Novos modelos de Parques Tecnológicos em resposta ao crescente papel das cidades como Habitats de Inovação: perspectivas da América do Sul

July 6, 2017 | Autor: Roberto Spolidoro | Categoria: Desenvolvimento Regional E Urbano, Habitats de Inovação
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V.12 Março 2014

Tradução de artigo apresentado na 30th IASP World Conference on Science and Technology Parks:

New models for Science and Technology Parks in response to the growing role of the cities as Innovation Habitats: perspectives from South America Written by 62 co-authors from Brazil, Argentina, Colombia, and Paraguay

30th IASP World Conference on Science and Technology Parks IASP – International Association of Science Parks and Areas of Innovation, Recife, Brazil, 2013

--------------------------------------------------------------Novos modelos de Parques Tecnológicos* em resposta ao crescente papel das cidades como Habitats de Inovação: perspectivas da América do Sul Escrito por sessenta e dois coautores do Brasil, Argentina, Colômbia e Paraguai

30ª Conferência Mundial de Parques Tecnológicos da IASP IASP – Associação Internacional de Parques Tecnológicos e Habitats de Inovação, Recife, Brasil, 2013

--------------------------------------------------------------* Observação do tradutor: A locução “Science and Technology Parks” foi traduzida por “Parques Tecnológicos”, que engloba a categoria dos Parques Tecnológicos Empresariais e a dos Parques Científicos Vinculados a Universidade (ou a Instituição de Ciência e Tecnologia). Essas categorias são conceituadas neste artigo. Para citar esta tradução: SPOLIDORO, R. et al. (sixty-two co-authors) New models for Science and Technology Parks in response to the growing role of the cities as Innovation Habitats: perspectives from South America, Proceedings of the 30th World Conference on Science and Technology Parks, International Association of Science Parks and Areas of Innovation - IASP, Recife, Brazil, 2013, Tradução em português por SPOLIDORO, R., 2014.

Para citar o artigo original, disponível em: http://inhalt.com.br/portodigital/Workshop5speaker4ROBERTO(SPOLIDORO)BRA.pdf SPOLIDORO, R. et al. (sixty-two co-authors) New models for Science and Technology Parks in response to the growing role of the cities as Innovation Habitats: perspectives from South America, Proceedings of the 30th World Conference on Science and Technology Parks, International Association of Science Parks and Areas of Innovation - IASP, Recife, Brazil, 2013.

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Novos modelos de Parques Tecnológicos em resposta ao crescente papel das cidades como Habitats de Inovação: perspectivas da América do Sul Autores (Obs: Esta relação de autores foi mantida conforme consta na versão original do artigo) SPOLIDORO, Roberto; researcher on Innovation Habitats, former adviser to Brazilian Ministry of Science, Technology and Innovation; former researcher of Centro de Pesquisa e Desenvolvimento CPqD – Campinas, CEO of NEOLOG Consulting Ltd.; Brasília, Brazil; [email protected] ABELÉM, Antônio; Professor, Federal University of Pará, President of Fundação de Ciência e Tecnologia Guamá; Guamá Science and Technology Park; Belém, PA, Brazil: www.pctguama.org.br ACOSTA, Jaime Puertas; Researcher on innovative regional and national development; Bogotá, Colombia ALVES, Alexandre F.; Professor, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brazil: www.pce.uem.br ARANHA, José A. S.; Director of Genesis Institute; adviser to Rio de Janeiro Pontifical Catholic University Science and Technology Smart Region; Rio de Janeiro, RJ, Brazil: www.puc-rio.br ARAÚJO FILHO, Guajarino; Coordenador, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Inovação, Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica – FUCAPI; Manaus, AM, Brazil: www.fucapi.br AUDY, Jorge L. N.; Professor and Vice-Rector, Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul PUCRS, former Director of TECNOPUC (PUCRS Science and Technology Park); Porto Alegre, RS, Brazil: www.pucrs.br BARON, Rosane; Physician, consultant on innovative development processes, NEOLOG Consulting Ltda.; Brasília, Brazil BELACIANO, Mourad; Physician, Professor, University of Brasília, coordinator of the Science and Technology Park on Health project; Brasília, DF, Brazil BERMÚDEZ, Luís A.; Professor and Pro-Rector of Planning, Universidade de Brasília; former Director of CDT- Center for Development of Technology, former Director of University of Brasília Science and Technology Park; Brasilia, DF, Brazil: www.unb.br BORBA, Marcelo L.; Director, Parque de Inovação Tecnológica Joinville e Região, Inovaparq (Joinville Regional Park for Technology Innovation); Joinville, SC, Brazil: www.inovaparq.com.br BORDEAUX-REGO, Antonio C.; Director of Innovation, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento – CPqD; Polis de Tecnologia (CPqD Research Park); Campinas, SP, Brazil: www.polisdetecnologia.com.br BUENO, Carmem S. C; Researcher, Project Manager, Center for Strategic Studies and Management in Science, Technology and Innovation (CGEE); Brasília, DF, Brazil: www.cgee.org.br CASAGRANDE, Marcos A.; Vice-President, Sindicato das Empresas de Informática do Rio Grande do Sul – SEPRORGS; Porto Alegre and Caxias do Sul, RS, Brazil: www.seprorgs.org.br COLLERE, Vanessa de O.; Director, Parque Inovação Tecnológica Joinville e Região - Inovaparq (Joinville Regional Park for Technology Innovation); Joinville, SC, Brazil: www.inovaparq.com.br CORDEIRO, Heraldo; Physician, researcher, technical coordinator of the Science and Technology Park on Health project; Brasília, DF, Brazil DE GREGORI, Diogo; Executive Superintendent, Agência de Desenvolvimento de Santa Maria – ADESM; Santa Maria, RS, Brazil: www.adesm.org.br ENRIQUEZ, V. Gonzalo; Professor, Director of Innovation Unity, Federal University of Pará - UFPA; Belém, PA, Brazil: www.universitec.ufpa.br FARIA, Reginério S.; Researcher, Minas Gerais Agriculture Research Company - EPAMIG, Professor, Uberaba University; Adviser to Uberaba Technology Park; Uberaba, MG, Brazil: www.epamig.br FELIX, Júlio C.; Director-President, Instituto de Tecnologia do Paraná; Curitiba, PR, Brazil, http://portal.tecpar.br FERREIRA, Olivério M.; Professor, Universidade FEEVALE (Vale do Sinos Community University), President of VALETEC Park (Parque Tecnológico do Vale do Sinos); Campo Bom, Novo Hamburgo and other municipalities, RS, Brazil: www.valetec.org.br FREITAS, Sebastião; consultant on innovative development processes; Maringá, PR, Brazil. FURLAN, Sandra A.; Professor and Rector, Joinville Region Community University - Univille; Joinville and other municipalities, SC, Brazil: www.univille.edu.br GALIAN, Carlos E.; Professor, Universidad Nacional de Misiones; Director, Misiones Technology Park Foundation, Parque Tecnológico Misiones; Deputy Secretary of Science, Technology, and Productive Innovation of Misiones Province; Posadas, Argentina: www.ptmi.org.ar 2

GÁMBARO, Edgardo; President of the Federación Argentina de Parques Industriales, associated to Argentinean Chamber for Middle Size Companies; President of the Unión Industrial del Oeste; Director del Ente de Promoción Industrial Buenos Aires – Morón (promotor del Parque Industrial La Cantábrica); Moron, Provincia de Buenos Aires, Argentina: http://redcame.org.ar/home GODINHO, Marco J. de F.; Adviser to Espirito Santo Science and Technology Park; Vitória, ES, Brazil: www.cdvitoria.com.br GUARITÁ NETO, Luiz; former elected mayor of Uberaba (1993-1996), one the founders of the Uberaba Technology Park in 1993; President of the Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba – CODAU: http://serv1.codau.com.br HAMERA, André A.; Adviser to Pato Branco Technology Park, to Pato Branco Technopolis, and to Argentina-Brazil Binational Technology Park Posadas/Misiones - Pato Branco/Paraná; Pato Branco, PR, Brazil: www.pbtec.org.br HAUSER, Ghissia; Deputy Secretary of Science, Technology and Innovation of Rio Grande do Sul State; Porto Alegre, RS, Brazil: www.sct.rs.gov.br KALLÁS, Elias; Professor, Instituto Nacional de Telecomunicações - INATEL; adviser to Santa Rita do Sapucaí Technology Pole; Santa Rita do Sapucaí, MG, Brazil: www.inatel.br LAHORGUE, Maria Alice; Professor, Economy Sciences Department, Federal University of Rio Grande do Sul; Porto Alegre, RS, Brazil: www.ufrgs.br LATTMANN, Júlio C. H.; President of Pato Branco Technopolis Association, Pato Branco Technology Park; Pato Branco, PR, Brazil: www.pbtec.org.br LICHOWSKI, Luis E.; Professor and Rector, Universidad Gastón Dachary; Posadas, Misiones, Argentina: www.dachary.edu.ar LOBÃO, Marcos W. N.; President, Sergipe Technology Park, Aracaju, SE, Brazil: www.sergipetec.org.br LOTUFO, Roberto A.; Coordinator, Universidade de Campinas (UNICAMP) Innovation Unity; Campinas, SP, Brazil: www.inova.unicamp.br MARQUES, Maria Angélica J.; Manager of the Science, Technology and Innovation Unity, Parque Tecnológico Itaipu – Brasil; Foz do Iguaçu, PR, Brazil: www.pti.org.br MALETZ, Edison A., Executive Director, IT Pole of Caxias do Sul (Trino Polo); Caxias do Sul, RS, Brazil: www.trinopolo.com.br MATTIA, Monica B.; Professor, UCS - Caxias do Sul Region Community University, Adviser to TecnoUCS (UCS Science, Technology and Innovation Park); Caxias do Sul and other municipalities, RS, Brazil: www.ucs.br MAZAROLLO, Claynor F.; Executive Director, Instituto Brasília de Tecnologia e Inovação – IBTI; Brasília, DF, Brazil: www.ibti.net.br MOSCHETTA, Roberto A.; Director of TECNOPUC – Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul Science and Technology Park; Porto Alegre, RS, Brazil: www.pucrs.br NICHELE, Marcelo; Professor, Universidade de Caxias do Sul - UCS (Caxias do Sul Region Community University); Manager of TecnoUCS – UCS Science, Technology and Innovation Park; Caxias do Sul and other municipalities, RS, Brazil: www.ucs.br NUNES, Ortência, L. G. S.; Researcher of CNPq; Technical Director, FUNDETEC (Foundation for Scientific and Technological Development); Cascavel, PR, Brazil: www.fundetec.org.br NUNES, Renato de A. F.; Professor, Universidade Federal de Itajubá; Coordinator of development, Itajubá Science and Technology Park; Itajubá, MG, Brazil: www.unifei.edu.br OCAMPOS, Diego A.; Manager, Universidad Nacional de Asunción Science and Technology Park, and Business Incubator and Entrepreneurship Program – INCUNA; Asunción, Paraguay: www.incuna.una.py OLIVEIRA, Patrícia C.; Professor, Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA (Federal University of the West of Pará State), Director of Tapajós Science and Technology Park; Santarém and other municipalities, PA, Brazil: www.ufopa.edu.br PAIXÃO CÔRTES, Zulema M.; Architect, researcher on Innovation Habitats and innovative regional development processes; Professor, Universidade de Uberaba; Uberaba, MG, Brazil: www.uniube.br PASSOS, Carlos A. S.; Coordinator, Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer Science and Technology Park (CTI-Tec); Campinas, SP, Brazil: www.cti.gov.br PEDRO, Eduardo A.; Consultor Executivo, and former Executive Director, Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial – CIDE; Manaus, AM, Brazil: www.cide.org.br PETEFFI, Alexandre; Executive Director, VALETEC Park (Parque Tecnológico do Vale do Sinos); Campo Bom, Novo Hamburgo and other municipalities, RS, Brazil: www.valetec.org.br PIAU, Paulo; Researcher of Minas Gerais Agriculture Research Company – EPAMIG; one of the founders of Uberaba Technology Park Uberaba in 1993, when was Uberaba Secretary for Industry, Commerce and Services; elected to Minas Gerais House of Representatives (1995 – 2007), and to 3

Brazilian House of Representatives (2008 -2014). He is the elected mayor of Uberaba for the term 2013-2016; Uberaba, MG: www.uberaba.mg.gov.br SALDANHA, Gustavo S.; Technical Coordinator, Agência de Desenvolvimento de Santa Maria ADESM; Santa Maria, RS, Brazil: www.adesm.org.br SALVI, Eloni J.; Professor, Director of Tecnovates (UNIVATES Science and Technology Park), Centro Universitário UNIVATES, Lajeado and other municipalities, RS, Brazil, www.univates.br SANT'ANNA, Tadeu P.; Pro-Rector, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - IFES; member of the governance of Espirito Santo Science and Technology Park; Vitória and other municipalities, ES, Brazil: www.ifes.edu.br SERRO, Vilson M.; Director-President, Agência de Desenvolvimento de Santa Maria - ADESM; Santa Maria, RS, Brazil: www.adesm.org.br SEIXAS LOURENÇO, José, Rector, Universidade Federal do Oeste do Pará (Federal University of the West of Pará State – UFOPA), General Coordinator of the Tapajós Science and Technology Park; Santarém and other municipalities, Brazil: www.ufopa.br SILVA, Carlos R. B.; Executive Manager, Incubadora Tecnológica de Caxias do Sul – ITEC; Caxias do Sul, RS, Brazil: www.itec.org.br SILVA, Eduardo; Technology Manager, Oficina de Vinculación Tecnológica, Parque Tecnológico Misiones (Misiones Technology Park); Posadas and other municipalities, Misiones, Argentina: www.ptmi.org.ar STANCK, Fernando J.; Manager, TecnoUnisc (Santa Cruz do Sul Region Community University Science and Technology Park), Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC; Santa Cruz do Sul and other municipalities, RS, Brazil: www.unisc.br/tecnounisc STÜLP, Simone; Science Sector Manager, Tecnovates (UNIVATES Science and Technology Park), Centro Universitário UNIVATES, Lajeado and other municipalities, RS, Brazil, www.univates.br TONHOLO, Josealdo; Professor, Federal University of Alagoas, Maceio, AL, Brazil: www.ufal.br VIOLA, Itamir; Executive Director of Pato Branco Technopolis Association, and Pato Branco Technology Park; Pato Branco, PR, Brazil: www.pbtec.org.br VIOLATO, Cláudio A.; Superintendent, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento – CPqD; CPqD Research Park; Campinas, SP, Brazil: www.polisdetecnologia.com.br ZAMPIERI, Nilza L. V.; Professor, Santa Maria Federal University – UFSM; Coordinator of UFSM’s Business Incubator; adviser to Santa Maria Technology Park; Santa Maria and other municipalities, RS, Brazil: www.itsm.ufsm.br ZORZI, Isidoro; Rector, Universidade de Caxias do Sul – UCS (Caxias do Sul Regional Community University); General Coordinator, TecnoUCS (UCS Science, Technology and Innovation Park); Caxias do Sul and other municipalities, RS, Brazil: www.ucs.br

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Novos modelos de Parques Tecnológicos em resposta ao crescente papel das cidades como Habitats de Inovação: perspectivas da América do Sul Sinopse O artigo apresenta os principais resultados de um Seminário Virtual sobre novos modelos de Parques Tecnológicos, em especial na América do Sul, em resposta aos desafios decorrentes de modernas tendências dessas iniciativas, como a sua integração ao tecido urbano e a crescente transformação de cidades e de regiões em Habitats de Inovação per se. O Seminário foi realizado mediante o uso da Internet e congregou profissionais envolvidos com o desenvolvimento de Parques Tecnológicos e outros Habitats de Inovação na América do Sul. O seu objetivo foi a elaboração cooperativa de respostas às perguntas propostas pela 30ª Conferência Mundial da IASP quanto aos impactos dos desafios acima mencionados. Os principais capítulos deste artigo são: (a) Uma proposta de Quadro Conceitual para Habitats de Inovação; (b) Uma análise da evolução dos Parques Tecnológicos em função dos desafios acima citados; e (c) Uma proposta de estratégias para o desenvolvimento de Parques Tecnológicos, em especial na América do Sul. Abstract The paper presents the main outcomes from a virtual workshop regarding new models for Science and Technology Parks – STPs, in special in South America, in response to challenges stemming from trends such as the integration of these initiatives into the urban tissue and the fact that cities and regions are becoming relevant Innovation Habitats by their own merits. This virtual workshop, based on Internet, gathered professionals involved with the development of STPs and other Innovation Habitats in South America, and sought to answer questions proposed by the 30th IASP World Conference on STPs’ agenda. This paper presents: (a) A proposal for a conceptual framework for Innovation Habitats; (b) Na analysis of the evolution of STPs in response to the above mentioned challenges; and (c) Strategies regarding the development of STPs, in special in South America.

I. Introdução Este artigo constitui a síntese do resultado de um Seminário Virtual, realizado mediante o uso da Internet, congregando profissionais envolvidos no desenvolvimento de Parques Tecnológicos e outros Habitats de Inovação na América do Sul. O Seminário Virtual buscou elaborar, de forma cooperativa, respostas às perguntas propostas pela 30a Conferência Mundial de Parques Tecnológicos da IASP1 sobre a evolução dessas iniciativas em resposta a desafios decorrentes da sua crescente integração ao tecido urbano e a transformação de cidades e regiões em relevantes Habitats de Inovação per se. Seminários Virtuais semelhantes foram realizados, no passado recente, focalizando temáticas propostas por conferências sobre Habitats de Inovação e Desenvolvimento Regional.2

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IASP: International Association of Science Parks and Areas of Innovation Vide, por exemplo: SPOLIDORO, R. et al. New horizons for Science and Technology Parks: a Brazilian-Argentinean perspective. Proceedings 27th World Conference on Science Parks, IASP, Daedeok, 2010 ___________ Science and Technology Parks and sustainable solutions for global challenges: perspectives from a South American School of Thought on Development. Proceedings 28th World Conference Science Parks, IASP, Copenhagen, 2011. __________ Innovation Habitats and Regional Development driven by the Triple Helix: perspectives from a South American School of Thought and Action. Proceedings 9th Triple Helix International Conference, Stanford University, 2011. 5

II. Um Quadro Conceitual para os Habitats de Inovação Admite-se, em âmbito mundial, que não há consenso sobre um modelo nem sobre uma definição para Parque Tecnológico, e que essa iniciativa materializa-se sob amplo espectro de formatos, objetivos e estratégias.3 A definição de Parque Tecnológico adotada pelo IASP em 2002, e utilizada até recentemente,4 abrangia um amplo espectro de iniciativas, incluindo desde uma Incubadora de Empresas até um empreendimento de dimensões significativas e de abrangência regional como uma Tecnópole, iniciativas que são, obviamente, entes muito diferentes. Essa abrangência, acompanhada pela falta de um Quadro Conceitual adequado para Habitats de Inovação, provoca uma série de problemas, em especial quanto à formulação e implementação de políticas públicas de apoio a Parques Tecnológicos. No Brasil, por exemplo, algumas unidades da federação definiram políticas destinadas a apoiar Parques Tecnológicos que exigem que a Governança da iniciativa seja a proprietária, ou a responsável legal, de gleba com um mínimo de vários hectares.5 Este tipo de exigência eliminaria o Porto Digital – o anfitrião da 30a Conferência Mundial da IASP - do elenco dos Parques Tecnológicos brasileiros, uma vez que a sua base física é formada por prédios, principalmente de terceiros em relação à Governança, disseminados no tecido urbano, de modo análogo a outros renomados Parques Tecnológicos no mundo, como o Chicago Technology Park, o Kista Science City e o Lyon Biopôle Gerland.6 Com efeito, iniciativas como o Porto Digital, o Distrito de Inovação de Medellín7 e muitos outros, como os acima citados, não obedecem aos cânones dos modelos tradicionais de Parques Tecnológicos, estabelecidos há décadas, fundamentados em áreas isoladas, exclusivas para empresas de alta tecnologia e centros de pesquisa e desenvolvimento – P&D, em meio a jardins primorosos e, em geral, na periferia das cidades.3 Além disso, novos formatos de Habitats de Inovação, tais como Núcleos de Inovação e Living Labs (definidos mais adiante), têm surgido constantemente. Essas tendências sugerem que os Habitats de Inovação formam um ecossistema vivo, com espécies cujo número e diversidade não cessam de crescer. E que a falta de um quadro conceitual adequado pode dificultar – ou, mesmo, impedir – o desenvolvimento dos Habitats de Inovação nos países que não souberem lidar com essas tendências. Para melhor encaminhar soluções aos problemas suscitados por essas realidades, a Associação Internacional de Parques Tecnológicos, em 2012, alterou a sua razão social, passando denominar-se Associação Internacional de Parques Tecnológicos e Áreas de Inovação.8

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Vide: TOWNSEND, A. et al. The Next Twenty Years of Technology-Led Economic Development. Institute for Future, 2009: www.iftf.org/files/deliverables/SR-1236%20Future%20Knowledge%20Ecosystems.pdf US National Research Council: Understanding Research, Science and Technology Parks: Report of a Symposium, 2009: www.nap.edu/catalog/12546.html 4 www.iasp.ws, access in December 2002 5 Vide: Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnológicos: Decreto Rio Grande do Sul State nº 46.840/2009: www.legislacao.sefaz.rs.gov.br/Site/Document.aspx?inpKey=169386&inpCodDispositive=&inpDsKeywords=46840 Sistema Paulista de Parques Tecnológicos: www.desenvolvimento.sp.gov.br/cti/parques 6 www.portodigital.org; www.techpark.com; www.kista.com, www.techlyongerland.prd.fr 7 Vide: www.portodigital.org; www.rutanmedellin.org/actualidad/Paginas/un_distrito_tecnologico_para_la_ciudad_del_conocimiento_2_150113.aspx 8 Nota do Tradutor: A razão social passou de “International Association of Science Parks” para “International Association of Science Parks and Areas of Innovation”, sendo que “Areas of Innovation” podem ser traduzidas por diversas locuções, como “Áreas de Inovação”, “Habitats de Inovação”, “Ambientes de Inovação”, e “Comunidades de Inovação”. 6

Essa alteração registra o reconhecimento, pela associação, de que os Parques Tecnológicos não são espécies isoladas, mas sim uma manifestação de um fenômeno complexo, inserido no universo dos Habitats de Inovação (ou Áreas de Inovação, Ambientes de Inovação ou, ainda, Comunidades de Inovação9). Nessa linha, no seu portal na Internet, em vez de uma definição de Parque Tecnológico, a IASP declara que os Parques Tecnológicos são um tipo altamente especializado de Áreas de Inovação:10 "Áreas de Inovação, das quais os Parques Tecnológicos são um tipo altamente especializado, desempenham um papel chave no desenvolvimento econômico do local e da região em que se situam. Mediante uma combinação dinâmica e inovadora de políticas, programas, espaços físicos e instalações de qualidade, e serviços de elevado valor agregado, eles: Estimulam e gerenciam o fluxo de conhecimento e tecnologia entre universidades e empresas; Facilitam a comunicação entre empresas, empresários e técnicos; Proporcionam ambientes que reforçam uma cultura de inovação, criatividade e qualidade; Têm foco em empresas e instituições de pesquisa, bem como sobre as pessoas: os empresários e “trabalhadores do conhecimento”; Facilitam a criação de novas empresas mediante incubação e mecanismos de desdobramentos de iniciativas (spin-off) e aceleram o crescimento das empresas de pequeno e médio porte; Trabalham em uma rede global que reúne milhares de empresas inovadoras e instituições de pesquisa em todo o mundo, facilitando a internacionalização das suas empresas residentes."

A 30a Conferência Mundial da IASP oferece uma oportunidade singular para debater os conceitos e a evolução dos Parques Tecnológicos na perspectiva das atuais tendências dos Habitats de Inovação. Como subsídio a esse mister, os participantes do Seminário Virtual apresentam a proposta abaixo quanto a um Quadro Conceitual para os Habitats de Inovação. III. Conceito de Habitat de Inovação Admite-se que: Processos de inovação podem ocorrer em todos os campos das atividades humanas, e podem afetar a sociedade em todos os seus domínios, como os políticos, culturais e econômicos. No caso de setores de base tecnológica, o processo de inovação começa com a formação de capital intelectual e geração de conhecimento em nível local, continua por meio da sua conjugação com homólogos engendrados em outros locais, buscando gerar produtos e empreendimentos idealmente orientados para melhorar o bem-estar e qualidade de vida da população, e culmina com o seu sucesso no mercado (idealmente respeitando práticas socialmente responsáveis). Um Habitat de Inovação é um ambiente constituído por circunstâncias11 que favorecem os processos de inovação e cujos principais atributos são os indicados na Tabela 1. 9

A Association of University Research Parks (AURP: www.aurp.net), com sede nos Estados Unidos, refere-se crescentemente a Comunidades de Inovação, e não apenas a Parques Científicos Vinculados a Universidade (ou a Instituição de Ciência e Tecnologia), categoria que está na origem dessa associação. Os University Research Parks - ou simplemente Research Parks - são definidos pela AURP como “a property-based venture, which: (a) Master plans property designed for research and commercialization, (b) Creates partnerships with universities and research institutions, (c) Encourages the growth of new companies, (d) Translates technology, and (e) Drives technology-led economic development”. 10 www.iasp.ws/web/guest/the-role-of-stps-and-innovation-areas;jsessionid=50f9dbab292600a5ec0251b97bbe: “Areas of Innovation, of which Science and Technology parks (STPs) are a highly specialized type, play a key role in the economic development of their environment. Through a dynamic and innovative mix of policies, programs, quality space and facilities and high value-added services, they: Stimulate and manage the flow of knowledge and technology between universities and companies; Facilitate the communication between companies, entrepreneurs and technicians; Provide environments that enhance a culture of innovation, creativity and quality; Focus on companies and research institutions as well as on people: the entrepreneurs and ‘knowledge workers'; Facilitate the creation of new businesses via incubation and spin-off mechanisms, and accelerate the growth of small and medium size companies; Work in a global network that gathers many thousands of innovative companies and research institutions throughout the world, facilitating the internationalization of their resident companies.” 11 O conjunto de fatores materiais ou não que acompanham ou circundam alguém ou alguma coisa; contexto, mundo (Dicinário Houaiss Eletrônico da Língua Portuguesa). 7

Tabela 1. Principais atributos dos Habitats de Inovação Objetivos Gerar capacidade local e regional sustentável para a inovação em todos os domínios das atividades humanas; Contribuir para: Construir um processo de desenvolvimento local e regional sustentável, socialmente responsável e competitivo na Economia Globalizada;12 Superar desafios globais críticos, na perspectiva do Projeto do Milênio da ONU.13 Base Física O espaço geográfico em que os participantes do Habitat desenvolvem as suas atividades. ParticipanAtores da inovação - em especial Governo, Academia, Empresas e Organizações tes da Sociedade Civil14 - que se complementam e reforçam as suas ações. Governança Existe uma estrutura ativa de Governança.15 Serviços A Governança fornece aos participantes (ou disponibiliza mediante terceiros) serviços como: Mecanismos que promovem a sinergia e a interação em rede dos participantes entre si e com os homólogos em outros locais e com o mercado; Acesso a projetos cooperativos de P&D, laboratórios avançados de P&D, e tecnologias e competências disponibilizadas pelos demais atores da inovação; Acesso a imóveis e infraestruturas de qualidade; Apoio em aspectos necessários ao desenvolvimento empresarial, em especial em aspectos técnicos, administrativos, jurídicos, financeiros e comerciais. Criação e A Governança promove, no âmbito da Base Física: desenvolviO desenvolvimento da cultura do empreendedorismo; mento de A criação e desenvolvimento de empresas baseadas no conhecimento, empresas principalmente a partir do capital intelectual formado pelos atores regionais de inovação e dos conhecimentos gerados por esses atores; Atração, instalação e desenvolvimento, na Base Física, de centros P&D, universidades, escolas técnicas e linhas de produção de alta tecnologia provenientes de outras regiões ou países e que complementem o substrato produtivo local ou regional; Desenvolvimento e atração de fundos e empresas de capital de risco. Condições A governança promove condições para o sucesso dos Habitats de Inovação, gerais como: Uma população com elevado nível de educação; Uma excelente capacidade em pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico; Serviços de qualidade; Elevada qualidade de vida; Liberdade de pensamento e de expressão; Substrato jurídico adequado; Ambiente favorável a negócios e empreendimentos; Diálogo frutífero entre Governo-Academia-Empresas; Comprometimento dos participantes em relação aos destinos do Habitat de Inovação, da região e do País.16

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Isso significa, entre outros aspectos,a criação de postos de trabalho em todos os níveis e setores, especialmente naqueles intensivos em conhecimento. 13 www.unmillenniumproject.org 14 World Bank: Civil Society Organizations include Non-Governmental Organizations, trade unions, faith-based organizations, indigenous peoples movements, foundations and many other: www.worldbank.org 15 Vide, por ex.: PORTER, M. Cluster and the New Economics of Competitions, Harvard Business Review, Nov.– Dec. 1998 16 Vide: ACEMOGLU, D., et al. Why Nations Fail. New York: Crown Publishing Group, Randon House, 2012 SENOR, D.; et al. Start-up Nation: The Story of Israel’s Economic Miracle. New York: Hachette Book, 2009 SPOLIDORO, R. et al. Parque Científico e Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - TECNOPUC. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008 8

IV. Principais categorias e subcategorias dos Habitats de Inovação Admite-se, no presente, que as principais categorias e subcategorias dos Habitats de Inovação são as relacionadas na Tabela 2 e ilustradas na Figura 1. Tabela 2. Principais categorias e subcategorias dos Habitats de Inovação Categoria Tecnópole

Polo Setorial

Rede de Inovação

Parque Tecnológico Empresarial

Atributos específicos além dos atributos gerais dos Habitats de Inovação Participantes: atores de inovação na Base Física, independente de contrato com a Governança. Base Física: cidade ou região metropolitana. Governança: entidade17 ou conjunto de organizações da comunidade.18 Participantes: empresas de um mesmo setor econômico que dispõem de forte relacionamento com o mesmo conjunto de fornecedores e de instituições de ensino e pesquisa, numa determinada Base Física, independente de contratos com a Governança. Base Física: cidades ou regiões. Governança: uma entidade ou conjunto de organizações da comunidade. Participantes: grupos de pesquisa em instituições na Base Física e que atuam sob contrato com a Governança. Base Física: pode ter dimensões globais. Os participantes permanecem em suas instituições e usam sobretudo a Internet para o processo de colaboração.25 Participantes: empresas e outros atores de inovação em imóveis na Base Física, com contrato com a Governança. Base Física: pode ter muitos formatos, incluindo imóvel único e exclusivo, imóveis disseminados no tecido urbano, ou imóveis em “Segmentos Locais” disseminados no território.

Subcategorias

Exemplos

Região de Inovação

Rennes Technopole, França Região Metropolitana do Reno Neckar, Alemanha Pato Branco Tecnópole, Brasil Vale do Silício, EUA19

Science City Smart City20

Birmingham Science City, Reino Unido Lyon Smart City, França21 Pôles de Compétitivité, França Polo Genética Bovina de Minas Gerais22 Biotech Pole Rhein-Neckar Polo de Informática de Caxias do Sul – Trino Polo Asociación IT Buenos Aires Polo de Tecnologia de Santa Rita Sapucaí, Brasil Polo Tecnologico Rosario, Argentina23 Pôles d’Excellence, França24

Polo supraregional Polo Regional

Polo Local Rede de Especialidade

Parque Tecnológico Virtual Parque Tecnológico, Parque de Inovação, Smart Cities.29

Parque Empresarial, Distrito Tecnológico31

Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, CNPq – MCTI, Brasil European Business & Innovation Centre Network European Network of Open Living Labs (Figura 1)26 Parque Tecnológico Virtual do Paraná, Brasil27 CONNECT Bogotá - Región28 Sophia Antipolis, França Research Triangle Park, EUA Parque Tecnológico São José dos Campos, Brasil Parque Tecnologico Misiones, Argentina Zonamerica, Uruguai Porto Digital, Recife, Brasil Kista Science City, Suécia Parque Tecnológico de Rennes Tecnópole30 Plankstadt Industrial Park, Alemanha Parque Industrial Cántabrica, Argentina Techno Park Campinas, Brasil32

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www.rennes-atalante.fr; www.pbtec.org.br As in Silicon Valley and Greater Boston: STURGEON, T. J. How Silicon Valley Came to Be. In KENNEY, M. (Org): Understanding Silicon Valley: Anatomy of an Entrepreneurial Region. Stanford: Stanford University Press, 2000 19 www.rennes-atalante.fr; www.m-r-n.com/en/home.html; www.pbtec.org.br; www.jointventure.org 20 Uma Science City ou Smart City torna-se uma Tecnópole quando a sua Base Física engloba toda a cidade ou a região metropolitana na qual o Habitat se situa: www.eu-smartcities.eu 21 www.birminghamsciencecity.co.uk; www.business.greaterlyon.com/lyon-smart-city-france-europe.346.0.html?&L=1 22 www.competitivite.gouv.fr; http://excelenciagenetica.simi.org.br 23 www.biorn.org/biorn-cluster; www.poloitbuenosaires.org.ar; www.trinopolo.com.br; www.valetronica.com.br; www.polotecnologico.net/index.cgi 24 http://echogeo.revues.org/11798 25 http://en.wikipedia.org/wiki/Collaborative_innovation_network; 26 http://estatico.cnpq.br/portal/programas/inct/_apresentacao/docs/livro.pdf; http://eit.europa.eu/kics; www.ebn.be; www.openlivinglabs.eu 27 www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=71954&tit=Workshop-valida-conceito-do-Parque-Tecnologico-Virtual 28 www.connectbogota.org 29 Uma Smart City ou uma Science City é um Parque Tecnológico quando a sua Base Física é parte de uma cidade, como um bairro: inspirado em www.eu-smartcities.eu 30 www.sophia-antipolis.org; www.rtp.org; www.pqtec.org.br; www.ptmi.org.ar; http://web.zonamerica.com; www.portodigital.org; www.kista.com; www.rennes-atalante.fr 18

9

Parque Científico Vinculado a Universidade (ou a Instituição de P&D)

Núcleos de Inovação35

Centros de Apoio a Negócios Inovadores

Participantes: empresas e outros atores da inovação localizados em imóveis próximos uns dos outros, na Base Física, com contrato com a Governança. Base Física: em geral é propriedade da Universidade (ou Instituição de P&D) à qual o Parque é vinculado, e pode ter muitos formatos (vide acima). Prioridade de admissão: empresas nascentes decorrentes de atividades acadêmicas (start-ups) ou desdobramentos (spin-offs) de empresas que participam de projetos cooperativos que congregam a Universidade (ou Instituição de P&D) à qual o Habitat é vinculado.33 Participantes: pesquisadores de diferentes instituições que se unem temporariamente para realizar um projeto cooperativo de P&D em tema estratégico, e que atuam sob contrato com a Governança. Projetos: possuem objetivos, metas, prazos e orçamentos bem definidos; Em caso de êxito, o projeto pode ser transformado numa instituição. Base Física: pode estar num imóvel único ou ser formada por vários imóveis disseminados no território, em geral cedidos por instituições participantes.36 Participantes: start-ups e spin-offs em setores intensivos em conhecimento, bem como pessoas e empresas interessadas em desenvolver novos produtos ou negócios. Os participantes atuam sob contrato com a Governança.

Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação. Parque Científico e Tecnológico vinculado a Universidade (ou a Instituição Pública de P&D)

Tecnopuc, Brasil Purdue Research Park, EUA Parque de Ciência e Tecnologia da Universidad Nacional de Colombia, Colômbia Parque de CIência, Tecnologia e Inovação da Universidade de Caxias do Sul, TecnoUCS, Brasil34

Concentradores de Inovação (Innovation Hubs) Comunidades de Inovação

Philadelphia Energy Innovation Hub, EUA37 (Figura 2) Norbbic Subsea Index, Vitoria, Brasil38

LivingLabs

MIT Living Labs, EUA40

Centros de Negócios e Inovação (Business and Innovation Centers) Aceleradoras de Empresas, Incubadoras de Empresas, Hotéis de Projetos.

European Business and Innovation Centers, União Europeia HABITAT – Biominas, Brasil41

Knowledge and Innovation Communities, European Institute of Innovation and Technology, União Europeia39

Start You Up Vitória, ES, Brasil Incubadora de Empresas Universidad Nacional de Asunción, Paraguai42

31

Distritos Industriais que, crescentemente, hospedam indústrias intensivas em conhecimento que possuem unidades de P&D adjacentes às suas linhas de produção. 32 www.biorn.org/servicesactivities/biorn-real-estate/plankstadt-industrial-park.html; www.moron.gov.ar/pde/proyectos/cantabrica; www.technopark.com.br 33 SPOLIDORO, R. et al. Parque Científico e Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - TECNOPUC. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008 34 www.pucrs.br; www.ucs.br; http://purdueresearchpark.com; www.unal.edu.co/extensionbog/adjuntos/presentaciones/16.pdf; www.austral.edu.ar 35 See: www.technologyreview.in/energy/41556/; www.energy.gov/hubs 36 Berkeley Lab's Solar Energy Research Center, Joint Center for Artificial Photosynthesis, US DOE Energy Innovation Hub for Fuels from Sunlight: http://newscenter.lbl.gov/news-releases/2012/10/19/berkeley-lab-breaks-ground-on-new-solar-energyresearch-facility 37 http://energy.gov/articles/energy-innovation-hub-report-shows-philadelphia-area-building-retrofits-could-support-23500 38 Innovation Hub to develop the Subsea Index, Norway-Brazil Business and Innovation Agreement: www.ifes.edu.br/noticias/3875-ministro-da-educacao-recebe-demanda-de-polo-de-inovacao-no-ifes 39 http://eit.europa.eu/kics 40 http://livinglabs.mit.edu 41 www.incubadorahabitat.org.br 42 www.startyouup.com.br; www.incuna.una.py 10

Fig.1. A Rede Europeia de Living Labs Abertos possui uma Base Física global, com presença em todos os continentes, salvo na Antárdida.43

Fig. 2. O Concentrador de Inovação em Edifícios Eficientes quanto à Energia funciona em prédios em terreno de cerca de 5 km², de um estaleiro desativado da Marinha dos Estados Unidos, na Filadélfia.44

A informação contida na Tabela 2 permitiu elaborar a Figura 3, que ilustra as principais categorias e subcategorias dos Habitats de Inovação, hierarquizadas em função da complexidade da respectiva Governança e abrangência territorial. Figura 3. Principais categorias e subcategorias dos Habitats de Inovação

V. Principais constatações Com base no quadro conceitual proposto, os participantes do Seminário Virtual analisaram a evolução dos Parques Tecnológicos (englobando as categorias dos Parques Tecnológicos Empresariais e dos Parques Científicos Vinculados a Universidade ou a Instituição de Ciência e Tecnologia, em especial na América do Sul, em resposta aos desafios provocados pelas tendências dos Habitats de Inovação. Os principais resultados da análise são sintetizados a seguir.

43 44

European Network of Open Living Labs: www.openlivinglabs.eu Energy Efficiency Buildings Innovation Hub; http://energy.gov/articles/energy-innovation-hub-report-shows-philadelphiaarea-building-retrofits-could-support-23500; www.navyyard.org/ 11

V.1. Incorporadores privados Empresas privadas – em especial imobiliárias - crescentemente fornecem imóveis e serviços de valor agregado aos participantes dos Parques Tecnológicos, como ilustrado nas Figuras 4 a 7. Isso sugere, em especial no caso da América do Sul, que as entidades que têm liderado a estruturação desses Parques (destacando-se universidades, instituições públicas de P&D, governos municipais e estaduais, órgãos do governo federal, e agências de desenvolvimento) podem, doravante, concentrar-se na definição de estratégias e na avaliação dos resultados, em lugar de preocupar-se com a construção de prédios e o fornecimento de serviços aos participantes dos Parques. Seu esforço será, portanto, focalizado em ações como: Aperfeiçoar e ampliar as possibilidades das parcerias público-privadas (como sugerido pela estratégia de Labège Innopole na década de 1980);45 Incentivar, na região, o desenvolvimento do conjunto de um Habitats de Inovação que, idealmente, conte com todas as suas categorias; Evitar o excesso de simplificação das filosofias subjacentes a Parques Tecnológicos, especialmente quanto ao seu papel singular de promotor da sinergia dos atores de inovação regional com base em abordagens inovadoras, multissetoriais, interdisciplinares e multinstitucionais; Aperfeiçoar a estrutura de governança dos Parques mediante estratégias como a contratação de empresas privadas para realizar tarefas executivas (como exemplificado pelo Cambridge Science Park desde a década de 1970);46 Promover a melhoria do ambiente de negócios e a cultura empreendedora na região; Promover a articulação em redes (networking) dos atores regionais de inovação com os seus homólogos em outras regiões e países. Fig. 4. Cambridge Innovation Center, propriedade privada47

Fig. 5. Cummings Properties48

Fig. 6. Parques Tecnológicos desenvolvidos por empresas privadas: Science + Technology Park at Johns Hopkins, EUA49 (foto à esquerda); Parque de Innovación y Negócios Zonamerica, Uruguai50 (centro), e Parque Tecnológico Acate, Brasil 51 (foto à direita).

45

www.sicoval.fr www.cambridgesciencepark.co.uk 47 www.cictr.com 48 www.cummings.com 49 www.forestcityscience.net/ 50 http://web.zonamerica.com; http://socrates.ieem.edu.uy/wp-content/uploads/2012/05/zonamerica.pdf 51 http://tisc.com.br/entidades/florianopolis-ganha-novo-parque-tecnologico/ 46

12

Fig. 7. Parque Eco Tecnológico Dahma, Brasil, desenvolvido por uma empresa privada.52

V.2. Desaparecem as fronteiras entre as categorias dos Habitats de Inovação As fronteiras entre as categorias de Habitats de Inovação tendem a desaparecer, o que permite uma crescente sobreposição das funções antes consideradas específicas de determinadas categorias. Assim, por exemplo, além de empresas imobiliárias privadas, algumas categorias de Habitats de Inovação, governos e até organizações da sociedade civil passam a oferecer imóveis e serviços de valor agregado a empresas intensivas em conhecimento e instituições de ciência e tecnologia. Essa tendência é ilustrada por iniciativas como o Polo de Biotecnologia da Região do Reno Neckar (Alemanha), o Quartier de l’Innovation de Montréal (Canadá), o Boston's Innovation District (Estados Unidos), e o Parque Tecnológico Urbano de Bogotá (Colômbia).53 Considerando que disponibilizar imóveis de qualidade e oferecer serviços de valor agregado aos participantes de Habitats de Inovação eram quase marcas registradas dos Parques Tecnológicos até recentemente, essas iniciativas possivelmente deverão, num futuro próximo, ser repaginadas ou reinventadas. Alguns Núcleos de Inovação começam a atuar como Parques Tecnológicos, como exemplificado pelo Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial – CIDE (Manaus, Brasil) e o Concentrador de Inovação de Prédios Eficientes quanto à Energia da Filadélfia.54 Adicionalmente, alguns Parques Científicos Vinculados a Universidade podem coalescer como Núcleos de Inovação amalgamados a Centros de Apoio a Negócios Inovadores. Essa convergência ocorre devido a limitações de área física dos citados Parques Científicos e à necessidade de apoiar empresas intensivas em conhecimento que emergem das atividades acadêmicas da universidade a que são vinculados (start-ups). Essa tendência poderá engendrar a 4ª Geração de Parques Científicos Vinculados a Universidade ou a Instituição de Ciência e Tecnologia.55 V.3. Parques Tecnológicos Urbanos Os Parques Tecnológicos não estão mais limitados aos modelos tradicionais, que tinham como Base Física uma área exclusiva para empresas de alta tecnologia, centros de P&D e unidades de instituições de ensino superior e pesquisa, com ajardinamento primoroso, em geral na periferia das cidades.

52

www.damha.com.br; www.parqueecotecnologico.com.br www.gazetamaringa.com.br/online/conteudo.phtml?tl=1&id=1247305&tit=Projeto-para-construcao-do-Centro-Civico-preveurbanizacao-do-aeroporto-antigo; http://heidelberg-bahnstadt.de; http://quartierinnovationmontreal.com/en/discover-qi/; www.innovationdistrict.org 54 Philadelphia Energy Efficient Buildings Hub, http://energy.gov/articles/energy-efficient-buildings-hub 55 Vide: ALLEN, J. Third Generation Science Parks. Manchester Science Park, 2007: www.mdew.co.uk; CONDOM, P. Parques científicos y biotecnología. In Estado de la Biotecnología, Biomedicina y Tecnologías Médicas en Cataluña, Barcelona: Biocat, 2011: www.biocat.cat 53

13

É crescente o número de Parques Tecnológicos Urbanos, assim denominados por estarem inseridos ou disseminados no tecido urbano de modo a aproveitar a conjugação do ambiente favorável à inovação e as comodidades oferecidas pelas cidades, frequentemente associada à oportunidade de restaurar bairros degradados e prédios industriais desativados. Muitas dessas iniciativas têm atraído empresas intensivas em conhecimento e centros de P&D, especialmente nos setores de Tecnologia da Informação e Comunicações, Biotecnologia, Fármacos e Indústrias Criativas (figuras 8 a 22).56 Fig. 8. Um novo bairro, denominado Bahnstadt, em Heidelberg, Alemanha57 (à esquerda) e o projeto Eurogarden,58 em Maringá, Brasil, são considerados Parques Tecnológicos Urbanos. Ambos planejam contar com empresas intensivas em conhecimento, unidades de instituições de ensino e pesquisa, Núcleos de Inovação e Centros de Apoio a Negócios Inovadores, hotéis, áreas residenciais e de comércio, áreas de lazer e de esportes, escolas, restaurantes e teatros.

Fig. 9. O Porto Digital, em Recife, Brasil, um Parque Tecnológico Urbano, foi iniciado na ilha onde a cidade foi fundada; atualmente expande-se para o continente.59

Fig. 11. O 22 @ Barcelona, em Barcelona, Espanha, transforma um bairro com prédios de antigas indústrias e depósitos num Parque Tecnológico Urbano.61

Fig. 10. O Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, transforma um bairro de antigas indústrias e depósitos num Parque Tecnológico Urbano. Um prédio de uma indústria desativada, do século XIX, hospeda um centro de inovação de empresa de software de renome mundial.60

Fig. 12. O Technopôle LyonGerland, Lyon, França, aproveita prédios de parte central da cidade (indicados em cor mais escura) e torna-se um Parque Tecnológico Urbano.62

Fig. 13. O Chicago Technology Park, EUA, também é um Parque Tecnológico Urbano.63

56

www.webdig.com.br/16037/microsoft-centro-inovacao-brasil/#ixzz2EWOOunoS http://heidelberg-bahnstadt.de 58 www.gazetamaringa.com.br/online/conteudo.phtml?tl=1&id=1247305&tit=Projeto-para-construcao-do-Centro-Civico-preveurbanizacao-do-aeroporto-antigo 59 www.portodigital.org 60 http://portomaravilha.com.br; www.webdig.com.br/16037/microsoft-centro-inovacao-brasil/#ixzz2EWOOunoS 61 www.22barcelona.com 62 www.techlyongerland.prd.fr 63 www.techpark.com 57

14

Fig. 14. A Área Tecnológica Nodo Rosario, em Rosario, Argentina, transforma um quarteirão, com alguns prédios antigos desativados, num Parque Tecnológico Urbano.64

Fig. 15. O Innobo -Tec, Bogotá, Colombia, planeja transformar um dos eixos da cidade num Parque Tecnológico Urbano.65

Fig. 16. Parques Tecnológicos Urbanos estão sendo desenvolvidos em diversos bairros de Buenos Aires, Argentina, muitas vezes com base em prédios indústriais ou comerciais desativados (foto à esquerda),66 sob diversas denominações, como Distrito Tecnológico, Distrito Audiovisual e Distrito de las Artes. O Centro Metropolitano de Diseño, nesse último, utiliza prédios de antiga fábrica.67

Fig. 17. Um Parque Tecnológico Urbano está em implantação em Montreal, Canadá (Quartier de l’Innovation de Montreal).68

Fig. 18. Um Parque Tecnológico Urbano também é implantado no bairro do antigo porto de Boston, EUA (Boston Innovation District).69

64

www.atnros.com.ar ACOSTA. J. Ciudades de América Latina en la Sociedad del Conocimiento. Bogotá: Colciencias, 2009; www.jaimeacostapuertas.blogspot.com 66 www.buenosaires.gob.ar 67 http://estatico.buenosaires.gov.ar/areas/produccion/promocion_inversiones/distrito_tecnologico/graficos/zonigr.jpg 68 http://quartierinnovationmontreal.com/en/discover-qi/ 69 www.innovationdistrict.org 65

15

Fig. 19. A Praça das Artes, São Paulo, Brasil, pretende transformar o coração da cidade num Parque Tecnológico Urbano centrado em indústrias criativas.70

Fig. 21. Em Londres, o Tech City desenvolve-se como um Parque Tecnológico Urbano, formado por um corredor com elevada densidade de empresas de Tecnologia da Informação e Comunicações.72

Fig. 20. Em Santiago, Chile, emerge um Parque Tecnológico Urbano com base num centro de artes em antigo prédio industrial.71

Fig. 22. O Tecnoparque de Curitiba, Brasil, é um Parque Tecnológico Urbano que se dissemina, mediante Segmentos Locais, pelo tecido urbano e poderá englobar toda a cidade.73

V.4. Parques Tecnológicos formados por Segmentos Locais disseminados no território Os Parques Tecnológicos (englobando os Parques Tecnológicos Empresariais e os Parques Científicos Vinculados a Universidade ou a Instituição de Ciência e Tecnologia) crescentemente possuem Bases Físicas que incorporam áreas que englobam elevada concentração de atores da inovação, disseminadas no território, denominadas Segmentos Locais, como ilustrado nas figuras 23 a 31. A estruturação desse modelo requer forte articulação entre governo, academia, empresas e organizações da sociedade civil de modo a planejar e implementar zoneamentos propícios à sinergia dos atores de inovação e à criação, atração, instalação e desenvolvimento de empresas e outras instituições intensivas em conhecimento. Essa articulação é especialmente necessária em regiões onde as empresas intensivas em conhecimento estão localizadas, em sua maior parte, de modo disperso no território e foram criadas antes que os Parques existissem, possuindo as suas divisões de P&D adjacentes às suas linhas de produção. Depoimentos de fundadores e executivos dessas empresas sugerem que: 70

Folha de São Paulo, 4 dezembro 2012, pagina E4 www.mibarrioitalia.cl www.bostonglobe.com/business/2013/02/06/london-growing-tech-hub-looks-kendall-square-capture-mit-magic/... 73 www.agencia.curitiba.pr.gov.br; www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=1274741&tit=Curitiba-viraTecnoparque 71 72

16

Empresas intensivas em conhecimento e inovadoras maduras, criadas antes da existência de Parques Tecnológicos na região, não pretendem deslocar as suas divisões de P&D para esse tipo de empreendimento, mesmo que nas proximidades das empresas. Alegam que a mudança, além de dispendiosa, pode quebrar uma tradição de complementaridade entre atividades de P&D e de produção na empresa. Empresas intensivas em conhecimento e inovadoras maduras podem instalar unidades de P&D, em setores tecnológicos emergentes, num Parque Científico Vinculado a Universidade (ou a Instituição de Ciência e Tecnologia), na região, desde que haja perspectiva de sinergia entre a empresa e demais entidades participantes do Parque. Empresas emergentes em setores intensivos em conhecimento, nos quais há forte interação entre atividades de P&D e de produção, podem transferir toda a sua operação para um Parque Tecnológico se houver perspectiva de estreita sinergia da empresa com a academia e outros participantes do Parque. Fig. 23. O Manchester Science Park, Reino Unido, conta com vários Segmentos Locais.74

Science Park

Technopark

Central Park

Innovation Park

Fig. 24. O VALETEC Park (Parque Tecnológico do Vale dos Sinos), Rio Grande do Sul, Brasil,75 conta com diversos Segmentos Locais disseminados na região. O Segmento 1 (foto à esquerda), com 100 hectares, abriga o prédio central e algumas empresas intensivas em conhecimento; o Segmento 2 (foto do centro) engloba um corredor de vários quilômetros com empresas inovadoras que possuem unidades de P&D adjacentes às suas linhas de produção, anteriores à existência Parque; o Segmento 3 (foto à direita), no tecido urbano de Novo Hamburgo, conta principalmente com empresas de Tecnologia da Informação. (Fotos: R. Spolidoro, 2007, VALETEC 2007, jornalpolegar.blogspot)76

Fig. 25. O Technologiepark Heidelberg, Alemanha, conta com três Segmentos Locais.77

Fig. 26. O Purdue Research Park, EUA, é formado por quatro Segmentos Locais disseminados noo estado de Indiana.78

Fig. 27. O Parque Tecnológico da Rennes Technopole, França, é formado por Segmentos Locais em vários municípios do território.79

74

www.manchestersciencepark.co.uk www.valetec.org.br 76 http://jornalpolegar.blogspot.com.br/2011/11/hamburgtec-e-nova-referencia-em.html 77 www.technologiepark-heidelberg.de 78 http://purdueresearchpark.com 79 www.rennes-atalante.fr/pole-mer-bretagne.html 75

17

Fig. 28. O TecnoUCS (Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação da Universidade de Caxias do Sul - UCS),80 possui uma Base Física formada por Segmentos Locais disseminados numa região com cerca de 20.000 km², englobando Caxias do Sul e dezenas de municípios do Nordeste do Rio Grande do Sul, Brasil. Esses Segmentos Locais são centrados nos campi e núcleos acadêmicos da UCS e estão nas proximidades de indústrias intensivas em conhecimento e inovadoras, muitas delas criadas na região na segunda metade do século XX, e que possuem unidades de P&D junto às suas linhas de fabricação. Diversas dessas empresas transformaram-se em multinacionais brasileiras.81

Algumas indústrias intensivas em conhecimento e inovadoras na região atendida pelo TecnoUCS. Photos: Fras-le, Randon, Marcopolo82

O TecnoUCS, com base nas competências e laboratórios de ciência e tecnologia da UCS e de outras instituições de ensino e pesquisa da região, auxilia as empresas regionais a aperfeiçoar os seus produtos e a ingressar em setores emergentes intensivos em conhecimento. O caso do TecnoUCS reforça a importância de estratégias adequadas para projetar e desenvolver Habitats de Inovação que sejam aderentes às necessidades e potencialidades da região em que se situa.

Fig. 29. O Parque Tecnológico Uberaba, Minas Gerais, Brasil, 83 é formado por dois Segmentos Locais. O Segmento 1 (foto à esquerda) é adjacente ao centro da cidade e abrange áreas de empresas de pesquisa agropecuária do governo federal e do governo de Minas Gerais.84 O Segmento 2 (fotos no centro e à direita) engloba um corredor de dezenas de quilômetros, denominado Bio Rota, com várias empresas inovadoras relacionadas à genética bovina e cujas atividades requerem terrenos com dimensões relativamente grandes. (Fotos: Prefeitura Uberaba 2006, Alta Genetics, Geneal 2009)

80

www.ucs.br Como, por exemplo: Marcopolo, empresas do Grupo Randon, Tramontina, Agrale, Lupatech, Florense e Brinox. 82 www.randon.com.br/a/companies/empresas-randon/fras-le; www.randon.com.br; www.marcopolo.com.br 83 SPOLIDORO, R. et al. Ambientes de inovação e empreendedorismo no Agronegócio: o caso do Parque Tecnológico Uberaba. Anais do XX Seminário Nacional ANPROTEC, Campo Grande, 2010 84 EMBRAPA: Brazilian Agricultural Research Corporation: www.embrapa.br/english; and EPAMIG: Minas Gerais Agriculture Research Company www.epamig.br 81

18

Fig. 30. O Parque Tecnológico de Pato Branco é formado por diversos Segmentos Locais disseminados na cidade de Pato Branco (75 mil habitantes), Paraná, Brasil (foto à direita). O Segmento CETIS (foto mais abaixo) e o Segment FAZTIC (foto no centro) são adjacentes ao campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná em Pato branco. O Segmento Urbano (foto à direita) conta com diversas empresas intensivas em conhecimento e inovadoras, criadas localmente, em especial no setor da Tecnologia da Informação.85 Foto UFTPR 2007

Foto: Adriano Oltramari, 2012

Foto: R. Spolidoro 2012

Parque Tecnológico de Pato Branco, Segmento Local CETIS. Foto: R. Spolidoro, 2009

Fig. 31.O Parque Tecnológico Misiones, na Provincia de Misiones, Argentina, é formado por três Segmentos Locais, que englobam três dos campi da Universidad Nacional de Misiones – UNaM (imagem à esquerda). O Segmento Local Posadas (foto à direita) conta com áreas da UNaM e do Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria - INTA.86 (Imagem e foto: Parque Tecnológico Misiones)

V.5. Parques Industriais crescentemente atuam como Parques Tecnológicos Distritos e Parques Industriais crescentemente hospedam empresas intensivas em conhecimento, muitas das quais têm as suas unidades de P&D junto às suas linhas de fabricação. As antigas fronteiras entre Parques Tecnológicos e Distritos e Parques Industriais tendem, assim, a desaparecer. Adicionalmente, empresas intensivas em conhecimento criadas a partir do capital intelectual formado por universidades locais e de conhecimentos gerados nessas instituições, localizadas num Parque Científico Vinculado a uma dessas universidades, podem ser solicitadas a deixar esse Habitat de Inovação devido a limitações de espaço e necessidade de abrir oportunidades para empreendimentos emergentes. Uma possível opção para essas empresas é um Parque Industrial que ofereça condições atraentes, tais como prédios industriais com alugueis moderados e outras empresas intensivas em conhecimento. Esta tendência é ilustrada por 85 86

www.pbtec.org.br www.ptmi.org.ar; inta.gob.ar 19

iniciativas como o Parque Industrial la Cantábrica (Argentina) e o Distrito Industrial de Cachoeirinha (Brasil), ilustrados nas Figuras 32 e 33, e o Parque Industrial de Plankstadt (Alemanha).87 Fig. 32. O Parque Industrial la Cantábrica, província de Buenos Aires, Argentina,88 começou como uma indústria metalúrgica em 1902, e encerrou as suas atividades em 1992. A partir de 1994, os prédios da antiga indústria foram remodelados, na perspectiva de um Parque Industrial, e passaram a receber pequenas e médias empresas, muitas com foco em setores intensivos em conhecimento e tendo as suas unidades P&D junto às suas linhas de produção.

Indústria Metalúrgica Cantábrica, primeira metade do século XX.89

Vistas atuais do Parque Industrial la Cantábrica.90

Fig. 33. O Distrito Industrial de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, Brasil, hospeda várias empresas intensivas em conhecimento que têm unidades de P&D junto às suas suas linhas de produção e que nasceram em Incubadoras de Empresas locais, com o apoio de universidade da região.91 Conta, também, com empresas em setores tradicionais da economia que buscam ampliar o seu porte e sua competitividade mediante a adição de ciência, tecnologia e inovação aos seus produtos e processos.92

V.6. Modelos convencionais de Parques Tecnológicos Na América do Sul, o modelo tradicional dos Parques Tecnológicos também está sendo implementado, contando com parcerias do governo, universidades, empresas e organizações da sociedade civil, como o Sapiens Park e o Parque Tecnológico de Sorocaba (Brasil), o Parque da Tecnologia de Guatiguará, Bucaramanga (Colômbia) e o Parque Tecnológico del Litoral Centro, Santa Fé, Argentina.93

87

www.biorn.org/servicesactivities/biorn-real-estate/plankstadt-industrial-park.html www.moron.gov.ar/pde/proyectos/cantabrica 89 www.goodfood.com.ar/plantaindustrial_br.html 90 Vide: www.moron.gov.ar/pde/proyectos/cantabrica STUPENENGO, S. La Cantabrica: De Industria Testigo a Parque Pyme, Buenos Aires: Epica, 2009 91 www.parks.com.br/site/pt/empresa-historico.php 92 www.fallgatter.com.br/empresas/metalmecanica 93 www.sapiensparque.com.br; www.empts.com.br; http://gtechpark.com/who.htm; www.ptlc.org.ar 88

20

V.7. Parques Científicos Vinculados a Universidade ou Instituição de Ciência e Tecnologia As universidades na América do Sul, em especial as públicas, as comunitárias94 e as confessionais, têm crescentemente desenvolvido Parques Científicos Vinculados a Universidade como parte da estratégia de evoluir como universidade empreendedora, compreendida como a instituição com grande capacidade de inovar em todos os domínios para atingir os seus objetivos precípuos e, assim, melhor responder aos desafios da Sociedade do Conhecimento e contribuir mais significativamente para o desenvolvimento regional sustentável, socialmente responsável, e competitivo na Economia Globalizada.95 Esses Parques Científicos Vinculados a Universidade crescentemente têm Bases Físicas formadas por Segmentos Locais96 de modo a congregar o maior número possível de atores de inovação na sua região de atuação e a vencer as limitações decorrentes das pequenas dimensões físicas que caracterizam os segmentos iniciais desses Parques. Muitos dos Parques Científicos Vinculados a Universidade (ou Vinculados a Instituições de Ciência e Tecnologia), na América do Sul, têm características similares a iniciativas homólogas em âmbito mundial. Ilustram essa assertiva o Tecnopuc (Porto Alegre, Brasil), o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Brasil), o Pólis de Tecnologia – CPqD (Campinas, Brasil), o Parque Científico, Tecnológico y Empresarial de la Universidad Austral (Pilar, Argentina) e o Parque Tecnologico de la Umbría - Universidad de San Buenaventura (Cali, Colômbia),97 ilustrado nas figuras 34 a 38. Fig. 34. Parque Científico, Tecnológico y Empresarial Austral, Pilar, província de Buenos Aires, Argentina.98

Fig. 35. Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.99

94

A Regional Community university is a private university run by a civil society organization that represents the people and relevant institutions of the respective region. There are several of these universities in Brazilian Southern states: www.comunitarias.org.br and http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/comung_acafe.pdf 95 AUDY, J. N. et al. Innovation and Entrepreneurialism in University. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006. 96 ALLEN, J. Third Generation Science Parks. Manchester Science Park, 2007: www.mdew.co.uk 97 www.pucrs.br; www.parquedorio.ufrj.br; www.usbcali.edu.co; www.parqueaustral.org 98 www.parqueaustral.org 99 www.parquedorio.ufrj.br; and http://ambipetro.com.br/investimentos-realizados-no-parque-tecnologico-do-rj-chegam-a-r-1bi/ 21

Fig.36. Tecnopuc – Parque Científico e Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil100 (Foto: R. Spolidoro, 2012)

Fig. 37. Parque Tecnologico de la Umbría - Universidad de San Buenaventura, Cali, Colombia101

Fig. 38. O Pólis de Tecnologia, Campinas, SP, Brasil, é um Parque Científico Vinculado a Instituição de Ciência e Tecnologia,102 no caso, ao CPqD, centro de P&D criado no final da década de 1970 pela TELEBRAS, então a empresa estatal holding do sistema brasileiro de telecomunicações. Esse sistema foi privatizado na década de 1990 e o CPqD, transformado numa fundação. (Fotos: CPqD, e R. Spolidoro, 2011)

Além disso, observa-se a existência de notáveis novos modelos de Parques Científicos Vinculados a Universidade, na América do Sul, tais como o Parque de Ciência e Tecnologia de Inclusão Social, da Universidade Federal do Amazonas,103 e o Parque de Ciência e Tecnologia do Tapajós, da Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA,104 ambos no Brasil. O Parque de Ciência e Tecnologia de Inclusão Social (Universidade Federal do Amazonas) tem Segmentos Locais em aldeias de população indígena sul-americana na Bacia Amazônica. Cada Segmento Local, entre outros objetivos, visa promover uma melhor identificação do conhecimento tradicional, assim denominado o conhecimento desenvolvido e mantido vivo por milênios pela população autóctone, com o objetivo de ajudar a empreendedores indígenas a transformar esse conhecimento, amalgamado com tecnologias modernas, em empreendimentos socialmente responsáveis sob a forma de cooperativas, empresas e produtos e serviços inovadores. O trabalho do Parque de Ciência e Tecnologia de Inclusão Social é feito com um profundo respeito em relação à cultura das tribos indígenas e à sua admirável capacidade de viver em comunhão com a natureza, e tem como objetivo proporcionar condições para elevar a qualidade de vida de toda a população de cada região. Uma das atividades apoiadas no âmbito de cada Segmento Local é a melhoria da educação da população indígena com base em formatos que combinam a cultura e tradições locais com modernas tecnologias (figura 39). 100

www.pucrs.br www.usbcali.edu.co 102 www.cpqd.com.br; www.desenvolvimento.sp.gov.br/noticias/?ID=1527 103 www.protec.ufam.edu.br/component/content/article/21-pctis/361-parque-tecnologico; http://protec.ufam.edu.br/ultimas-noticias/243-sustentabilidade-dos-povos-amazonidas-em-debate; 104 http://www.ufopa.edu.br/multicampi 101

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Fig. 39. Escola Pamáali, parte do Parque de Ciência e Tecnologia de Incusão Social, Universidade Federal do Amazonas, no Segmento Local de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, Brasil.105

V.8. Inclusão Social Os Parques Tecnológicos, na América do Sul, em geral promovem iniciativas de inclusão social em suas Bases Físicas, como ilustrado por programas do Porto Digital, Parque Tecnológico de Itaipu, VALETEC Park, Parque de Ciência e Tecnologia da UFRJ, Parque de Ciência e Tecnologia Guamá e muitos outros.106 Os programas de inclusão social refletem a consciência de que os Parques Tecnológicos têm uma dívida em relação às populações que os sustentam, e de que esses Parques só terão êxito se contribuírem para elevar a qualidade de vida e criar oportunidades para toda a população da região em que estão situados. V.9. Projetos Regionais para o Futuro Os Habitats de Inovação, na América do Sul, no cumprimento de seus compromissos sociais, crescentemente preocupam-se com a criação de programas inovadores de desenvolvimento das regiões em que atuam. Muitos desses programas, que podem ser visualizados como Projetos Regionais para o Futuro, preconizam a busca da inovação em todos os domínios de atividades como base para um processo de desenvolvimento regional sustentável, socialmente responsável e competitivo na Economia Globalizada do Conhecimento. Essa tendência está em consonância com iniciativas de Habitats de Inovação em âmbito mundial, como ilustrado na tabela 3. Tabela 3 Região Região de Boston, EUA Coventry, Solihull, e Warwickshire, Reino Unido Huntsville, EUA Misiones, Argentina Santa Maria, RS, Brasil SICOVAL Comunidade de Municípios, França Silicon Valley, EUA Vale do Sinos, RS, Brasil Triangle Region, US

Habitats de Inovação Diversas iniciativas University of Warwick Science Park Cummings Research Park Parque Tecnológico Misiones Incubadora da Universidade Federal de Santa Maria, e Santa Maria Tecnoparque Labège Innopole e outros Stanford Research Park e outras iniciativas VALETEC Park Research Triangle Park

Programa de Desenvolvimento Regional MetroFuture107 Coventry, Solihull and Warwickshire Technology Corridor108 Regional Economic Growth Initiative109 Projeto Misiones para el Futuro110 Programa de Desenvolvimento de Santa Maria111 SICOVAL Agenda for the Future 112 Joint Venture: Silicon Valley Network113 Projeto Vale do Sinos para o Futuro114 Competitiveness Plan for the Research Triangle Region115

105

www.artebaniwa.org.br/baniwa2.html; http://iilp.wordpress.com/2011/06/21/unesco-aprova-projeto-da-ufam-paradiscussao-de-uma-universidade-indigena-no-alto-rio-negro; http://rbaniwa.wordpress.com/category/escola-pamaali/ 106 www.portodigital.org; www.pti.org.br; www.valetc.org.br; www.parquedorio.ufrj.br; www.pctguama.org.br 107 http://www.mapc.org 108 www.uwsp.bit10.net/information/conference_papers/documents/UWSPCaseStudy.pdf 109 www.huntsvillealabamausa.com 110 www.ptmi.org.ar 111 http://adesm.org.br; http://santamariatecnoparque.com.br/ 112 www.sicoval.fr/documents/SyntheseDevDurablesept04.pdf 113 www.jointventure.org 114 SPOLIDORO, R. et al. VALETEC Park (Brazil): An innovative STP enhancing a traditional industrial cluster to leap forward the knowledge-based economy. Proceedings of the 25th World Conference on Science Parks, IASP, Johannesburg, 2008. 23

VI. Conclusões 1. O sucesso dos Parques Tecnológicos pioneiros, nas décadas de 1950 e 1960, pavimentou o caminho para a existência da atual galáxia de Habitats de Inovação em âmbito mundial, com dezenas de milhares de iniciativas, agrupadas em categorias cujo número e diversidade não cessam de crescer. Essa multiplicação de espécies impõe desafios significativos ao desenvolvimento dos Parques Tecnológicos e das outras categorias de Habitats de Inovação em regiões, como as da América do Sul, onde esses empreendimentos são relativamente mais jovens e menos numerosos do que os seus homólogos na Europa e na América do Norte. Entre esses desafios, destacam-se: Superar legislações e políticas públicas inspiradas em modelos tradicionais de Parques Tecnológicos uma vez que essas leis dificultam – e até mesmo impedem iniciativas como Parques Tecnológicos disseminados no tecido urbano ou Parques Tecnológicos cujas Bases Físicas são formadas por diversos Segmentos Locais distribuídos no território; Implementar políticas locais, regionais e nacionais sintonizadas com as necessidades e oportunidades relacionadas com a inovação em todos os domínios, tais como as Leis Municipais de Inovação e Fundos Municipais de Ciência, Tecnologia e Inovação. Apesar das dificuldades, a implementação de Parques Tecnológicos na América do Sul tem sido, em muitas regiões do subcontinente, uma experiência de grande valor para uma melhor compreensão das condições requeridas para criar Habitats de Inovação bemsucedidos e para promover um processo regional de desenvolvimento sustentável, socialmente responsável e competitivo. Entre as lições relevantes advindas dessa experiência, destacam-se: A existência de um substrato conceitual adequado quanto a Habitats de Inovação é fundamental para orientar a formulação e implementação de políticas públicas de apoio ao desenvolvimento de Parques Tecnológicos e de outras categorias de Habitats de Inovação. O Conjunto de Habitats de Inovação, em cada região, não é uma colcha de retalhos. Ao contrário, ele deve ser constituído por um espectro contínuo de categorias que se complementam e cujo êxito depende do atendimento a amplo conjunto de pré-requisitos, conforme descrito na literatura.116 Quanto a modelos de negócios para os Parques Tecnológicos, em resposta aos desafios trazidos pelas modernas tendências de integração ao tecido urbano e por cidades e regiões que se tornam Habitats de Inovação per se, observa-se que os modelos tradicionais de Parques Tecnológicos (baseados numa área exclusiva para empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e unidades de instituições de ensino superior, em meio a esmerados jardins e, em geral, na periferia das cidades) enfrentam uma crescente concorrência por parte de novos modelos de Parques Tecnológicos e de novas categorias de Habitats de Inovação. Com efeito, além de Parques Tecnológicos disseminados no tecido urbano ou formados por Segmentos Locais distribuídos no território,117 os modelos tradicionais têm que 115

www.rtp.org For example: ACEMOGLU, D., et al. Why Nations Fail. New York: Randon House, 2012 SENOR, D.; et al. Start-up Nation: The Story of Israel’s Economic Miracle. New York: Hachette Book, 2009 SPOLIDORO, R.; AUDY, J. Parque Científico e Tecnológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul TECNOPUC. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008 117 ENGARDIO, P. Research Parks for the Knowledge Economy, BusinessWeek June 1, 2009: www.businessweek.com/innovate/content/jun2009/id2009061_849934.htm 116

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enfrentar categorias como Núcleos de Inovação e Centros de Apoio a Negócios Inovadores, sobre os quais observa-se: A União Europeia crescentemente implanta Núcleos de Inovação sob a forma de Comunidades de Conhecimento e Inovação (Knowledge and Innovation Communities - KICs), enquanto os Estados Unidos ampliam o seu apoio ao Núcleos de Inovação sob a forma de Concentradores de Inovação (Innovation Hubs). Esses Núcleos de Inovação, em princípio de caráter temporário, se cumprirem as suas missões podem tornar-se novas instituições de P&D, e podem contribuir para engendrar um novo modelo para os Parques Científicos Vinculados a Universidade ou a Instituição de Ciência e Tecnologia. Sob formatos tradicionais ou, mesmo, sob formatos mais atualizados, os Parques Tecnológicos deixaram de ser categorias privilegiadas de Habitats de Inovação. Isso recomenda que, antes de iniciar o projeto de um Parque Tecnológico, sejam definidos claramente quais são os seus objetivos, clientes, formatos e estratégias de desenvolvimento, e como eles vão interagir com as categorias emergentes e concorrentes de Habitats de Inovação. 2.

Nesse contexto, parece aconselhável começar o projeto de um Parque Tecnológico respondendo a perguntas relacionadas ao contexto em que o Parque se situa, tais como, por exemplo: A. No caso de um Parque Tecnológico e Empresarial: A Base Física será formada por uma área exclusiva para empresas e centros de P&D, na periferia da cidade? Ou estará inserida no tecido urbano, contando com imóveis de terceiros? Ou será formada por Segmentos Locais dispersos no território, ou, ainda, será uma combinação de todas essas possibilidades? O Parque Tecnológico aceitará apenas unidades de P&D ou aceitará, também, linhas de fabricação de empresas baseadas em conhecimento? É possível iniciar o Parque Tecnológico a partir do uso de Distrito Industrial existente e que crescentemente hospeda empresas intensivas em conhecimento e cujas unidades de P&D são adjacentes às linhas de produção, e que possui boa infraestrutura e prédios disponíveis a preços competitivos? B. No caso de um Parque Científico Vinculado a Universidade: A Universidade está preparada para fornecer as condições necessárias para o sucesso do Parque, tais como, por exemplo: a) Uma eficiente e intensa sinergia entre professores, pesquisadores, estudantes de pós graduação, estudantes em geral e os profissionais de empresas intensivas em conhecimento que participam de projetos cooperativos de pesquisa e desenvolvimento no âmbito da academia? b) Uma busca obsessiva para a inovação e o empreendedorismo, sem renunciar à excelência acadêmica? c) Um sistema bem estruturado conducente a projetos cooperativos de P&D e educacionais que congreguem a academia, empresas e governo? É possível iniciar imediatamente alguns Núcleos de Inovação que, gradualmente, podem engendrar o desejado Parque Científico Vinculado à Universidade? O Parque Científico ficará limitado à área disponível no campus da Universidade ou nas proximidades? Ou será expandido mediante Segmentos Locais disseminados no território? Já existe uma área reservada para o Parque Científico no campus da Universidade ou na sua vizinhança? (Uma boa estratégia pode ser é preservar, dede logo, áreas 25

disponíveis nos campi universitários e adjacências, mesmo que a instituição não tenha ainda a intenção de implementar um Parque Científico Vinculado). O Parque Científico continuará a ser parte da estratégia da Universidade para evoluir no modelo de universidade empreendedora? Ou o Parque Científico Vinculado a Universidade será progressivamente transformado num Parque Tecnológico e Empresarial? E, nesse caso, a Universidade manterá a Gestão Estratégica ou renunciará a essa função para viabilizar uma engenharia institucional capaz de fornecer maior suporte político e financeiro à iniciativa? 3.

Como cada Habitat de Inovação é um caso por si, e não modelos consagrados de Parques Tecnológicos,118 cada comunidade tem o direito – e o dever - de desenvolver o Parque Tecnológico que melhor atenda às suas necessidades e às suas potencialidades. Assim, boas práticas e modelos advindos de experiências bem-sucedidas de Parques Tecnológicos em outras paragens podem ser valiosos para inspirar o projeto de um Parque Tecnológico numa determinada região, mas não devem constituir obrigações nem pré-requisitos para receber apoio do poder público.

4.

As cidades serão crescentemente Habitats de Inovação relevantes, reforçando – em alguns casos, recuperando - o papel que têm desempenhado desde os primórdios da civilização.119 Não é surpreendente, portanto, que os Habitats de Inovação tornem-se cada vez mais urbanos.

5.

O conjunto regional de Habitats de Inovação - devido às suas características singulares, comentadas adiante - é um grande promotor do “Projeto Regional para o Futuro”, compreendido como um programa que usa a inovação em todos os domínios de atividades com o objetivo de promover um salto rumo a um desenvolvimento regional sustentado, socialmente responsável e globalmente competitivo. Entre as características singulares do conjunto regional de Habitats de Inovação destacam-se abordagens multissetoriais, interdisciplinares e multinstitucionais, bem como um contacto diário e pragmático com o futuro. Estas características tornam-se essenciais para a construção de respostas eficazes aos crescentes e complexos desafios que se apresentam à sociedade, em todas as regiões, e que passam a ameaçar a própria sobrevivência do ser humano na Terra.

6.

Resumindo, parece que os atores que implementam Habitats de Inovação em regiões Sulamericanas têm basicamente cinco grandes desafios: Internalizar que o conjunto regional de Habitats de Inovação não é uma colcha de retalhos mas que, ao contrário, constitui um espectro contínuo de categorias que se complementam e reforçam e cujo número e diversidade não cessam de crescer. Promover, em cada local e região, as condições necessárias ao sucesso dos Parques Tecnológicos e outros Habitats de Inovação. Comportar-se sob a égide do novo paradigma que emerge em âmbito mundial – a Sociedade do Conhecimento, e não com prisioneiros do quadro mental do paradigma esgotado - a Sociedade Industrial. 120

118

US National Research Council: Understanding Research, Science and Technology Parks: Report of a Symposium, 2009: www.nap.edu/catalog/12546.html 119 Vide: RIBEIRO, D. O processo civilizatório. São Paulo: Companhia Letras, 1998 WATSON, P. Ideas: a history of thought and invention. New York: Harper Collins, 2005 120 SPOLIDORO, R. The Paradigm Transition Theory. In FORMICA, P.; TAYLOR, D. (Eds): Delivering Innovation, Malaga: IASP, 1998 26

Um exemplo de comportamento sintonizado com o novo paradigma é uma atitude acolhedora e de cautelosa modéstia em relação a propostas submetidas a Incubadoras de Empresas. Observa-se que comissões de seleção formadas por especialistas prisioneiros de paradigmas esgotados – por não saberem nem terem instrumental para avaliar o que ainda não existe - podem recusar projetos com extraordinário potencial de inovação científica e tecnológica e de mercado, como ilustrado pelo computador pessoal que, na década de 1970, foi considerado como um produto sem futuro por respeitados profissionais em informática na época.121 7.

Saber tratar com sucesso as diferentes possibilidades que se apresentam para Parques Tecnológicos considerando que os modelos tradicionais terão, como concorrentes, uma ampla variedade de novos modelos, em especial os Parques Tecnológicos Urbanos, integrados à cidade e, assim, capazes de oferecer melhores condições para atrair pessoas educadas, criativas e talentosas, bem como para captar projetos cooperativos estratégicos de Núcleos de Inovação emergentes em âmbito mundial.

8.

Assumir efetivamente o papel de promotores e coordenadores, no território, do respectivo Projeto Regional para o Futuro.

9.

Finalmente, considerando o potencial dos conjuntos regionais dos Habitats de Inovação, os autores sugerem que uma futura Conferência Mundial sobre Parques Tecnológicos da IASP seja centrada na busca de parcerias dos Habitats de Inovação, em âmbito mundial, visando a construção cooperativa de processos de desenvolvimento sustentáveis, socialmente responsáveis e competitivos para todas as regiões e países da Terra – mesmo se esse objetivo pareça utópico.

121

Vide: DRUCKER P. Peter Drucker on the profession of Management. Boston: Harvard Business Review, 1998 www.apqc.org/blog/drucker-s-five-deadly-sins-business 27

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