NIETZSCHE COM FREUD: SOBRE A POSSIBILIDADE OU IMPOSSIBILIDADE DA AFIRMAÇÃO DO ETERNO RETORNO 1

May 25, 2017 | Autor: Alexandre Starnino | Categoria: Sigmund Freud, Nietzsche, Psicología, Psicanalise, Filosofia, Eterno Retorno
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Revista  Aproximação  —  Primeiro  semestre  de  2015  —  Nº  9  

 

NIETZSCHE COM FREUD: SOBRE A POSSIBILIDADE OU IMPOSSIBILIDADE DA AFIRMAÇÃO DO ETERNO RETORNO1

Alexandre Starnino Graduando em filosofia na UFRJ

Resumo: o tema do eterno retorno de Nietzsche foi associado por algumas interpretações a um imperativo existencial. No presente artigo, procuramos problematizar esta interpretação ao estabelecer uma discussão acerca da possibilidade ou impossibilidade do “sujeito” afirmar o eterno retorno como um imperativo existencial. Seria um ato da consciência, um esforço da vontade humana, afirmar o eterno retorno de Nietzsche? Para estabelecer essa discussão e examinar o questionamento que carrega o titulo deste artigo, traçamos aproximações entre o pensamento de Nietzsche e a psicanálise de Freud, particularmente naquilo que remete à noção de Psique de ambos os autores. Apenas abrangendo a compreensão do domínio psicológico avesso à tradição filosófica anterior a Nietzsche e Freud, ampliando, portanto, o domínio psicológico para uma unidade onde se é reconhecido o inconsciente, é que podemos estimar o valor do imperativo existencial. Essa é a hipótese defendida no presente artigo. Palavras Chaves: Nietzsche, Freud, Eterno Retorno, Psicanálise.

Abstract: Nietzsche’s concept of eternal recurrence has been associated, in some interpretations, to an existential imperative. In the following paper, our goal is to problematize this interpretation by building a discussion about the possibility, or the impossibility, of the “subject”’s affirming of the eternal recurrence as an existencial imperative. Could it be an act of the conscience, an effort of human will, to affirm Nietzsche’s eternal recurrence? To better build this discussion and to examine the question that this paper’s title brings forth, we draw approximations between Nietzsche’s thought and Freud’s psychoanalysis, particularly in what refers to both                                                                                                                 1

O presente artigo está vinculado ao projeto de pesquisa que recebeu o apoio da FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro : Para repensar o desejo: um diálogo entre filosofia e psicanálise (2014).

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  authors’ idea of psyche. Only by including the understanding of the psychological domain contrary to the philosophical tradition prior to Nietzsche and Freud, and by, therefore, broadening the psychological domain and allowing it to comprehend the unconscious, can we estimate the value of the existencial imperative. This is the hypothesis put forth by the following article. Keywords: Nietzsche. Freud. Eternal recurrence. Psychoanalysis.

Introdução Seria exagero nosso expor algumas aproximações teóricas entre dois “mestres da suspeita”, Nietzsche e Freud, em uma pequena comunicação como esta? É possível que não agradasse nem aos estudiosos do filósofo alemão, tampouco aos estudiosos do freudismo. O que sabemos é que Nietzsche influenciou profundamente a Psicanálise, e isso deixou de ser novidade há algum tempo.2 Neste artigo, as aproximações entre a filosofia de Nietzsche e a psicanálise de Freud são promovidas no intento de discutir o tema do eterno retorno e a sua relação com o domínio psicológico, vale lembrar, valorizado por Nietzsche. Isto posto, convém salientar que o tema do eterno retorno aludido por Nietzsche não foi interpretado de uma única forma: a temática já recebeu interpretações de ilustres filósofos como é o caso, por exemplo, das interpretações de Heidegger e Deleuze.3 Entretanto, nossa investigação se concentra nas interpretações que pretenderam relacionar o eterno retorno a uma espécie de imperativo existencial. Interessa-nos problematizar e discutir essa interpretação. No trecho do §341 de A Gaia Ciência, Nietzsche diz:                                                                                                                 2

O próprio Freud admite a profunda influência de Nietzsche: “[A Psicanálise] recebeu muito da literatura e da filosofia. Nietzsche foi um dos primeiros psicanalistas. É surpreendente até que ponto sua intuição prenuncia as nossas descobertas. Ninguém se apercebeu mais profundamente dos motivos duais da conduta humana e da insistência do princípio do prazer em predominar indefinidamente. O seu Zaratustra diz: ‘A dor Grita: vai! Mas o prazer quer eternidade. Pura, profunda eternidade’". SOUZA. Sigmund Freud e o Gabinete do Dr. Lacan. p. 126. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989. Há importantes obras que abordam a influencia de Nietzsche em Freud, a saber, Freud e Nietzsche: Semelhanças e Dessemelhanças. São Paulo: Brasiliense, 1991; e também a recente obra de Reinhard Gasser, que ainda não foi traduzida para o português: Nietzsche und Freud. Walter de Gruyter. Berlin/New York: 1997. 3 Para ver as respectivas interpretações do eterno retorno de Nietzsche, consultar: Deleuze, G. Nietzsche. Lisboa: Edições 70; HEIDEGGER, Nietzsche – Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2014.

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  E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: Esta vida, assim como tu a vives e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar. (..) Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse; a pergunta diante de tudo e de cada coisa: Quero isto ainda uma vez e ainda inúmeras vezes?

Um pensamento, uma ideia, um imperativo, teria o poder de pesar como o mais pesado dos pesos sobre teu agir? As consagradas palavras de Nietzsche podem atingir uma dimensão própria? Dito de outro modo, poderia uma representação psíquica (Vorstellung), um pensamento como esse, em si mesmo, dominar imperativamente o homem?4 Pode um pensamento em si mesmo ter o poder de orientar e conduzir os atos procedentes de um ser? Pode uma perspectiva de existência que valorize o momento presente nos perseguir a ponto de nos transformar, nos triturar? Interpelações como essas podem nos conduzir e nos farão refletir acerca da possibilidade ou impossibilidade do “sujeito” afirmar o eterno retorno como um imperativo existencial. Para tanto, pretendemos expor uma possível interpretação da noção de psique que encontramos na obra de Nietzsche. É preciso compreender certos elementos do pensamento de Nietzsche que fazem dele um crítico fundamental da noção de psiquismo atrelado a uma suposta autonomia do eu consciente. Como afirma Nietzsche, “o ser humano, como toda criatura viva, pensa continuamente, mas não o sabe; o pensar que se torna consciente é apenas a parte menor; a mais superficial”5. Apenas abrangendo a compreensão do domínio psicológico fragmentado e avesso à tradição filosófica anterior a Nietzsche, é que podemos estimar o valor do imperativo existencial, essa é nossa principal suposição. Sem isso corremos o risco de superestimar a atividade consciente, considera por Nietzsche corrupta, rasa e superficial.6

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Cf. NIETZSCHE, Além e do bem e do mal. § 19. 13ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2013. NIETZSCHE, A gaia ciência. São Paulo: Cia. das Letras, 2002. § 354. 6 Cf. Ibidem. 5

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  O aspecto psicológico das obras de Nietzsche O fato do aspecto psicológico presente nas obras de Nietzsche não ter sido devidamente valorizado por algumas leituras é visto com espanto por Kaufmann, um dos precursores que observou a dimensão psicológica da obra de Nietzsche: “Isso é decerto, espantoso. Porém, ainda mais espantoso é que ninguém se espante com isso”7, afirma. Algumas passagens relevantes podem atestar a importância central dada por Nietzsche à questão psicológica. Em Ecce Homo, por exemplo, Nietzsche diz: “Que nos meus escritos fala um psicólogo, que não tem igual, eis porventura a primeira discriminação a que chega um bom leitor, tal como eu o mereço, que me lê como os bons velhos filólogos liam o seu Horácio”8. De antemão, é preciso lembrar que a possível compreensão de Psicologia ou Pisque

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encontrada nas obras de Nietzsche não deve, indubitavelmente, ser

compreendida e associada à noção de psicologia experimental. A naturalização do pensamento é criticada, veementemente, por Nietzsche 10 . Uma possibilidade de compreensão se apresenta como a "imagem" de uma psique expandida ou grande psicologia. Não devemos associar, também, à dimensão fenomênica dos simples atos da consciência ou do comportamento imediato do ente humano, à ideia de psique formulada por Nietzsche. A imediatez da consciência, a primazia do eu penso cartesiano, sempre foram criticados por Nietzsche. É atribuída ao filósofo alemão a originalidade das duras críticas à primazia da consciência como aspecto principal da psique humana. Como afirma Nietzsche, “toda psicologia, até o momento, tem estado presa a preconceitos e temores morais: não ousou descer até às profundezas. [...] Na medida em que é permitido ver, no que foi até agora escrito, um sintoma do que foi até aqui silenciado” 11 . Esse descer as profundezas significa descortinar a primazia do eu consciente, e isso nos conduz diretamente a uma noção de psique expandida:

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KAUFMANN, Apud, GIACOIA, Nietzsche como psicólogo. P. 9 – Unisinos, 2004. NIETZSCHE, Ecce Homo. P.58, São Paulo: Cia. das Letras, 1995. 9 Utilizo no decorrer do texto os termos psique, psicologia e psiquismo como se fossem correlatos. A rigor, a noção de Psicologia contemporaneamente está mais associada à "ciência" que estuda os atos psíquicos. E Psique é o termo grego que a Psicanálise se apropria para desiginar a estrutura mental ou psíquica de um indivíduo, se diferenciando da proposta de ciência psicológica que leva em conta, sobretudo, os caracteres comportamentais, naturais e positivos do organismo. 10 Cf. NIETZSCHE, Além e do bem e do mal. § 21. 13ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2013. 11 NIETZSCHE, Além e do bem e do mal. P.27. 13ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2013. 8

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  O programa dessa “grande psicologia” [psique expandida] deve incluir, portanto, além da tarefa de reportar a esfera espiritual da cultura aos seus condicionantes afetivos e pulsionais, uma série de outras tarefas. Dentre elas, gostaria de apontar a desconstrução do primado atribuído a consciência do domínio psicológico, o reconhecimento e a valorização de um vasto e inaudito psiquismo inconsciente, a proposta de um novo conceito de unidade subjetiva – ou de processos de subjetivação -, que se orienta por uma compreensão ampliada do corpo e da racionalidade. (Giacoia, 2001, P. 11)

A noção de psique expandida que pretendemos expor a seguir diz respeito a toda história da filosofia. A tradição filosófica sempre se moveu a partir do pressuposto metafísico - o homem é um animal racional12. Esta definição grega do homem, que remete a metafísica, em si mesma, não havia até então sido devidamente discutida: “pensa-se sempre a partir dessa definição, mas não se problematiza a definição em si mesma”13. De saída ela impõe uma dicotomia, a do corpo e da alma, e mais que isso, esse dualismo assume uma hierarquia entre corpo e alma: o corpo sendo inferior, por ser perecível, contingente; ao passo que a alma é superior, por ser imortal, eterna, espiritual. Esta dicotomia é aprofundada no percurso da tradição filosófica: em Descartes, o homem, literalmente, passa a ter duas substâncias sem vinculação imanente entre ambas. “No fundo, a compreensão do homem como animal racional apenas espelha a interpretação geral da realidade, também ela dividida em dois mundos” 14 . Essa compreensão de duas realidades promovida pela filosofia não é inaugural, pois bem antes do desabrochar da filosofia, no período neolítico “entendia-se a realidade como                                                                                                                 12

Circulava na cultura grega a concepção de que “o homem é o vivente que tem o poder do logos”. Essa definição percorre toda a história da filosofia. Embora haja diversos significados para o termo Logos, comumente esse termo assume o conceito de razão e é empregado para invocar e caracterizar a essência mesma do homem. “A ‘razão’ era assim concebida como a diferença específica do homem em relação aos demais seres vivos – e, portanto, como uma forma imutável, a-histórica, da humanidade, ela própria forma imutável e a-histórica”. WOLFF, Nascimento da razão, origem da crise. P. 67-82. In.: NOVAES, Adauto, Crise da razão. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. Como se sabe, esse pressuposto é veementemente questionado após a modernidade por diversos pensadores, Heidegger, por exemplo, afirma que “a questão sobre a essência do ser humano não entra no rumo certo até que nos afastemos da mais velha, mais obstinada e mais perniciosa das práticas da metafísica europeia: definir o ser humano como animal rattionale. Nessa interpretação da essência do homem, este continua a ser entendido como uma animalitas expandida por adições espirituais” HEIDEGGER, Apud SLOTERDIJK, Regras para o parque humano: uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. São Paulo: Estação Liberdade, 2000. p. 24-25. 13 BORNHEIM, Da superação à necessidade: o desejo em Hegel e Marx. p.144. in A. NOVAES, O Desejo - São Paulo: Cia das Letras, 1990. 14 Ibidem.

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  composta por um mundo superior, dos deuses, residência do fundamento, e um mundo inferior, sensível, habitado inclusive por esses pobres mortais que são os homens”15. Portanto, antes mesmo da filosofia essa dicotomia já se hierarquizava. Quando esse preceito “doutrinante” que divide a realidade em dois mundos começou a manifestar sinais de decadência, com a crise da metafísica, o fundamento da existência humana passou a ser devidamente questionado. Os pressupostos dessa grande psicologia criticam as dicotomias existentes, e questiona veementemente a plena autonomia da consciência, suspeitando do caráter axial da consciência, da pureza e incorruptibilidade da razão. Poderíamos nos perguntar: por que o pensar, em sua consumação, é causado apenas pela atividade racional? Qual o papel do corpo e de suas forças no uso da razão e da consciência? Por que a expressão daquilo que denominamos psicológico deve necessariamente estar associado aos processos conscientes?

A decomposição do Eu e a noção de psique expandida A expansão do domínio psicológico numa unidade que admita o inconsciente e não mais a submissão do psíquico aos processos conscientes é a grande contribuição dessa grande psicologia. Sempre foram tecidas por Nietzsche sólidas críticas ao caráter axial da consciência e direcionadas aos filósofos da tradição filosófica. A autonomia do eu, da vontade, e a desconfiança quanto ao caráter incorruptível da razão, também foram criticados por este pensador:

A maior parte do pensamento consciente deve incluir-se entre as atividades instintivas, inclusive o pensamento filosófico. Atrás de toda lógica e da aparente soberania de seus movimentos existem valorações, ou melhor, exigências fisiológicas para a preservação de determinada espécie de vida. [...] Assim como o ato de nascer não conta no processo geral da hereditariedade, também “estar consciente” não se opõem de algum modo decisivo ao que é instintivo. Em sua maior parte, o pensamento consciente de um filósofo é secretamente guiado “governado” pelos seus instintos e forçosamente conduzido por vias definidas [...] Suponho que nada seja “dado” como real, exceto nosso mundo de desejos e paixões, e que não possamos descer a

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Ibidem. (P. 146).

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  nenhuma outra “realidade”, exceto à realidade de nossos impulsos – pois pensar é apenas a relação desses impulsos entre si. (Nietzsche, 2013 § 3, § 36)

No trecho acima o filósofo afirma que "pensar" é a relação de impulsos entre si: desejos, paixões, instintos, necessidades, etc. Participa e vigora da atividade consciente um “complexo de forças” que se estende, sem fronteira nítida, a uma dimensão denominada por Nietzsche de Isso (Es). E tal complexo, efetivamente, impulsiona, motiva aquilo que é simplificado em eu penso. A célebre crítica que Nietzsche faz ao sacro “eu penso” pode ser encontrada no §16 e §17 da obra Além do bem e do Mal:

Ainda há ingênuos observadores de si mesmos que acreditam existir “certezas imediatas”; por exemplo o “ eu penso”. [Este] "eu penso" pressupõe que eu compare meu estado momentâneo com outros estados que em mim conheço, para determinar o que ele é: devido a essa referência retrospectiva a um “saber” de outra parte, ele não tem para mim, de todo modo, nenhuma “certeza imediata”. – No lugar dessa “certeza imediata”, em que o povo pode crer, no caso presente, o filósofo depara com uma série de questões da metafísica, verdadeiras questões de consciência para o intelecto, que são: “De onde retiro o conceito de pensar? Porque acredito em causa e efeito? O que me dá o direito de falar de um Eu, e até mesmo de um Eu como causa, e por fim de um Eu como causa do pensamento?” Quem, invocando uma espécie de intuição do conhecimento, se aventura a responder de pronto essas questões metafísicas, como faz aquele que diz: “eu penso, e sei ao menos que isso é verdadeiro, real e certo” – esse encontrará hoje à sua espera, num filósofo, um sorriso. [...] Isso pensa: mas que este “isso” seja precisamente o velho e decantado “eu” é, dito de maneira suave, apenas uma suposição, uma firmação, e certamente não uma “certeza imediata”.

Nietzsche investe suas criticas na certeza imediata, e nos questiona porque devemos crer que o pensar tem como causa o eu: “De onde retiro minha noção de "pensar"? Por que devo crer na causa e no efeito? Com que direito posso falar de um "eu" como causa e para cúmulo, causa do pensamento? Freud, inspirando-se em Nietzsche e Groddeck, também afirma que a atividade pensante é sublinhada pela

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  impessoalidade de um Isso16 (Es), em oposição à postura doutrinante que afirma ser a consciência o princípio da consumação do pensar. Quando se toma como premissa básica não afirmar o eu como axial e como causa do pensar, necessariamente, estamos expandindo a noção de psique. Freud, convergindo com Nietzsche, diz:

A diferenciação do psíquico em consciente e inconsciente é a premissa básica da psicanálise e o que a ela permite compreender e inscrever na ciência os processos patológicos da vida psíquica, tão frequentes e importantes. Dizendo-o mais uma vez e de outra forma: a psicanálise não pode pôr a essência do psíquico na consciência, mas é obrigada a ver a consciência como uma qualidade do psíquico, que pode juntar-se a outras qualidades ou estar ausente. Se eu pudesse imaginar que todos os interessados em psicologia leriam este trabalho, esperaria que já neste ponto um bom número de leitores parasse e não seguisse adiante, pois aqui está o primeiro xibolete da psicanálise. Para a maioria daqueles que têm cultura filosófica, é tão inapreensível a ideia de algo psíquico que não seja também consciente, que lhes parece absurda e refutável pela simples lógica. Acho que isto se deve ao fato de não terem jamais estudado os pertinentes fenômenos da hipnose e do sonho, que — sem considerar o dado patológico — obrigam a tal concepção. A sua psicologia da consciência é incapaz de resolver os problemas do sonho e da hipnose. “Estar consciente” é, em primeiro lugar, uma expressão puramente descritiva, que invoca a percepção imediata e segura. A experiência nos mostra, em seguida, que um elemento psíquico — por exemplo, uma ideia — normalmente não é consciente de forma duradoura. (Freud, 2013, P.15)

Nota-se que a posição de Nietzsche e Freud relacionada ao domínio psíquico se diferencia das posturas experimentais e fenomênicas. No trecho acima Freud afirma que é um xibolete da psicanálise atribuir a atividade psicológica marcada por uma instância                                                                                                                 16

É imprescindível frisar que o teórico do inconsciente recalcado é Freud. Nietzsche admite a influencia da atividade inconsciente, inclusive valoriza mais esta do que a tradicional consciência psíquica, mas não se pode dizer que ambos dizem exatamente o mesmo quando aludem ao termo Isso (Es) e ao termo inconsciente. Como já mencionado, existem estudos consagrados que discutem as aproximações teóricas de ambos os autores, contudo não é intuito deste ensaio discutir, a rigor, tais “semelhanças e dessemelhanças”. Como já dissemos, algumas obras se destacam no estudo das relações entre Nietzsche e Freud: a consagrada obra de Assoun: Freud e Nietzsche: Semelhanças e Dessemelhanças, São Paulo: Brasiliense, 1991, e também a atualíssima obra de Reinhard Gasser, que ainda não há tradução para o português: Nietzsche und Freud. Berlin/New York: Walter de Gruyter, 1997.

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  inconsciente17. À medida que se formula “a equivalência do eu = consciência”, se promove a impossibilidade de outra instância que não a consciência efetuar a atividade pensante. Nietzsche e Freud, cada um a seu modo, contestam a antropologia metafísica ao admitir um “complexo de força”, um Isso (Es) inconsciente, que de algum modo impulsiona o “epigonal” pensamento consciente18. Ambos deslocam da consciência para o inconsciente o caráter fundamental da psique: “o sujeito se identificava com a consciência; a partir de Freud [e também Nietzsche] temos de nos perguntar por esse sujeito do inconsciente e por sua articulação com o sujeito consciente”.19 Portanto, a noção de psique de ambos os autores é expandida numa unidade subjetiva onde se reconhece e valoriza um vasto psiquismo inconsciente.

O mais pesado dos pesos Ocorre que não é tão simples assim desarticular a primazia da atividade consciente e da autonomia do eu. Tal discussão remete a toda história da filosofia e somente neste artigo seria impossível articular rigorosamente o problema. É fundamental deixar claro, também, que não é nosso intuito expor qual é a posição de Nietzsche e Freud em relação à atividade volitiva. Até aqui procuramos, na verdade, problematizar a atividade consciente ao apresentar os pressupostos que visam compreender a noção de psique expandida valorizada por Nietzsche e Freud.

                                                                                                                17

Como nos alerta Garcia-Roza, "Aquilo em relação ao qual o inconsciente freudiano marca uma diferença radical é a psicologia da consciência. [...] É importante ser ressaltado que a identificação do inconsciente com o caos, o mistério, o inefável, ilógico etc., e esta identificação ocorreu tanto anteriormente a Freud como no interior do próprio espaço do saber psicanalítico. Até hoje encontramos 'descrições' do inconsciente como sendo o lugar da vontade em estado bruto e impermeável a qualquer inteligibilidade. A esse respeito, Lacan declara que 'o inconsciente de Freud não é de modo algum o inconsciente romântico da criação imaginante. Não é o lugar das divindades da noite'. [...] O inconsciente não é aquilo que se encontra 'abaixo' da consciência, nem o psicanalista é o mineiro da mente que, inversamente ao alpinista platônico da psicologia clássica, vai descer às profundezas infernais do inconsciente para encontrar, no mínimo, o malin génie cartesiano" GARCIAROZA, Freud e o inconsciente. P.170 – 171, 24.ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009. 18 “Nietzsche e Freud são pensadores que implodem a noção substancial de subjetividade identificada com a unidade da consciência, seja como unidade simples, como Res-cogitans ou como Vontade, o eu perde seu caráter de dado natural e de unidade autárquica da razão ou volição, não mais podendo ser considerado ‘senhor em sua própria casa’”. GIACOIA, Nietzsche como psicólogo. P. 43. – Unisinos, 2004. 19 GARCIA-ROZA, Freud e o inconsciente. P.170 – 171, 24.ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

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  Após termos problematizado a atividade consciente e deixado evidente a postura de Nietzsche frente à incerteza do eu, podemos pensar naquilo que Nietzsche intitula de “o mais pesado dos pesos”.

O mais pesado dos pesos. – E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “esta vida, assim como tu a vives e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência – e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!” – Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias: “Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais divino!” Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse; a pergunta diante de tudo e de cada coisa: “Quero isto ainda uma vez e ainda inúmeras vezes?” pesaria como o mais pesado dos pesos sobre teu agir! Ou então, como terias de ficar de bem contigo mesmo e com a vida, para não desejar nada mais do que esta última, eterna confirmação e chancela? – (Nietzsche, 2002 § 341)

Encarar o eterno retorno - como um imperativo existencial que procura valorizar a existência terrena, onde cada acontecimento ganha peso único, tornando a vida magnífica ou infernal, uma vez que ela seria repetida infinitamente, de forma cíclica, “o inferno da simples repetição” ou “Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais divino!” – é um caminho possível de se trilhar? A nosso ver é um ato de ingenuidade afirmar que o imperativo existencial por si só produza um efeito ético. Seria uma postura idealista e conflitante20 frente à compreensão de psique descrita nas obras de Nietzsche. Em nenhum momento o autor assume tal postura. O simples “exercício” do pensamento consciente não é determinante para                                                                                                                 20

Nietzsche sempre procurou afastar a sua concepção de psicologia das perspectivas idealistas: “Quem, entre os filósofos, foi antes de mim psicólogo, e não o seu oposto, superior embusteiro, ‘idealista’? Antes de mim, não havia absolutamente psicologia”. NIETZSCHE, Ecce Homo. Porque sou um destino § 6, São Paulo: Cia. das Letras, 1995.

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  conduzir os atos precedentes de um ser. A nós parece claro que o desígnio de Nietzsche é competir com os pressupostos de valor que desvalorizavam a existência terrena, permeados e difundidos por diversas correntes da metafísica e pelas diversas religiões.21 Em O futuro de uma Ilusão e Mal Estar na Civilização de Freud e em diversas obras de Nietzsche, em especial a Genealogia da Moral, Além do bem e do Mal e O nascimento da tragédia, ambos os autores apresentam uma constelação de valores contidos em concepções metafísicas e religiosas, que convergem numa desvalorização da existência mesma: vida eterna, a verdade absoluta, a verdade do ser, da unidade. Tais perspectivas se amparam em uma justiça transcendental, incorporando em suas crenças um bem e mal em si. Todos esses elementos metafísicos e ascéticos podem culminar numa desvalorização do momento presente e da existência mesma em prol de uma vida além-túmulo, concebida pela admissão de uma alma eterna, independente do corpo, este que, por sua vez, é considerado por essas perspectivas como sendo inferior, perecível, mortal.22 Afasta-se com isso o medo do vir-ser, do sem sentido, por operar, parece, uma espécie de consolo metafísico. É aceitável admitir que a tentativa de reintegrar o valor ao momento presente, acolher a tragicidade da existência terrena e, por isso mesmo, valorizar cada escolha, cada ato, cada momento, - é uma proposta pertinente e valorizada em diversas obras de Nietzsche, mas em nenhum momento é afirmado pelo filósofo à possibilidade de autonomia do homem em deliberar sobre se será influenciado realmente por qualquer imperativo. Como diz Nietzsche: “se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse; a pergunta diante de tudo e de cada coisa”. O imperativo ético por si só é, como diz Nietzsche, “uma introspecção ingênua”, “falsificação, superficialização e generalização”. Como é possível catequizar o Isso (Es), o inconsciente, valorizado por Nietzsche? Como instruir, prescrever, converter o inconsciente a qualquer doutrina, ideia, ou princípio ético? É possível que uma ideia por si só nos triture? Como!? Mas se não está na tutela do eu e portanto não é unicamente                                                                                                                 21

Nietzsche por vezes descreve uma dinâmica onde um pensamento “desce às profundezas” e se torna “instinto dominante”. Ver, por exemplo, Genealogia da Moral, II, § 3. 22 A extrema vergonha de Plotino relacionada ao seu corpo ilustra bem a hierarquização entre “corpo” e “alma” que atravessa a humanidade: “o exemplo oferece as brenhas da própria metafísica. Conta a lenda que Plotino, solicitado por um pintor a posar a fim de tornar imortal a sua imagem, recusa alegando vergonha de ter um corpo”. BORNHEIM, ‘Da superação à necessidade: o desejo em Hegel e Marx’ P.144. in NOVAES, O desejo - São Paulo: Cia das Letras, 1990.

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  um esforço da vontade humana afirmar o eterno retorno, qual seria, então, o devido valor, o lugar, o poder do imperativo existencial, intitulado por Nietzsche de o mais pesado dos pesos?

Conclusão Uma ideia apreendida pela consciência, um "pensamento ético", não age por si só. Mas, em contrapartida, seria infundado pensar que o inconsciente, o Isso (Es), por si só, fosse capaz de autonomia irrestrita: Isto não é afirmado nem por Nietzsche nem por Freud.23 O que se pode afirmar é que uma ideia lançada à consciência só torna-se capaz de possibilitar um movimento dilacerante, pungente, desde que encontre reforço noutro lugar: na dimensão inconsciente. Seria preciso e adequado afastar-se, mesmo que por um instante, do premente “desejo de livre arbitrariedade” 24 e autonomia depositadas no eu, com a estrita finalidade de não identificar o eterno retorno de Nietzsche a uma espécie de doutrina prescritiva direcionada à consciência, pois no fundo,

nossas ações são, todas elas, pessoais de uma maneira incomparável, únicas, ilimitadamente individuais, sem dúvida nenhuma; mas, tão logo nós as traduzimos na consciência, elas não parecem mais sê-lo ... Isto é propriamente o fenomenalismo e perspectivismo, assim como eu o entendo: a natureza da consciência animal acarreta que o mundo, de que podemos tomar consciência, é apenas um mundo de superfícies e de signos, um mundo generalizado, vulgarizado – que tudo que se torna consciente justamente com isso se torna raso, ralo, relativamente estúpido, geral, signo, marca de rebanho, que, com todo tornar consciente, está associada a uma grande e radical corrupção,

                                                                                                                23

Nem Freud nem Nietzsche defendem qualquer forma de determinismo. Sobre isso ver § 19 e § 21 de Alem do bem e do mal, onde Nietzsche expõe e critica as noções de cativo e livre arbítrio. Convêm citar, também, a interessante metáfora do cavalo e do cavaleiro exposta por Freud para ilustrar a dinâmica entre o Eu e o Isso: “A importância funcional do Eu se expressa no fato de que normalmente lhe é dado o controle dos acessos à motilidade. Assim, em relação ao Id [Isso], ele se compara ao cavaleiro que deve pôr freios à força superior do cavalo, com a diferença de que o cavaleiro tenta fazêlo com suas próprias forças, e o Eu, com forças emprestadas. Este símile pode ser levado um pouco adiante. Assim como o cavaleiro, a fim de não se separar do cavalo, muitas vezes tem de conduzi-lo aonde ele quer ir, também o Eu costuma transformar em ato a vontade do Id [Isso], como se ela fosse a sua própria”. FREUD, O Eu e o Id. P. 31 In: Obras Completas, V.16 – O Eu e o Id, “Autobiografia” e outros textos– São Paulo: Cia das Letras, 2013. 24 NIETZSCHE, Além e do bem e do mal. § 21. 13ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2013

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  falsificação, superficialização e generalização. (Nietzsche, 2002 §354 (grifo nosso))

Freud, convergindo com Nietzsche, afirma:

Normalmente nada nos é mais seguro do que o sentimento de nós mesmos, de nosso Eu. Este Eu nos aparece como autônomo, unitário, bem demarcado e tudo o mais. Que esta aparência é enganosa, que o Eu na verdade se prolonga para dentro, sem fronteira nítida, numa entidade psíquica inconsciente a que denominamos Isso, à qual ele serve como uma espécie de fachada — isto aprendemos somente com a pesquisa psicanalítica. (Freud, 2010, P.9)

Se associarmos o eterno retorno unicamente a um imperativo ético existencial lançado

a

imediatez

do

eu consciente, necessariamente

realizaríamos

uma

superestimação da ação consciente; o que seria completamente incompatível com a postura de Nietzsche. O imperativo ético tem valor e influência na medida em que assume uma dimensão afetiva, de forma alguma como um “exercício” da consciência. Apenas pesaria como o maior dos pesos se atingisse uma dimensão afeccional. Uma afecção capaz de ser sentida - como o mais pesado dos pesos - de tal forma que fizesse o homem estimar a existência mesma. Um mal estar que “te transformaria e talvez te triturasse”. Não é, insistimos, uma atitude genuinamente consciente. Não é possível deliberar, decidir ser afectado por tal força: não se trata de um simples esforço da vontade. É preciso, na verdade, ir além da experiência imediata. Porque é propriamente na relação de reciprocidade entre o Eu e o Isso (Es) que se pode situar o poder afetivo do mais pesado dos pesos de Nietzsche: Os desejos, representações, paixões, impulsos inconscientes formam o Isso (Es), o qual contrasta com a experiência imediata, que é conduzida pela ação inseparável da consciência, do nosso Eu. Dito de outro modo, a vivência do ser no mundo e suas possibilidades originam as afecções sentidas. É o que nos precisa o já citado trecho de Além do Bem e do Mal: “Suponho que nada seja “dado” como real, exceto nosso mundo de desejos e paixões, e que não possamos descer a

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  nenhuma outra “realidade”, exceto à realidade de nossos impulsos – pois pensar é apenas a relação desses impulsos entre si25”. Em suma, uma ideia, um imperativo existencial, é capaz de mobilizar e comover o “sujeito” a agir como se fosse para a eternidade, desde que encontre apoio sublinhado e acentuado por fortes desejos e paixões estruturadas inconscientemente. Deve-se, portanto, afastar-se de qualquer paradigma da filosofia naturalista, da filosofia mentalista ou da consciência, para se conceber o eterno retorno. Se os textos de Nietzsche carregam uma dimensão “Ética”, ela certamente é incompatível com uma espécie de doutrina moral prescritiva, nem tampouco se consuma como exigência de uma espécie de tomada de consciência a respeito de algum conjunto de conteúdos.

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                                                                                                                25

NIETZSCHE, Além e do bem e do mal. § 36. 13.ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2013

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ao

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