NO CENTENÁRIO DE ANTÓNIO DACOSTA, O PINTOR DAS ILHAS (1914-2014)

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Nasceu há cem anos em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira dos Açores, aquele que viria ser um dos mais importantes pintores contemporâneos portugueses, referencial crítico de arte e inspirado poeta de obra, infelizmente, quase desaparecida: António Dacosta. O seu nome foi-se tornando cada vez mais memória muito esquecida, apesar da sua obra pictórica se poder apreciar nos grandes museus portugueses, do essencial Museu de Arte Moderna Perdigão, da Fundação Calouste Gulbenkian, ao sempre clássico Museu Soares dos Reis, no Porto, passando naturalmente pelos Museus de Angra do Heroísmo e da Horta, aqui recordando-se melhor a génese da produção renovadora de um pintor que começou por ser das ilhas para se tornar, depois, do mundo. Não é alheio a este esquecimento de um autor mais do que importante o seu intelectual exílio em Paris, desde 1947, cidade onde viria a falecer, em 1990. Existia – e provavelmente continua a existir – uma certa inteligência portuguesa, talvez mesmo mais esperteza, desconfiada e hostil desses outros portugueses que, fora do país, tantas vezes forçados aoexílio, se tornaram figuras de vulto das letras e das artes. Os exemplos são muitos e não vale a pena voltar a lembrá-los: um deles é António Dacosta.

lusofonias nº 28 | 27 de Janeiro de 2014 Este suplemento é parte integrante do Jornal Tribuna de Macau e não pode ser vendido separadamente

COORDENAÇÃO: Ivo Carneiro de Sousa

TEXTOS: • De Angra a Lisboa e Paris • Uma Pintura de Originalidades • A Poesia de António Dacosta • O Trabalho das Nossa Mãos • Poema Português • Tornam Aqui as Aves • No Jardim de Meu Pai • Hoje Não

Dia 10 de Fevereiro: Os Macaístas segundo o Dr. Melchior-Honoré Yvan (1844-1853)

APOIO:

NO CENTENÁRIO DE ANTÓNIO DACOSTA

O

Pintor das Ilhas

(1914-2014)

NO CENTENÁRIO DE ANTÓNIO DACOSTA O Pintor

das Ilhas

(1914-2014)

Ivo Carneiro de Sousa Nasceu há cem anos em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira dos Açores, aquele que viria ser um dos mais importantes pintores contemporâneos portugueses, referencial crítico de arte e inspirado poeta de obra, infelizmente, quase desaparecida: António Dacosta. O seu nome foi-se tornando cada vez mais memória muito esquecida, apesar da sua obra pictórica se poder apreciar nos grandes museus portugueses, do essencial Museu de Arte Moderna Perdigão, da Fundação Calouste Gulbenkian, ao sempre clássico Museu Soares dos Reis, no Porto, passando naturalmente pelos Museus de Angra do Heroísmo e da Horta, aqui recordando-se melhor a génese da produção renovadora de um pintor que começou por ser das ilhas para se tornar, depois, do mundo. Não é alheio a este esquecimento de um autor mais do que importante o seu intelectual exílio em Paris, desde 1947, cidade onde viria a falecer, em 1990. Existia – e provavelmente continua a existir – uma certa inteligência portuguesa, talvez mesmo mais esperteza, desconfiada e hostil desses outros portugueses que, fora do país, tantas vezes forçados ao exílio, se tornaram figuras de vulto das letras e das artes. Os exemplos são muitos e não vale a pena voltar a lembrá-los: um deles é António Dacosta. Como pintor foi e ficou. A sua pintura, contudo, divide-se estranhamente em duas fases muito diversas separadas por um hiato de quase trinta anos em que Dacosta praticamente não pintou, mas escreveu generosamente, sobretudo bem informada e qualificada crítica de arte, largamente publicada do jornal “O Estado de São Paulo”. Assim, em curtos dez anos, entre 1939 e 1949, António Dacosta irrompe no panorama cultural português como figura fundacional do surrealismo, abraçando em Paris, desde 1947, sentidos ainda mais abstractos. Retomaria a produção pictórica, com intensidade e renovadas linguagens, apenas pelos meados da década de 1970, marcando definitivamente a pintura portuguesa até à sua morte, em Paris, em 1990.

II

Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2014 • LUSOFONIAS

Diálogo

De Angra N

a

Lisboa

asceu António da Costa, simplesmente, na freguesia de Santa Luzia, em Angra do Heroísmo, por aí realizando estudos primários e secundários de que não guardou grandes recordações. Das ilhas açorianas, sim, ficaria uma memória perene, forte, invadindo toda a sua produção cultural, da pintura à sua poesia, esta muito menos conhecida. Em 1935, rumou a Lisboa para estudar na Escola de Belas Artes curso que nunca acabaria por concluir. A sua primeira exposição data de 1940, quando passou a assinar os seus quadros e a apresentar-se como António Dacosta. Exposição marcante, realizada na lisboeta galeria Repe, juntamente com António Pedro que, nascido em Cabo Verde, se tornaria vulto maior das artes e do moderno teatro português. Uma exposição que se tem vindo a apresentar como a primeira manifestação do surrealismo em Portugal, evento para o qual António Dacosta contribuía com telas tão marcantes como a sua célebre Serenata Açoriana, quadro importante glosando em surrealista representação o tema de Adão e Eva. Em 1942, ganha o prémio Amadeo de Souza Cardozo na Exposição de Arte Moderna do Secretariado de Propaganda Nacional com o quadro A Festa em que é já difícil encontrar a inicial radicalidade do seu surrealismo juvenil. O galardão alarga a atenção sobre a sua pintura e suscita o aplauso desse outro açoriano, o académico já célebre e homem de mil culturas que foi Vitorino Nemésio. Em 1944, infelizmente, é vítima de um incêndio que lhe destrói o atelier e parte da sua obra. Começa a ganhar a vida com as suas crónicas de crítica de arte que começa por publicar no Diário Popular.

e

Paris

Em 1947, a sua vida altera-se sem retorno: ganha uma bolsa do governo francês e parte para Paris para estudar e desenvolver os seus talentos. Não mais voltaria a Portugal senão em visitas esporádicas, como em 1949 quando participa na exposição do Grupo Surrealista de Lisboa. Em rigor, a sua última exposição por quase trinta anos. Quase paradoxalmente, António Dacosta interrompeu a sua produção pictórica em momento de consagração para se dedicar à crítica da arte que foi publicando em jornais e revistas franceses, bem como, muito mais regularmente, nesse jornal O Estado de São Paulo em que foi divulgando para o público brasileiro os grandes nomes e realizações da pintura contemporânea. Retoma tarde a pintura, em 1975, quando conclui e expõe Paisagem da Terceira e Amanhecer. A sua arte tinha-se tornado agora muito mais refinada, cuidada, intimista. Expõe extensivamente em 1983 na Galeria 111, em Lisboa, e no ano seguinte, em 1984, recebe o prémio da Associação Internacional dos Críticos de Arte. Em 1988, grande parte da sua obra dispersa por vários museus, galerias e colecções privadas é reunida para exposições sucessivamente apresentadas no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, em Lisboa, e na Casa de Serralves, Porto. Em rigor, data apenas deste período, graças em muito à popularidade que os dois grandes museus foram sabendo ganhar na sociedade portuguesa, o conhecimento da obra de António Dacosta, fulgurante nos seus primeiros anos de surrealismo juvenil, adormecida durante décadas, para explodir maior e singular nos últimos dez anos da sua vida.

Um A

ntónio Dacosta é um pinto ainda menos de sumariar: pouco extensa, muito afastada fases produtivas e não se red estilo, a um tema dominante. na cena cultural de Lisboa co do surrealismo, é ainda assim primeira primeira fase activa, credo completamente surreal claramente o expressionismo gurativo, metafísico, exploran imagens e a metamorfose de pintura interrogada, rebelde, e recordando o que António D desolação da pequena ditadur omnipresente atmosfera sufoc ilhas dos Açores, a inspiraçã repensada e recriada na sua por meados da década de 194 surrealismo já não o satisfaz explorar as sugestões da figur casso, a linearidade sensível d e, pouco depois, rende-se à a sempre para Paris. Quando, em 1949, deixa de anos, explica-se (mal) com a viver e de desejar – teatros, liv tes, experiências, exposições anos seguintes são marcados p de textos de crítica de arte em galerias e novos pintores, Ant flexões ainda hoje fundament tura contemporânea, escreven bre Chagall, Matisse, Klee e W em torno destes nomes maiore retorno de Dacosta ao gosto d o volta a fazer, a partir de 19 pai, rompendo com a boémia costa reconquista uma liberd opta por um discurso intimista bra qualquer tentação monum antes, uma pintura de confron dionisíaco, a cultura popular e abstracção e a representação cação da própria contempora em ”Dois Limões em férias“, q A sua pintura faz-se nesta pequenas coisas da rotina urb pedaços de cartazes perdidos que, depois, transformava em finais da década de 1970, trab

lusofo

ma

Serenata Açoriana

Pintura

or difícil de classificar e : a sua obra pictórica é a no tempo das suas duas duz a uma escola, a um . Apesar de ter irrompido omo um dos introdutores pouco limitar toda a sua entre 1939 e 1949, a um lista. A sua pintura cruza com um surrealismo findo a livre associação de formas e temas. É uma , intrigante, percorrendo Dacosta definia como “a ra de Salazar” e a sempre cante, quase isolada das ão mais constantemente obra. A verdade é que, 40, as grandes ideias do ziam e Dacosta procura ração pós-cubista de Pidos desenhos de Matisse abstração ao partir para

e pintar por quase trinta a “voracidade de ver, de vros, actrizes, restaurans ou boémias”. Os trinta por uma prolixa produção m que, entre exposições, tónio Dacosta deixou retais sobre o devir da pinndo inteligentemente soWarhol. É provavelmente es que se vai operando o de querer pintar. Quando 975, finalmente casado e a parisiense, António Dadade expressiva original, a em que não se vislummentalista. Reconhece-se, nto entre o apolíneo e o e a mitologia religiosa, a o, mas também a provoaneidade como acontece quadro genial de 1983. segunda fase das mais bana. Dacosta recortava s por paredes e tapumes m pinturas informais. Nos balha com fragmentos de

onias

de

O Usurário

Originalidades

embalagens de queijo camembert nas quais chega a pintar as suas representações de paisagens açorianas. Decide mesmo a utilizar a sua própria caixa de aguarelas para realizar um quadro que intitulou em francês Nécessaire d’ artiste. Quando, ao longo da década de 80, António Dacosta se torna pintor mais do que disputado, circulando pelos principais museus e galerias de Portugal e da França, vendo também a sua obra ser adquirida por instituições tão renomadas como o Metropolitan Museum, de Nova Iorque, a sua produção artística vaza-se definitivamente na exploração das originalidades, convocando gramáticas e estilos de todos os tempos, superando a exclusividade das linguagens únicas e interessando -se pelo debate sobre o pós-modernismo. Surgem, assim, pinturas de muito pequeno formato como a sua série de quadros sobre Fontes de Sintra, quadros em superfícies triangulares e novos ensaios de representação e recriação de arcanos temas religiosos, como nas Tentações de Santo António. Surge inexorável também uma pintura que se interessa pela finitude, pelo destino e pela morte produzindo essa série de quadros do Tau, telas pretas, incomodados e desafiadoras, em que um T maiúsculo simboliza o corpo e a cruz, misturando misticismo e proximidade da morte. Significativamente, é também nos últimos dez anos da sua vida que António Dacosta retoma e volta a representar o fascínio que as ilhas dos Açores sempre representaram na sua obra pictórica. Aparecem Memória e, numa alusão às célebres festas do Espírito Santo, A Mulher e o Folião, em 1983, A Menina da Bandeira III, em 1984, Açoreana e em Louvor de..., em 1986, neste caso recordando as touradas à corda, típicas da ilha Terceira. Em 1989, num dos seus derradeiros trabalhos, conclui e instala 88 painéis em madeira em que 36 são cabeças humanas em relevo, pintadas em gesso, decoração do novo edifício da Assembleia Regional dos Açores, na Horta. Em 1990, no ano da sua morte, consegue ainda terminar o projecto para um monumento na baía de Angra do Heroísmo que intitulou Altar Nave – Em Louvor de..., um trabalho em que retomava o fascínio pelas festas do Espírito Santo agora lidas como viagens, descobrimentos e encontros de cultura. A escultura haveria de ser terminada sob a orientação de José Aurélio, tendo sido inaugurada a 5 de Junho de 1995, Dia do Espírito Santo como era conveniente. Da pintura intimista Dacosta seguia, no final da sua existência, para a realização de grandes trabalhos públicos em que eram novamente os Açores, as suas ilhas, a inspirar a sua obra mais do que singular.

Antitese

da

Calma

A Poesia de António Dacosta N

uma ilha são mais acessíveis os deuses e mais fortes os mitos, dizia frequentemente António Dacosta. Infelizmente, a sua palavra fortemente poética é mal conhecida, pouco publicada, quase apenas adivinhada. O nosso pintor parece ter-se servido da poesia sobretudo como apoio da pintura, uma espécie de anexa inspiração da arte que entendia maior de pintar, pelo que a sua produção poética que parece ter sido vasta foi por ele quase toda destruída. A sua pintura, porém, é fortemente poética e Dacosta chegou mesmo a pintar um quadro célebre glosando a ideia de poética: Fernando Pessoa debaixo de uma latada numa tarde de Verão, de 1982-1983. Mesmo muitos dos seus textos de crítica de arte, a aguardar compilação e a edição que merecem, apresentam-se não apenas muito bem escritos, mas carregados de poesia, de um estilo verdadeiramente poético. O que, naturalmente, não chega para se chegar à verdadeira poesia de Dacosta. O que temos actualmente à nossa disposição é apenas um livro de poesia de António Dacosta, publicado postumamente, em 1995, pelo cuidado da editora Assírio & Alvim. A obra está dividida em duas partes, “A Cal dos Muros”, que dá título à obra, e “Saudade”. Entre estas duas colecções de poemas encontra-se um conjunto de desenhos executado por Dacosta numa agenda de aniversário editada pelo Metropolitan Museum of Art. O estilo poético de António Dacosta é simples, livre, sem recursos retóricos, mas comparece claramente vinculado aos dois tempos da sua obra pictórica: os 27 poemas de “A Cal dos Muros” remetem claramente para a fase surrealista de Dacosta, enquanto “Saudade” é constituída por dezoito poemas de sabor nitidamente insular, açoriano. Os dois livros – porque de dois livros se trata – são desiguais no tempo, no espaço e nos temas. Algumas poesias são excepcionais, quase delirantes, outras parecem-nos hoje menos conseguidas, mais narrativas e descritivas, quase apontamentos para a inspiração superior do pintor. Mas, quando se cumpre o centenário do nascimento de António Dacosta, não existe talvez melhor forma de recordar o pintor referencial que foi através da poesia que não quis tornar universal. Aqui ficam alguns dos seus mais conseguidos poemas. LUSOFONIAS • Segunda-feira, 27 de Janeiro de 2014

III

O Trabalho das Nossas Mãos EU ERA novo e tu simulavas tardes imóveis à porta do nosso medo nas mais difíceis em que te ocupavas com gestos e uma invencível entrega te fazia invejar as chaminés e os seus fumos tu, o teu sangue crepuscular, dissolvia o meu remorso de ter nascido e dissolvia o pez que os outros colavam ao nosso corpo. O teu gesto de molhar a luz na tua pele disfarçava com cuidado qualQuer asa de pecado. O nosso receio não era já das cinzas que nos apoucam. A limpidez do Céu, trabalho das nossas mãos, entreabrira-te os lábios doutra sede, permanente como a chuva. Eu era novo e tu simulavas os meus dedos desfolhando-se. Porque o nosso peso era de símbolos, decidiste criar outros. A dormir os nossos frutos de alegria e nunca ninguém nos importunou com tarjas tristes à nossa porta. A viver refizemos as coisas e o seu gume, na evidência do que existe. Despias sorridente, deslumbrada, aquele quê de ausente na carne das estátuas, e nada que não fosse exacto turbava os teus olhos. A Terra abria-se para a chuva enquanto a semente do dia entrava no bico dos pássaros. Havia um gesto de elevação. Eu simulava ver um barco incendiado, um mar de lixívia a arder e as rendas da noite crepitando. Ouves ainda o rumor das estrelas de que, nos declives, dependiam nossos passos? Um pedestal de ócio sustinha as estátuas do vale, inertes de desterro, todas de rosto semelhante, existindo de ausência erguida. Nessa hora o linho que nos cobria tinha qualquer coisa de feroz e reclamava sangue. O branco ensinou-nos a espada. A espada a coragem de a saber inútil. Um dia disseste a fitar os olhos de imensas coisas – que ao menos nos salvemos nós! – dói-me o corpo de esperar…

Tornam Aqui

as

TORNAM AQUI as aves Sempre outras como eu Longe de mim buscam Outro que mim O teu braço apontado ao céu Semelhavas - no desabrochar As flores o tempo que nos cercava Não havia portas no teu jardim Era como estar dentro do que vias Tudo de ti estava em nós e era transparente Via-te o vulto voltado à luz Que o braço erguido apontava E no tempo que nos cercava Semelhavas Que o nosso olhar não via E de longe em ti buscava O outro que mim

Aves

Poema Português Ó MINHA terra de nevoeiros míticos De imerecidas serras frescas O sol que aquece os teus dias não é nulo Nem os epistémicos deuses que te espreitam Do alto sobre as tuas sete colinas Ávidas estátuas tristes de serem velhas sombras Antigas e só oníricas de vez em quando Deixai pois ó pretas gravatas públicas da verdade Deixai o sonho ser tão real como são As pedras os muros as casas as amplas cidades A morna brisa que te aquece as noites Há-de amanhã soprar outra e outra vez E tudo o que no redondo mundo é vivo Será vida como agora a vejo eternamente a mesma.

No Jardim

de

Meu Pai

AGORA POSSO dizer o quanto me doíam a dureza do teu silêncio e as veredas por onde te sumias no teu exílio, ilha, o olhar presos na última réstea de luz que no mar se afoga. A voz antiga que se impunha não falar da tua ausência enchia-a e distraído de mim apenas via nela as secas flores murchas da memória. Meu ignorado mestre de enigmas os que percorriam o teu sorriso breve só por ti eram sabidos ocultos na curva doce dos dias que medias a olhar o teu próprio fim. Não mos podias tu ensinar a mim nem eu aprendê-los de ti podia. ias a olhar o teu próprio fim. Não mos podias tu ensinar a mim nem eu aprendê-los de ti podia.

Hoje Não HOJE NÃO, a filha da (...) não é para tu veres Mas vi tudo, despida a rapariga, ventre, seios Lisas carnes duras da pedra com a lã vermelha do seu novo Deu-lhe sete voltas ao corpo da cintura ao umbigo Com alecrim em cruz começou a sua reza Dança o Rei mais a Rainha À roda os valetes as damas Salta a tainha sem escamas Canta o melro na vinha Roda roda meu novelo Vermelho como o Sol Morde o peixe no anzol Foge o touro do corvelo Sete noites a fio
 Come pão bem quente Canela e leite muito Se no mato ouvires o pio Carda a lã com o teu pente

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IV

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