Na origem da História da loucura. Michel Foucault e a psicopatologia existencial dos anos 1950.

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CENTRO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA 6 Abril 2016 Seminário do grupo de História da filosofia Elisabetta Basso

Na origem da História da loucura. Michel Foucault e a psicopatologia existencial dos anos 1950. Sobre o volume:

Michel Foucault à Münsterlingen. À l’origine de l’Histoire de la folie. éd. par Jean-François Bert et Elisabetta Basso, Paris, Éditions EHESS, 2015 RESUMO Esta conferência será dedicada à apresentação do volume coletivo Foucault à Münsterlingen. À l’origine de l’Histoire de la folie, éd. par Jean-François Bert et Elisabetta Basso, Paris, Éditions EHESS, 2015. Trata-se de um volume de documentação que contem várias fotografias e materiais de arquivo sobre a visita que Michel Foucault fez, em 2 de Março de 1954, à clínica psiquiátrica de Münsterlingen (Suíça, Cantão Thurgau, no Lago de Constança), como convidado de Roland Kuhn (director da clínica) e à clínica psiquiátrica de Kreuzlingen, dirigida por Ludwig Binswanger, o fundador da Daseinsanalyse. Esta visita ocorreu durante o Carnaval, que é um evento tradicional importante nesta parte da Suíça, e no qual até mesmo os pacientes da clínica participam, criando as suas próprias máscaras. 1954 é a data na qual Michel Foucault publica suas primeiras obras: Maladie mentale et personnalité (PUF), e uma longa introdução ao artigo de Ludwig Binswanger “Traum und Existenz”, que Foucault, juntamente com a psicóloga e germanista Jacqueline Verdeaux, traduz nesse mesmo ano: Le rêve et l’existence (Desclée de Brouwer). “Traum und Existenz” é um artigo que Binswanger tinha publicado em 1930 e que ele mesmo costumava considerar o texto inaugural do seu programa filosófico-psiquiátrico: a “Daseinsanalyse”. Através deste conceito, expressava a ambição de combinar a análise fenomenológica de Heidegger com a reflexão psicopatológica. Com poucas excepções, a tendência entre os especialistas de Foucault tem sempre sido a de considerar o impacto da psicologia e da psicopatologia fenomenológicas como marginal no percurso filosófico de Foucault. Isto deve-se (sobretudo) à incompatibilidade destas abordagens com a perspetiva antiantropológica e anti-fenomenológica dos trabalhos de Foucault a partir dos anos 1960. No entanto, desde há alguns anos, temos diferentes materiais de arquivo que nos permitem estudar de forma mais clara o pensamento de Foucault dos anos 1950. Em particular, no “Fonds Foucault”, criado em 2013 no Departamento de Manuscritos da Bibliothèque Nationale de France, é possível consultar os manuscritos dos cursos que Foucault ministrou na Universidade de Lille e na École Normale Superieure desde 1952 até 1955. Entre estes, encontra-se um curso sobre «Binswanger et la phénoménologie» (1953-54). Este documento permite-nos não só esclarecer o significado mais profundo da enigmática “Introdução” de 1954 ao artigo de Binswanger, como também compreender melhor a evolução da atitude do Foucault no que diz respeito à psicologia e à psicopatologia fenomenológicas no período próximo da sua tese sobre Folie et déraison. Histoire de la folie à l’âge classique (Paris, Plon, 1961).

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