NÃO ENTENDEU?! QUER QUE DESENHE?!

August 14, 2017 | Autor: Deisy Boroviec | Categoria: Semiotica, Deisy Boroviec
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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CENTRAL DE CURSOS DE EXTENSÃO
E PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
CURSO DE MBA EM COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA





Deisy Boroviec


NÃO ENTENDEU? QUER QUE EU DESENHE?!
DO NOT UNDERSTAND? WANT ME TO DRAW?!








Mato Grosso
2014
DEISY BOROVIEC







NÃO ENTENDEU? QUER QUE EU DESENHE?!








Trabalho de Conclusão de curso apresentado como requisito paraaprovação no curso de Pós-graduação Lato Sensu, do Curso de MBA em Comunicação e Semiótica, da Universidade Estácio de Sá, sob orientação da professora Ms. Leliane Aparecida Castro Rocha.



CUIABÁ – MT
2014
MBA em Comunicação e Semiótica

Deisy Boroviec

Não entendeu?! Quer que eu desenhe?!


Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estácio de Sá, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Comunicação e Semiótica.




Aprovada em, 29 de novembro de 2014.


Examinadores
_____________________________________________
Professora Ms. Leliane Aparecida Castro Rocha


___________________________________________
Professor Ms. Raul Fonseca da Silva



NOTA FINAL: ______________
Resumo
Neste artigo o leitor encontrará o casamento entre a imagem e o verbo que refletem nossos pensamentos. Da mesma forma como olhamos no espelho e vemos nossa imagem refletida, nossas palavras, nossos gestos, nossos desenhos e nossa escrita são o reflexo das nossas ideiais. A imagem que está no desenho, na fotografia, no gesto, nos artefatos feitos pelo homem são a extensão deste; bem como o verbo, seja em sons ou escrito, o segundo que nasceu do próprio desenho, como apresenta a animação audiovisual "Vida Maria", anexada à este trabalho. A ideia é registrar que dos cinco sentidos percebidos pelo ser humano, a visão é a mais desenvolvida e que aliada ao verbo forma o conjunto da linguagem de nossa espécie. Não entendeu?! Quer que eu desenhe?! "Peraí".


Palavras-Chave: Semiótica, Desenho, Arte, Pintura, Fotografia, Audiovisual.

Abstract

In this article the reader will find the marriage between the image and the verb that reflect our thoughts. Just as we look in the mirror and see our reflected image, our words, our gestures, our designs and our writing is a reflection of our ideals. The image is in drawing, photography, gesture, the man-made artifacts are the extension of this; and the verb, either in writing or sounds, the second born of the drawing itself, as has the audiovisual animation "Vida Maria", attached to this job. The idea is to record which of the five senses perceived by humans, vision is the most developed and allied to the verb form the whole of our species language. Do not get it? Want me to draw? "Wait."

Keywords: Semiotics, Drawing, Art, Painting, Photography, Audiovisual.

















Agradeço aos meus pais, em primeiro lugar, Antônio Boroviec e Elizabeth Macuglia que sempre acreditaram no meu esforço pessoal. Agradeço ao meu filho, Pedro Boroviec Carvalho Pinto, e ao meu marido, Luiz Otávio Carvalho Pinto, por cederem meu tempo precioso, que deixei de dispensar a eles, e estive mergulhada em estudos para conquistar mais um (de)grau na minha vida profissional. Também agradeço aos professores da Educação à Distância e à Universidade que me proporcionaram esta oportunidade, bem como à minha orientadora, a professora Ms. Leliane Aparecida Castro Rocha.

























"Quem sabe desenhar, sabe escrever e quem sabe escrever sabe pensar"
(Cristina Fonseca Silva Rennó)

Sumário

Introdução
O desenho a serviço da Comunicação
Conclusão
Referências


Introdução


O problema de pesquisa é algo que parece que surgiu em nossos tempos: a forma como expressamos nossas ideias por meio de nossas extensões, em especial o desenho. Não é de hoje que amplificamos nossas potencialidades usando o meio. Os índios enfeitam o corpo para exprimir sentimentos, como os homens do "Pentateuco" jogavam pó em suas cabeças nos momentos importantes de suas vidas, atos registrados pela Bíblia Sagrada. Gibran Kalil Gibran não tinha "onde cair morto", mas usava as melhores roupas para mostrar suas obras à sociedade Libanesa. O ser humano aprendeu que deve ir além da sua própria imagem e do som da sua voz para expressar sua vontade.
Para buscar os referenciais utilizou-se como metodologia a revisão bibliográfica que consiste na procura de referências teóricas para análise do problema de pesquisa e, a partir das referências publicadas, fazer as contribuições cientificas ao assunto em questão(LIBERALI, 2011, p. 143)
A frase "Não entendeu? Quer que eu desenhe?!" é algo popularmente falado no Brasil, que ganhou força no início deste milênio. É um jeito irônico de se dizer que a pessoa não está entendendo o óbvio ululante. A imagem valeria mais que mil palavras?! Millôr Fernandes disse: "diga isso sem palavras". No Jornalismo aprendemos que nunca devemos transcrever (narrar) uma imagem, a qual fala por si só, mas que devemos complementá-la, pois, por exemplo, uma imagem de uma criança ferida na guerra não nos diz geograficamente onde este infante está ou mesmo a história que conte a situação vivida pelo 'inocente' fotografado.
Como é o caso da premiada, inclusive o Pulitzer, fotografia de Kevin Carter, feita em 1993 no Sudão, de um urubu que espera a morte de uma criança. A triste cena foi explicada com muitas palavras e resultou no suicídio do fotógrafo, mas esta é outra história.
Voltemos ao nosso artigo: se a imagem é o complemento verbal (falado ou escrito), ela nem sempre diz tudo, assim como o verbo nem sempre expressa sozinho o que pensamos. Mas a imagem é um complemento que tem peso maior, como corrobora Antonio Celso Collaro: "a visão é o sentido que nos fornece o maior número de informações, por isso, o ser humano é considerado extremamente visual" (2005, p. 25).
Na obra de Collaro, ele explora profundamente os hemisférios: Esquerdo e Direito do cérebro. Para nós, o que importa é que a perpetuação da espécie humana foi possível graças à força da mente em criar extensões do corpo: a linguagem é uma delas, com a qual reproduzimos o que queremos e o que pensamos, por meio da imagem ou do verbo. O homem chegou aos nossos tempos pela força da imagem criada pela mente e não pela força física. Assim como as maiores conquistas foram realizadas por meio de se fazer compreender, como, por exemplo, os Incas que venceram os Canhares no Altiplano da Cordilheira dos Andes por meio do convencimento. Os Canhares eram gigantes na estrutura física, mas os Incas deixaram uma marca maior na história da humanidade porque souberam se expressar. Expressão esta, que está até nos dias atuais em museus, principalmente na América Latina.
Na animação "Vida Maria" - (todos os links estão anexados) - é reforçado o poder do desenho na mente humana. No vídeo, a mãe grita para a criança parar de desenhar o nome e trabalhar como manda a cultura local, que nos remete ao Nordeste brasileiro. Na animação há pouco verbo e muita imagem. A linguagem usada pelos criadores da animação nos faz entender a história. Isso também acontece na animação "Alma", onde pequenas crianças são atraídas para uma velha loja de brinquedos e misteriosamente raptadas e presas por um feitiço.
O desenho tem sido um grande aliado para explicações complexas como, por exemplo, uma série no YOUTUBE que trata de assuntos como o "Big Bang", a "Seleção Natural" e a explicação sobre o espaço Sideral em "Encontrando os Planetas". Assuntos complexos que são desenhados e atraem a atenção, inclusive, de crianças pequenas.
O blog "Entendeu Direito" se dedica ao desenho para, de forma didática, ensinar searas áridas do Direito. Nos cinemas, a animação, em tempo de Copa do Mundo no Brasil, em 2014, ganhou espaço maior para transmitir mensagens.
E o que percebemos é que na realidade, a frase que parece ter sido inventada neste milênio, "Não entendeu?! Quer que eu desenhe?", é uma velha aliada do ser humano. Ela faz parte da linguagem que se consolidou com a oralidade, como cita a autora do livro de Ouro da Comunicação: "O gesto, o desenho, a comunicação visual e a escrita foram ferramentas fundamentais para a comunicação, mas a linguagem oral foi a aquisição mais valiosa de toda a humanidade" (CONTIJO, 2004, p. 15)
O corpo fala, como está na obra de Pierre Weil e Roland Tompakow. Mas a oralidade é o corolário da Comunicação. "No dia em que o homem estabeleceu sinais para traduzir os sons que emitia, tudo mudou na humanidade; a criação da linguagem é o divisor de águas entre o ontem e o amanhã" (COLLARO, 2007, p. 1)
A Comunicação pode ser feita sem o conhecimento do idioma. Deu, uma jovem senhora, dois exemplos empíricos: "No primeiro, passei uma semana com uma simpática senhora croata na Península da Ístria, que só falava italiano, e eu não falo nem o eslavo, muito menos conheço os dialetos da Península Itálica. Ouvi em italiano e contei histórias em Português. Rimos muito, num bom papo regado a vinho." (Deisy Boroviec)
Outro exemplo é de Elizabeth Macuglia, entrevistada durante a pesquisa. Ela não fala um "Thank you" em inglês e passa pelo menos um mês do ano, nos últimos 12 anos, na Nova Zelândia. Ela faz amizade com os vizinhos neozelandeses do filho dela, que mora lá, e por incrível que pareça, o pessoal da neighborwood não conhece uma palavra brasileira! Todos se comunicam.
Esses dois exemplos se reúnem a uma série de histórias que ouvimos pelo mundo. Inclusive, uma delas, registrada pelo semiólogo francês, Roland Barthes, no "Império dos Signos", onde ele relata a experiência com a linguagem oriental.
"Ora, acontece que naquele país (o Japão) o império dos significantes é tão vasto, excede a tal ponto fala, que a troca dos signos é de uma riqueza, de uma mobilidade, de uma sutileza fascinantes, apesar da opacidade da língua, às vezes mesmo graças a essa opacidade. A razão é que lá o corpo existe, se abre, age, se dá sem histeria, sem narcisismo, mas segundo um puro projeto erótico – embora sutilmente discreto" (BARTHES, 2007, p. 18).
O escritor, e também sociólogo, relata sua experiência com uma linguagem tão distante geograficamente, de onde ele nasceu e viveu, e que ao longo da Globalização, que começou com as grandes viagens, principalmente as marítimas, entralaçaram o conhecimento formado por diferentes continentes. A Era do Descobrimento, em que também se desenhava para que outras pessoas entendessem o caminho, desenhos que se tornaram a ciência da Cartografia.
Nos mapas foram registradas as distâncias, até então, desconhecidas. Por percorrê-los (os mapas), as gerações foram agregando informação e evoluindo para a comunicação audiovisual: Johanes Gutemberg, Joseph Niépce, Alexander Grahan Bell, Auguste e Louis Lumière, Guglielmo Marconi, Wladimir Zworykin, Tim Berners-lee etc.
Extensões do homem, bem retratadas pelo teórico canadense, Marshall McLuhan, na obra em que ele relata os avanços tecnológicos e coloca o meio como uma forma de extensão dos sentidos do seres humanos, ampliando suas potencialidades. Ele deixou duas expressões emblemáticas para a reflexão humana: "O meio é a mensagem" e "Aldeia Global".
"A velocidade elétrica mistura as culturas da pré-história com os detritos dos mercadologistas industriais, os analfabetos com os semiletrados e os pós-letrados" (MCLUHAN, 2007, p. 31). O texto, foi escrito muito antes da criação da World Wide Web (www). Berner-lee, criador da www, conseguiu misturar muito mais do que o que foi descrito por McLuhan. A comunicação pela rede mundial de computadores conseguiu trazer à tona o futurismo de Adous Huxley no livro "Admirável Mundo Novo", de 1932 e de Charles Chaplin no filme "Tempos Modernos" de 1936. O primeiro destrói os conceitos de valores da sociedade e o segundo mostra um personagem sendo comandado por uma imagem pendurada na tela da fábrica, local de trabalho do ator e cineasta no filme. A internet é a forma mais democrática e mais perigosa porque expõem todas as linguagens. Por isso é importante levar a 'malícia' da vida real para a virtual, pois, nem tudo é literal.
"Anamorfose é uma técnica de distorção de imagens visuais percebida apenas no nível do subconsciente" (CALAZANS, 2006, p. 75). Calazans é um estudioso das mensagens subliminares. Expressão que usa como sinônimo de efeito subconsciente da imagem e do som. Ele é doutor em Comunicação e desvenda as intenções da linguagem, seja aquela que nós ouvimos ou vemos. "O anúncio publicitário é desenhado para ser lido em um ou dois segundos, pois ninguém compra uma revista e lê todos os anúncios (a menos que seja um profissional da área)" (CALAZANS, 2006, p. 62).
O desenho, como num mapa, nos mostra o caminho a ser seguido. Pablo Picasso eliminou o conceito clássico de perspectiva, técnica já iniciada pelos impressionistas. Este aprendizado no uso dos desenhos (cores, formas, relevos etc) é registrado na obra "Mil anos de Arte", onde são apresentados clássicos desde a idade média. Ainda nas cavernas, o homem tentava explicar o que sentia por meio dos desenhos e aprimorava sua técnica todos os dias. Em tempos remotos, o recorte do pensamento já era registrado e percebido.
Calazans nos mostra os ilusionistas do nosso tempo. Mas basta conhecer a história para perceber que a imagem (desenho) nos leva a entender nosso passado, presente, futuro e até imaginar o que não existe. O surrealismo, por exemplo, que trata do onírico está no século XVI das obras de Giuseppe Arcimboldo, bem como no século XX, nas obras de Salvador Dali. O último descrito por Adriano Colangelo assim:
"Com sua linguagem de um extraordinário rigor clássico e com seu mundo interior de pertubadora riqueza, na qual se misturam elementos oníricos extremamente enigmáticos com imagens, recordações e conceitos plásticos dos mais variados e fascinantes" (COLANGELO, 1987, p. 102).
Desenhar é o resultado do pensamento que aliado à fala pode expressar nitidamente a intenção do autor. Seja a intenção enganosa ou honesta, depende do desejo do desenhista e também das referências do observador. O desenho da fala é a escrita, mas nosso tema não é a filologia, nem mesmo a Linguística. Nosso tema é o desenho para expressar alguma coisa com competência. Seja em velhas formas conhecidas (o desenho do que vemos e até de sonhos) ou de formas inventadas pelo ser humano, que nada tem a ver com a realidade, mas expressam as ideias (escrita).

"As diversas facetas que a análise semiótica apresenta podem assim nos levar a compreender qual é a natureza e quais são os poderes de referência dos signos, que informação transmitem, como eles se estruturam em sistemas, como funcionam, como são sentidos, produzidos, utilizados e que tipos de efeitos são capazes de provocar no receptor" (SANTAELLA, Versão online)
A questão é a interpretação que fazemos do que vemos, bem como a qualidade com que nos expressamos por meio das figuras que criamos. Tudo isso aliado ao conhecimento que tem o receptor da mensagem. Um exemplo é o "Diário Mínimo", de Umberto Eco, que para entendê-lo, é necessário um prévio conhecimento da política italiana. Assim como em Cuiabá, para entender os espetáculos do saudoso Liu Arruda é necessário conhecer a política da capital mato-grossense.


O desenho a serviço da Comunicação

O jornalista usa infográficos, desenhos, ilustrações, atuação de atores para mostrar cenas que aconteceram ou mesmo fazer comparações que ajudem seu leitor, telespectador ou internauta entenderem sua mensagem. O desenho é aliado da explicação verbal, desde tempos remotos, como já citados, e pode facilitar o entendimento, inclusive, do interlocutor.
Desenhar para se fazer entender é uma profissão e deve ser estudada para a conquista dos exatos resultados esperados. Sejam resultados enganosos, em imagens subliminares, ou os honestos, que querem ser como um espelho: refletir o que realmente está na mente do autor. A missão dos desenhos, como por exemplo, a infografia, é levar informações visuais e para isso há um preparo específico do profissional:
"Sabe-se que a infografia pode contribuir de maneira efetiva para a qualidade da narrativa jornalística, mas, sem exceção de um grupo ainda restrito de profissionais, nem sempre se sabe como fazê-la de maneira eficaz. E este não-saber não se refere ao domínio de ferramentas específicas, mas à capacidade de pensar infograficamente" (TEIXEIRA, 2010, p. 67)
Uma explicação se torna mais evidente quando o sentido da visão é explorado, pois, é o sentido mais desenvolvido do ser humano. Quando alguém lê a obra de João Cabral de Melo Neto, sobre a vida sofrida no Nordeste brasileiro, encontra de forma poética a narração de uma vida que representa outras na mesma região, com o mesmo nome.
Logo depois de ler o livro, podemos ver a animação, veiculada 57 anos após a publicação da obra, e experimentar a sensação de ver desenhada as imagens produzidas pelo seu próprio cérebro enquanto lia o livro. "Morte e Vida Severina" foi adaptada para os quadrinhos pelo cartunista Miguel Falcão. Preservando o texto original, a animação 3D dá vida e movimento aos personagens deste auto de Natal pernambucano, publicado originalmente em 1956. Em preto e branco, fiel à aspereza do texto e aos traços dos quadrinhos, a animação narra a dura caminhada de Severino, um retirante nordestino, que migra do sertão para o litoral pernambucano em busca de uma vida melhor.
Outra história, pouco conhecida para sulistas brasileiros, que vêm para Mato Grosso, é a "Vida Maria". Animação, já citada, de oito minutos que conta o círculo vicioso em que vivem as mulheres no nordeste brasileiro. Uma realidade bem retratada também no livro "Vozes do Bolsa Família", mas aí já entra no tema Social, voltemos para o tema desenho: o filme de Márcio Ramos mostra a realidade brasileira, onde o trabalho se sobrepõe aos estudos.
O mais interessante é como os iletrados veem a escrita: uma forma de desenho. O que está correto. "Maria, pare de desenhar o nome e vá trabalhar", assim diz a personagem na história. E com pouca verbalização, entendemos como é difícil a mulher nordestina sair da casta em que vive. Pra quem não entendeu ainda, ao ver o desenho animado pode esclarecer as ideias sobre a dureza da vida brasileira.
É exatamente o foco deste artigo: as palavras emitem muitas ideias e até geram sentimentos, mas quando traçamos linhas com formas e até cores, o entendimento é complementado.
Para usar a seu favor o desenho, vimos na introdução, é importante conhecer as formas, as cores e o relevo. No livro "Psicodinâmica das Cores em Comunicação", os autores tratam a cor como um signo cultural e psicológico e ainda alertam para o uso: "Podemos constatar que o uso da cor, nos diferentes campos em que seu emprego tem valor decisivo, não pode ser resolvido arbitrariamente, com base apenas na percepção estética e no gosto pessoal" (BASTOS, 2006, p. 116).
Está entendendo o artigo?! Quer que eu o desenhe?! Vamos lá:




O papel foi desenhado com lápis e digitalizado, recortado no Adobe Photoshop e usado um filtro. Logo em seguida arquivado em JPG, copiado e colado o desenho aqui, mas no trabalho original, está o papel riscado, aliás, com mais riscos dos que podemos ver aqui. São sete cenas: na primeira o Big Bang. Na segunda, o planeta Terra, tal como o conhecemos hoje. Na terceira cena, está o Sistema Solar. Na quarta cena tem uma pessoa olhando para uma tela que parece brilhar. Na quinta cena está a pessoa com cabelos e roupa longos de braços abertos. Na sexta, dei a entender que a pessoa, de braços abertos, olha para uma multidão. Na última cena, uma pessoa num sofá olhando para uma tela que joga luz no telespectador.
Basicamente, as cenas foram descritas e podem ser interpretadas de acordo com a criatividade do contador da história. Poderíamos colocar exemplos, mas deixo que cada um que olhar para o desenho o interprete como quiser.
Não há segurança nesta tarefa ao traçar as linhas acima, porque o estudo continuado e específico é necessário, bem como a prática do mesmo. O que fizemos, foi, o que sugere Schopenhauer, ir além da leitura de livros e colocar nesta página, que antes estava em branco, as ideias a partir do conhecimento alheio.
"Também se pode dizer que há três tipos de autores: em primeiro lugar, aqueles que escrevem sem pensar. Escrevem a partir da memória, de reminiscências, ou diretamente a partir de livros alheios. Essa classe é a mais numerosa. Em segundo lugar, há os que pensam enquanto escrevem. Eles pensam justamente para escrever. São bastante numerosos. Em terceiro lugar, há os que pensaram antes de se pôr a escrever. Escrevem apenas porque pensaram. São raros." (ESCHOPENHOUER, 2013, p. 57)
A comunicação é a essência da sobrevivência do ser humano no planeta Terra. Mais do que usar a luta ou armas, o homem percebeu que pode vencer batalhas por meio da linguagem. O desenho faz parte da linguagem porque quem desenha sabe pensar, como está na epígrafe deste artigo. E quando trabalham juntos, quem faz a imagem (desenho, fotografia, audiovisual) e o texto, podem explorar mais as informações dos acontecimentos. "A documentação visual dá dimensão de reportagem ao acontecimento singular e eventualmente revela focos de interesse que escapam ao texto" (LAGE, 2006, p. 35).
Mais de uma pessoa contando uma história significa mais de um ponto de vista. No jornalismo, quem faz a edição do que você vai ver é o Gatekeeper do que chegará para lhe informar. Portanto o meu desenho é o limite do que quero que outra pessoa enxergue, seria a moldura do que vou mostrar. "Só chegará a elaborar novas e grandes concepções fundamentais aquele que tenha suas próprias ideias como objetivo direto de seus estudos, sem se importar com as ideias dos outros" (ESCHOPENHOUER, 2013, p. 21).
A conclusão deste trabalho é o início do desenvolvimento de novas ideias. Daqui pode nascer um novo olhar para a Comunicação. Mas por enquanto, este artigo científico é um grão de areia no oceano que devemos explorar.


Conclusão

Ainda não chegamos ao nível apresentado pelo filósofo kantiano Arthur Schopenhouer. Todo o objeto de estudo deste artigo foi para corroborar a importância da imagem (desenho) aliada ao verbo. A forma brincalhona de instigar o interlocutor tem sua raiz na história da Comunicação humana. Estamos na Era da Informação. Tudo é registrado em imagens e compartilhado em todos os Continentes em questão de segundos. A imagem tem força, mas é complementada pelo verbo. E como colocou McLuhan, a 'mistura de letrados e iletrados etc' só começou.
Não entendeu?! Quer que eu desenhe?! O fundamento da frase está arraigado na condição humana de sobrevivência: a Comunicação por meio das extensões do homem. A comunicação é a forma de amplificar as potencialidades das pessoas.
Por meio dela, há reivindicações e interações. Pelo meio visual enxergamos o que o verbo não consegue expressar.

Referências

AdobePhotoshop CS4 – Classroom in abook
ARISTÓTELES. Arte Poética, São Paulo: Martin Claret, 2006.
BARTHES, Roland. O império dos signos, São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007.
BASTOS, Heliodoro Teixeira. Psicodinâmica das cores em Comunicação, São Paulo: Blucher, Sexta Edição, 2006.
CALAZANS, Flávio Mario de Alcântara. Propaganda Subliminar e multimídia, São Paulo: Summus, 2006.
CÉSAR, Mauro. Aprendendo a aprender, animação disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Pz4vQM_EmzI – publicada em 18 de agosto de 2008.
COLANGELO, Adriano. Mil anos de Arte, São Paulo: Cultrix, 1987.
COLLARO, Antônio Celso. Produção Gráfica: a arte da mídia impressa, Ed. Pearson Prentice 'Hall, 2007.
COLLARO, Antônio Celso. Produção visual e gráfica, São Paulo: Summus Editorial, 2005.
COMERCIAL Natal Zaffari 2011, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BKX2Zgc6VQI (2014) – publicado em 26 de dezembro de 2011.
CONTIJO, Silvana. O livro de ouro da Comunicação, Rio de Janeiro : Ediouro, 2004.
INSTRUCAODIGITAL. Morte e vida Severina, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=_gGnN4It8Dc – publicado em 2 de outubro de 2012.
LAGE, Nilson. A linguagem jornalística, São Paulo, Editora Ática, 2006.
LIBERALI, R. Metodologia Científica Prática: um saber-fazer competente da saúde à educação. 2ª ed rev ampl, Florianópolis: Postmix, 2011.
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem, São Paulo: Editora Cultrix, 1998.
QUER QUE DESENHE? - Encontrando Planetas, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XSsG4ARM72c (2014) – publicado em 28 de fevereiro de 2014.
QUER QUE DESENHE? - Mulheres na religião, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MmKMd8pewYA – publicado em 2 de maio de 2013.
QUER QUE DESENHE? - Seleção Natural, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=N-SrvGfwiTg – publicado em 25 de abril de 2013.
QUER QUE EU DESENHE? - Big Bang, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JfrNqY8588Y 9 - publicado em 25 de abril de 2013.
RICCO, Bissigo. Alma, animação disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=irbFBgI0jhM – publicada em 22 de dezembro de 2009.
SALES, Glauco. Família e Escola, animação disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2amwEMxSGms – publicado em 18 de fevereiro de 2010.
SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica, editora Brasiliense, São Paulo: Editora Brasiliense – Coleção Primeiros Passos, 1983.
SANTAELLA, Lúcia. Semiótica Aplicada, São Paulo: Thomson Learning, 2007.
SCHNEIDER, Oxiel. Convivência, animação disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=u5651tdwyXo – publicado em 25 de maio de 2008.
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever, Porto Alegre: L&PM, 2013.
TEDX SÃO PAULO: Apropriações - Como a tecnologia fomenta transformações democráticas, disponível em: http://www.tedxsaopaulo.com.br/ronaldo-lemos/ - publicado em 2009.
TEIXEIRA, Tattiana. Infografia e jornalismo: conceitos, análises e perspectivas, Salvador, EDUFBA, 2010.


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