Nova Era: da Pós-modernidade à Era da informação em um click.

June 3, 2017 | Autor: Cassiano Calegari | Categoria: Sustentabilidade, Tecnologia, Racionalismo, Filosofia
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Artigo apresentado à disciplina Fundamentos Filosóficos e Políticos da Sustentabilidade do curso de Mestrado em Direito da IMED.
Advogado, mestrando em direito (IMED). E-mail [email protected]; telefone (54) 9952-6228.
MAFFESOLI, M. Elogio da Razão Sensível. Petrópolis: Vozes, 1998, p. 31.
Termo que faz referência à Rede Social criada pelo Google, "Orkut", que constituiu um grande fator de popularização da internet no Brasil, trazendo o cidadão comum à rede. A expressão passou a possuir um caráter pejorativo por insinuar uma invasão da população de "baixa renda" a um determinado meio.
No original: "One encouraging finding of the report is that R&D funding has continued to expand globally as the result of greater recognition by governments worldwide of the crucial importance of science for socio-economic development. Those developing countries that have progressed fastest in recente years are the ones that have adopted policies to promote science, technology and innovation. Although Africa still lags behind other regions, signs of progress can be found in some countries on the continent, which today represents a growing contributor to the global R&D effort. The continent's mounting contribution to the global stock of knowledge comes as good news – all the more so since Africa is a priority for UNESCO. This progression shows that deliberate, well-targeted policies can make a difference when implemented with commitment and dedication even in difficult circumstances."

No original: Access to a world of infinite information has changed how we communicate, process information, and think. Decentralized systems have proven to be more productive and agile than rigid, top-down ones. Innovation, creativity, and independent thinking are increasingly crucial to the global economy.
No original: there were kids in other parts of the world who could memorize pi to hundreds of decimal points. They could write symphonies and build robots and airplanes. Most people wouldn't think that the students at José Urbina López could do those kinds of things. Kids just across the border in Brownsville, Texas, had laptops, high-speed Internet, and tutoring, while in Matamoros the students had intermittent electricity, few computers, limited Internet, and sometimes not enough to eat.
But you do have one thing that makes you the equal of any kid in the world, Juárez Correa said. Potential.
No original: Everyone is a genius. But if you judge a fish by its ability to climb a tree, it will live its whole life believing that it is stupid.
No original: If you put a computer in front of children and remove all other adult restrictions, they will self-organize around it, like bees around a flower.


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Nova Era: da Pós-modernidade à Era da informação em um click.
Cassiano Calegari


RESUMO: A Pós-modernidade trouxe transformações à lógica racionalista da Era industrial, porém a expansão deste racionalismo permitiu a evolução tecnológica e científica que culminou na Era da Informação. Neste mundo em transição ocorrem transformações nas próprias relações sociais que definem a humanidade, possibilitadas pela evolução tecnológica e criando novos paradigmas para uma sustentabilidade social que leve em conta a equidade e aproximação entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Entender estas transformações constitui um pré-requisito para compreender as influências da evolução tecnológica e do racionalismo na sociedade atual. Esta pesquisa visa elucidar a influencia do racionalismo no mundo informatizado, assim como estudar a influencia da Tecnologia da Informação na construção de um modelo social sustentável para as Nações em desenvolvimento. O método utilizado é o dedutivo e a técnica de pesquisa é bibliográfica
Palavras-chave: Pós-modernidade; racionalismo; tecnologia; Maffesoli; sustentabilidade.

ABSTRACT: The postmodernity brought changes to the rationalistic logic of the Industrial age, yet the expansion of this rationalism allowed technological and scientific developments that culminated in the Information Age. In this transitional world transformations occur in the very social relations that define humanity, such transformations are made possible by technological developments. Understanding these changes is a prerequisite for comprehending the influences of technology and rationalism in the current society.
Keywords: Postmodernity; rationalism; technology; Maffesoli.

Introdução
A humanidade vive em um período de transição para o que é muitas vezes denominado de Pós-modernidade. Assim como todos os grandes eventos históricos, observar esta transição, vivendo seus efeitos, constitui um exercício mais complexo que julgá-la a partir se suas consequências, entretanto, passar a observar as tendências deste novo período é indispensável para definir as escolhas a serem tomadas, a fim de se obter o maior proveito possível desta transição.
Embora o termo Pós-modernidade anteceda a grande revolução tecnológica que ocorreu na década de 1970, com o advento dos computadores pessoais, este evento passou a dar um novo significado ao termo. Desta forma é difícil dissociar a Tecnologia da Informação, abrangendo os computadores pessoais e a internet, das transformações nas relações sociais pelas quais a humanidade vem passando e que caracterizam este novo período.
O presente estudo visa esclarecer algumas das tendências que vêm se formando, analisando, em especial, o posicionamento de Michel Maffesoli e Pierre Lévy sobre as transformações que ocorrem na pós-modernidade e a influência das Tecnologias da Informação e Comunicação nestas, estabelecendo alguns pontos de convergência e discrepância entre os autores.
Também visa elucidar a influencia da Tecnologia da Informação nas relações sociais para o desenvolvimento de um modelo social sustentável visando uma maior equidade e paridade entre seres humanos e nações desenvolvidas e em desenvolvimento.
O método utilizado para tanto é o dedutivo e a técnica de pesquisa é a bibliográfica, partindo-se da análise das influências do racionalismo no período atual, passando por um estudo da influência das Tecnologias da Informação nas transformações das relações sociais.
O dilema do racionalismo na Pós-modernidade
A grande evolução trazida pela pós-modernidade seria a superação do racionalismo em prol de uma nova forma de ver o mundo. A forma instrumentalista de se perceber o planeta e o ser humano, característica da revolução industrial, estaria em decadência em prol de uma nova percepção mais humana (MAFFESOLI, 1998, p. 31).
Esta superação ocorreria em função da incapacidade do racionalismo representar os aspectos sociais que formam o mundo. A sociedade não estaria limitada a conceitos políticos e racionais, como os limites entre as nações, mas a um enorme "emaranhado" de ligações sociais que transcendem as convenções racionais (MAFFESOLI, 2005, p. 161)
Ao se tratar desta transformação, que constitui uma das principais características do que é chamado de pós-modernidade, deve-se ter em mente que ela esta intrinsecamente relacionada com grande a evolução tecnológica pela qual os países Norte Americanos e Europeus passaram durante o século XX. Esta evolução, que possibilitou o transporte de massas através do globo com os voos intercontinentais e a evolução da mídia massiva com o rádio, a televisão e, posteriormente, a internet, representa a espinha dorsal da superação da organização geopolítica moderna.
Tal, faz um contraponto com a posição de Maffesoli, que atribui esta modificação à emergência da natureza hedônica da humanidade, que havia sido suprimida durante a modernidade (MAFFESOLI, 1998, p. 64-65). Esta modificação se deve unicamente à evolução tecnológica, não houve uma mudança da natureza humana, apenas um rompimento com a elite intelectual que monopolizava os meios de comunicação.
Este monopólio se deve ao fato de que até o início do século XX os meios de comunicação de massas (cinema, radio, televisão) eram inacessíveis ao público em geral (em especial devido ao seu alto valor econômico), tornando as elites dominantes as únicas consumidoras de conteúdo e, portanto, o conteúdo produzido deveria ser adequado àquele mercado.
Como desde o início da revolução industrial até a atualidade as elites dominantes passaram de um caráter latifundiário para uma elite intelectual industrialista (mais recentemente direcionado à distribuição da informação), é possível compreender a razão pela qual o conteúdo produzido durante a modernidade possui características essencialmente racionalistas: seu público alvo era o racionalista.
Isso não demonstra, contudo, que havia uma predominância do racionalismo durante a modernidade, mas apenas que o conteúdo resultante desta época (livros, gravações, filmes...) era direcionado à elite dominante racionalista. A população em geral, contrariando os dizeres de Maffesoli, era tão hedônica quanto na Idade Média (MAFFESOLI, 2005, p. 165), não existindo um retorno às raízes arcaicas no que hoje é tido como pós-modernidade, mas apenas uma expansão da mídia de massas, que, no período contemporâneo, é acessível a este público e, assim sendo, direcionada ao hedonismo.
Da mesma forma, existia um monopólio da produção de conteúdo. A criação de uma emissora de rádio ou de televisão no início do século XX se tratava de algo inviável para as massas. Havia, deste modo, uma produção limitada de conteúdo que refletia a elite acadêmica dominante e era direcionada a esta mesma elite, razão pela qual, ao se analisar a produção cultural do período a característica marcante é o racionalismo.
O mesmo pode ser observado na produção medieval da Europa, onde a característica marcante é o caráter religioso, o qual reflete os pensamentos da elite acadêmica medieval, vinculada à igreja. Ao se julgar a idade das trevas, observa-se que a produção acadêmica estava, portanto, essencialmente vinculada a discursos religiosos sem caráter empírico. Isso não determina, entretanto, que não havia outras formas de discussão científica na época, apenas que o conteúdo publicado refletia os interesses da elite dominante do catolicismo.
O grande erro de Maffesoli é incorrer em uma lógica Post hoc ergo propter hoc, uma falácia informal que denota uma conclusão indevida extraída de dois eventos que não possuem uma correlação lógica necessária (GENSLER, 2010, p. 164). Dessa forma, ao caracterizar a Pós-modernidade como um retorno ao arcadismo medieval, Maffesoli está presumindo que a produção cultural da modernidade reflete os interesses da maioria da população, enquanto esta reflete apenas as características da pequena elite dominante da época.
A transformação da predominância do pensamento racional nos meios de comunicação massivos está muito relacionada, na atualidade, à evolução tecnológica. A popularização da televisão marcou a transformação da distribuição de informação para uma forma mais adequada às massas (ou seja, ao seu público alvo) e, portanto, hedônica. Isso determina meramente uma tendência de mercado, de atender ao consumidor da melhor forma possível, seja ele o intelectual racionalista ou o cidadão hedônico.
Um reflexo muito visível desta mudança ocorreu na década de 1990 com a popularização da internet, que deixou de ser uma tecnologia de nicho para atingir um maior público, em grande parte devido à redução do custo dos computadores e a grande simplificação de seu uso (acessibilidade), que ocorreu nos Estados Unidos nas décadas de 1980 e 1990.
Esta expansão do uso da informática convergiu na Web 2.0, que passou a permitir a criação de conteúdo por qualquer pessoa, independente de seu grau acadêmico ou renda (LÉVY, 2010, p. 38). A massificação da criação de conteúdo gerou um evento que veio a ser conhecido como "orkutização", a expansão da participação das classes com um menor desenvolvimento econômico na internet (FELITTI, 2012).
O fenômeno da "orkutização" demonstra claramente o que Maffesoli descreve em seu livro A Transfiguração do Político como a mudança das relações sociais na Pós-Modernidade. Neste período não há mais um monopólio de qualquer elite dominante sobre a produção de conteúdo, a internet permite que qualquer pessoa produza e distribua qualquer forma de informação.
Desta maneira, há uma maior visibilidade do hedonismo social, não existindo mais um filtro da mídia impedindo a expressão das massas, o que gera uma emergência do hedonismo que marca a grande maioria da população, demonstrado hoje nas redes sociais.
Assim, se existe uma característica marcante do que vem sendo chamado de Pós-modernidade, esta é a grande evolução tecnológica que ocorreu ao final do século XX e vem prosseguindo em crescente expansão pelo século XXI. Esta evolução democratizou o acesso e a produção da informação, permitindo que, pela primeira vez na história da humanidade, o cidadão comum participe ativamente na construção dessa história.
Os grandes portais da internet, como o Youtube, Facebook e Twitter estão focados na facilitação do acesso à informação e no incentivo à produção de conteúdo. A expansão desses serviços gera uma inversão do caráter da mídia tradicional (aqui englobadas as redes de telecomunicações), que passou de uma forma de produção de conteúdo para um mero crivo de credibilidade do conteúdo produzido nas novas mídias que habitam o ciberespaço.
Afasta-se o monopólio da informação das grandes editoras e emissoras em prol de uma informação democratizada que constitui um espelho do seu criador, a pessoa comum. Este é o mecanismo que está por traz da mudança observada por Maffesoli, não há uma transformação ou um abandono do racionalismo, mas um crescimento da participação da população alheia a este racionalismo na criação do conteúdo.
A conhecida frase "A história é escrita pelos vencedores", atribuída a Winston Churcill (KHURANA, 2014), demonstra a origem da falácia de Maffesoli. Os vencedores da modernidade foram os empresários, a elite dominante racionalista, enquanto os vencedores do período atual são as massas, às quais foi permitida externar sua voz por intermédio do acesso à tecnologia.
Consequentemente, a expansão desse fenômeno de massificação das interações por intermédio da internet, segundo Lévy, é o que levará à próxima grande transformação geopolítica, culminando no rompimento das barreiras geográficas e emergindo em uma ciberdemocracia planetária (LÉVY, 2010).
Não existe, contudo, um rompimento com o racionalismo, este continua a coexistir com o hedonismo das massas como sempre ocorreu, tão somente, passa a estar restrito ao nicho científico. A razão sensível de Maffesoli não possui espaço nas ciências, onde impera o empirismo.
A sensibilidade para a ciência está no âmbito da metafísica, tratando-se de um dos requisitos básicos do método científico a intersubjetividade dos experimentos. Esta intersubjetividade proíbe constatações científicas contaminadas por convicções ou sentimentos, sob pena de se adentrar o âmbito da metafísica e das tautologias (POPPER, 1980, p. 60-61).
Não é possível existir uma razão sensível, uma vez que, há uma incompatibilidade dos institutos da razão e da sensibilidade. O primeiro trata-se da "faculdade que tem o homem de estabelecer relações lógicas, de conhecer, de compreender, de raciocinar; raciocínio, inteligência." (FERREIRA, 2010); enquanto o segundo constitui a "faculdade de experimentar sentimentos de humanidade, ternura, simpatia, compaixão." (FERREIRA, 2010).
Uma análise lógica e racional não pode se fundar em um sentimento ou uma emoção, sob pena de se tornar metafísica. A razão que é sensível não é razão, mas uma mera especulação ou opinião sem maior embasamento. Nesse sentido dispõe Popper:

Devemos distinguir, por um lado, nossas experiências subjetivas ou nossos sentimentos de convicção, que nunca podem justificar qualquer enunciado (embora possam ser tomados como o objeto da investigação psicológica) e, por outro lado, as relações lógicas objetivas que subsistem entre os vários sistemas de enunciados científicos e no interior de cada um desses sistemas.
[...]
Ora, sustento que as teorias científicas nunca são inteiramente justificáveis ou verificáveis, mas que, no entanto, são testáveis. Direi, portanto, que a objetividade dos enunciados científicos reside no fato de que eles podem ser testados intersubjetivamente.
Kant aplica a palavra "subjetivo" a nossos sentimentos de convicção (de vários graus). 2 Examinar como estes aparecem é a tarefa da psicologia. Eles podem originar-se, por exemplo, "em concordância com as leis de associação".3 Também podem servir razões objetivas como "as causas subjetivas do julgar", 4 na medida em. que podemos refletir acerca dessas razões e convencer-nos de sua persuasão.
Kant foi talvez o primeiro a compreender que a objetividade dos enunciados científicos se liga de perto com a construção das teorias - com o uso de hipóteses e de enunciados universais. Somente quando certos eventos ocorrem em concordância com regras ou regularidades, como no caso dos experimentos repetíveis, é que alguém pode, em princípio, testar nossas observações. Nem mesmo levamos nossas próprias observações muito a sério ou aceitamo-las como observações científicas, até que as tenhamos repetido ou testado. É somente através de tais repetições que nos podemos convencer de que não estamos tratando de uma simples "coincidência" isolada, mas de eventos que, devido a sua regularidade e reprodutibilidade, são em princípio testáveis intersubjetivamente. (POPPER, 1980, p. 17-18)

O que é possível perceber no discurso de Maffesoli em favor de uma razão sensível é a confusão sobre o que se trata o racionalismo. O autor trata deste como uma forma de análise puramente intelectualista e discriminatória que tende a dividir os elementos em dois grupos distintos e opostos, como o "bom" e o "mau" ou o "material e o "imaterial" (MAFFESOLI, 1998, p. 35).
Esta definição, entretanto, não corresponde ao racionalismo, mas a um evento conhecido e estudado por psicólogos nomeado de Splitting. Esta condição consiste de mecanismo de defesa inconsciente do ego que atua especialmente em pessoas com personalidade subdesenvolvida, impossibilitando que esta lide com aspectos que parecem contraditórios de uma mesma coisa ou pessoa.
Dessa forma, tende-se a dividir (Split) em dois grupos distintos, para que os aspectos contraditórios não representem um conflito, como o lado "bom" e o lado "mau". Casos mais graves da condição podem levar ao desenvolvimento de múltiplas personalidades (SIMON, 2011).
Esta tendência de ver o mundo em "preto e branco", portanto, não se trata de uma característica do racionalismo, mas, sim, do oposto, uma característica de um racionalismo malformado. Da mesma forma, essa tendência não é natural da modernidade, mas uma condição que vem acompanhando a humanidade desde a sua formação.
As próprias grandes religiões, como o cristianismo e o islamismo estão construídas sobre os alicerces da divisão de todas as ações e pessoas em dois grupos distintos, os bons (destinados ao paraíso, no caso do cristianismo) e os maus (destinados ao inferno).
A lógica de Maffesoli, que se constrói sobre a necessidade de se alterar a visão classificatória em prol de uma visão orgânica que integre os dois opostos (MAFFESOLI, 1998, p. 37-38), não está incorreta por sua conclusão, mas por sua premissa. Atribuir ao racionalismo a visão classificatória constitui uma falácia, visto que o desenvolvimento dessa tendência de classificação ocorre justamente em indivíduos que se afastam do racionalismo.
Da mesma forma, não ocorre, na atualidade, um retorno ao irracionalismo, mas uma expansão do racionalismo. Cada vez mais os pontos obscuros do universo são iluminados pela ciência, afastando o irracionalismo e a metafísica, e os encurralando em fragmentos de obscuridade cada vez menores.
Um golpe recente, e talvez o mais forte a ser sofrido pela metafísica, foram os experimentos realizados pelos pesquisadores do BICEP2 que corroboram com a teoria do Big Bang ao medir ondas gravitacionais resultantes da contração do universo logo após a ocorrência do Big Bang (BICEP2, 2014).
Darwin, com a teoria da evolução, já havia reduzido em muito o espaço da metafísica para especular a respeito da existência da vida. Pouco mais de século e meio após a publicação de A Origem das Espécies é possível reduzir o espaço de atuação da metafísica para apenas algumas frações de segundo após o Big Bang.
Não há, deste modo, uma redução do racionalismo, que continua em expansão. Uma forte evidência disso esta nos relatórios da UNESCO (United Nations Educatinal, Scientific and Cultural Organization) sobre a ciência, que demonstram uma continua expansão dos financiamento para ciência e, como consequência, do número de cientistas por habitante na grande maioria das nações:

Uma descoberta encorajadora do relatório é que a verba para pesquisa e desenvolvimento mundial continua a expandir como um resultado do maior reconhecimento dos governos ao redor do mundo da importância crucial da ciência para o desenvolvimento socioeconômico. Aqueles países em desenvolvimento que progrediram mais rápido nos anos recentes são aqueles que adotaram políticas para promover a ciência, tecnologia e inovação. Apesar da África ainda demonstrar um atraso em relação às outras regiões, pode-se perceber sinais de progresso em alguns países do continente, que atualmente representam uma crescente contribuição para os esforços de Pesquisa e Desenvolvimento globais. O crescente aumento da contribuição do continente para o nível de conhecimento global vem como boas noticias – especialmente pela Africa ser uma prioridade para a UNESCO. Esta progressão demonstra que políticas deliberadas e bem orientadas podem fazer a diferença quando implementadas com compromisso e dedicação, mesmo em circunstancias difíceis (UNESCO, 2010, p. 7).

O evento que Maffesoli observa, portanto, se trata de um aumento da visibilidade da parcela da população que se encontra fora desta esfera de racionalismo da comunidade científica. Isso não demonstra uma superação ou um declínio do racionalismo, mas, tão somente, que existe uma facilitação do acesso à mídia, permitindo que os meios de comunicação tradicionais possuam um novo público alvo.
Este período chamado de pós-modernidade não demonstra uma superação da modernidade, mas um período de progresso tecnológico que possibilitou uma expansão do acesso e produção da informação, dando uma voz àquela parcela da população que não compõe a elite intelectual dominante que escreveu a história da modernidade.
Por outro lado, o racionalismo continua sua expansão com o aumento nos níveis de escolaridade e no número de cientistas. A ciência, por definição, nunca será compatível com a sensibilidade que Maffesoli propõe e, conforme o conhecimento científico se espalhar pela sociedade, cada vez mais a irracionalidade e a metafísica serão renegadas às periferias do conhecimento humano.
Não se trata de afirmar que o cientista não é sensível ou é capaz de afastar estes sentimentos em sua pesquisa, mas que o caráter intersubjetivo do ciência constitui um crivo para os trabalhos contaminados pelos sentimentos de seu autor. Experimentos tendenciosos são facilmente observados e descartados pela comunidade científica, impedindo que a sensibilidade infecte a ciência, trata-se de um mecanismo de autocorreção.
A ascensão da era da informação
Se há um nome a ser atribuído ao período presente, dentre os mais acertados, estaria o famoso termo era da informação. O início desta era se deu nos primeiros anos do século XX com o a expansão do cinema e do radio, que permitiram uma disseminação sem precedentes de informação.
Será utilizado o termo Era da informação como sinônimo do evento também conhecido como Era digital, Era da computação e New media age. Estes abrangem o período histórico marcado pelo abandono de mecanismos analógicos por mecanismos digitais ocorridos após a "Revolução Digital", que teve inicio entre as décadas de 1950 e 1970, culminando com a criação da World Wide Web (HUMBERT, 2007).
Utilizando tecnologias da informação e comunicação (TIC) as pessoas passaram a acompanhar em tempo real eventos que ocorriam a distâncias que, outrora, sequer poderiam ser percorridas no tempo de suas vidas. Esta massificação, ao mesmo tempo que permitiu uma aproximação da humanidade, passou a gerar um sentimento de impotência frente à proporção dos eventos que o cidadão comum passou a observar (DUPAS, 2006, p. 11).
Toda esta construção se deu sobre as bases do racionalismo, sendo um resultado direto do crescente desenvolvimento tecnológico que teve origem com o iluminismo. O mundo, com o criação e expansão da internet, passou a ser um espaço único, onde as distâncias físicas não representam mais que o atraso de alguns milissegundos no envio dos dados.
Esta realidade deu origem à "pós-modernidade" de Piérre Lévy, um mundo onde as fronteiras geográficas possuem uma influência cada vez menor na vida do cidadão, que se relaciona com o mundo todo, possibilitando-se, assim, a criação do que o autor denomina de "ciberdemocracia planetária".
Nesse ponto as ideias de Lévy e Maffesoli se aproximam, com a rede orgânica de relações sociais de Maffesoli (MAFFESOLI, 2005, p. 157) e o mundo conectado por intermédio da internet de Lévy (LÉVY, 2010, p. 204). Embora as visões possuam uma parcela de utopia, elas demonstram uma tendência que tem se construído desde o inicio da massificação da mídia: a expansão das relações sociais a níveis nunca antes imaginados.
A visão de Lévy, embora próxima daquela de Maffesoli, possui um aspecto mais lúcido, dependente da evolução tecnológica e não da mudança do comportamento humano. Para Lévy o ser humano permanece o mesmo, a tecnologia é que passa a permitir que a humanidade se relacione de uma nova maneira, sem a superação do racionalismo, mas em decorrência deste.
Desta forma, o que vem a ser chamado de "pós-modernidade" não pode ser interpretado como uma superação da modernidade e sua racionalidade, sob pena de se incorrer em uma falácia post hoc ergo propter hoc, mas, deve ser entendido como a consequência de um grande progresso tecnológico que passou a possibilitar novas formas de interações sociais, modificando a "malha" da sociedade.
Este evento já vem sendo observado nas Redes Sociais e é uma decorrência direta da Web 2.0, no entanto, transformações vêm ocorrendo dentro dos próprios governos, com a adoção de métodos de e-governo e ciberdemocracia que modificam a própria função do Estado dentro do mundo informatizado (WEERAKKODY e REDDICK, 2013).
As "efervescências lúdicas" que Maffesoli atribui às festas, turismo, festivais, esportes e música não ocorrem mais nestas, mas no ciberespaço, onde há uma aglutinação de seres humanos interagindo, não na magnitude dos milhares, mas dos milhões de pessoas. Os dispositivos móveis possibilitam que se esteja conectado o tempo todo, em qualquer local, interagindo através de redes sociais como o Facebook e Twitter, aplicativos de comunicação como o Whatsapp ou a própria telecomunicação tradicional.
Não é, então, nas festas que ocorre o abandono do "eu", mas a todo o momento em um mundo onde quase todas as pessoas estão conectadas e interagindo ou sendo agentes passivos de interações. Neste mundo ninguém mais pode distanciar-se da humanidade, uma vez que, esta se manifesta através das ondas de rádio que permeiam todos e se comunicam com seus dispositivos móveis, enviando e recebendo informações mais rápido do que a própria voz humana é capaz de transmitir.
Existe, sim, uma sinergia, para utilizar o mesmo termo que Maffesoli, do "'nós' com a tecnologia" (MAFFESOLI, 2005, p. 165), mas esta não ocorre a partir de superação alguma senão das barreiras geográficas e físicas que outrora separavam as pessoas. O fator social da humanidade passa a ser indissolúvel do homem, este socializa durante todas as suas atividades, gerando o que poderia ser o emblema da era da informação, a imagem das pessoas em um restaurante interagindo incessantemente através de seus smartphones e ignorando a companhia que se apresenta à sua frente.
Neste momento se insere o que Maffesoli chama de "laço fetichista com a matéria", em que se observa no consumo a necessidade de aquisição de bens materiais que caracteriza o atual momento histórico (MAFFESOLI, 2005, p. 154). A existência de uma expansão no consumo é muito visível e se manifesta nas infinitas variações de produtos que existem no mercado.
Este "fetichismo" pelo bem material é resultado de dois fatores: (1) A expansão da produção industrial; e (2) o aumento na velocidade do desenvolvimento tecnológico. O primeiro possibilita que sejam produzidos um número de produtos suficientes para suprir a demanda global a um preço baixo ao ponto de possibilitar que estes sejam sistematicamente substituídos. O segundo permite uma evolução tecnológica significativa em um pequeno espaço de tempo de forma a justificar a aquisição de um novo produto.
O maior expoente deste frequente progresso tecnológico, que vem inutilizando os produtos em um curto espaço de tempo, é a Lei de Moore, indicativa do ritmo das evoluções tecnológicas desde a década de 1960. Esta lei determina que o número de transistores dos chips dobre mantendo o mesmo custo a cada período de 18 meses (MOORE, 1965). Ou seja, um aparelho, seja qual for, será substituído por outro com o dobro de sua capacidade de processamento a cada 18 meses.
Este cenário gera uma estratégia de mercado que passou a ser conhecido como "obsolescência programada", muitas vezes atribuído à má-fé das empresas de tecnologia. Esta estratégia consiste em produzir produtos que se tornarão obsoletos rapidamente, resultando na compra de outro produto pelo consumidor para suprir a demanda que gerou a compra do primeiro, maximizando, assim, o lucro da empresa fabricante do produto (THE ECONOMIST, 2009).
A "obsolescência programada" pode ocorrer de três formas, a primeira delas está relacionada à estética do produto, onde a empresa lança, em um curto espaço de tempo, uma nova versão daquele mesmo produto apenas com uma reformulação estética, demonstrando que aquela versão do produto está defasada e, deste modo, obsoleta. A segunda forma está relacionada ao funcionamento do produto, ocorre quando há um curto espaço de tempo entre o lançamento da versão original do produto e uma versão melhorada do mesmo, o que é muito comum em produtos tecnológicos pela atuação da já referida Lei de Moore.
A última forma de "obsolescência programada" trata da qualidade do produto, nesta a empresa fabrica deliberadamente um produto de baixa qualidade que possuirá uma vida útil muito pequena, necessitando, obrigatoriamente, de uma substituição.
Este fenômeno é muito visível na empresa Sul Coreana Samsung, que lança em média um novo smartphone a cada 10 dias, fazendo uso da primeira e da segunda formas de "obsolescência programada" (MARQUES, 2014).
Este grande aumento no consumo é uma consequência do crescente progresso tecnológico, onde investir em produtos que resistirão por um longo período de tempo se torna uma estratégia insustentável, pois sua tecnologia se torna superada em um curto espaço de tempo. Desta forma, foi possível que se criasse um verdadeiro culto à tecnologia, demonstrado nas longas filas de pessoas que se formam no lançamento de novos produtos.
É da natureza humana a empolgação com a novidade, este "laço fetichista" com o material não se trata de um conceito novo, mas apenas da transformação de uma característica da natureza humana, que, devido ao progresso tecnológico, pode ser importada para uma nova esfera. Desde os tempos antigos há relatos de aglomerações de pessoas, seja para presenciar alguns truques de magia e alquimia, até as grandes aglomerações em shows e concertos de música.
As multidões da "pós-modernidade" passam, cada vez mais, a abandonar a novidade das performances artísticas para presenciar as novidades da tecnologia. As filas intermináveis que marcam o lançamento de um novo iPhone por todo o mundo demonstram que o grande evento do mundo moderno está no sentimento de ser o primeiro a experimentar uma nova invenção (ETHERINGTON, 2013).
Nesse contexto se insere o "culto" à tecnologia, bem trazido por Lévy em sua visão do mundo informatizado. Um mundo onde se está sempre conectado e a própria cidade passa a ser um organismo inteligente, com os habitantes participando das deliberações e discussões em prol do bem comum através da internet (LÉVY, 2010).
O autor exemplifica esta força de cooperação que existe na internet ao analisar projetos como a Wikipédia, uma enciclopédia realizada em colaboração com seus usuários, permitindo que qualquer pessoa crie ou modifique o conteúdo estampado em suas "páginas". O descrédito inicial ao conceito da Wikipédia se devia à previsão de que os usuários da internet passariam a destruir o conhecimento ou preencher as páginas com informações falsas, entretanto um evento oposto ocorreu, descrito por Lévy:

Depois de alguns anos de funcionamento colaborativo, vemos que a Wikipédia se transformou em uma das mais importantes enciclopédias disponíveis (de forma gratuita) atualmente e que o esforço propositivo de alguns é muito mais fone do que a energia destrutiva de outros (2010).

Este mesmo evento pode ser observado em um experimento social entre usuários do serviço de transmissão de vídeos Twitch, onde foi permitido que qualquer pessoa controlasse os movimentos de um jogo de Pokemon red ao comentar, em um campo próprio da página, comandos como "A" para pressionar o botão "A", "B", "select", "start" e comandos direcionais para mover o personagem no vídeo. Desta forma, os participantes do projeto enviaram milhares de comandos para o personagem, que os seguia sem discriminação da pessoa que os emitiu, gerando um gigantesco jogo colaborativo onde todos poderiam cooperar para o término do jogo.
Para controlar a desordem no sistema, foi implementado um mecanismo de votos, em que o comando mais votado em um determinado lapso de tempo seria aquele seguido pelo personagem. Desta forma haveria uma chance de que a parcela de usuários disposta a vencer o jogo superasse a parcela disposta a frustrar o progresso.
Este voto ocorria através de um mecanismo que oscilava entre "anarquia" e "democracia", permitindo que os participantes optassem pelos sistemas. Na "anarquia" todos os participante poderiam enviar comandos simultaneamente ao personagem, resultando em uma inundação de ações desconexas que, em geral, impedia o progresso no jogo. Enquanto na "democracia", cada ação a ser realizada pelo personagem seria votada pelos participantes, garantindo que apenas a ação mais votada fosse executada.
A opção por estes sistemas ocorria ao participante comentar "anarquia" ou "democracia" na área de comentários da página. Conforme a maioria optasse por um ou outro sistema, este passava a vigorar determinando as regras do jogo daquele momento em diante.
O experimento contou com a participação de 1.16 milhões de pessoas, divididas em mais de 16 continentes, jogando o mesmo jogo, simultaneamente, e controlando o mesmo personagem (MCWHERTON, 2014). O jogo foi completado em 16 dias, onde foram enviadas 122 milhões de mensagens comandando o personagem (BBC, 2014).
O sucesso deste experimento demonstrou que a maioria dos participantes está interessado em cooperar para um objetivo comum, neste caso, terminar o jogo, sendo que, a voz da maioria é capaz de superar a parcela que objetiva apenas retardar o progresso.
Na era da informação, a comunicação massiva permite níveis de interação nunca antes vistos na história da humanidade. Esta nova forma de se comunicar através da internet amplia o alcance das relações sociais, permitindo que se realizem projetos cooperativos em uma escala global. Desta forma, a visão de Lévy sobre uma "ciberdemocracia planetária" se faz parecer menos utópica, especialmente ao ser somada às modificações nas interações sociais observadas por Maffesoli.
Se existe, portanto, uma superação do individualismo como a proposta por Maffesoli, esta se deve ao desenvolvimento tecnológico. Não há uma mudança da natureza humana, que permanece individualista, mas são facilitas as interações sociais, que podem ser realizadas em qualquer lugar e a qualquer momento.
O fetichismo pela tecnologia e a colaboração massiva são as marcas da geração atual, estes permitem que objetivos cada vez maiores sejam atingidos. Olhar para as pirâmides do Egito hoje torna difícil imaginar como elas teriam sido construídas, mas são um monumento, antes de tudo, representando o poder da colaboração de milhares de pessoas para atingir um objetivo comum. A tecnologia atual possibilita que bilhões de pessoas cooperem em um só lugar, a internet, os monumentos que podem resultar desta cooperação são inimagináveis.
A tecnologia como fomento ao "Estar-junto antropológico"
Maffesoli disserta, em seu livro A transfiguração do político, sobre o "estar-junto antropológico" que surge a partir da superação do individualismo como uma consequência de vários eventos sociais da pós-modernidade, dentre eles o já estudado fetichismo pelo material, a tribalização (subdivisão da sociedade em grupos de afinidade) e a expansão dos grandes centros urbanos.
Estes fatores se somam para gerar uma necessidade de socialização e integração em que o individuo é compelido a fazer parte de um grupo, conforme o autor:

Em suma, por participar do mundo natural, o dos objetos, comungo com o outro, o «eu» cede lugar ao «nós», a distinção inverte-se em viscosidade, a critica do mundo como ele é se toma afirmação da existência e, enfim, o ativismo tende a deslizar para a impassibilidade. Tudo isso caracteriza, entre outras coisas, o ar do tempo, em que o indivíduo, na sua identidade, sexo, ideologia, profissão, relações institucionais (familiares, conjugais, partidárias), não tem mais a certeza de antes, mas tenta buscar refúgio nos grupos restritos, nichos da segurança não mais concedida pela identidade. (MAFFESOLI, 2005, p. 165)

No entanto, na sociedade pós-moderna não há mais o individualismo que se observou na estrutura moderna, mas uma prevalência do "nós" sobre o "eu". Isso se manifesta através da busca pela interação social e da pertença a grupos distintos.
O que se observa no período atual é esta primazia do "nós", mas que adquire outra origem relacionada à evolução tecnológica, mais especificamente à Web 2.0. A internet móvel permite que se esteja permanentemente conectado a outras pessoas através das Redes Sociais, esta conexão constante fomenta a necessidade de se relacionar característica do ser humano.
Relacionamentos e colaboração passam, na sociedade informatizada, a transcenderem qualquer barreira espacial, não sendo mais necessários centros de agregação ou "desculpas" para se socializar. Os shows e eventos esportivos trazidos por Maffesoli como exemplos desta necessidade de interação cedem espaço aos Smartphones com seus aplicativos e acesso às Redes Sociais.
As praças a partir das quais as cidades medievais eram projetadas e construídas, para servirem como centro de integração e comércio, cedem lugar a uma gigantesca praça "ciberespacial", onde todos podem estar a qualquer momento, independente do seu local no mundo físico. Nesta praça são possíveis interações entre milhares de pessoas simultaneamente sem que haja a exclusão de um agente pela sua distância do locutor, havendo uma inclusão massiva outrora impossibilitada pelas leis da física.
O "estar-junto antropológico" se manifesta sobre estas relações gerando a necessidade de se pertencer a uma rede social e a um ou diversos grupos específicos, nos mesmos moldes das tribos trazidas por Maffesoli. Cria-se uma necessidade de interação generalizada que não atinge apenas a pessoa que frequenta um show ou um evento esportivo, mas a toda a humanidade por intermédio dessa praça "ciberespacial" que permite tanto o caos das conversas em grandes grupos quanto a tranquilidade e privacidade de uma interação entre duas pessoas.
A necessidade de pertencer a um grupo, que Maffesoli denomina de "fobia da separação", se transforma na necessidade de estar conectado, e o antissocial passa a ser o excluído tecnológico. Na era da informação não existem mais esferas ou facetas de cada pessoa como a divisão entre vida profissional e pessoal, mas apenas uma aglutinação de todas essas relações no que torna cada um único.
Esse contexto tecnológico demonstra a "realidade relativa" do indivíduo de Maffesoli:

Equivale a dizer que o indivíduo é uma realidade relativa, nos dois sentidos do terno; realidade relativizada por outros e que põe em relação com outros, pressuposto de uma realidade arcaica, no sentido etimológico do termo, uma realidade que serve de suporte.
[...]
A pessoa sempre supera os limites nos quais se quer encerrá-la; certo, ela tem um sexo, uma ideologia, uma profissão, mas, ao mesmo tempo, ultrapassa, amplamente, as diversas características desse sexo, dessa ideologia, dessa profissão. Trata-se de um processo em ampliação na atualidade, mas que certamente se explica pelo enraizamento no «ser pré-individual», no ser arcaico. (MAFFESOLI, 2005, p. 165-166)

Deste modo, o indivíduo deixa de ser o empregado "X" para se tornar uma entidade complexa, com uma vida pessoal com talentos e gostos distintos que transcende a faceta profissional ou pessoal. Isso se torna visível através das Redes Sociais, que publicam a complexidade do emaranhado de relações sociais que constitui a vida do ser humano.
Deixa de existir uma divisão entre a vida pessoal e a vida profissional, é impossível regressar à visão capitalista pura de funções distintas e separação absoluta entre as esferas. O empregador e o empregado ou o professor e o aluno não vestem mais máscaras quando ingressam em sua função, mas utilizam apenas "ternos transparentes" que não protegem a "nudez" da informação que transita pelo ciberespaço.
Passa-se a perceber que o empregador não é o capitalista "frígido" interessado apenas na obtenção de lucro, mas uma pessoa com família, filhos e amigos. Da mesma forma o empregador passa a observar que seus empregados não são apenas mão de obra, mas seres complexos com uma conteúdo emocional e que os reflexos da atividade profissional extrapolam o horário de trabalho e repercutem na vida toda do ser.
O "eu" passa a não ser apenas aquele individuo, mas a soma de todas as relações e reações da sociedade com ele. Passa a ser impossível ser apenas mais uma pessoa ou passar desapercebido, pois todo o conteúdo de cada um passa a acompanhá-lo através do link com o seu perfil no ciberespaço.
O viver em um mundo informatizado é como se todas as pessoas andassem com uma "mochila transparente" nas costas o tempo todo, onde estão todas as referências de suas vidas, fotos de amigos e família, currículo, opiniões e ideologias. Sendo que, qualquer pessoa que transitar ao lado pode observar todo o conteúdo da mochila do transeunte sem abri-la ou pedir permissão ao seu proprietário.
Preconceitos, fobias e falhas de caráter não podem mais ser restringidas ao âmbito pessoal. O profissional passa a ter uma exigência de realmente ser o profissional, não bastando apenas aparentar esta condição por 40 horas semanais. Um comentário indevido em uma Rede Social pode resultar em uma demissão em um mundo onde tudo e todos está conectado (VEJA, 2010).
O "estar-junto antropológico" de Maffesoli se transforma em um "estar-conectado antropológico", que abrange a necessidade de socialização e pertença à necessidade compulsiva de monitoramento da vida virtual. Característica dos tempos contemporâneos que pode ser observada na necessidade de se conferir os perfis de Redes Sociais e contas de e-mail frequentemente.
A necessidade de se pertencer a um grupo, ou uma "tribo" se torna a necessidade de se pertencer a uma Rede Social e, dentro dela, participar de diversos grupos. Estar na Rede Social equivale a estar na "praça", se permitindo socializar de forma ativa ou passiva.
Cria-se, deste modo, uma nova forma de interação, a interação passiva, em que a simples existência do perfil em uma rede social gera um impacto nos outros participantes da rede, que passam a acessá-lo e frequentá-lo, acompanhando as ações do dono do perfil, mesmo que este não esteja agindo ou interagindo com os visitantes. Dessa forma, uma conversa entre duas pessoas pode afetar centenas ou milhares de interlocutores ocultos que presenciam aquele comentário publicado por intermédio da rede.
O ciberespaço deixa de ser um espaço paralelo ao mundo real para tornar-se o principal espaço de vida do homem. Aquele que frequenta o ciberespaço deixa de ser um alienado da sociedade, como ocorria nos primórdios da internet, para se transformar no individuo sociável, enquanto aquele alheio à Rede Social que frequenta o "mundo material" se transforma no antissocial. Essa inversão de valores denota a mudança de caráter do "estar-junto", que não necessita mais que se esteja junto fisicamente, mas apenas que se esteja conectado, permitindo que se interaja, ativa ou passivamente.
Em um mundo conectado, a tecnologia se transforma na religião, esta que possuiu o papel de mecanismo integrador da sociedade, reunindo e fomentando a confraternização das comunidades nos "dias santos" cede sua função à Rede Social onde todos os dias são "dias santos". O culto à entidade religiosa cede espaço ao culto à rede, sem a qual o homem moderno desconectado se desespera e sente-se "nu" e impotente, da mesma forma como se sentiu o homem medieval ao ser excomungado.
A sustentabilidade na Era da Informação
A evolução da Tecnologia da Informação modificou profundamente a maneira como as pessoas interagem, mais que isso, alterou a própria forma das relações sociais nos países globalizados. Ao se analisar as construções modernas acerca da sustentabilidade percebe-se que esta transcendeu em muito seu conceito inicial voltado puramente ao aspecto econômico, tratando-se de "uma questão de inteligência sistêmica e de equilíbrio ecológico em sentido amplo. [...] Logo, deve ser material e imaterial concomitantemente à altura do oferecimento científico de respostas concretas, eficientes e universalizáveis" (FREITAS, 2011, p. 56).
Este conceito mais amplo e intrinsecamente ligado à evolução tecnológica, segundo Juarez Freitas, é multidimensional, englobando as dimensões: social, ética, jurídico-política, econômica e ambiental (2011, p. 57). No presente estudo será abordado em especial a dimensão social da sustentabilidade e as influencias da evolução da Tecnologia da Informação sobre ela.
A dimensão social trata de uma vedação a modelos de desenvolvimento excludentes e iníquos conforme Freitas:

De nada serve cogitar da sobrevivência enfastiada de poucos, encarcerados no estilo oligárquico, relapso e indiferente, que nega a conexão de todos os seres vivos, a ligaçãoo de tudo e, desse modo, a natureza imaterial do desenvolvimento (2011, p. 58)

Na mesma obra Freitas trás três aspectos da sustentabilidade social:

(a) o incremento da equidade intra e intergeracional;
(b) condições propicias ao florescimento virtuoso das potencialidades humanas, com educaçãoo de qualidade para o convívio; e
(c) por último, mas não menos importante, o engajamento na causa do desenvolvimento que perdura e faz a sociedade mais apta a sobreviver, a longo prazo, com dignidade e respeito à dignidade dos demais seres vivos (2011, (DAVIS, 2013)p. 60)

Portanto, a sustentabilidade constitui um instituto muito mais amplo que a simples preservação ambiental ou regulação macroeconômica, esta determina diretrizes a serem seguidas para se atingir um ideal das relações humanas, respeitando a dignidade e equidade do homem.
Neste contexto se insere a Tecnologia da Informação, permitindo a comunicação em massa através do ciberespaço onde todos os usuários se resumem a um endereço de IP, sem classes sociais ou raças, em um ambiente onde todos aqueles que podem acessa-lo são iguais.
Se, por um lado, esta visão pode parecer um ideal de equidade, este beneficio ainda é oferecido a uma pequena parcela da humanidade, que possui rendimentos suficientes para adquirir os caros aparatos para se acessar o ciberespaço, sejam computadores, tablets ou smartphones. Da mesma forma esta se limita a um território reduzido em que ha acesso à rede, concentrado nos países globalizados. Restando prejudicado este ideal de igualdade nos grandes extremos sociais presentes nos países em desenvolvimento.
O que, em primeira análise, pode parecer um movimento vazio limitado aos países que já superaram as grandes dicotomias sociais, se mostra uma ferramenta de integração poderosa e acessível aos países em desenvolvimento se priorizada da maneira correta. Pode-se perceber o potencial da Tecnologia da Informação ao se analisar a experiência de Juárez Correa na escola José Urbina López, na cidade de Matamoros, Mexico, localizada ao lado de um depósito de lixo.
Nesta escola, o professor Juárez Correa passou a aplicar métodos de TI ao ensino, aplicando a lógica de que:

Acesso a um mundo de informações infinitas modificou a maneira como nos comunicamos, processamos informação e pensamos. Sistemas decentralizados se provaram mais produtivos e ágeis do que os rígidos sistemas hierárquicos. Inovação, criatividade, um pensador independente é cada vez mais crucial para a economia global. (tradução livre) (DAVIS, 2013)

Implementando esta filosofia, em 21 de agosto de 2011, no inicio do ano letivo, Juarez dividiu as classes de seus alunos em pequenos grupos, permitindo que aprendessem apenas o que fosse de seu interesse e lhes disse:

[...] existem crianças em outras partes do mundo que conseguem memorizar centenas de decimais do pi. Elas conseguem escrever sinfonias e construir robôs e aviões. A maioria das pessoas não pensaria que os estudantes da José Urbina López poderiam fazer esse tipo de coisas. Crianças logo do outro lado da fronteira [dos México com os EUA] em Brownsville, Texas, tem laptops, internet de alta velocidade e tutores, enquanto em Matamoros os estudantes tem eletricidade intermitente, poucos computadores, internet limitada e as vezes nem o suficiente para comer.
Mas vocês tem uma coisa que os torna iguais a qualquer criança no mundo. Potencial. (tradução livre) (DAVIS, 2013)

Os resultados foram rápidos e positivos, dentro de apenas nove meses alguns dos alunos de Juárez já estavam entre no topo do ranking mexicano em matemática e estudo da linguagem (DAVIS, 2013). O que Juárez fez foi alterar o modelo educacional reconhecendo que as pessoas não vão mais à escola para buscar a informação, da mesma forma muita informação aprendida acaba sendo desperdiçada por um mercado que exige especialistas e não "clínicos gerais".
Ao incentivar que os alunos, mesmo de uma escola da periferia, possuam seus próprios interesses e identidade acadêmica, Juárez permitiu que este focassem apenas naquilo que lhes é mais relevante, aprimorando sua produtividade e os adequando melhor ao mercado. Aqui insere-se a frase normalmente atribuída a Albert Einstein "Todos são gênios. Mas se você julgar um peixe pela sua habilidade de subir em arvores, ele vai passar a vida inteira acreditando ser estúpido" (O'TOOLE, 2013), o que leva ao questionamento: Quantos gênios em física deixaram de florescer por reprovar em uma prova de literatura ou geografia?
A iniciativa de Juárez é baseada nos trabalhos de Sugata Mitra, que em 1999 era chefe do departamento cientifico de uma empresa de Software em Nova Délhi. O escritório de Sugata estava localizado ao lado de uma favela, ele resolveu um dia colocar um computador no muro que separava o seu escritório da favela, ligando-o e assistindo o que ocorreria quando as crianças da favela entrassem em contato com o equipamento.
Rapidamente, as crianças passaram a utilizar o computador, compreendendo seu funcionamento com naturalidade. Sugata então prosseguiu com experimentos mais ambiciosos que culminaram em um estudo publicado em 2010, em que o cientista carregou um computador com diversos materiais sobre biologia molecular e o instalou em Kalikuppam, uma vila no sul da Índia. Para o experimento, selecionou um grupo pequeno de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos e lhes disse que havia algo muito interessante naquele computador e que eles poderiam dar uma olhada (DAVIS, 2013).
Nos 75 dias que se seguiram, as crianças descobriram como utilizar o computador e passaram a aprender o material contido nele. Quando Sugata retornou, ele aplicou uma prova escrita de biologia molecular às crianças que acertaram uma em cada quatro questões. Após outro período de 75 dias, uma nova prova foi aplicada e as crianças acertaram metade das questões. Sugata então concluiu: "Se você colocar um computador na frente de crianças e remover todas as outras restrições de adultos, eles irão se auto organizar em torno disso, como abelhas em torno de uma flor" (Tradução Livre) (DAVIS, 2013).
Em 2013 Sugata recebeu um investimento de um milhão de dólares do TED para realizar seu trabalho, resultando na abertura de sete escolas "na nuvem", cinco na Índia e duas no Reino Unido. As escolas indianas tratam-se de uma sala, sem professores, currículo ou separação por idade, possuem apenas seis computadores e uma funcionária para tomar conta da segurança das crianças. Ha também um grupo de professores britânicos que se comunicam com os alunos por Skype, encorajando-os a buscar novos assuntos, mas as crianças poderão "desliga-los" a qualquer momento.
O argumento de Sugata é que a revolução da informação possibilitou uma nova forma de aprendizado que não era possível anteriormente. Nesse sentido, é possível aplicar estas novas experiências em países em desenvolvimento, cuja educação normalmente é limitada pela disponibilidade de professores capacitados, reduzindo os custos de manutenção das escolas e permitindo um maior aproveitamento e adequação dos alunos às exigências do mercado.
Portanto, a Tecnologia da Informação criou novas soluções para os problemas de desigualdade social, desenvolvendo um espaço onde todos podem dialogar como iguais (ciberespaço) e novas formas de aprendizado que permitem transcender as barreiras educacionais entre os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento.
No sentido oposto, pode-se argumentar que a informatização gera a famigerada "exclusão digital", uma marginalização da parcela da sociedade sem acesso ou conhecimento técnico para existir no ciberespaço. Esta exclusão constitui um dos tópicos mais controversos da Era da Informação, ainda se esta tentando determinar sua real abrangência, conforme demonstram as diversas chamadas realizadas pela União Europeia por pesquisas acerca de métodos de inclusão digital, em especial no âmbito de serviços públicos.
O ponto de controvérsia estaria no questionamento de que se esta exclusão é maior ou menor do que benefícios includentes da Tecnologia da Informação. É comum que exista um otimismo exagerado ap s uma revolução do conhecimento humano, entretanto deve-se analisar a Tecnologia da Informação de uma forma "sóbria", compreendendo que não se trata da cura para todos os males, mas de uma ferramenta muito importante para reduzir algumas desigualdades sociais do período atual.
Conclusão
A compreensão do que seria a Pós-Modernidade se modificou com a popularização da tecnologia, em especial da internet. Os fenômenos sociais observados a partir do Século XXI passaram a depender do contexto cibernético para serem compreendidos.
Na Era da informação as interações sociais ocorrem na velocidade da luz, através fótons e pulsos eletromagnéticos enviados através de fibra-ótica e cabos de cobre. Não são mais vistas as grandes aglomerações observadas por Maffesoli e características do final do Século XX, mas uma redução da importância das grandes mobilizações físicas em prol das grandes mobilizações virtuais.
Neste período, ainda é presente uma expansão do racionalismo, através da evolução e popularização da ciência, entretanto, também é presente o hedonismo, marca do cidadão comum, alheio à compreensão técnica da ciência. Este racionalismo não afasta a interação nem o hedonismo, mas o complementa, permitindo revoluções científicas e tecnológicas que encantam toda a humanidade.
O racionalismo permite a tecnologia, que passou a ser o culto do cidadão pós-moderno. Desde antes da World Wide Web o homem já se reunia em frente à sua televisão ou rádio para presenciar, indiretamente, as grandes revoluções científicas, como a chegada do homem à lua. Hoje este mesmo homem se posiciona em frente ao seu computador acompanhando feeds no Twitter sobre a chegada de um veículo robótico a Marte.
Embora o homem comum não compreenda os segredos do universo, os experimentos que corroboram com a teoria do Big Bang ou o funcionamento da Teoria das Cordas, este observa e comemora através das Redes Sociais cada proeza da ciência, devidamente traduzida para termos leigos pela mídia.
O mundo continua sendo racional e a ciência continua determinando o rumo da humanidade como ocorreu na modernidade. A grande diferença não está no homem, mas no que a tecnologia possibilitou que ele faça.
A Era da informação permitiu que o homem comum tenha uma voz e que manifeste o hedonismo da vida cotidiana por meio dela. Não são mais apenas as elites que tem acesso à produção de conhecimento, permitindo que o "João Ninguém" ou o "Homer Simpson" deixe suas marcas, mesmo que modestas, na história da humanidade.
O reflexo deste poder ocorre na própria estrutura das relações sociais. Da mesma forma que a tecnologia permitiu que o homem comum assistisse e participasse dos grandes eventos mundiais, esta também modificou a forma como ele interage.
As relações sociais passaram a ocorrer dentro de uma Rede Social, que passou a constituir a própria sociedade. O espaço das interações não é mais físico, mas um meio virtual onde uma grande parcela crescente da humanidade se encontra para interagir, mas onde o custo desta interação é um registro permanente de todos os atos, gostos e escolhas que cada ser humano informatizado realizou durante a sua vida.
Deixa de ser necessário conversar com uma pessoa para conhece-la, bastando uma visita de alguns minutos a um perfil em uma Rede Social ou uma breve pesquisa em um dos grandes portais de informação. Neste meio todos estão "nus", nadando em um "mar" de ondas de rádio, interagindo ou sendo alvo de interações.
As transformações nas relações sociais que Maffesoli observou vieram a se expandir com a evolução tecnológica e o culto à tecnologia. Assim como a visão de Lévy da sociedade informatizada demonstra o potencial da informação quando direcionada para a democratização e expansão das interações sociais.
Da mesma forma como o homem do inicio do Século XX jamais poderia imaginar a vida como é hoje no Século XXI, não é possível prever o destino da Pós-modernidade. Todavia, ao se observar as transformações sofridas a partir da década de 1970 e o poder de cooperação demonstrado pela Wikipedia e no Twitch play's Pokemon, é possível perceber que a tendência da colaboração massiva é o progresso em direção à democracia e a realização de grandes feitos "faraônicos".
Sugerir a criação de uma enciclopédia gratuita através da cooperação de centenas de milhares de pessoas para compilar uma quantidade de conhecimento nunca antes armazenada em apenas um local, provavelmente seria visto como uma utopia ou loucura para aquele homem do início do Século XXI. Da mesma forma, seria inimaginável um mundo onde todas as pessoas podem se comunicar livremente independente da sua localização geográfica, onde não existissem barreiras geográficas nem pol ticas.
A evolução da Tecnologia da Informação modificou o tecido das relações sociais, transformando profundamente a abordagem frente à desigualdade social. O ciberespaço representa a arena da equidade, enquanto as novas tecnologias, movidas pela internet, transformam e universalizam o acesso à informação. O que outrora precisava ser memorizado, hoje esta ao alcance de alguns toques na tela de um smartphone, desenvolver um novo sistema social e educacional que englobe estas mudanças constitui o "pote de ouro" da Era da Informação.
Os casos estudados, de Juárez Correa e Sugata Mitra demonstram o potencial da aplicação de métodos de TI na educação, permitindo o aprimoramento de institutos que seguem um modelo medieval para desenvolver de forma mais eficiente o potencial humano. Esta aplicação constitui uma forma muito mais eficaz e barata de educar crianças, permitindo uma aproximação entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, já que professores e infraestrutura acadêmica deixariam de ser determinantes.
A sustentabilidade incorpora a aplicação de novas tecnologias de forma eficiente, visando o maior retorno com o menor impacto. Nesse sentido a Tecnologia da Informação "anda de mãos dadas" com uma sociedade sustentável, permitindo uma maior eficiência das relações sociais com um menor impacto humano negativo.
Dadas as ferramentas corretas, o poder da humanidade é imenso. As transformações sociais da pós-modernidade constituem apenas os primórdios do que pode ser atingido ao se possibilitar a cooperação em massa.
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