I Congresso Internacional “GeoCiências na CPLP” Universidade de Coimbra 12 a 19 de Maio de 2012
NÍVEIS DE POLUIÇÃO POR PARTÍCULAS NAS CIDADES DE BENGUELA, CATUMBELA E LOBITO, ANGOLA. ESTUDOS DE MAGNETISMO AMBIENTAL PARTICLES POLLUTION LEVELS IN THE CITIES OF BENGUELA, CATUMBELA AND LOBITO (ANGOLA. STUDIES OF ENVIRONMENTAL MAGNETISM Marcos Almeida (1), Arlindo Bonifácio (1), Antunes Carlos (1), Helena Sant’Ovaia (2), Alcides Pereira (3) & Celeste Gomes (4) (1) Departamento de Ciências da Terra, Universidade de Coimbra, 3000-272 Coimbra, Portugal,
[email protected],
[email protected],
[email protected]. (2) DGAOT. Faculdade de Ciências, Centro de Geologia da Universidade do Porto, Porto (Portugal)
[email protected]. (3) IMAR-CMA, Departamento de Ciências da Terra, Universidade de Coimbra, 3000-272 Coimbra, Portugal,
[email protected]. (4) CGUC, Departamento de Ciências da Terra, Universidade de Coimbra, 3000-272 Coimbra, Portugal,
[email protected]. Palavras-chave: Angola; Poluição do ar; Propriedades magnéticas; Actividades antrópicas
Nas últimas duas décadas, foram publicados vários estudos, no âmbito do magnetismo ambiental, para estudar as partículas do meio, sobretudo em cidades da Europa, usando como colectores folhas de plantas de várias espécies. Neste estudo, em 3 cidades de Angola, foram utilizados colectores artificiais que consistiram em tiras de um material sintético poroso porque foi difícil encontrar uma espécie que apresentasse uma distribuição adequada. Os colectores artificiais apresentam a vantagem de se poder escolher o tempo de exposição, embora tenham a desvantagem de ser eliminados indevidamente. Os objectivos deste estudo foram: avaliar os níveis de poluição por partículas nas áreas amostradas (Benguela, Catumbela e Lobito); comparar os valores obtidos para as estações seca e chuvosa; e comparar os valores para as três áreas de estudo. Inicialmente, foram seleccionados os locais de amostragem e os colectores colocados a 1,5 m de altura, sempre que possível. Os colectores, com 5 cm de comprimento, 1,5 cm de largura e 0,5 cm de espessura, foram colocados nas superfícies escolhidas e previamente limpas, tendo sido retirados após 7 e 15 dias de exposição e guardados em pacotes de papel individuais e devidamente identificados. No laboratório, no Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, os colectores foram acondicionados numa película transparente e diamagnética. No laboratório, foram medidos os valores da magnetização remanescente isotérmica a 1 tesla (MRI1T) e a -300 mT (MRI-300mT) e determinada a massa dos colectores. Os valores de MRI foram medidos num magnetómetro rotativo e os campos magnéticos aplicados num magnetizador, ambos Molspin. Os valores da MRI1T traduzem a concentração em estruturas ferromagnéticas s.l. e os valores do quociente S-300mT (S-300mT/MRI1T) o tipo de estruturas presente. Foram medidos 70 colectores para Benguela (34 da estação seca e 36 da estação chuvosa), 68 para Catumbela (35 e 33) e 66 para Lobito (41 e 25). Os valores médios de S-300 para a estação seca foram 0,96, para Benguela, 0,98, para Catumbela, e 1,0, para Lobito, indicando que a magnetização é dominada por minerais de baixa coercividade, do tipo magnetite, embora para Benguela e Catumbela ocorram estruturas de coercividade superior a 300 mT. Os valores da MRI1T, calculados por massa e por dia, foram 890,0E-06 e 766,0 E-06 Am2kg-1 (estação seca e chuvosa, respectivamente), para Benguela, 225,0E-06 e 330,0E-06 Am2kg-1, para Catumbela, 69,0E-06 e 63,2E-06 Am2kg-1 para Lobito. Em síntese, com base nos resultados obtidos, pode concluir-se que: as partículas estudadas têm origem, essencialmente, no tráfego rodoviário e ferroviário, em indústrias e em obras da construção civil; a média de MRI1T para a estação seca é mais elevada do que para a estação chuvosa em Benguela e existem diferenças pequenas para os outros casos (-5,0E-06 e 6,0E-06 Am2kg-1, respectivamente); a quantidade de partículas acumuladas nos colectores foi mais elevada em Benguela e menos elevada no Lobito. A localização das cidades, a sua estrutura e outros elementos da geomorfologia e da climatologia poderão ser variáveis a considerar na avaliação dos valores obtidos.
