Normalidade x Anormalidade

July 21, 2017 | Autor: Lucas Denir | Categoria: Literature, Machado de Assis, Literatura brasileira, Literatura, Teoría Literaria, Contos
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UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
DLLV – Departamento de Língua e Literatura Vernáculas
Letras- Língua Português e Literaturas
LLV 7202 Literatura Brasileira II
Prof. Dr. Demétrio Panarotto
Lucas Denir Espindola

Normalidade x Anormalidade

Aviso-lhe de antemão que aqui só encontrarás declarações na primeira pessoa. Pois embora esse escritor que lhes fala seja composto de tantos outros escritores, ele (ou melhor), eu, sou o único autor das combinações de leituras que me formam. No presente texto, estabelecerei um breve diálogo entre duas obras do escritor brasileiro Joaquim Maria Machado de Assis, são elas: O Alienista e Ideias do Canário, ambos publicados no final do século XIX, em meio ao período de pujança da corrente literária denominada Realismo.
A novela, de 1881, O Alienista, assim como o conto Ideias de Canário, possui um narrador onipresente e onisciente que apresenta um protagonista que traz a baila um debate sobre a perspectiva de mundo, na qual é inserido o conceito de normal e seu correlativo oposto, a anormalidade. E, assim, apesar de terem sido publicados há mais de um século, nos possibilitam uma reflexão sobre os diversos julgamentos que fizemos e expomos na sociedade atual, sejam eles de principio socioeconômico, regional, profissional, étnico, de gênero ou em relação à orientação sexual.
O Alienista, diferente do conto Ideias de Canário, possui um protagonista frio. Ao contrário do que é exposto inicialmente, ele não tem a mulher como um objeto reprodutivo, e sim como um objeto social. Objeto este que a masculinidade homogênea exige que um homem possua, como representativo de um troféu e/ou atestado de normalidade. Embora isso não seja discutido no texto, podemos reparar que o personagem se trata de um homem branco, rico, heterossexual, com uma esposa, características que lhe garante o prestígio que tem em Itaguaí, local onde a história se passa. Além disso, o livro debate com afinco a ética e a moral do ser social, que julga "o outro" pela simples sugestão à diferença, o que lhe possibilita poder. Parafraseando o pensamento do filosofo Arthur Schopenhauer (1778), é incansável a busca do homem pelo poder, sendo assim, são infinitos os artifícios e caminhos que o homem cria em busca deste.
O conto Ideias de Canário, originalmente publicado em 1895, por sua vez, nos mostra como nossa visão de mundo está limitada aos nossos conhecimentos. O Canário não é ninguém mais do que eu e você, quando julgamos as situações com base na loja de Belchior, e tomamos isso como verdade única e imutável, sem ao menos olhar entre as grades ou ouvir o que se diz além desta loja.


Referências Bibliográficas:
ASSIS, Machado de. O Alienista. 25. ed. São Paulo: Ática, 1995. 48, [32]p. ISBN 8508040830
ASSIS, Machado. Ideias de Canário. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1932. Acesso: 10/04/2015
BARTHES, Roland. O rumor da língua. 2. ed. São Paulo: M. Martins, 2004. XXIII, 462 p. ISBN 8533619863
Sugestão:
RIBEIRO, Luiz Felipe. Um canário cheio de ideias. Disponível em: http://revistabrasil.org/seminario/Ideias_de_canario.pdf. Acesso em: 17/04/2015.

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