\"Novo modelo de debates mostra «vazio da função presidencial»” - Diário Económico

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ID: 62581392

08-01-2016

Novo modelo de debates mostra “vazio da função presidencial” Presidenciais Especialistas apontam o “ridículo” de alguns confrontos e sublinham vantagem de obrigar Marcelo ao “contraditório”. Márcia Galrão [email protected]

Três debates diários durante oito dias e nove candidatos presidenciais - depois da PRESIDENCIAIS recusa de Cândido Ferreira em participar - em confronto de ideias. Um modelo que causou “mais ruído do que esclarecimento”, que valeu mais pelas “réplicas nas redes sociais” do que pelo próprio debate em si e que teve como principal virtualidade “obrigar Marcelo Rebelo de Sousa ao contraditório”. Os especialistas em política e em comunicação ouvidos pelo Diário Económico apontam várias críticas ao modelo seguido e acreditam que os debates serviram muito para mostrar o “vazio da função presidencial”, como notam António Costa Pinto e Vasco Ribeiro, e até para colocar a nu o “ridículo” de algumas candidaturas, como aponta José Gomes André. No entanto, o politólogo Costa Pinto não deixa de sublinhar a importância que os confrontos televisivos tiveram nesta campanha presidencial, em particular, muito por culpa da falta de mobilização dos partidos: “A primeira caracte-

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“Debates são todos a propósito de Marcelo Rebelo de Sousa, mesmo quando ele não está presente. E obrigam o candidato Marcelo ao contraditório”, diz Costa Pinto.

“O vazio do debate vem do vazio da função. Mas os debates contam não pela hora em directo, mas pelas réplicas e notícias que saem depois”, diz Vasco Ribeiro.

rística destes debates é que são todos a propósito de Marcelo Rebelo de Sousa, mesmo quando ele não está presente. E isso tem sido o único aspecto importante de alguns dos debates, porque obrigam Marcelo ao contraditório”. É por isso que acredita que candidatos como Henrique Neto terão ganho alguma notoriedade com as acusações que conseguiram fazer passar ao professor. Com audiências que em alguns casos não ultrapassaram o 1% de ‘share’ (Marisa Matias vs. Maria de Belém na TVI 24, segundo dados da GFK), o politólogo Gomes André diz que isso é fruto de “um debate sobre poderes constitucionais do Presidente que acaba numa discussão de currículos, orientações ideológicas, que não é esclarecedor e acaba por ser maçador”. Mas Vasco Ribeiro, investigador e docente de comunicação política na Universidade do Porto, considera que os debates contam “não pela hora em directo, mas pelas réplicas e notícias que saem depois, hoje mais acrescido pelas redes sociais”. E aponta culpas à falta de interesse da eleição presidencial, não só aos políticos e aos jornalistas, mas também ao cidadão “que constrói opinião com base nos ‘posts’ do facebook e ‘sites’ de informação duvidosa”. Olhando para o que foram os debates até agora, eles têm-se centrado muito em acusações de parte a parte, com os casos BES e Banif no topo das preocupações, mas sobretudo com muita discussão sobre as funções constitucionais do Presidente e aquela que será a atitude de cada candidato perante o Governo de António Costa. À hora de fecho desta edição começava o ‘round’ final dos confrontos, com Marcelo vs. Nóvoa, seguindo-se Marcelo vs. Belém e Nóvoa vs. Belém. ■

Tiragem: 13992

Pág: 14

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 26,00 x 30,53 cm²

Âmbito: Economia, Negócios e.

Corte: 1 de 1

QUATRO MOMENTOS

Neto vs. Marcelo Pactos políticos Num debate vivo e com muitas acusações duras de Henrique Neto, Marcelo foi obrigado a defender o seu passado. “É conhecido por fabricar pactos políticos”, disse Neto, acusando Marcelo de viabilizar três orçamentos de Guterres a troco dos referendos à despenalização do aborto e da regionalização. O candidato da direita disse que a acusação era injusta.

Marisa vs. Belém Ligações ao BES Saúde As ligações de Maria de Belém ao Grupo Espírito Santo Saúde foram usadas pela candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda para atacar a adversária. Marisa Matias acusou Belém de presidir à Comissão parlamentar de Saúde ao mesmo tempo que exercia essas funções” e defendendo que os “cargos públicos devem ser completamente exclusivos”. Belém defendeu-se dizendo que “não são cargos em conflito de interesses”.

Cândido Ferreira abandona o debate Protesto contra o modelo Cândido Ferreira estava “escalado” para um debate com Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Sequeira e Tino de Rans, mas leu uma declaração contra a comunicação social – que, no seu entender, dividiu candidatos de primeira e de segunda – e abandonou o estúdio. Marcelo, que estava à mesa, disse compreender a invectiva e estar disponível para debater com todos.

Marisa vs. Marcelo O embaraço do aborto Marisa Matias não poupou Marcelo Rebelo de Sousa e, na SIC Notícias, obrigou o candidato apoiado por PSD e CDS a justificar-se sobre o referendo a favor da criminalização do aborto que liderou em 1998 e confrontou-o com a garantia de “segurança do sistema bancário”, a propósito do BES, pouco antes do colapso do banco. Marcelo fez o ‘mea culpa’ e reconheceu que a situação não está sob controlo.

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