No rés-do-chão do pensamento - Camilo Pessanha à luz de Opiário.pdf

May 23, 2017 | Autor: Camila Marchioro | Categoria: Fernando Pessoa, Portuguese Literature, Orientalism in art, Orientalism, Camilo Pessanha
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“No rés-do-chão do pensamento”: Camilo Pessanha à luz de “Opiário”

Camila Marchioro Universidade Federal do Paraná / CAPES

1 O embarque O poema “Opiário”, dado à estampa no primeiro número de Orpheu, exprime o tédio, o enfado, o cansaço, a náusea e o abatimento de um sujeito desajustado que já não encontra “a mola para adaptar-se” (PESSOA, 1965, 25 p. 302) a uma sociedade que não lhe condiz. Neste poema, é pela voz de Álvaro de Campos, envolto pelas fumaças do ópio, que nos deparamos com uma sucessão de imagens entrecortadas que traduzem o enfado de uma vida de bordo. Os sentimentos provocados pela vida à deriva em um navio a meio caminho do Oriente e do Ocidente (no canal de Suez) são ainda metáfora para o desconforto do sujeito moderno diante das modificações do início do século, ao mesmo tempo em exprimem a releitura das transformações de uma experiência estreitamente vinculada com a tradição portuguesa das navegações. Também carregada de um certo teor abúlico é a carta de Camilo Pessanha datada de 26 janeiro de 1909, escrita ao amigo Carlos Amaro a bordo de um navio rumo à China. Nela Pessanha afirma: “Sabe o que eu agora de-

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sejaria? Não chegar ao meu destino nunca. Ir assim, indefinidamente assim, a bordo de um navio, sem destino” (PESSANHA, 2012, p. 174). O poeta, em certa medida, indica a vontade de desvincular-se da sociedade, desejando uma vida à deriva que poderia permitir-lhe o afastamento de seu destino melancólico, que surge relacionado simbolicamente com a ideia de aportar e descer à terra firme. Em “Opiário”, o mesmo desejo de permanecer a bordo é manifesto na 18ª estrofe, e cito: “Não chegues a Port-Said, navio de ferro!/ Volta à direita, nem eu sei para onde!” (PESSOA, 1965, p. 303). Este sentimento de “não pertencimento” à sociedade é manifestado pelo desejo de apartar-se da terra e permanecer flutuante. Na mesma linha do desejo de deriva expresso por Campos, Camilo Pessanha, em outra carta escrita ainda a bordo e novamente destinada a Carlos Amaro, confessa: “Adeus. Esta monótona vida de bordo entorpece, embrutece” (PESSANHA, 2012, p. 176). O peso da vida de bordo somado às angustias em relação ao futuro dita o tom da carta, entretanto o entorpecimento provocado pela vida no cais não é exclusividade de Pessanha. Na segunda estrofe de “Opiário” observa-se uma dicção notavelmente similar, e cito: Esta vida de bordo há de matar-me. São dias só de febre na cabeça E, por mais que eu procure até que adoeça, Já não encontro a mola para adaptar-me (PESSOA, 1965, p. 302)

É pasmoso o modo como a vida de Pessanha e suas cartas escritas a bordo dialogam com os sentimentos expressos em

“Opiário”. Já próximo da China e diante da impossibilidade de permanecer eternamente à deriva, dado que a realidade da terra firme se tornava cada vez mais palpável, Pessanha, na carta seguinte ao mesmo amigo, questiona: “Passado amanhã pelo fim da tarde, devo estar em Macau... Que destroços irei ali encontrar do incessante naufrágio que tem sido a minha pobre vida? Nem quero lembrar-me disso.” (PESSANHA, 2012, p. 176). E ao final acrescenta: “De Macau lhe direi a permanente dor surda da minha alma, dor quase adormecida enquanto os meus olhos se distraem, de dia, nos espetáculos em que vão repousando [...]” (Idem, p. 178). Este abatimento diante da vida permeia a maioria de suas cartas e denota a insatisfação de Pessanha em relação a uma sociedade à qual não se ajusta e que esteve sempre a escandalizar-se com suas escolhas de vida. Nem a China e o Oriente acalentaram sua inquietação. O ópio, portanto, pareceu ser uma possível fuga de um universo mesquinho regido pela necessidade de adequações a ritos sociais rasos. 2 À deriva Ao ler as cartas do autor de Clepsidra sob à luz do poema “Opiário”, a temática da “vida a bordo” ou “vida à deriva” evidencia-se como um possível símbolo para a inadequação do sujeito frente a uma sociedade mutante e fragmentada que dele espera algum ajustamento. Em “Opiário” há uma série de imagens que reforçam a inadaptação do sujeito à época, analisemos alguns versos separadamente. O primeiro verso da 17ª estrofe: “Eu fingi que estudei engenharia [...]” (PESSOA, 1965, p. 303). A vigésima estrofe inteira:

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Gostava de ter crenças e dinheiro Ser vária gente insípida que vi Hoje, afinal, não sou senão, aqui Num navio qualquer um passageiro. (PESSOA, 1965, p. 303)

E ainda a estrofe de número 29, onde lemos: Caio no ópio por força. Lá querer Que eu leve a limpo uma vida destas Não se pode exigir. Almas honestas Com horas para dormir e para comer, Que um raio as parta! E isto afinal é inveja. (PESSOA, 1965, p. 304) 28

A vida de bordo, relacionada com a experiência moderna, é a vida paradoxal em que o indivíduo deixa de ter o controle do seu futuro, uma vez que passa a ser carregado pela máquina, ao mesmo tempo em que a precisão das engrenagens o impedem de ser vítima de qualquer desvio provocado pelo acaso. A rapidez da máquina, sua precisão incerta e a impossibilidade de o humano reger a própria vida geram tipos que, cada vez mais fragmentados, estão sempre a correr atrás de si mesmos na tentativa de juntar seus pedaços e de se encontrarem. Pessanha, em “Enfim levantou ferro”, suspira: “ Miragens do nada, dizei-me quem sou...”. Assim, a vida social passa a ser um fardo para Pessanha e para Campos, pois as relações são efêmeras e superficiais. Diante das possibilidades da experiência humana, que dimensão toma o cais como espaço de interação e autoconhecimento?

Em um mundo no qual o navio de ferro vem a ser o símbolo para a “jornada da vida”, nem China ou Índia, que no imaginário ocidental foram por décadas símbolos do paraíso terrestre, são capazes de possibilitar a esses sujeitos desajustados alguma harmonia com o mundo. Esses homens flutuantes são incapazes de adequação. Álvaro de Campos assinala: Eu acho que não vale a pena ter Ido ao Oriente e visto a Índia e a China. A terra é semelhante e pequenina E há só uma maneira de viver. (PESSOA, 1965, p. 303)

E Pessanha justifica ao amigo Carlos Amaro quase três anos depois do desembarque: Há muito que eu deveria ter-lhe escrito [...]. Não mo tem, porém, permitido a minha própria e enorme tristeza (de um destino sombrio já de há muito reconhecido e irrevocável) [...]. E escreve o Carlos Amaro que feliz sou eu em viver na China! Eu vivo mas é em um covil de bandidos [...]. (PESSANHA, 2012, p. 178)

Já passados vinte anos de Macau e a China não fora capaz de modificar a abulia de Pessanha, tampouco o Oriente pôde oferecer a Álvaro de Campos alguma novidade, por isso a necessidade de encontrar um “Oriente a oriente do Oriente”. Como eternos desajustados, eles continuam à deriva mesmo em terra firme. Entretanto, em “Opiário”, há um modo de vida com o qual a voz poética se permite identificar. Este modo está figurado pelo mandarim: Deixe-me estar aqui, nesta cadeira, Até virem meter-me no caixão.

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Nasci pra mandarim de condição, Mas falta-me o sossego, o chá e a esteira. (PESSOA, 1965, p. 305)

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E se Álvaro de Campos identificou-se com o “modo de ser mandarim”, com Pessanha não foi diferente, lembremo-nos de uma das fotos de Pessanha presentes no espólio da Biblioteca Nacional em que o poeta posa em trajes de mandarim. A experiência com a literatura, a escrita e a arte chinesa foi o único consolo para a vida de Pessanha na China. Tanto que em 1912, quando se encontra em uma situação delicada, Pessanha escreve a Carlos Amaro pedindo que este de alguma forma interceda por ele, pois o poeta não queria deixar a China e se separar da sua coleção de arte. O poeta escreveu: “Ora tudo isso, − escrita chinesa, poesia chinesa, arte chinesa −, de que poderiam servir-me fora daqui? E que outros objetos poderiam ocuparme o espírito, em outras terras, velho, doente e desalentado?” ( PESSANHA, 2012, p. 181). Pessanha dedicou grande parte do seu tempo a coletar objetos de arte pelas lojas de Macau e da China, dedicou-se ainda à escrita chinesa, consta que aprendeu também cantonês e dessa sua atividade restaram as oito elegias chinesas que o poeta traduziu. Foi esse o seu modo de ser mandarim. O Mandarim era um título dado a altos funcionários públicos, na China. Suas funções estavam relacionadas à escrita e estes homens estavam sempre em movimento, uma vez que não podiam exercer cargos no mesmo lugar por um período superior a três anos. Os maiores poetas da China antiga ocuparam este cargo e era conhecida a sua relação íntima com o “chá” capaz de lhes alterar os sentidos, nas traduções ocidentais

dos poemas de mandarins famosos, como Li Bai e Wang Wei, da dinastia Tang, a bebida por eles apreciada aparece sempre traduzida como “vinho”. Para compreender melhor as possíveis semelhanças “Opiário”, Pessanha e o modo der ser “mandarim”, leiamos a seguinte tradução de um poema de Li Bai: Partida de Baidi ao alvorecer Entre nuvens vermelhas parti cedo da Cidade Branca Fui rumo a Jiangling, no alto da montanha. Pelo rio, percorri grande distância em um dia. Cortando o pranto dos macacos que reverberam de um lado e de outro da costa a luz do meu barco passou por montanhas e mais montanhas, repetidamente.1

No poema de Li Bai, chamo a atenção para os seguintes aspectos: a repetição, o espelhamento da paisagem e a condição do navegante a bordo de seu barco. A poesia de Li Bai e de outros mandarins como Wang Wei, é marcada pelo deslocamento e peregrinação. Estes poetas estavam sempre a despedir-se de amigos e cidades e, portanto, estavam sempre em movimento, o que lhes confere um certo desajuste, pois eram sujeitos errantes com uma vida em que criar raízes e laços era algo praticamente impossível. O poema de Li Bai, escrito no século VII, confirma a desconfiança de Campos de que de algum modo a vida é semelhante também no Oriente. Li Bai despede-se cedo da cidade de Baidi, e o poema é marcado pela imagem do sujeito em seu barco, sozinho, percorrendo um caminho igual a tantos outros. Ainda que a viagem dure apenas um dia, as imagens e 1 Tradução própria feita a partir do mandarim (o poema foi originalmente escrito em cantonês).

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sons de um e outro lado da margem do rio são repetidamente as mesmas, a realidade parece um espelho sem fim, e esta é uma característica marcante da poesia de Li Bai, que está sempre a assinalar o caráter ilusório do mundo e a chamar a atenção para sua própria escrita. Pode-se dizer que, no poema de Li Bai, há, sim, um certo tédio, mas há uma diferença crucial que marca a distância entre as épocas: Li Bai, que além de mandarim era taoísta, sabe que o seu destino é Jiangling, no alto da montanha e é ele a guiar seu próprio barco, como quem tomasse as rédeas da própria vida. Assim, o poeta é resiliente na sua jornada ascendente e, assim, o poema se redimensiona e pode ser lido como metáfora para a ascensão espiritual do sujeito que saí de um lugar envolto por nuvens “incandescentes” e vai rumo o cume da montanha, numa espécie de jornada dantesca, sendo ele mesmo o poeta e guia a escrever o caminho. Portanto, ainda que haja muita similaridade entre a dicção de Pessanha e de Campos com a poesia dos mandarins do século VII, por exemplo, existe nos poetas portugueses um sentimento que é marcadamente moderno e está estreitamente conectado com a contemporaneidade de seus movimentos. Estes indivíduos estão a bordo de um navio de ferro e a força da máquina é imprescindível para o desenrolar de uma “poética do tédio”, uma vez que, se compararmos esta experiência com a do desbravamento dos mares no século XVI e a experiência poética criada por Camões, por exemplo, veremos que o sujeito moderno a bordo da máquina não tem o “luxo” do acaso, nem mesmo a força do vento o pode desviar do caminho, a chegada é quase sempre certa. O desassossego de Pessanha e de Pessoa nos coloca diante de uma

experiência humana que Marshall Berman descreveu nos seguintes termos: pode-se dizer que a modernidade une a espécie humana. Porém, é uma unidade paradoxal, uma unidade de desunidade: ela nos despeja a todos num turbilhão de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambiguidade e angústia. Ser moderno é fazer parte de um universo no qual, como disse Marx, “tudo o que é sólido desmancha no ar”. (BERMAN, 1986, p. 15)

3 O cais Sendo assim, é possível ainda verificar como Pessanha incorporou e redimensionou na sua poesia a experiência moderna de estar a bordo. É muito comum que os versos do poeta apareçam nos compêndios como sendo dos melhores exemplos do simbolismo português. Entretanto, o tríptico conhecido como “Roteiro da Vida” é um poema que concentra muitos aspectos da obra de Pessanha que são notadamente importantes para Fernando Pessoa. No tríptico, Pessanha ensaia versos livres, além de trabalhar com uma variedade métrica e rítmica inovadoras. O formato do poema de Pessanha é muito mais ousado que o de “Opiário” e já condensa sinais que serão expandidos na “Ode Triunfal”. A influência de Pessanha em Pessoa pode ser bem explicitada quando avaliamos este tríptico lado a lado com os dois poemas de Álvaro de Campos publicados em Orpheu. Um dado importante sobre o poema de Camilo Pessanha é o fato de o manuscrito pertencer a Carlos Amaro, sendo possivelmente um dos poemas escritos a bordo

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pelo poeta e enviado juntamente com as cartas supracitadas. A primeira parte do tríptico: Enfim levantou ferro. Com os lenços adeus, vai partir o navio Longe das pedras más do meu desterro, Ondas do azul oceano, submergi-o Que eu desde a partida, Não sei onde vou. Roteiro da vida, Quem é que o traçou? (PESSANHA, 1997, p. 165)

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Note-se o alívio despertado pelo afastamento da terra, representada pelas “pedras más do meu desterro”. Há o desejo de que o desterro seja submergido pelas ondas do oceano. A segunda estrofe promove uma grande quebra rítmica no poema e seu conteúdo aponta para a incerteza do sujeito diante das surpresas da vida, esse sujeito não sabe de onde vem nem mesmo para onde vai. Lembremo-nos do poema de Li Bai, que sabe bem de onde vem e para onde vai, e vejamos aqui como estar a bordo da máquina transforma o homem moderno em um sujeito impotente, ao mesmo tempo em que há tanta força e grandeza na capacidade de se construir uma máquina como um navio. E a voz poética clama que o maquinista dê mais força no vapor para que o navio se despedace: Nalguma rocha ignota Se vai despedaçar, com violento fragor... Mareante, deixa as cartas da derrota. Maquinista, dá mais força no vapor. (PESSANHA, 1997, p. 165)

Desejar morrer pela máquina é algo que encontramos, também, na “Ode Triunfal”. Há também, na penúltima estrofe de “Opiário” um desejo de morte semelhante, e cito: “Ah que bom que era ir daqui de caída / Pra cova por um alçapão de estouro” (PESSOA, 1965, p. 305) Na segunda parte do tríptico de Pessanha, temos que o sujeito passa a desejar o aniquilamento de modo mais explícito: “Recorte vivo das areias, / Tomai meu corpo e abride-lhe as veias. / O meu sangue entornai-o [...]” (PESSANHA, 1997, p. 179). Há, claramente uma forte conexão com as imagens putrefatas de Baudelaire, todavia a terceira parte do tríptico traz uma possibilidade de redenção e purificação: Só o meu crânio fique Rolando insepulto no areal, Ao abandono do acaso e do simum... Que o sol e o sal o purifique. (PESSANHA, 1997, p. 179)

A purificação do crânio assim como a flor da Índia que Campos não encontrou na Índia, mas que lhe vem a nascer na cabeça em “Opiário”, são elementos diretamente relacionados às culturas do Oriente nas quais há a possibilidade da iluminação do homem. Hinduísmo, taoísmo, budismo trazem essa concepção em algumas de suas vertentes. O apontamento para outra cultura e o uso de imagens fragmentadas criam uma poética moderna em ambos os casos. Em “Opiário”, os efeitos do ópio se fazem presentes na estrutura fragmentada do poema, nos fatos narrados de modo não linear, no peso dado pelo ritmo longo e na obscuridade das imagens que remetem à nebulosidade provocada pela fumaça. A febre e a doença relata-

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das por Campos foram companheiras de vida de Pessanha e o ópio, para ambos, pareceu ser o único remédio diante dos males da modernidade. O “rés do chão do pensamento” é a antítese do nem sempre clarividente pensamento mais alto, é negação da articulação mais clara do raciocínio. O dessossego e o tédio de ver passar a vida encontram no ópio remédio e este ópio, mais que entorpecer, parece promover o recolhimento e a introversão. Todavia, o “rés de chão” é também a base sobre a qual se ergue e se constrói uma poética do tédio e do desencanto. Camilo Pessanha, mais que o talvez maior simbolista de Portugal, foi o poeta que auxiliou na construção de uma base sobre a qual se calcou o modernismo de Orpheu. É notável como a melancolia do poeta coimbrão se relaciona muito com o enfado moderno, com o desassossego de Bernardo Soares, com o modo moderno de pensar o tempo. Assim, reitero aqui, a grande importância de Camilo Pessanha não apenas como exemplo de simbolista, mas também, e talvez sobretudo, como criador de uma poética que já carregava em si, ainda que bem condensados, muitos aspectos que foram estendidos ao máximo pelo modernismo português. Meus agradecimentos à doutora Joana Matos Frias.

Referências Bibliográficas BERMAN, M. Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade. Companhia das Letras: São Paulo, 1986. PESSOA, F. Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1965 PESSANHA, C. Clepsidra e outros poemas. SPAGGIARI, B. (Org.). Lello Editores, 1997. __________. Correspondência, dedicatória e outros textos. PIRES, D. (Org). Lisboa - Campinas: BNP e Editora Unicamp, 2012.

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