Nos caminhos da imaginaria paulista. Reflexoes sobre a formacao do territorio paulista nos seculos XVI-XVIII

August 18, 2017 | Autor: Mirza Pellicciotta | Categoria: Cultural History
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NOS CAMINHOS DA IMAGINÁRIA PAULISTA Mirza Pellicciotta

A colonização do Brasil ganhou forma em meio aos percursos de reforma da cristandade europeia. A imaginária paulista nasceu fruto da complexidade deste mundo cristão em expansão. Ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, a iconografia devocional traduziu anseios e proposições de uma Igreja em mudança; uma igreja que também se fez integrada ao projeto lusitano de colonização. Sua imaginária emergiu dos processos de expansão da fé, ao mesmo tempo, que de fenômenos de resistência, interação e transformação de um vasto conjunto de etnias indígenas e populações procedentes de diferentes regiões do mundo que, no curso do tempo, deram forma a América Portuguesa. A imaginária paulista é portadora de múltiplas histórias. Ela nos fala das trajetórias de conquista e ocupação do território; da criação e desenvolvimento de instituições; da proposição de relações e experiências de trabalho; da expansão de atividades produtivas, ou ainda, do nascimento de uma sociedade mestiça fundamentada em ideários cristãos. Os santos e objetos sacros guardados pelos museus de São Sebastião, Cananéia e Caraguatatuba (litoral paulista); Santana do Parnaíba, Santo André, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Barueri, Embú das Artes, Cajamar, Mauá, Santo André, São Caetano do Sul, Pirapora do Bom Jesus, São Paulo (grande São Paulo); Jacupiranga, Miracatú, Iguape (vale do ribeira); Guaratinguetá, Aparecida, Taubaté, São José dos Campos, Jacareí (vale do paraíba); trazem à tona possibilidades inestimáveis de investigação e de compreensão das bases históricas de constituição do mundo paulista e também da América Portuguesa.

IMAGINÁRIA COLONIAL A formação da América Portuguesa se nutriu de diretrizes, instituições, procedimentos e operações condizentes com a expansão da fé cristã nos moldes definidos pelo Concílio de Trento (1545-1563). A cristandade colonial constituída por membros do clero regular e secular, em conjunto com a administração real, desempenhou papel estrutural na orientação e efetivação dos percursos de penetração, fixação e desenvolvimento de povoados, aldeamentos e fazendas em regiões litorâneas e sertanejas, de diferentes porções da colônia portuguesa. Entre os fundamentos desta reforma tridentina, constava o resgate de teses do II Concilio de Nicéia (século VIII) acerca da “invocação e veneração das santas imagens”; o reforço de representações artísticas conferidas desde o século XII pelo papado, aos santos, mártires, confessores, doutores da igreja e virgens; e ainda, a incorporação de novos santos, os santos fundadores das ordens, cujas representações conferiram novos sentidos à imaginária até então celebrada. A reforma tridentina procurava elucidar, orientar, conduzir e reforçar, através da imaginária, as ações missionárias, devocionais e litúrgicas das ordens religiosas que se encontravam à frente dos trabalhos de (re)construção da cristandade dentro e fora da Europa. Esta imaginária se centrava nas representações da Virgem Maria, dos santos, do papado, dos sacramentos e das obras de misericórdia para a propagação da fé católica, mantendo atenção sobre as virtudes, realizações e vitórias contra a heresia de santos como São Bento de Núrsia (480/547); São Domingos de Gusmão (1170/1221), São Francisco de Assis (1182/1226), Santo Inácio de Loyola (1491/1556, canonizado em 1622),

São Francisco Xavier (1506/1552, canonizado em 1622), Santa Tereza de Ávila (1515/1582, canonizada em 1622), entre outros. O alargamento das representações e significados motivou as autoridades eclesiásticas a estabelecer, entre meados do século XVI e a segunda metade do século XVII, tratados artísticos destinados a controlar a produção de imagens religiosas de instrução. Neste sentido, a iconografia devocional tridentina promoveu a instalação de oficinas e escolas artísticas no interior das ordens, ganhando forma, pouco a pouco, um universo simbólico enriquecido pelas proposições do clero regular. No território paulista dos séculos XVI, XVII e XVIII, a imaginária que integrou os trabalhos missionários, devocionais e litúrgicos de padres, freis e monges, antes de tudo, se prestou a traduzir as ações de suas ordens religiosas nos aldeamentos, vilas e povoados. E na medida em que as capelas, igrejas, colégios e seminários se multiplicavam, a produção de imagens também se intensificou, incorporando em seu percurso elementos jesuíticos, beneditinos, franciscanos, carmelitas, entre outros, essenciais às práticas de conversão e administração da vida religiosa na colônia. Os jesuítas, no curso dos séculos XVII e XVIII, desenvolveram uma imaginária primorosa nos colégios do Rio de Janeiro, Belém e Rio Grande do Sul; sua arte escultórica cumpriu função primordial nos trabalhos catequéticos e desde sua origem, contaram com as populações indígenas na fabricação das peças. Por outro lado, os beneditinos, que desempenharam um papel destacado na formação do próprio clero da América Portuguesa, também se especializaram na confecção da imaginária cristã, surgindo no colégio de Salvador, uma escola escultórica de grande presença na imaginária colonial. Coube a ela formar, no século XVII, frei Agostinho de Jesus que, de Santana do Parnaíba, forneceu imagens sacras em terracota para as congregações beneditinas do Rio de Janeiro e São Paulo.

INVOCAÇÕES CRISTÃS NO TERRITÓRIO PAULISTA DOS SÉCULOS XVI E XVII O território paulista ganhou forma no curso do século XVI. Em sua porção litorânea, os primeiros núcleos de povoamento surgiram na década de 1530 com a instalação das vilas de São Vicente (1532), Santos (1545), Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém (1561) e São João Batista de Cananéia (1600). No planalto, os percursos de fixação tiveram início em meados do século XVI com a constituição da vila de Santo André da Borda do Campo (1553) e do aldeamento jesuíta de São Paulo de Piratininga (1554), logo transformado em vila (1558) em lugar de Santo André. A ordem dos jesuítas auxiliou, em grande medida, estes caminhos de penetração e povoamento ao mediar os conflitos entre colonizadores e etnias indígenas, e mais do que isso, ela se revelou fundamental às perspectivas de avanço das áreas produtivas num território de fortíssima presença indígena. Foi com esta perspectiva que os padres inacianos instalaram nas margens do rio Tietê e de um de seus afluentes, o rio Pinheiros, dois novos aldeamentos em 1560: São Miguel e Pinheiros. Data, ainda, de 1585 a criação de um terceiro aldeamento no rio Tietê, na margem oposta ao aldeamento de São Miguel: o de Nossa Senhora de Guarulhos, mas de iniciativa da Câmara Municipal de São Paulo. Nos primeiros oitenta anos de constituição da Capitania de São Vicente, alguns santos cultuados tradicionalmente por lusitanos se somaram a um conjunto de santos de preferência jesuíta para compor a imaginária do território paulista. As representações jesuítas de Jesus Cristo, da Virgem Maria (em especial, de Nossa Senhora da Assunção, Nossa Senhora da Candelária e Nossa Senhora da Conceição), de São Miguel, São Paulo e São João Batista; se uniu às devoções tradicionais de Santo Antonio, São Gonçalo, Santa Isabel, São Vicente, para celebrar a fé e a conquista paulatina de um território ocupado por etnias indígenas. Entre as igrejas do período, encontramos templos dedicados a São Vicente (1532), São Paulo (aldeamento

em 1554, vila em 1558), Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém (1561, conhecida como “a Virgem de Anchieta”), São Miguel (aldeamento em 1560), entre outros. A partir da década de 1580, período que se tornou conhecido por “União Ibérica” (por marcar a junção das coroas da Espanha e Portugal, sob domínio dos Filipes, reis espanhóis), a América Portuguesa passou a contar com a presença de outras ordens religiosas, além da jesuíta; com beneditinos, franciscanos e carmelitas, entre outras. E o território paulista viu diversificar suas invocações. Em fins do século XVI, seriam acrescidos o culto de santos hispânicos (Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora das Cabeças, Nossa Senhora das Mercês) e de santos de preferência das ordens recém chegadas: de São Roque e Nossa Senhora de Monteserrate (beneditinos); de São João da Cruz e Nossa Senhora do Carmo (carmelitas); de Nossa Senhora do Amparo, São Francisco de Assis e Santo Antonio (franciscanos). Em princípios do século XVII, a ordem jesuíta instalou novos aldeamentos num território localizado a oeste da vila de São, nas proximidades do rio Cotia (outro afluente do rio Tietê Paulo): os aldeamentos de Nossa Senhora da Escada de Barueri (1609, nas margens do rio Tietê), de Nossa Senhora da Graça de Carapicuiba (1615) e de Nossa Senhora do Rosário de Embú (1624). Também se deu a instalação do aldeamento de Nossa Senhora dos Prazeres de Itapecerica da Serra (século XVII), nas proximidades deste mesmo rio. No mesmo período, os carmelitas se fixaram em Santos (em 1589) e alcançaram a vila de São Paulo de Piratininga em 1594; nas décadas seguintes criaram um convento em Mogi das Cruzes (em 1629) e já no começo do século XVIII estabeleceram uma residência em Itú (1719). Os freis também foram chamados a substituir os jesuítas na gestão de alguns aldeamentos, em momentos de crise entre a ordem e os colonos paulistas. No âmbito da arte sacra, foi na vila de Itú, na segunda metade do século XVIII, que os carmelitas ganharam notoriedade com os trabalhos de Jesuíno de Monte Carmelo, pintor, escultor, arquiteto, além de entalhador, músico e poeta, que nutriu forte devoção à ordem. Os beneditinos chegaram à Vila de São Paulo do Piratininga em 1598 e no curso das primeiras décadas do século XVII, eles enfrentaram dificuldades. Sua abadia foi criada em 1635, ocasião em que receberam terras nas margens do rio Tamanduateí do Capitão Duarte Machado (no “tijucuçu”, origem de São Bernardo do Campo); esta fazenda seria ampliada em 1671 por doações de Fernão Dias Paes Leme. Mas foi no curso do século XVII que os monges ampliaram sua presença no território paulista, instalando novos mosteiros em Santana do Parnaíba (1643), São Vicente (1650), Santos (1660), Sorocaba (1667) e Jundiaí (1668). Em Santana do Parnaíba, Frei Agostinho de Jesus produziu por longo período sua imaginária em terracota. Os franciscanos chegaram à América Portuguesa nos primeiros momentos de ocupação; no entanto, foi apenas em 1584 que a ordem decidiu criar missões e estabelecer residências na América Portuguesa, fixando-se em Olinda, Salvador, Porto Seguro, Vitória, São Francisco do Sul, ilha de Santa Catarina e São Paulo. Na capitania de São Vicente, os freis chegaram em 1532, mas foi apenas em 1583 que eles alcançaram a Vila de São Paulo do Piratininga; seu convento, instalado numa das bordas da colina paulistana, foi inaugurado décadas depois, em 1647. Em paralelo à fixação e desenvolvimento das quatro ordens religiosas, o mundo seiscentista paulista vivenciou a descoberta de ouro na Serra do Voturuna (ou Boturuna), processo extrativo que em fins do século XVI promoveu uma importante mudança nos caminhos de ocupação do planalto paulista. A busca pelo ouro intensificou o avanço das populações para os sertões, ao mesmo tempo em que reforçou o caráter mercantil da economia em formação, enfrentando os jesuítas, sérios limites nas proposições de formar e oferecer “índios aldeados” às frentes econômicas de colonização. Seus aldeamentos seriam paulatinamente substituídos pela captura e pelo trabalho forçado dos índios nas novas frentes produtivas. A escravização indígena, adotada inicialmente nos trabalhos de extração aurífera, logo se expandiu para as lavouras de abastecimento e, de forma especial, para o cultivo e beneficiamento do trigo, gênero que contribuiu de maneira especial para o reforço das bases mercantis da economia paulista.

Data das primeiras décadas do século XVII, a fixação e desenvolvimento de uma rede de fazendas (de trigo, milho, entre outros gêneros de abastecimento) e de capelas rurais que, orientadas pela passagem do rio Tietê e de seus afluentes, se fixaram nas serras do Votoruna, da Cantareira e do Japi. Na serra do Votoruna e nas margens do rio Tietê surgiu, também, uma nova vila: Santana do Parnaíba (1625), que desde sua origem se firmou como um núcleo de atividades extrativas, de práticas agrícolas e de comércio, além de uma área especializada na organização de entradas para a captura de índios nos sertões. Nas proximidades e no interior da serra da Cantareira instalaram-se as capelas rurais de Nossa Senhora do Ó (1615, próxima ao rio Tietê); Nossa Senhora da Luz (1603, na outra margem do rio Tietê); Nossa Senhora do Desterro ou Santa Inês (1625), Nossa Senhora do Desterro (1683, próxima do rio Juqueri); Nossa Senhora da Penha (1668, do outro lado do rio Tietê); Nossa Senhora do Bonsucesso (1680, próxima do rio Baquirivu). Em terrenos há leste da Vila de São Paulo e nas margens do rio Tietê, também surgiu no começo do século XVII, a vila de Santana de Mogi das Cruzes (1611) e a noroeste, nas margens do rio Paraíba, a vila de Nossa Senhora da Conceição do Paraíba ou Jacareí (1653). Nos primeiros cem anos de ocupação do litoral e do planalto paulista, enfim, as invocações de santos respondiam a diversos processos. Entre os jesuítas, centrados nos trabalhos missionários e nos povoados em formação, os santos preteridos seriam, numa primeira fase (1550/1580), Nossa Senhora da Assunção, Nossa Senhora da Candelária e Nossa Senhora da Conceição, Jesus Cristo, São Miguel, São Paulo e São João Batista. Numa segunda fase (1580/1640) seriam Nossa Senhora da Conceição (de Guarulhos, 1585), Nossa Senhora da Escada (de Barueri, 1609); Nossa de Nossa Senhora da Graça (de Carapicuiba, 1615) e Nossa Senhora do Rosário (do Embú, 1624). Entre os colonos, responsáveis pela instituição de capelas rurais, os santos escolhidos foram Nossa Senhora da Luz (1603), Nossa Senhora do Ó (1615), Nossa Senhora do Desterro ou Santa Inês (1625). E no espaço das vilas, onde se encontravam reunidas as diversas ordens religiosas e uma população de diferentes procedências, as devoções se centraram em São João Batista de Cananéia (1600), Sant’Ana (de Mogi das Cruzes, em 1611 e de Parnaíba, em 1625), Nossa Senhora do Amparo (convento franciscano de São Sebastião, 1637) e Santa Cruz (de Ubatuba, 1637). E então, em meados do século XVII, a Capitania de São Vicente se viu imersa num contexto mais amplo de mudanças conhecido como período de “restauração” (a partir de 1640). Nesta ocasião, a monarquia lusitana retomou o controle de seus territórios do domínio da Espanha e redesenhou seus projetos de ocupação, desenvolvimento e expansão da fé no além-mar. Data deste período a celebração de Nossa Senhora da Conceição como padroeira da casa de Bragança; sua invocação se prestaria a celebrar, além da imagem santificada, o trono português. Neste período também veríamos se intensificar a migração de lusitanos que, para além do culto de Nossa Senhora da Conceição, reforçaram ou introduziram o culto de santos tradicionais portugueses a Nossa Senhora de Nazaré, Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora do Ó, Nossa Senhora dos Prazeres e à Virgem do Lavramento. No âmbito do território paulista, este período se fez marcado, ainda, pela ocupação de terrenos e regiões mais interiorizadas. A serra do Voturuna ganhou novas fazendas e capelas rurais, entre elas, as de invocação de São Roque (1653), Santo Antonio (1681), Nossa Senhora da Conceição de Voturuna (1687) e Nossa Senhora da Conceição de Araçariguama (1697). Os paulistas seguiram rumo ao oeste da vila de São Paulo e fizeram nascer as vilas de Nossa Senhora da Candelária de Itu (1658) e Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba (1661), além de realizar os primeiros movimentos de ocupação da serra do Japi, território situado ao norte da calha do rio Tietê, e no qual nasceu a Vila de Nossa Senhora do Desterro de Jundiaí (1655). Nesta área seriam instaladas fazendas e as capelas rurais de Nossa Senhora de Belém (1673), de São João de Atibaia (1669) e de Nossa Senhora de Nazaré (1676), já nas proximidades do rio Atibaia.

Entre as invocações religiosas, as capelas rurais adotaram o culto a São Roque (1653), Nossa Senhora de Monte Serrate (1662), São João (Atibaia, 1669), Nossa Senhora da Penha (1668), Nossa Senhora de Belém (1673), Nossa Senhora de Nazaré (1676), Nossa Senhora do Bonsucesso (1680), Santo Antonio (1681), Nossa Senhora do Desterro (1683), Nossa Senhora da Conceição de Voturuna (1687), Nossa Senhora da Conceição (Araçariguama, 1697) e São Gonçalo (capela em São Sebastião, de fins do séc XVII). Nas vilas do período, foram adotadas as invocações de São Francisco de Chagas de Taubaté (1645), Nossa Senhora da Conceição (do Rio Paraíba/Jacareí, 1653), Nossa Senhora do Rosário (Paranaguá, 1653), Nossa Senhora do Desterro (do Campo Alegre de Jundiaí, 1655), Santo Antonio (de Guaratinguetá, 1657), Nossa Senhora da Candelária (de Outú Guaçu, Itu, 1657), Nossa Senhora da Ponte (de Sorocaba, 1661), Nossa Senhora das Neves (de Iguape, 1665), Nossa Senhora da Luz (dos Pinhais de Curitiba, 1693). Em seus primeiros cento e setenta anos de formação (1530/1700), o planalto paulista passava a contar com um raio de povoamento estimado em 60 km (nos limites de Jundiaí, Parnaíba, Itú, Sorocaba e Atibaia) (MATOS, 1991); na porção litorânea, a ocupação assumia um formato esgarçado entre as áreas atuais de Ubatuba e Paranaguá (no Estado do Paraná).

A IMAGINÁRIA PAULISTA DOS SÉCULOS XVIII E XIX Em fins do século XVII, a descoberta de veios auríferos, por paulistas, em porções muito interiorizadas da colônia deu lugar a um novo período de expansão territorial. A presença, mais uma vez, de metais preciosos nos sertões provocou mudanças nos caminhos de desenvolvimento paulista, valendo observar que a diversidade e a qualidade destes veios auríferos provocaram transformações mais profundas, entre elas, a aquisição, pela Metrópole Portuguesa, da própria Capitania de São Vicente. A partir de 1709, ganhou forma a Capitania Real de São Paulo e Minas de Ouro, e no curso das décadas seguintes, a antiga capitania deu origem aos territórios reais de Minas Gerais (1720), Mato Grosso (1748), Goiás (1748), Santa Catarina e Rio Grande, restringindo-se o território propriamente paulista a uma área próxima a do atual Estado de São Paulo, então sob administração da Capitania do Rio de Janeiro (1738 a 1765). Estas terras, enfim, se fizeram reconfiguradas como Capitania Real de São Paulo, em 1765, e com um papel primordial: o de se firmar como “celeiro” de abastecimento das capitanias auríferas, além de auxiliar na defesa das fronteiras meridionais do Brasil (nos termos do Tratado de Madrid, de 1750). Para assumir o novo papel, caberia à administração real romper com as formas tradicionais paulistas de ocupação (consideradas esparsas e auto-suficientes), para instalar uma rede de povoados e vilas fundada em sesmarias e fazendas lucrativas. Na visão metropolitana, tratava-se de repovoar estes sertões através da fixação, apoio e desenvolvimento de uma população organizada em núcleos produtivos. O mundo paulista começava a enfrentar alterações sociais, culturais e econômicas ainda mais profundas. Data deste período, a instauração de freguesias e vilas no planalto, nos vales do Paraíba e do Ribeira, entre outras áreas, orientada pela abertura de estradas e distribuição de sesmarias. Entre elas, surgiriam as vilas de Pindamonhangaba, São José dos Campos, São Luiz do Paraitinga, Cunha e Lorena nas imediações da “Estrada do Norte de São Paulo” (que seguia para o Rio de Janeiro através do Vale do Paraíba). Seriam criadas as vilas de Itapeva, Itapetininga e Apiaí no “Caminho para o Paraná” (que rumava por Cotia e São Roque para Sorocaba e daí para os campos de Viamão, no atual estado do Rio Grande do Sul, passando pelo Vale do Ribeira). Também seriam constituídas, as vilas de Mogi Mirim e Campinas nas margens da “Estrada do Anhanguera” (ou Estrada dos Goiases, que seguia para o “sertão da farinha podre”, no atual triângulo

mineiro, e de lá para Goiás); e, nas proximidades da “Estrada para a divisa de Minas Gerais”, as vilas de Atibaia e Bragança Paulista. Entre as novas freguesias, constariam as invocações de Nossa Senhora do Bonsucesso (de Pindamonhangaba, 1705), de São José (de Paraíba/São José dos Campos, 1767), de São João Batista (de Atibaia, 1769), de São José (de Mogi Mirim, 1769), de Nossa Senhora dos Prazeres (de Itapetininga, 1770), de Santo Antonio (das Minas de Apiaí, 1771), de Nossa Senhora da Piedade (de Lorena, 1788), de São Carlos (Campinas, 1797), de São Miguel (de Areias, 1816). Na região cortada pela “Estrada para Itu”, também seria criada a vila de Porto Feliz, valendo observar que nesta porção territorial achava-se presente a rota fluvial das monções (que seguia pelos rios Tietê, Paraná, Pardo, afluentes do Paraguai e São Lourenço até chegar ao rio Cuiabá) e o “Picadão de Cuiabá” (caminho em sua maior parte por terra e por diversas vezes abandonado, que partia de São Paulo, seguia pela margem direita do Rio Tietê até acessar o rio Paraná acima, e em seguida, tomava o rio Paranaíba para chegar a Cuiabá). No curso do século XVIII, apesar de diminuído em sua extensão, o território paulista passava a contar com uma nova e profícua rede de caminhos, povoados, freguesias, vilas e fazendas produtivas, que seguiam em diferentes direções, já superando em muito as demarcações dos séculos XVI e XVII. No universo das práticas religiosas, esta nova e efetiva expansão de fronteiras se veria complementar pela entrada progressiva de etnias africanas que traziam consigo um outro corpo de referenciais e práticas religiosas. Data de fins do século XVIII a presença progressiva de “santeiros” populares, além da multiplicação de capelas rurais e igreja no Vale do Paraíba, Vale do Ribeira, nos sertões a oeste, entre outras regiões. No início do século XIX, as atividades agrícolas e criatórias associadas ao mercado interno ganhariam, por fim, uma nova especialidade: as lavouras extensivas de cana de açúcar e café, que agora passavam a se orientar pelo mercado externo. As lavouras de açúcar se fariam introduzidas nas últimas décadas do século XVIII na porção sul da Capitania (no chamado “quadrilátero do açúcar”, formado entre as regiões de Constituição/Piracicaba, Mogi Guaçu, São Carlos/Campinas e Itu) e já nas primeiras décadas do século XIX, elas subsidiariam a instalação de lavouras de café. O chamado “complexo cafeicultor”, que também ganharia forma no território carioca, tornaria ainda mais integrado e dinâmico o sistema produtivo, mercantil e viário paulista, promovendo, no curso do século XIX, uma aceleração dos processos de desenvolvimento. Fundado na monocultura extensiva, na diversificação do capital, na especialização regional e na migração em massa, esta economia cafeeira acabaria por transformar vastas porções de sertões paulistas (em diferentes direções) em novas áreas de lavoura, criação e industrialização; São Paulo começava a assumir a fisionomia que viria a apresentar no século XX. A presença negra no mundo paulista (adensada no curso do século XIX), somada a entrada de um número progressivo de migrantes de diferentes regiões do Império e, depois, da República brasileira; podem estar nas origens da intensa produção de imagens de barro queimado de uso doméstico, chamadas “paulistinhas”, que ao longo do século XIX, celebrizaram diversos santeiros no litoral e planalto paulista, entre eles, Benedito Luzia, de Arujá; Benedito Amaro de Oliveira ou Dito Pituba, de Santa Isabel; José Alves do Nacimento ou “Juca Angélico”, de Piedade; Chico Santeiro de Aparecida; Boaventura dos Santos de Guarulhos; José Benedito da Cruz ou JBC, de Guararema. Entre as invocações das “paulistinhas”, estudadas por Eduardo Etzel, encontramos antigas devoções paulistas (São João Batista, Nossa Senhora das Dores, Santana Mestra, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Dores, Bom Jesus, Nossa Senhora com menino, Nossa Senhora da Piedade, São Miguel, Santo Bispo, São Roque, São Sebastião, São Bento, Santa Escolástica, Santa Gertrudes, Santa Bárbara, São Gonçalo, São José) que se somam, agora, às representações de santos negros (São Benedito, Santo Antonio do

Categeró, Santa Ifigênia), valendo observar que a presença negra também se faria responsável pela produção de imagens em nó de pinho, de grande significação na imaginária paulista do século XIX.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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