Narcisismo masculino e o narcisismo feminino no uso de Facebook- Uma comparação (EMMANUEL CORTÊS)

May 24, 2017 | Autor: Emmanuel Cortês | Categoria: Media and Cultural Studies
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Estudante: Emmanuel de Oliveira Cortês- 72522 Docente: Inês Pereira Curso: Mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação. Unidade Curricular: Pesquisa de Terreno. Título: “Narcisismo masculino e o narcisismo feminino no uso de Facebook: Uma comparação”. Ano Letivo: 2015/2016 2º Semestre

Lisboa, Dezembro de 2016

1. Tema, Justificação teórica, pertinência e pergunta de partida O narcisismo é um traço de personalidade que reflete um conceito inflacionado que um indivíduo faz de si mesmo, estando associado as opiniões positivas auto-concebidas de traços como inteligência, poder ou atratividade física. 1 Investigar a relação entre narcisismo e o Facebook é pertinente, porque o Facebook tornou-se algo importante na vida social. Vários pesquisadores descobriram uma relação entre narcisismo e o uso do Facebook, e certos estudos descobriram que o narcisismo está associado ao número de amigos que os participantes têm no Facebook.2 Pesquisas levantaram hipóteses e encontraram uma relação entre o número de amigos e o narcisismo, com a lógica de que ter um grande número de amigos seria atraente para narcisistas como uma medida de importância ou popularidade. Além disso, o Facebook permite que cada usuário publique um “status”, atualizando sobre suas atividades ou paradeiro. Embora vários estudos incluam uma variável “atualizações de status”, os achados com relação ao narcisismo têm sido inconsistentes e poucos avaliaram diretamente a razão da freqüência de uso dos usuários, como atualizações de status.3

Estudos apontam que jovens com educação superior são propensos a usar o Facebook, sendo que numa pesquisa eles expressaram que o Facebook é uma extensão de sua comunicação social e um componente para a sua vida social. E eles responderam que os perfis online ajudam a determinar o status social de alguém. Os jovens medem seu status através do número de “gostos” de uma foto ou de uma atualização de status. Como maneira de adquirir o número máximo de “gostos”, os usuários do Facebook irão manipular o conteúdo do perfil. Se os usuários não conseguirem o número de “gostos” desejados em uma foto, eles podem remover a foto de seu perfil. 4 E algumas descobertas indicaram que algumas atividades do Facebook, tais como conversas, estavam ligadas a aspectos de preocupação empática. E os dados também indicaram que certos aspectos do uso do Facebook, como fotografias, estavam ligados ao narcisismo. 5 E certos pesquisadores concluíram que indivíduos tentam mostrar suas ideologias que, por sua vez,

1

Brown & Zeigler-Hill, 2004.

2

Carpenter, 2011.

3

Davenport et al., 2014.

4

Wickel, 2015.

5

Alloway et al., 2014.

1

são capazes de superestimar a importância de suas opiniões e pensamentos, permitindo que indivíduos, através do Facebook, superestimem a quantidade de poder e influência que realmente detém. 6

Mas existe uma crença generalizada de que o Transtorno de Personalidade Narcisista prevalece mais nos homens do que nas mulheres,7 contudo, apesar desta crença generalizada não houve revisão sistemática para estabelecer a magnitude, variabilidade entre medidas e configurações e estabilidade ao longo do tempo desta diferença de género.8

Deste modo, lançamos a pergunta de partida para o trabalho: Como é que se distingue o narcisismo em homens e nas mulheres no Facebook?

6

Nevils & Massie, 2014.

7

Krajco, 2007.

8

Grijalva et al., 2014.

2

2. Metodologia Introduzimos neste capítulo a apresentação dos métodos e técnicas de recolha de dados e amostras aplicadas durante a fase de verificação. Todos os elementos que compõem esta fase do trabalho foram seleccionados tomando em consideração o problema construído. O problema nos coloca diante de uma realidade que remete a determinados métodos e técnicas para a sua leitura e a problemática implica, por questões epistemológicas, a adaptação, igualmente, de determinados métodos e técnicas. Este estudo teve como base o método qualitativo, que permitiu abordar o tema em questão para melhor compreensão, levando em consideração motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes dos indivíduos.9 Quanto à técnica de recolha de dados, foi feita mediante um questionário enviado por e-mail a um grupo de 4 indivíduos usuários do Facebook, sendo que dois eram do género masculino e outros dois do género feminino. A escolha do referido grupo foi aleatória. A técnica de recolha por esta via permitiu a economização de tempo, obtendo respostas mais rápidas e precisas. O questionário foi enviado aos entrevistados no dia 7 de Dezembro 2016, sendo que as respostas foram enviadas num intervalo entre 11 de Dezembro a 26 de Dezembro de 2016.

9

Gil, 2008.

3

3. Análise e discussão dos resultados

3.1. Caracterização da amostra A amostra deste estudo foi composta por um total de 4 indivíduos, sendo que 2 eram do sexo masculino e outros 2 do sexo feminino. No que concerne à faixa etária, suas idades compreendiam de 23 a 41 anos de idade, até a data da entrega deste trabalho. E quanto aos países de naturalidade, 3 eram nacionais portugueses e 1 de nacionalidade moçambicana.

3.2. Relação entre Facebook e narcisismo

Neste subcapitulo traz-se a discussão em torno dos depoimentos dos entrevistados, no que se refere a relação entre o Facebook e narcisismo, e sendo assim, trouxemos algumas respostas dadas pelos entrevistados. Questionando sobre o número de vezes em que os entrevistados fazem atualizações nas suas respetivas páginas do Facebook e sobre o tipo de atualizações, obtivemos algumas respostas: “Semanalmente e mensalmente. Postagem de novas fotos, artigos e conteúdos de sites”. (Entrevistada nº 1, 41 anos, Nacionalidade Portuguesa, Sexo Feminino).

“Eu faço atualizações na minha página de Facebook semanalmente. O tipo de atualizações que faço tem a ver com a minha realidade social do quotidiano e sobre a realidade política do meu País. São tipos de comentários que gosto de fazer e me sinto bem fazendo esses tipos de comentários”. (Entrevistado nº 4, 31 anos, Nacionalidade

Moçambicana, Sexo Masculino).

Questionando aos entrevistados se estes acreditavam que seus amigos no Facebook determinavam a sua posição social e a popularidade com base no números de gostos ou comentários que recebem em uma determinada foto ou atualização de status, e caso fosse afirmativo, como seria esse julgamento, expomos algumas respostas:

“Não considero que os meus amigos o façam. Contudo, se alguém não me conhecer e aceder ao meu perfil, talvez o faça”. (Entrevistada nº 2, 23 anos, Nacionalidade Portuguesa, Sexo Feminino).

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“O número de gostos no facebook determina o tipo de comentários e publicações que fazes, quanto mais recebes gostos ou correspondência nos comentários significa que a sua publicação tem grande relevância para muitas pessoas”. (Entrevistado nº 4, 31 anos, Nacionalidade Moçambicana, Sexo Masculino).

E ao questionar aos entrevistados se estes acreditavam que a quantidade de amigos que tinham no Facebook determinam o seu grau de importância na sociedade, e sobre o que revela a quantidade de amigos e pedidos de amizade no Facebook, trouxemos algumas respostas:

“Não. Utilizo o facebook apenas como forma de lazer e de hábitos de consulta de informação, logo não o vejo como forma de fazer amizades ou conhecer novas pessoas”. (Entrevistado nº 3, 24 anos, Nacionalidade

Portuguesa, Sexo Masculino).

“Não. Não revela muito pois a verdadeira amizade não é no facebook”. (Entrevistada nº 1, 41 anos, Nacionalidade Portuguesa, Sexo Feminino).

E depois questionou-se aos entrevistados se caso não recebecessem a quantidade de gostos que esperavam em uma postagem no Facebook, se estes sentiam aborrecido/a, e se independentemente de ficarem aborrecido/a, o que representavam para eles os gostos e comentários em uma determinada postagem que fazem no Facebook, e o que esperam em cada um dos comentários, tivemos algumas respostas:

“Depende do post. Se for um post que considero interessante, por exemplo sobre assuntos relevantes do mundo actual, ligose não tiver gostos”. (Entrevistada nº 2, 23 anos, Nacionalidade Portuguesa, Sexo

Feminino).

“Caso não receba a quantidade de gostos que esperava receber no facebook não ficaria aborrecido mas isso mostra a irrelevância da minha publicação ou postagem na rede social, significa que muitos amigos que fazem parte da minha rede social não se identificam com aquilo que escrevi ou tenha postado. É momento de eu poder refletir sobre a validade e a relevância do comentário ou publicação que teria feito”. (Entrevistado nº 4, 31 anos,

Nacionalidade Moçambicana, Sexo Masculino).

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E finalmente, questionamos aos entrevistados sobre o que distinguia a eles/as do sexo oposto no Facebook em termos de interação com outros usuários, tivemos as seguintes respostas:

“As mulheres utilizam mais o facebook que os homens”. (Entrevistada nº 1, 41 anos, Nacionalidade Portuguesa, Sexo Feminino).

“Nada até porque tive facebook mais tarde que a maioria”. (Entrevistada nº 2, 23 anos, Nacionalidade Portuguesa, Sexo Feminino).

“Julgo que a distinção entre sexo masculino e feminino no Facebook não poderá ser feita, uma vez que podem existir individuos do sexo masculino ou feminino com hábitos completamente diferentes. O nível e grau de interação é caractéristico de cada pessoa. Tanto podemos encontrar um individuo do sexo masculino que faça mais publicações, como encontrar uma pessoa do sexo feminino com mais atividade no facebook. Julgo que não tem a ver com o contexto e com a ideia geral que se tem, mas sim com a personalidade de cada pessoa que utiliza o facebook”. (Entrevistado nº 3, 24 anos, Nacionalidade Portuguesa, Sexo Masculino).

“O que distingue a mim com pessoas do sexo oposto é que as mulheres tem a sua forma de ser e estar nas redes sociais e eu gosto de me expressar sobre a vida politica do meu País enquanto que as mulheres gostam de falar sobre festas e banquetes”. (Entrevistado nº 4, 31 anos, Nacionalidade Moçambicana, Sexo Masculino).

Pelas respostas dadas concluimos que os entrevistados atualizam suas páginas no Facebook regularmente contendo fotos, artigos e outros conteúdos relacionados com suas respetivas realidades sociais. Mas no que concerne ao julgamento social que seus amigos no Facebook fazem (ou não), da posição social derivada da popularidade com base no número de gostos ou comentários que recebem em uma foto ou atualização de status, as respostas foram um tanto quanto ambíguas: por um lado, a maior parte dos entrevistados não acredita que seus amigos determinam sua posição social e popularidade com base no número de postagens no Facebook, no entanto, um dos entrevistados afirma que o número de comentários significa que sua publicação é relevante para seus amigos.

Ao questionarmos aos entrevistados se estes acreditavam que a quantidade de amigos que tinham no Facebook determinavam o seu grau de importância social, e sobre o que revelava a 6

quantidade de amigos e pedidos de amizade no Facebook, todos foram unânimes em afirmar que a quantidade de amigos nesta rede social da internet não determina o grau de importância que estes têm na sociedade. E quando se questionou aos entrevistados se estes ficariam aborrecidos caso não recebessem a quantidade de gostos e/ou comentários numa determinada postagem, e o que representavam para eles os gostos e comentários dada postagem que fazem nesta rede social, e sobre suas expetativas, os entrevistados afirmaram não ser importante, contudo uma reação relativamente baixa em relação a uma determinda postagem, faria na opinião de alguns entrevistados, repensar sobre o tipo de publicação a fazer no Facebook.

E finalmente quando questionamos aos entrevistados sobre o que os distinguia do sexo oposto, derivado do uso do Facebook, as respostas foram díspares: afirma-se que as mulheres utilizam mais o Facebook comparativamente aos homens; que não existe distinção entre os géneros, podendo variar de personalidade, mas também há que afirmam que as mulheres têm sua forma típica de interagir nesta rede social, dando primazia a assuntos de lazer.

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4. Conclusões Pretendeu-se perceber a relação entre o uso da maior rede social da internet, o Facebook, com narcisismo, buscando compreender como se manifestam sentimentos narcisistas em homens e nas mulheres, derivado do uso do Facebook. Tendo como grupo-alvo 4 indivíduos usuários do Facebook, sendo 2 homens e 2 mulheres, procuramos perceber como é feita a distinção de sentimentos narcisistas nos dois géneros. Os nossos entrevistados atualizam suas páginas no Facebook regularmente, contendo fotografias e assuntos de sua vida social, o que vai de encontro com o que é apontando na revisão da literatura. Na revisão literária nota-se que algumas pesquisas apontam que usuários do Facebook medem o status social de seus amigos a partir dos perfis, contudo, concluímos que a maioria dos entrevistados não acredita que seus amigos determinam sua posição social com base no Facebook.

Certos estudos descobriram que o narcisismo está associado ao número de amigos que os participantes têm no Facebook, mas ao questionarmos aos entrevistados se estes acreditavam que a quantidade de amigos que tinham no Facebook determinavam o seu grau de importância na sociedade, todos concordaram que a quantidade de amigos não determina o grau de importância social. Outras pesquisas apontam que usuários do Facebook poderiam se sentir aborrecidos caso não tivessem um feedback positivo em suas postagens, e quando questionamos aos entrevistados se estes ficariam aborrecidos caso não recebessem a quantidade de gostos e/ou comentários numa dada postagem, eles afirmaram não ser importante, contudo um baixo feedback em relação a uma determinada postagem, faria na opinião de alguns refletir sobre o tipo de postagens. E finalmente, quando questionamos aos entrevistados sobre o que os distinguia do sexo oposto, no uso do Facebook, as respostas foram contraditórias, porque alguns afirmaram que as mulheres utilizam mais o Facebook comparativamente aos homens, ou que não existe distinção entre os géneros, podendo variar de acordo com personalidade do indivíduo, mas também afirmando que as mulheres têm sua forma de interagir no Facebook, focando-se mais em assuntos de ligados ao lazer. Sendo assim, vemos que a distinção entre homens e mulheres no Facebook varia consoante a realidade de cada indíviduo, mas de acordo com a maioria das respostas, as mulheres seriam mais ativas nesta rede social, e deste modo, mais propensas a exibirem traços narcisistas através de atividades ligadas ao lazer.

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5. Referências bibliográficas



ALLOWAY, T., RUNAC, R., QURESHI, M. & KEMP, G. Is Facebook Linked to Selfishness? Investigating the Relationships among Social Media Use, Empathy, and Narcissism. Social Networking. 3, pp. 150-158, 2014.



BROWN, Ryan P. & ZEIGLER-HILL, Virgil. Narcissism and the non-equivalence of selfesteem measures: a matter of dominance? J. Res. Pers. 38, 585–592, 2004.



CARPENTER, Christopher J. Narcissism on Facebook: Self-promotional and anti-social behavior. Personality and Individual Differences 52, pp. 482–486, 2012.



DAVENPORT Shaun W., BERGMAN, Shawn M., BERGMAN, Jacqueline Z., FEARRINGTON, Matthew E. Twitter versus Facebook: Exploring the role of narcissism in the motives and usage of different social media platforms. Computers in Human Behavior 32 pp. 212–220, 2014.



GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. - São Paulo : Atlas, 2008.



GRIJALVA, Emily; NEWMAN, Daniel A, TAY, Louis, DONNELLAN M. Brent, HARMS, Peter D. Gender Differences in Narcissism: A Meta-Analytic Review. P. D. Harms Publications. Paper 5, 2014.



KRAJCO, Kathy. What Makes Narcissists Tick: Understanding Narcissistic Personality Disorder.OperationDoubles.com, 2007.



NEVILS, Breneya & MASSIE, Rachel. The Relationship Between Social Network Usage and Narcissism. Hanover College PSY 344: Social Psychology Winter, 2014.



WICKEL, Taylor M. Narcissism and Social Networking Sites: The Act of Taking Selfies. The Elon Journal of Undergraduate Research in Communications, Vol. 6, No. 1 • Spring 2015.

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6. Anexos 6.1. Guião de entrevista Apresentação Esta pesquisa tem por objetivo compreender a relação entre o uso do Facebook e o narcisismo, buscando compreender as diferenças do mesmo entre homens e mulheres. Assim, considerando que tem partilhado este espaço, queira por favor responder as seguintes questões:

I.

Dados do Entrevistado

Entrevista nº ________ Data: ____ / 12/ 2016

II.

Dados Sócio-Demográficos dos Entrevistados a. Nome completo:_________________________________________________ b. Naturalidade:________________________ c. Idade do entrevistado: ______ d. Sexo do/a entrevistado/a: Masculino_______ Feminino_______

III.

Relação entre Facebook e narcisismo

1.

Em média, quantas vezes você faz atualizações permanentes na sua página no Facebook?

E que tipo de atualizações costumas fazer?

2.

Você acredita que seus amigos no Facebook determinam a sua posição social e a

popularidade com base no números de gostos ou comentários que recebes em uma foto ou atualização de status? Caso sim, como é feito esse julgamento? 3.

Você acredita que a quantidade de amigos que tens no Facebook determina o grau de

importância que tens na sociedade? E para si, o que revela a quantidade de amigos e pedidos de amizade no Facebook?

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4.

Caso você não receba a quantidade de gostos que esperavas em uma postagem no

Facebook, você se sente aborrecido/a? E independentemente de ficares aborrecido/a ou não, o que representam para si os gostos e comentários em uma determinada postagem que fazes no Facebook, e o que esperas em cada um dos comentários?

5.

Na sua opinião, o que distingue a si do sexo oposto no Facebook em termos de interação

com outros usuários?

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6.2. Figuras ilustrativas de postagens dos entrevistados no Facebook Figura 1

Figura 2

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Figura 3

Figura 4

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