NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO: EXPERIÊNCIA DE USO DO SMARTPHONE COMO RECURSO DIDÁTICO

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NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO: EXPERIÊNCIA DE USO DO SMARTPHONE COMO RECURSO DIDÁTICO Lucas MenBenatti (UEM) Milena Beatriz da Silva (UEM) Odonias Santos de Souza Junior (UEM) João Paulo Baliscei(UEM) [email protected]

Resumo O presente resumo é resultado de reflexões acerca da intervenção pedagógica em espaço não formal, desenvolvida durante a disciplina de Estágio Supervisionado em Artes Visuais II, em parceria com o Programa Florescer, entidade que atende crianças e adolescentes de escolas públicas. A proposta envolveu a apresentação de conhecimentos relacionados à fotografia e práticas fotográficas tomando o smartphone como recurso didático. Desta forma, a partir de nossas experiências, buscamos refletir sobre os desdobramentos e interferências no ensino, relacionados ao uso de novas tecnologias no ambiente escolar. Como resultado busca-se demonstrar que a inserção do smartphone nas salas de aula, desde que explorada da forma orientada, pode resultar em eficiente recurso pedagógico. Palavras-chave: Educação. Ensino de Arte. Estágio Supervisionado. Introdução Este

estudo

se

traceja

sob

as

experiências

vividas

enquanto

estagiários/docentes em formação do curso de Artes Visuais da Universidade Estadual de Maringá/UEM, durante a disciplina de Estágio Supervisionado II. Ao nos inserir em campo1 e entrarmos em contato direto com adolescentes e préadolescentes, fomos apresentados a uma realidade marcada pelo uso da tecnologia, mais especificamente, pelo uso constante do smarphone2, objeto cuja presença e uso ainda são controversos em ambiente escolar.

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Este estudo/intervenção foi realizado em um programa intitulado Florescer, mantido pelo Grupo G10 e que atende crianças e adolescentes das escolas públicas de Maringá em contra turno a escola. 2 Smartphone pode ser traduzido para o português como telefone inteligente. O termo é utilizado para distingui-lo dos aparelhos celulares com funções limitadas que geralmente cumprem apenas tarefas, que hoje em dia, são tidas como “básicas”. Os smartphones ao contrário, possuem uma ampla gama de funções e programas que vão desde o acesso as 1

Não podemos negar o fato de que os smartphones são aparelhos que fazem parte do cotidiano de grande parcela da humanidade na atualidade – não seria diferente no contexto das instituições de ensino - e eles nos apresentam por meio do acesso às mídias digitais, à internet e às funções produtoras de conteúdo (imagem, vídeo e som), modos de captura, reinterpretação e fruição do mundo real abstraído no virtual. Criam-se novas identidades virtuais, novos meios de se estabelecer o contato com o(s) outro(s). O smartphone, enquanto instrumento físico que possibilita a produção e a circulação de mídias e sua fruição através de telas, oportuniza a existência de um jogo que transita entre o material-virtual-material. Ao mesmo tempo em que se parte do real-material para construção virtual, essas mesmas construções virtuais afetam o modo de existir do campo físico, em seus desdobramentos sociais, comportamentais, psicológicos e culturais. A respeito dessas questões, buscamos refletir a partir de estudos e de nossas experiências, sobre os desdobramentos e interferências no ensino, relacionados ao uso do smartphone como recurso didático.

Novas tecnologias no ensino Como salienta Cysneiros (1999), ao tratarmos de novas abordagens de comunicação nas escolas, proporcionadas pelas novas tecnologias, estamos nos referindo às Tecnologias Educacionais. Essas tecnologias, segundo o autor, embora venham para agregar e facilitar em diversos aspectos o cotidiano escolar, não são sinônimos, necessariamente, de qualidade de ensino. Uma série de fatores, como por exemplo, o mau aproveitamento de equipamentos com funções elaboradas apenas para tarefas mais simples, falta de exploração de recursos ou comodismo ocasionado pela valorização do meio e não do conteúdo que deveria estar sendo trabalhado em sala de aula, são apontados pelo autor, como alguns dos motivos do insucesso dessas tecnologias no aprendizado. Neste aspecto, vale ressaltar que a simples presença de bons equipamentos e softwares no ambiente escolar não proporciona efetivamente uma melhor aula. É mídias sociais, a execução de aplicativos que possibilitam acompanhar as cotações das bolsas de valores ou medir batimentos cardíacos.

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necessário que tanto professores quanto alunos aprendam a se apropriar das vantagens oferecidas por tais artefatos. Em nossa experiência docente, tomamos o aparelho celular, o smartphone, enquanto material didático visto a necessidade de ensinar técnicas fotográficas a um número consideravelmente elevado de alunos, que não dispunham de instrumentos profissionais de fotografia. Tomada a sua fácil manipulação e acesso por parte dos alunos e a possibilidade de experimentação e execução de registros fotográficos, nos apoderamos do uso do aparelho celular não como um fim em si, mas como um meio para se atingir o objetivo da proposta didática.

Experiência de uso do smartphone como recurso didático Em nosso presente, observamos o desenvolvimento de uma nova configuração das relações sociais por meio de um instrumento de mediação entre os sujeitos: O smartphone. O desenvolvimento de instrumentos que se colocam na relação entre sujeitos são capazes de alterar toda uma gama do comportamento humano. Como nos apresenta Cysneiros (1999, p.21),

nossa experiência da realidade é transformada quando usamos instrumentos {Ser Humano > (máquina) > Mundo}. Através do instrumento há uma seleção de determinados aspectos da realidade, com ampliações e reduções. A amplificação é o aspecto mais saliente e pode nos deixar impressionados, maravilhados, ao experimentarmos coisas (ou aspectos de objetos conhecidos) que não conhecíamos antes, com nossos sentidos nus. A redução, ao contrário, é recessiva e pode passar despercebida, uma vez que não ocupa necessariamente nossa consciência, impressionada com o novo.

Essas alterações acabam por refletir no nosso modo de produção social e cultural. Essas novas configurações não afetam somente um ponto específico da nossa vida social e obviamente, elas estariam presentes nos espaços educacionais e contribuiriam para a formação de novas configurações no ensino e aprendizagem. Ignorar essa realidade, presente dentro e fora das escolas, seria um equívoco por parte dos professores e demais sujeitos preocupados com os processos educativos.

3

No

desenvolvimento

do

Estágio

Supervisionado,

durante

nossas

observações, antes mesmo de nossa regência, vários foram os momentos em que o aparelho esteve presente durante as práticas educativas ou mesmo nos momentos de recreação, porém, em nenhuma delas de modo “oficializado”. O aparelho celular aparecia como um objeto clandestino, objeto cujo uso "burla" e "transgride" as leis da instituição de ensino e os acordos previamente estabelecidos pelos sujeitos participantes. Podemos visualizá-lo também como um objeto construtor de status, uma vez que nos inserimos em uma sociedade, como salientam Meira e Silva (2013), que estabelecem uma relação direta com o consumo e com objetos que constroem identidades. Mesmo se apresentando como objeto clandestino, de uso proibido, durante nossas observações, diversos foram os momentos em que o celular apareceu e interferiu no espaço da sala de aula, exigindo, por exemplo, que a professora chamasse a atenção dos alunos para o conteúdo que ela trabalhava. Durante nossa regência, quando requisitamos aos alunos o uso proposital do aparelho, de inicio, provocamos uma certa desestruturação nos mesmos, que se viram

perplexos com a nova possibilidade de uso do aparelho que saia da

clandestinidade e ganhava espaço enquanto objeto didático e formador de conhecimento. No decorrer da aula, foi-lhes apresentado uma série de exercícios de práticas fotográficas de acordo com os conceitos abordados (diferenças nos equipamentos, cameraphones, pixel, técnica controle de luz [foto bem exposta, superexposta,subexposta], foco [manual e automático], composição [olhar e analisar], elementos formais [linha, cor, luz e sombra, espaços], etc.). Desta série de conceitos, foram pensadas atividades por meio das quais os alunos deveriam colocar em prática aquilo que aprenderam. Foi solicitado, por exemplo, em uma das atividades, que produzissem uma fotografia de horizonte na horizontal com um elemento em destaque, utilizando sempre a câmera do celular. Como esperado em nosso planejamento, até por uma série de questões de especificidades técnicas, os aparelhos celulares utilizados para a atividade de fotografia apresentavam uma série de limitações. Mesmo assim, dentro das

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condições

do

contexto

pode

atender,

ainda

que

momentaneamente,

as

necessidades didáticas.

Considerações finais A partir destes estudos e de nossas próprias experiências, primeiro de observação e depois de regência, desenvolvidas durante o Estágio Supervisionado, constatamos que apesar de controverso em certos pontos, considerado até mesmo como objeto clandestino, o smartphone, desde que explorado da forma orientada, tendo um objetivo bem estruturado para seu uso, pode ser visto como um eficiente recurso pedagógico, até mesmo pelo fato de lhe ser constituinte a amplitude de funções. Sem a pretensão de finalizar as discussões acerca das mudanças e transformações que afetam não apenas a estrutura educacional, mas toda a gama de relações e construções estabelecidas entre sujeitos inseridos em um modo social voltado ao consumo, muito ainda se tem a pesquisar e discutir a respeito dos efeitos provocados pelo uso do smartphone. Sem fechar as reflexões aqui apresentadas, optamos em concluir esse debate dando abertura a novas problemáticas a serem desenvolvidas: O uso de novas tecnologias efetivamente enriquece as salas de aula? Que identidades estão sendo construídas por esses sujeitos que tomam o objeto como um status? É possível pensarmos na construção de identidades virtuais? Como as relações sociais e educacionais estão sendo transformadas com o uso do aparelho? Como isso afeta a vida escolar? E por fim, como serão as nossas salas de aula do futuro? Referências CYSNEIROS, Paulo Gileno. Novas tecnologias na sala de aula: melhoria do ensino ou inovação conservadora?.Informática Educativa, v. 12, p. 11-24, 1999. Disponível em: . Acesso em: 11 nov. 2016. MEIRA, Mirela Ribeiro; SILVA, Ursula Rosa da. Cultura Visual, ensino da arte e cotidiano: hibridismos e paradoxos. Visualidades, v.11, p. 37-57, 2013. Disponível em: Acesso em: 03 set. 2016. 5

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