Nos primórdios da informática: estudo sobre a construção dos primeiros computadores eletrônicos digitais nos Estados Unidos e União Soviética

June 12, 2017 | Autor: Roberto Lopes | Categoria: Soviet Science, ENIAC
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Nos primórdios da informática: estudo sobre a construção dos primeiros computadores eletrônicos digitais nos Estados Unidos e União Soviética

Roberto Lopes dos Santos Junior1

Análise histórica, a partir de levantamento bibliográfico e revisão de literatura em fontes secundárias, sobre as principais características que marcaram a construção dos primeiros computadores de grande porte nos Estados Unidos (Computador Integrador Numérico Eletrônico - ENIAC) e na União Soviética (Pequena Máquina Eletrônica de Cálculo - MESM), entre a segunda metade dos anos 1940 e início dos 1950. A pesquisa apresenta, de forma preliminar, que ambos os projetos tiveram um caráter independente de desenvolvimento, com utilização no âmbito militar, e apenas parcialmente influenciados pela realidade da guerra fria na época.

Palavras-chave: história da Informática nos Estados Unidos; história da informática na União Soviética; ENIAC; MESM.

This study is a historical analysis based on the review of literature of secondary sources, identifying the development of the first computers in the United States (ENIAC) and in the former Soviet Union (MESM), between the second half of the 1940s and the beginning of the fifties. This research found, preliminary, that both projects presents an independent character of production, a utilization in the military sector, and only partially influenced on the cold war reality of the time.

Keywords: informatics history in the United States; informatics history in the Soviet Union; ENIAC; MESM.

Introdução

A partir de 1945, após a segunda guerra mundial, uma nova realidade tomava forma no cenário internacional. Estados Unidos da América (EUA) e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), as principais potências emergentes do conflito, iriam iniciar uma longa disputa pela hegemonia global, denominada Guerra Fria, disputa essa que ocupou a agenda mundial pelos quase 45 anos seguintes2. Além desse antagonismo, o período do pós-guerra também foi marcado pela consolidação de uma nova realidade de produção e armazenamento da informação, com

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o aparecimento de novas tecnologias, muitas delas relacionadas aos computadores. Apesar de modelos analógicos como, por exemplo, os norte-americanos Analisador Diferencial (1931) e Harvard Mark I (1944), o alemão Z3 (1943), e o inglês Colossus (1943), terem sido importantes marcos de consolidação dessas tecnologias, a primeira geração computacional, marcada por equipamentos de grande porte e com considerável capacidade de processamento de operações, surgiu somente em 1946, obtendo considerável, e por vezes exagerada e confusa, recepção por parte do público, organismos governamentais, imprensa e escritores de ficção científica3. De que forma as superpotências se inseriram no que foi chamado de “era da computação”? Para responder essa questão, a presente comunicação, a partir de levantamento bibliográfico e revisão de literatura em fontes secundárias, apresentou as principais características que marcaram a construção dos primeiros computadores de grande porte nos Estados Unidos (ENIAC) e na União Soviética (MESM), entre a segunda metade dos anos 1940 e início dos 1950.

Computador Integrador Numérico Eletrônico – ENIAC

Figura 1: foto do ENIAC para divulgação, 1946. Fonte: MOLERO, 2014, p.37.

O primeiro

nascimento computador

do norte-

americano surgiu diretamente das

necessidades

bélicas

oriundas da segunda guerra mundial, em especial ligada ao cálculo rápido e eficiente das complexas tabelas de artilharia produzidas pelo exército estadunidense para o conflito na Europa e Ásia. Dispositivos analógicos disponíveis na época, apesar de eficientes, eram insuficientes para diminuir o longo tempo e grande mão de obra gasta para com essas operações4.

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Em junho de 1943, era iniciado o Project PX, projeto secreto do exército americano em conjunto com a Moore School of Electrical Engineering da universidade da Pensilvânia, onde se pretendeu criar um equipamento que resolvesse esses problemas operacionais sofridos pelas forças armadas norte-americanas. Liderado pelos jovens engenheiros John Mauchly (1907-1980) - responsável pelo desenho conceitual do equipamento-, e Presper Eckert (1919-1995) – responsável pela produção dos circuitos e válvulas-, baseando-se em algoritmos decimais identificados em acumuladoras para o desenvolvimento dos cálculos operacionais; inspirados no modelo Harvard Mark 1 e da Máquina Analítica de Charles Babbage (1791-1871) em sua construção, alguns revezes e 400 mil dólares gastos (superando os 150 mil inicialmente previstos), em 14 de fevereiro de 1946, era apresentado ao público o Computador Integrador Numérico Eletrônico - ENIAC 5 . O computador era composto por 17.468 válvulas, 1.500 relês, canal de transmissão, impressora, tinha 25 metros de comprimento por 5,50 metros de altura, pesava 30 toneladas e ocupava um grande galpão. Esse modelo, que consumia entre 150-200 quilowatts, processava 5.000 adições, 357 multiplicações ou 38 divisões por segundo. A programação do ENIAC era feita através de 6.000 chaves manuais, onde toda a entrada de dados era feita através de cartões de cartolina perfurados (produzidos pela empresa IBM), que armazenavam poucas operações cada um. A cada 5 minutos, em média, alguma das válvulas se queimava, tornando necessárias manutenções frequentes6. Apesar dos problemas de manutenção (muitas vezes sendo aproveitado somente entre 50 a 70 por cento de sua capacidade), o equipamento, graças, em parte, a habilidade de Eckert e Mauchly em conseguir apresentar de forma satisfatória o invento a imprensa, obteve recepção positiva (e de um previsível ceticismo) do público e organismos militares norte-americanos, sendo o ENIAC rapidamente posto em atividade em diferentes projetos ligados, por exemplo, a previsão meteorológica, construção de túneis de vento, física nuclear e da matéria. Essas utilizações diversificadas permitiram a discussão de alguns questionamentos que serviriam de base para a evolução dos computadores (ou “cérebros gigantes”, como eram apresentados na época) estadunidenses durante a segunda metade dos anos 19407. Uma das primeiras questões era se sua utilização em projetos militares poderia ser realizado de forma eficiente, com a produção de dados confiáveis. Uma das respostas seria obtida no projeto da produção da bomba atômica de hidrogênio em Los

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Alamos, nas “simulações Monte Carlo” em 1948, liderados pelos pesquisadores John e Klara von Neumann, e Nicholas Metropolis. Essas pesquisas não somente foram as primeiras a utilizarem um programa de armazenamento de dados (versões primitivas de memória de acesso aleatório- RAM, e das linguagens de programação), como ajudaram no aperfeiçoamento de diferentes características no funcionamento da máquina como, por exemplo, nas unidades de input/output, inclusão de dados binários para a representação dos números, e aprimoramento na programação, que poderia ser modificada com o decorrer do tempo8. Essas iniciativas consolidaram também a construção de modelos como, por exemplo, o EDVAC (formulado originalmente em 1945 e finalizado em 1949), e, indiretamente, “softwares” como o C-10 (1951), o primeiro a utilizar comandos a partir de teclados. A segunda problemática foi se diferentes cálculos matemáticos poderiam ser efetuados pela máquina. Experimentos de D. H. Lehmer em 1948, onde foram computados exponenciais do algoritmo p, e de George Reitwiesner em 1949, que calculou a expansão decimal do número π, identificaram que o ENIAC poderia ser programado para realizar complexos cálculos matemáticos, mesmo que os resultados sofressem relativa demora a serem programados pelo equipamento9. Outra temática, discutida a partir dos anos 1990 por diferentes historiadores da ciência, foi o papel de outros pesquisadores e programadores, em especial mulheres, que também foram importantes para a construção do ENIAC, contudo recebendo crédito e reconhecimento apenas décadas depois da apresentação do equipamento. Frances Bilas Spence, Elizabeth Jean Jennings, Ruth Lichterman Teitelbaum, Kathleen McNulty, Elizabeth Snyder Holberton e Marlyn Wescoff Meltzer estão entre as pioneiras que teriam um injusto esquecimento no papel de consolidação do primeiro computador americano, atenção focada quase que exclusivamente nos seus líderes Eckert e Mauchly10. Por fim, o ENIAC estimulou pesquisas com o objetivo das novas tecnologias de informação terem sua produção e utilização expandidas do contexto militar, sendo inseridas também nas empresas privadas estadunidenses. Modelos como o BINAC (1949) e o UNIVAC-1 (1951),- ambos desenvolvidos pela Eckert–Mauchly Computer Corporation, empresa de curta duração criada pelos criadores do ENIAC, fundida com a Remington Rand em 1950 - esse último inserido em diferentes instituições públicas e privadas dos EUA, mostraram o potencial comercial dos computadores, que estimularam o desenvolvimento de novos e mais eficientes modelos, além

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de servirem

de estímulo para disciplinas emergentes como, por exemplo, a Cibernética, em realizarem seus estudos e identificarem suas principais características11.

Pequena Máquina Eletrônica de Cálculo - MESM

Figura 2: computador soviético MESM, c.1952. Fonte: SANTOS JUNIOR, 2013, p.24.

A ciência da computação na URSS teve suas origens no final da década de 1940, com a assimilação, por

parte

dos

pesquisadores

soviéticos, de disciplinas científicas que emergiam nos EUA e na Europa ocidental, especialmente a, citada anteriormente, Cibernética, que segundo um dos fundadores dessa ciência, o matemático norte-americano Norbert Wiener (1894-1964), analisa “(…) não apenas o estudo da linguagem, mas também o estudo das mensagens como meios de dirigir a maquinaria e a sociedade, o desenvolvimento de máquinas, computadores e outros autômatos”. Contudo, até os anos 1960, devido a Guerra Fria e políticas de fechamento impostas pelo líder Josef Stalin, a utilização dessa disciplina no país teve um caráter contraditório e problemático, sendo aproveitado apenas de forma discreta por alguns pesquisadores12. Em 1948, a URSS possuía dois tipos de equipamentos de cálculo analógicos em atividade: computadores analógicos não-digitais e computadores digitais, porém não eletrônicos13. Nesse mesmo ano, o país apresentou as primeiras pesquisas e patentes ligadas a produção de um equipamento eletrônico digital, proposta pelo engenheiro Isaak Bruk (1902-1974), além da consolidação do Instituto em Mecânica e Tecnologia em Computação (ITMVT), local que patrocinou e centralizou as discussões e pesquisas em informática na União Soviética entre o final dos anos 1940 e início dos 195014. Coube ao engenheiro Sergei Lebedev (1902-1974) o crédito da produção do primeiro computador eletrônico digital na União Soviética. Discreto, de maneira polida e educada, e com ampla experiência em projetos e na formação de profissionais ligados a construção de equipamentos eletrônicos, Lebedev, na segunda metade dos anos 1940,

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obteve a aprovação do partido comunista e da Academia de Ciências Soviética para a construção de computadores digitais na URSS, centralizados no Instituto de Eletromecânica de Kiev (República Soviética Socialista da Ucrânia)15. Como no projeto norte-americano, Lebedev e sua equipe encontraram contratempos na construção do primeiro computador eletrônico digital. Porém, diferente dos EUA, a realidade soviética no fim dos anos 1940 ainda era marcada por um país se recuperando da destruição e pilhagem sofridas durante a segunda guerra mundial, e de um fechamento as ideias e pesquisas oriundas dos países capitalistas16. Isso significou que Lebedev, entre 1949-1950, teve os recursos financeiros e materiais para o desenvolvimento do projeto recebidos de forma instável e inconstante (pois a construção do computador não estava entre as prioridades do governo na época), além da dificuldade de achar um local para a construção do computador, alocado em um monastério danificado pela guerra no isolado subúrbio de Feofania, Kiev, ao qual recebeu adaptações para acomodar o equipamento. Somado a isso, o projeto sofreu atrasos também relativos a sua infraestrutura, onde seu manuseamento (ou seja, cuidados para não haverem choques de alta eletricidade), testagem de milhares de válvulas, e procedimentos para que a máquina não fosse sobrecarregada pelo calor, tiveram que ser analisados por Lebedev e sua equipe17. Mas, apesar de todos os empecilhos e alguns atrasos, em novembro de 1950, a Pequena Máquina Eletrônica de Cálculo (MESM) realizava com sucesso suas primeiras operações (não especificadas pela equipe de construção), e em janeiro do ano seguinte, a máquina foi apresentada para uma comissão de pesquisadores da Academia de Ciências da Ucrânia, onde foram realizadas e imprimidas operações de adição, subtração e multiplicação18. O Input da máquina era acompanhada de cartões perfurados ou em códigos diretamente colocados nos acumuladores ou em fitas magnéticas; seu output era feito via fitas, e uma impressora gráfica ou eletromecânica. Possuía 6.000 válvulas, consumia 25 quilowatts de energia, realizando 50 operações por segundo, e ocupava cerca de 60 metros quadrados19. Ao ser aprimorada e colocada em operação, entre dezembro de 1951 e janeiro do ano seguinte, o MESM, apesar de algumas limitações no seu funcionamento, obteve utilizações diversificadas, principalmente armazenando e resolvendo complexos cálculos matemáticos e estatísticos, centralizados nas áreas da cosmonáutica e energia nuclear, além da Academia de Ciências da URSS, em resoluções secretas, elogiar o

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desempenho do equipamento, sugerindo sua utilização em larga escala pelos organismos militares e científicos soviéticos20. O sucesso do MESM permitiu a Lebedev, mesmo com contratempos e posturas contraditórias do partido comunista ao apoiar suas iniciativas, continuar com as pesquisas e projetos ligados a construção de modelos mais sofisticados de computadores na URSS. Entre esses modelos citam-se a Grande Máquina Eletrônica de Cálculo (BESM) em 1953, e os modelos M-20 (1956-1957) e BESM-2 (1958)21. Cita-se também que o desenvolvimento do MESM aconteceu em paralelo a outros projetos que eram desenvolvidos quase simultaneamente, e concorrendo com Lebedev por verbas e atenção em Moscou, mostrando que o país possuiu outros centros de pesquisa ligados a automação. Entre esses modelos, citam-se o M-1, desenvolvido pelo (já citado) Isaak Bruk entre 1951-195222, e o Strela, primeira série de computadores de grande porte construído na URSS, desenvolvido por Yuri Bazilevskii (1912-1983) entre 1952-195323.

Considerações finais

No final dos anos 1950, tanto o ENIAC quanto o MESM, após considerável utilização em seus respectivos países, sairiam de atividade, sendo posteriormente desmontados, com suas partes utilizadas para testes e aulas em instituições de ensino ligados a ciência da computação, ou exibidos em museus e exposições sobre a história da tecnologia. Na década seguinte, tanto os EUA quanto a URSS seguiram com a produção de novos modelos e pesquisas no âmbito computacional. Contudo, a partir da segunda metade dessa década, as superpotências seguiriam por caminhos diferenciados no âmbito tecnológico. No lado soviético, o Partido Comunista, após 1968, influenciado por fatores internos (controle do campo científico do país) e externos (custos advindos da corrida armamentista), adotou políticas de cópia e clonagem de modelos ocidentais para os equipamentos produzidos pela URSS. Como resultado, a automação soviética, no fim do sistema comunista, no início da década de 1990, “foi um exemplo do fracasso do país em conseguir seguir por um caminho independente"24.

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Em relação aos EUA, o país apresentaria quase todas as principais inovações no campo da automação pós anos 1960, assumindo o papel de vanguarda e liderança na chamada “terceira revolução industrial”. Entre esses sucessos cita-se o desenvolvimento do microprocessador (1971) e dos primeiros computadores “pessoais” (Kenback-1 em 1971, Altair 8800 em 1975 e o Apple 1, em 1976) ; e, nos anos 1980, o aparecimento do IBM PC e Macintosh, consolidando efetivamente os computadores pessoais no país25. A presente comunicação, ao discutir o desenvolvimento desses equipamentos precursores (ENIAC e MESM), identificou que ambos tiveram influência e utilização das forças armadas que, graças a sua intervenção, garantiram que a construção dessa tecnologia fosse consolidada, e mantida após a consolidação dos primeiros modelos. Há diferenças, contudo, na influência do exército americano e soviético na indústria de computadores de seus respectivos países. Enquanto que nos EUA, o exército sempre permitiu que empresas privadas como, por exemplo, a IBM, participassem dos projetos, o que consolidou, por exemplo, a construção dos modelos 7090 (1958) e de 360/370 mainframes (1964), os primeiros a obterem utilização em grande escala no âmbito empresarial norte-americano, no caso soviético, apesar da atuação de Lebedev e outros pesquisadores, o peso do estado e exército se mostraria, com o passar do tempo, excessivo, o que prejudicou maior diversidade tecnológica na URSS, o que só tentaria, de forma confusa, ser resolvido nos últimos anos do regime comunista. Outro aspecto a ser mencionado é a influência da guerra fria nos projetos do ENIAC e MESM, e nos primórdios dos programas de automação norte-americano e soviético. No lado estadunidense, essa pretensa influência foi mais fácil de ser mensurada e identificada. O surgimento do ENIAC, como citado anteriormente, deveu-se diretamente as necessidades da segunda guerra mundial, mas suas primeiras utilizações e posterior desmembramento e evolução se, por um lado, foram feitos no âmbito militar e ligados, indiretamente, a fortalecer tecnologicamente o país contra seus rivais comunistas, por outro, não reduziu sua utilização apenas no âmbito bélico, onde o lado coorporativo e financeiro (ou seja, o quanto esses equipamentos poderiam gerar lucros e investimentos em diferentes setores industriais estadunidenses) também foram levados em consideração. No lado soviético, diferente, por exemplo, da construção da primeira bomba atômica, onde a influência das pesquisas ocidentais e do interesse do governo comunista

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em obter o artefato para se contrapor aos EUA apresentam considerável documentação26, detalhes mais aprofundados sobre os primeiros anos “automatizados” na URSS, apesar de uma literatura cada vez mais incipiente, ainda estão sendo escritos e esclarecidos pelos historiadores da ciência. Contudo, sabe-se, de forma preliminar, que a guerra fria aparentemente exerceu pouco impacto para a produção do MESM, devido ao ceticismo da classe política e intelectual do país na utilização e serventia desses equipamentos, além da tecnologia produzida nos EUA, com poucas informações obtidas sobre o ENIAC e EDVAC, terem sido de pouca valia para Lebedev e outros centros de pesquisa no país27. Ou seja, o MESM possuiu um caráter independente de desenvolvimento e não necessariamente ficou preso as demandas políticas e contextos internacionais. Por fim, apesar da necessidade de novas pesquisas sobre essa temática, cita-se a importância do ENIAC e do MESM como equipamentos importantes para o início de um desenvolvimento tecnológico que desembocaria na chamada “era da informação”, consolidada a partir do final do século vinte. 1

Doutor em Ciência da Informação pelo convênio IBICT/ UFRJ. Professor adjunto do curso de Arquivologia pela Universidade Federal do Pará. E-mail: [email protected] 2

SANTOS JUNIOR, R. L. Análise sobre o desenvolvimento do campo de estudo em informação científica e técnica nos Estados Unidos e na antiga União Soviética durante a guerra fria (1945-1991). Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v. 8, p. 130-157, 2012. 3

A produção bibliográfica brasileira, contudo, dedicou (e ainda dedica) pouco espaço para análises aprofundadas sobre a história da tecnologia e da construção dos primeiros computadores. Entre as exceções cita-se, por exemplo, SANTOS FILHO, G. M. Das Máquinas de Calcular à Informática. Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência, v. 17, p. 21-28, 1998; FONSECA FILHO, C. História da computação: O Caminho do Pensamento e da Tecnologia. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007; e CURY, L. ; CAPOBIANCO, L. Princípios da História das Tecnologias da Informação e Comunicação Grandes Invenções. In: VIII Encontro Nacional de História das Mídias, Guarapuava, Paraná, 2011. Sobre o surgimento da informática no Brasil cita-se TIGRE, P. B. Computadores brasileiros: indústria, tecnologia e dependência. Rio de Janeiro: Campus, 1984; VARGAS, M. História da ciência e da tecnologia no Brasil: uma súmula. São Paulo: Humanitas, 2001; e PEREIRA, L. A. Os primórdios da informatização no Brasil: o "período paulista" visto pela ótica da imprensa. História (São Paulo. Online), v. 33, p. 408-422, 2014. 4 MOLERO, X. ENIAC: una máquina y un tiempo por redescubrir. Actas de las XIX Jornadas de Enseñanza Universitaria de la Informática - JENUI 2013, p. 241– 248, Castellón, 2013. 5

MOLERO, X. Del ENIAC, hasta los andares. ReVisión, v. 7, n. 1, p. 35-51, 2014. O ENIAC teve sua primeira operação ligada a produção de cálculos para projetos relacionados a bomba atômica em novembro de 1945, com a utilização de um milhão de cartões perfurados para o registro dos dados. 6 Informações sobre o funcionamento retirados do site Hardware, o Guia Definitivo – O ENIAC. Disponível em: http://www.hardware.com.br/livros/hardware/eniac.html . Acesso em 05/04/2015. 7

Molero, op. Cit., 2014.

8

HAIGH, T. ; PRIESTLEY, M. ; ROPE, C. Engineering 'The Miracle of the ENIAC': Implementing the Modern Code Paradigm. IEEE Annals of the History of Computing, v. 36, n.2, p.41-59, 2014; HAIGH,

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T. ; PRIESTLEY, M. ; ROPE, C. Los Alamos Bets on ENIAC: Nuclear Monte Carlo Simulations, 194748. IEEE Annals of the History of Computing, v.36, n.3, p.42-63, 2014. 9 BULLYNICK, M. ; DE MOL, L. Setting-up early computer programs: D. H. Lehmer’s ENIAC computation. Archive for Mathematical Logic, v. 49, n.2, p.123-14, 2010. ; SHELBURNE, B. J. The ENIAC’s 1949 determination of π. IEEE Annals of the History of Computing, v. 34, n. 3, p. 44–54, 2012. 10

FRITZ, W. B. The Women of ENIAC. IEEE Annals of the History of Computing, v. 18, n.3, p. 1328, 1996; o papel dessas programadoras também é citado, de forma localizada, em SCHWARTZ, Juliana ; CASAGRANDE, Lindamir S. ; LESZCZYNSKI, Sonia Ana Charchut ; CARVALHO, Marilia Gomes de . Mulheres na informática: Quais foram as pioneiras? Cadernos Pagu (UNICAMP), v. 27, p. 255-278, 2006. 11

CORTADA, J. W. The ENIAC’s Influence on Business Computing, 1940s–1950s. IEEE Annals of the History of Computing, p. 26-28, 2006.

12 SANTOS JUNIOR, R. L. A Informática vermelha: uma história do sistema computacional na ex-União Soviética. Ciência Hoje, v. 52, p. 22-25, 2013 ; KIM, J. H. Cibernética, Ciborgues e Ciberespaço: notas sobre a origem da Cibernética e sua reinvenção cultural. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, n. 21, p. 199-219, 2004. 13

KAPORVA, V. B. ; KARPOV, L. E. History of the Creation of BESM: The First Computer of S.A. Lebedev Institute of Precise Mechanics and Computer Engineering. SoRuCom2006, p. 6-19, 2006. 14

RABINOVICH, Z. L. The Work of Sergey Alekseevich Lebedev in Kiev and Its Subsequent Influence on Further Scientific Progress There. SoRuCom 2006, p. 1-5, 2006. 15

Dados biográficos e profissionais de Lebedev podem ser obtidos em MALINOVSKY, B. Pioneers of Soviet Computing (editado por Anne Fitzpatrick). 2a ed., 2010. Disponível em: www.sigcis.org/files/malinovsky2010.pdf (Acesso em 15/04/2015). 16

CROWE G.D.; GOODMAN, S. E. S.A. Lebedev and the Birth of Soviet Computing. IEEE Annals of the History of Computing, v. 16, n. 1, p. 4-24 1994. 17

Crowe, Goodman, op. cit., 1994.

18

FITZPATRICK, A. ; KAZAKOVA, T. ; BERKOVICH, S. MESM and the Beginning of the Computer Era in the Soviet Union. IEEE Annals of the History of Computing, v. 28, n.3, p.4-16, 2006. 19

Crowe, Goodman, op. cit., 1994.

20

Fitzpatrick, Kazakova, Berkovitch, op. cit., 2006.

21

Crowe, Goodman, op. cit., 1994.

22

Maiores informações sobre esse modelo podem ser obtidos em ROGACHYOV, Y. The Origin of Informatics and Creation of the First Electronic Computing Machines in the USSR. SoRuCom2014, p. 2835, 2014. 23

Maiores informações sobre esse modelo podem ser obtidos em ICHIKAWA, H. Strela1, the First Soviet Computer: Political Success and Technological Failure. IEEE Annals of the History of Computing, v. 28, n.3, p. 18-31, 2006. 24

Santos Junior, op. cit., 2013.

25

Santos Junior, op. cit., 2012.

26

HOLLOWAY, D. Stalin e a bomba. Rio de Janeiro: Record, 1997.

27 O partido comunista da URSS chegou a solicitar informações sobre o funcionamento e principais características do ENIAC, pedido esse negado pelo governo estadunidense. Molero, op. cit., 2014.

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