo, ser clara, contextual e objetiva. As tarefas escolares que vão para casa, especialmente, precisam ser tão bem elaboradas, a ponto de suscitarem no sujeito aprendiz, a vontade de fazer as atividades ora com os pais/responsáveis, ora sozinho. É possibilitar a condição de ele olhar para o que fez e sentir-se satisfeito em ver espelhado naquele instrumento de ensino e de aprendizagem seus

conhecimentos recém-aprendidos. Lembro-me de uma reflexão filosófica de Wittgenstein (1969) a respeito da linguagem concebida como uma forma de ação. Logo, não dá para dicotomizar atividade de linguagem. “Linguagem é ação e atividade, pois ambas envolvem significação”. A construção do hábito das tarefas escolares ensinam ao adulto algumas lições prementes. Se o hábito é construído não apenas como hábito, nos ensina a aprender com o que nos propomos a fazer. Se as atividades são correspondentes ao que se é ensinado, o sujeito correlaciona o que está sendo solicitado com o que aprendeu ou com que ainda não aprendeu. Se a tarefa escolar é sempre uma boa surpresa, do ponto de vista da elaboração, será sempre um prazer ser responsivo, vai se sentir seguro, partícipe de um processo que protagoniza. Se as tarefas escolares são instrumentos de complementação de aprendizagem, elas são orientadas logo após o intervalo com calma, antes das últimas atividades do dia. Para que as atividades escolares cumpram o seu papel, precisam ser preferencialmente autoral, ou seja, aquela em que cada sujeito traz a sua resposta, como resultado de suas reflexões pessoais, das suas impressões de mundo. Assim, se desejarmos formar jovens responsáveis com os estudos e que gostam de ler, pesquisar, produzir, aprender, é preciso plantar, na infância, situações motivadoras de aprendizagem para além da escola, valer-se de instrumentos de complementação de estudos que oportunizem retomar conhecimento e ampliá-los, internalizar e comprometer-se com rotinas, ressignificar compreensões de estudo e ampliar a participação da família no acompanhamento e assistência das tarefas escolares e, principalmente, considerar a idade/maturidade cognitiva da criança diante do tipo de atividades que elegemos como tarefas de casa.

Elizângela Neves é Psicopedagoga Clínica e Institucional, Especialista em Tecnologia da Educação e Mestranda em Ciências da Educação [email protected]

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PSICOLOGIA | Igor Cezar Carneiro

TAREFAS ESCOLARES: UMA VISÃO PSICOLÓGICA DAS ATIVIDADES PARA CASA Hoje em dia, a lição ou tarefa de casa é uma temática muito debatida e controversa, pois há estudiosos e escolas que apoiam e valorizam, enquanto existem aqueles que não acreditam no saldo positivo dela, levando-nos a uma profunda reflexão sobre o papel da tarefa de casa que é algo tão antigo em nossa educação. Escolas com metodologias diferentes seguem procedimentos distintos, o que é de extrema relevância é que tanto alunos quanto pais saibam que a rotina de estudos não acaba na escola, após o período de carga horária. Em casa, o estudo deve continuar sob a forma de tarefas escolares, visto que esta é a ligação entre a escola e a família. É um meio dos responsáveis acompanharem o que está sendo desenvolvido e estudado no âmbito escolar. Além disso, é por meio dessas atividades que o professor pode realizar uma avaliação do seu trabalho e perceber quais propostas foram positivas e quais precisam de modificação, indicando os conteúdos que carecem ser retomados e explicados sob diferentes metodologias. Para o aluno, a lição se apresenta como uma forma de ele expressar suas dúvidas, fortalecer sua autonomia e refletir sobre os conteúdos. Porém, é de fundamental importância que o estudante perceba a função e relevância das atividades para casa atribuindo significados a elas. Para que isso ocorra, o professor deve refletir a respeito da sua prática como também enviar tarefas ou lições contextualizadas.

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O interessante é que não aconteça a sobrecarga de atividades para casa, fazendo com que o estudante associe a rotina escolar a algo cansativo, estressante e que delimita o seu tempo para outras atividades saudáveis no seu dia a dia. Hoje, sabemos que os alunos necessitam de tempo livre para que desenvolvam atividades que lhe propiciem prazer e satisfação, como encontrar-se com amigos, fazer novas amizades, praticar atividades esportivas, utilizar o computador, jogar videogames ou simplesmente descansarem ou dormirem após a rotina escolar. No entanto, um dos papéis que acredito ser de extrema relevância da lição de casa é fazer com que o estudante adquira uma rotina de estudos, organizando e planejando o seu tempo, com isso adquirindo disciplina. Visto que pesquisas recentes têm demonstrado que alunos que realizam de forma adequada a lição vêm alcançando um desempenho acadêmico mais positivo. Para que isso ocorra, é fundamental que a família acompanhe seus filhos no cumprimento dos deveres e obrigações. Em alguns momentos, eles precisarão do auxílio dos pais na execução da tarefa e é necessário que essa ajuda seja oferecida (sem esquecer que ajudar não significa fazer por eles), elogiando seu esforço e realização, conversando sobre os acertos e falhas e procurando estabelecer um local de estudo confortável, com ventilação e iluminação adequadas.

Igor Cezar Carneiro é Psicólogo Educacional e Clínico, Especialista em Psicopedagogia [email protected]

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“O HOMEM NASCEU PARA IMORTALIDADE”

Com essas palavras, Ariano Suassuna não imaginava que determinaria o seu próprio destino de imortal para as mentes e corações dos admiradores de suas obras POR Késia Sousa

Ariano Suassuna era o paraibano mais pernambucano que já existiu. Ariano amava Pernambuco como poucos. Nossa terra, nossa cultura e nossa gente eram suas grandes paixões, juntamente com o Sport Clube do Recife. Vítima de complicações de um AVC, o grande mestre da cultura popular morreu em

23 de julho de 2014, depois de sofrer uma parada cardíaca. Sobre a morte, Ariano costumava dizer o seguinte: “Não gosto da ideia de ter 'medo de morrer'. Sou paraibano e não gosto de confessar que tenho medo. Eu conheço a palavra ‘medo’, porque li no dicionário”. Filho de Cássia Villar e

João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna, o mestre nasceu em 16 de junho de 1927. A decisão de mudar-se para as terras pernambucanas foi depois da morte do pai, que foi governador da Paraíba, para dar continuidade aos seus estudos. Aqui, cursou a Faculdade de Direito do Recife. E foi

Ariano Suassuna em aula espetáculo

Foto: Rayanne Marinho / SEE

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na Faculdade de Direito que ele conheceu Hermilo Barbosa Filho e, junto com ele, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Mas o ofício da advocacia foi deixado de lado para dar vez ao exercício de professor, quando começou a ensinar a disciplina de estética na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A cultura na vida de Ariano começa a efervescer a partir daí. A primeira peça, intitulada “Uma Mulher Vestida de Sol”, foi escrita em 1947. Mesmo ano em que conheceu sua companheira de toda a vida: a mulher Zélia de Andrade. A montagem foi vencedora do concurso do Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1955, estreou a peça “Auto da Compadecida”, sua obra máxima, considerada pelo crítico teatral Sábato Magaldi como "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". Nela, Suassuna conta a história dos amigos João Grilo e Chicó, que andam pelo sertão propagando A Paixão de Cristo. A peça foi escrita em formato de auto e dividida em 3 atos, usando diversas figuras de linguagem nordestinas e mesclando elementos dos cordéis. Seu sucesso foi tão grande que, mais tarde, foi adaptada para o cinema e a televisão. Alguns anos depois, mais precisamente em 1955, juntamente com o amigo Hermilo Borba Filho, ele fundou no Recife o movimento do Teatro Popular do Nordeste, por meio do qual buscava oferecer produções teatrais de qualidade e encontrar uma forma nordestina de interpreta. Em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste, que montou em seguida “A Farsa da Boa Preguiça” (1960) e “A Caseira e a Catarina” (1962). No início dos anos 60, interrompeu sua bem sucedida carreira de dramaturgo para dedicar-se às aulas de Estética na UFPE. Ali, em 1976, defende a tese de livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura Brasileira. Aposenta-se como professor em 1994. Entre 1958-1979, dedicou-se 46

“O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso. também à prosa de ficção, publicando o “Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” (1971) e “História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana” (1976), classificados por ele de “romance armorial-popular brasileiro”. Antes, em 1967, foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura. Dois anos depois, foi nomeado, pelo Reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPE. Ariano Suassuna construiu em São José do Belmonte, onde ocorre a cavalgada inspirada no “Romance d’A Pedra do Reino”, um santuário ao ar livre, constituído de 16 esculturas de pedra, com 3,50 m de altura cada, dispostas em círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras são imagens

de Jesus Cristo, Nossa Senhora e São José, o padroeiro do município. A pesquisadora Anna Paula Soares Lemos estudou a obra do mestre em sua dissertação de mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), da qual resultou o livro “Ariano Suassuna, o palhaço-professor e sua Pedra do Reino”. Anna Paula destaca a importância de Ariano Suassuna como sendo um erudito que olhava para a cultura popular com respeito e dignidade e, ainda, como um autor que escrevia de forma leve para o leitor de todos os níveis culturais. “O Ariano Suassuna tem uma importância fundamental que é de olhar para a cultura popular com um respeito e uma intenção estética digna que é impressionante”, destaca a autora. Ela acrescenta ainda que o fato de ele ser um intelectual, advogado, que não vem da cultura popular, não foi determinante para afastá-lo desse mundo. “Muito pelo contrário, ele vem do gabinete, como ele costumava dizer. Mas ele olha para a cultura popular da janela do seu gabinete, e ele olha para a cultura popular com uma dignidade como uma forma de mediar essa cultura tão agradável aos ouvidos da cultura erudita, da literatura popular, do leitor, de todos os níveis culturais. Ele consegue transitar e conversar com todas as pessoas. É uma pessoa querida, reconhecida, rica para qualquer ouvido que se interesse pela cultura brasileira”, ressaltou a pesquisadora. Para o presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Geraldo Holanda Cavalcanti, Ariano foi único na maneira de ser, na maneira de olhar o mundo. “Ele foi um excelente e extraordinário comunicador. Ele conseguia não somente comunicar aos intelectuais, como também ao homem da rua. As aulas espetáculos dele eram uma coisa maravilhosa, nunca vi nada parecido. Ele não tem seguidores, nem pode. A obra dele é tão orginal, que não tem seguidores. A obra dele ficará intacta como uma das grande obras da dramaturgia e da língua portuguesa”, avalia o presidente da ABL.

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AULAS-ESPETÁCULOS Suas famosas aulas-espetáculos onde proferia pérolas como "A gente tem uma tendência a acreditar que não morre. O que é bom"ou: "Medo da morte? Eu não gosto de contar valentia antecipada, acho que a gente só pode dizer que não tem medo de alguma coisa depois de enfrentá-la" eram de encantar qualquer pessoa. Era um verdadeiro show de cultura e sabedoria repassado pelo mestre. E o público era sempre diversificado. Ariano apresentou as aulas-espetáculos para alunos de escolas públicas, privadas, universitários, intelectuais. Enfim, todos queriam ouvir e ver Ariano falar. Ele falava sobre a manifestação cultural nordestina, a valorização da língua portuguesa, e o reconhecimento do Nordeste como polo cultural nacional.

MOVIMENTO ARMORIAL Os integrantes do Movimento têm como objetivo empenhar todas as modalidades artísticas nessa direção música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões. Assim, figuras de todos os campos se uniram nesse esforço nos anos 70: Antonio Nóbrega, Antonio José Madureira, Capiba, Jarbas Maciel e Guerra Peixe, dentre outros nomes conhecidos. A Corrente Armorial está profundamente vinculada à produção da literatura de cordel, à moda de viola, a instrumentos como a rabeca, a qual cria a atmosfera sonora que sustenta o canto dos músicos que seguem essa filosofia. As capas de seus trabalhos são manufaturadas com a técnica própria da Xilogravura, segundo os ditames Foto: Rayanne Marinho / SEE

dessa arte inovadora. “Conheci Ariano em 1970 quando fui convidado por ele a integrar o Quinteto armorial. Na ocasião, ele acabara de publicar o seu livro, o “Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e Volta”, e foi por meio dessa obra que adentrei no Mundo Ariano. Minha ligação com Ariano foi imensamente frutífera. Anos de convivência quase que cotidiana durante a fase de apresentações do Quinteto. Musiquei alguns de seus poemas, representei o personagem Joaquim Simão da sua peça “A Farsa da Boa Preguiça” numa versão realizada pela TV Globo. Inspirei-me em seus “amarelinhos” para construir o meu personagem Tonheta. E, sobretudo isso, foi a partir do meu encontro com ele

que minha maneira de fazer arte, entender cultura e ver o mundo ganharam outras e novas dimensões”, destaca o multiartista Antônio Carlos Nóbrega, que foi cofundador do Quinteto Armorial. Para Nóbrega, Ariano teve, continuará tendo, um papel absolutamente imprescindível, vital para a arte e cultura brasileiras. “Foi escritor versátil – dramaturgo, romancista, poeta, cronista, ensaísta – e um misto de empreendedor, ativista e animador cultural. Todas essas suas atividades tiveram como pano de fundo a sua visceral paixão pelo povo e pela cultura brasileira, uma tão intensa amorosidade só comparável àquela de brasileiros como Mário de Andrade e Darcy Ribeiro”, afirma. 47

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MAIS CULTURA CAIS DO SERTÃO O Cais Um dos mais modernos equipamentos culturais do Brasil, o Cais do Sertão, instalado no antigo Armazém 10 do Porto do Recife, é um local de convivência, diversão e conhecimento, polo gerador de novas ideias e experiências. Abrigando e reverenciando a obra de Luiz Gonzaga, o grande homenageado do espaço, o Cais traz para a beira-mar da capital do Estado um pouco do solo rico e generoso da cultura popular do nordeste brasileiro. O FIM DA TELEVISÃO Organizadores: Mario Carlón e Yvana Fechine Editora: Confraria do Vento Categoria: Comunicação e Novas Mídias Por que ler? O livro reúne artigos científicos de autores de diversos países em torno do fim da televisão. Mais do que centrar a discussão no futuro do importante meio de comunicação de massa, a publicação aponta as transformações pelas quais a mídia tem passado nos últimos anos. Na sala de aula O professor pode discutir mídia de massa e sua importância e falar um pouco sobre o atual cenário dos veículos de comunicação. Fala-se muito sobre o fim do rádio, da TV, do jornal impresso, mas será que eles vão acabar mesmo? Pode render uma boa discussão. 48

openlibrary.org OPEN LIBRARY O site (que quer catalogar todos os livros do mundo) possui mais de um milhão de obras para download gratuito, em diversas línguas. Entre os livros em português, encontramos contos e romances de Monteiro Lobato, José de Alencar e Machado de Assis, por exemplo. Se você sabe ler em inglês, as opções são inúmeras. Por que acessar? Excelente oportunidade de entrar em contato com obras nacionais e internacionais Na sala de aula Os professores podem estimular os alunos a lerem sem precisar comprar os livros. Com os celulares, tablets e computadores de hoje, é possível apostar na leitura de algumas obras.

Por que conhecer? Pela possibilidade de conhecer um vasto universo de personalidades, histórias, memórias e experimentar um pouco do sertão. Visitação Avenida Alfredo Lisboa, s/n Funcionamento Fechado às segundas, o Cais funciona nos seguintes horários: Terça: 9h às 21h Quarta a Sexta: 9h às 17h Sábado: 13h às 19h Domingo: 11h às 19h O agendamento poderá ser feito de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, pelos telefones (81) 3084-2074 e (81) 4062-9594. O ingresso custa R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia-entrada para estudantes e jovens até 24 anos). As terças, as visitas são gratuitas.

Fotos: divulgação | reprodução de internet

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VISITA AO SERTA

COMO SERÁ? Parceria do Jornalismo e da área de Responsabilidade Social da Globo com a Fundação Roberto Marinho, tem como objetivo compartilhar com o público experiências transformadoras, exemplos de cidadania e colaborar para a construção de um futuro melhor ao tratar de maneira integrada temas como educação, ecologia, mobilização social, trabalho e inovação. É um espaço para apresentar, conhecer e incluir pessoas e ideias, que conta com a interatividade como grande aliada. Por que ver? Pelas temáticas atuais que são abordadas no programa, permitindo atualização de conhecimentos e aprofundamento em questões importantes do mundo contemporâneo. Na sala de aula Trechos do programa podem estimular os estudantes a dialogarem a respeito de diversos temas, bem como se interessar por diversas áreas temáticas. Para assistir? O programa, que ocupa a faixa das 6h às 8h nas manhãs de sábado na Globo, é reprisado na GloboNews e no Canal Futura, aos domingos, às 06h05 e às 15h, respectivamente. Fotos: reprodução de internet | divulgação

O Serviço de Tecnologia Alternativa é uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) que atua na formação de produtores rurais com foco na agricultura familiar e orgânica. Com dois espaços em funcionamento, é possível conhecer tecnologias alternativas criadas pelos técnicos da instituição para contribuir com o desenvolvimento sustentável do campo. Por que visitar? Dar oportunidade para os estudantes de conhecer experiências ricas de produção agrícola e também conhecer de perto uma propriedade referência de sustentabilidade. Lá, a máxima de que “nada se perde, tudo se transforma” é operada com bastante eficiência. Para visitar É preciso agendar visita com o Serta. Valores e possibilidade de inclusão de almoço devem ser negociados no agendamento. Campus Ibimirim Açude Engenheiro Francisco Saboya, s/n Povoado Poço da Cruz/Área Rural Ibimirim /PE Contatos: (87) 3932-5008 [email protected] Campus Glória do Goitá Rodovia PE-50, Km 14 Campo da Sementeira/Área Rural Glória do Goitá/PE Contatos: (81) 3658-1265/1226 [email protected] As visitas são de segunda a sexta-feira. Visitas ao sábado são negociáveis.

ÔNIBUS 174 Lançamento: 2003 (2h 13min) Dirigido por: Felipe Lacerda, José Padilha Gênero: Documentário Nacionalidade: Brasil O Filme Uma investigação cuidadosa, baseada em imagens de arquivo, entrevistas e documentos oficiais, sobre o sequestro de um ônibus em plena zona sul do Rio de Janeiro. O incidente, que aconteceu em 12 de junho de 2000, foi filmado e transmitido ao vivo por quatro horas, paralisando o país. No filme, a história do sequestro é contada paralelamente à história de vida do sequestrador, intercalando imagens da ocorrência policial feitas pela televisão. É revelado como um típico menino de rua carioca transforma-se em bandido e as duas narrativas dialogam, formando um discurso que transcende a ambas e mostrando ao espectador porque o Brasil é um país é tão violento. Por que ver? Pela possibilidade de levar para sala de aula importantes reflexões sobre violência no Brasil, destacando origens e abordando satisfatoriamente questões políticas necessárias. Na sala de aula O professor pode trabalhar o jogo da visibilidade e invisibilidade pela qual diversos jovens passam no Brasil, além de abordar a questão da violência social. O documentário está disponível na íntegra no YouTube. 49

HORA DO LANCHE | Fred Toscano

PEQUENAS E BRILHANTES E INICIATIVAS

Fred Toscano é formado em gastronomia e mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco [email protected]

Na coluna Hora do Lanche, temos falado bastante sobre as atitudes que pais e educadores devem adotar para que crianças e adolescentes, dentro e fora do ambiente escolar, tenham acesso à alimentação mais saudável possível. Essa é uma tarefa difícil, que se repete cotidianamente e que exige atenção constante dos adultos responsáveis. Mas e se a própria meninada desenvolvesse essa preocupação? E não apenas se esforçasse em pensar melhor sobre o seu próprio alimento, mas que também buscasse ajudar outras crianças a ter acesso a refeições equilibradas e nutritivas? Pois foi justamente o que fez William Winslow, da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Com apenas sete anos, o pequeno William ouviu falar da iniciativa “BackPack Buddies” e descobriu que muitos meninos e meninas em sua própria comunidade possuíam dificuldade em obter todas as refeições diárias. Assim, em seu aniversário, ele decidiu pedir a amigos e parentes que, em vez de lhe dar presentes, fizessem doações para a organização, ajudando a combater o problema da fome infantil em sua região. E isso foi apenas o começo. No ano seguinte, William colocou na rua a sua “William’s Food Drive”, uma caminhonete para 50

receber alimentos e dinheiro de todos aqueles que quisessem e pudessem contribuir. E esse número não parou de aumentar. Já em 2014, o garoto decidiu expandir o projeto, contando com a ajuda de nada menos do que quatro mercearias, um restaurante e mais de cinquenta voluntários, angariando cerca de 3.335 quilos de alimentos e 1.400 quilos de comida. O suficiente para alimentar integralmente dezesseis crianças por um ano inteiro! Essa é apenas uma entre outras histórias de crianças que decidiram não ficar esperando que os adultos agissem e que entenderam, por vezes melhor do que os mais velhos, que a fome não espera por ninguém e que alimentação é assunto sério, em qualquer idade. Se o pequeno William conseguiu ajudar tantos outros meninos e meninas, sem experiência, maturidade e quase sem recursos, o que uma escola pode fazer nesse sentido? Ou toda uma comunidade, assumindo o compromisso de garantir que suas crianças nunca mais passem fome? Histórias como essa nos inspiram e deixam claro que podemos, sim, fazer muito mais pela alimentação da garotada. Só precisamos dar o primeiro passo.

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