NYTimes.com, Clarín.com e ElPais.com – a relação com redes sociais no terremoto do Japão (2011)

June 29, 2017 | Autor: C. Weber Dall Agnese | Categoria: Journalism, Social Media, Media Convergence
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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 9º. Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (Rio de Janeiro, ECO- Universidade Federal do Rio de Janeiro), novembro de 2011

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NYTimes.com, Clarín.com e ElPais.com – a relação com redes sociais no terremoto do Japão (2011)

Raquel Ritter Longhi 1 Ana Marta Moreira Flores 2 Carolina Teixeira Weber3

Resumo Através de pesquisa exploratória, o estudo verifica a cobertura do terremoto e tsunami no Japão, em três webjornais de referência - NYTimes.com, Clarín.com e ElPais.com, atentando para a distribuição e colaboração através das redes sociais. Neste sentido, são verificadas estratégias de utilização das redes sociais na notícia webjornalística propondo uma sistematização em cenários distintos, porém, complementares, levando em conta notadamente as narrativas multimidiáticas, como especiais multimídia e infográficos em suas interações com plataformas como blogs, Twitter e Facebook. Palavras-chave: redes sociais; colaboração; webjornais de referência; notícia webjornalística.

1. A convergência das redes sociais com o webjornalismo Dentro das estratégias de convergência midiática do webjornalismo, as redes sociais adquiriram um papel protagonista. A notícia webjornalística passa por uma nova configuração com o aporte das redes sociais, no sentido de sua produção, leitura e difusão, além de viabilizar a realização da ponte com o público leitor. Jornalismo convergente, termo usado por Janet Ko-

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Jornalista, doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora do Curso e Mestrado em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina. Atua nas áreas de Jornalismo Digital e Gráfico e Teorias das Linguagens Jornalísticas. Coordena o Nephi-Jor - Núcleo de Estudos e Produção Hipermídia Aplicados ao Jornalismo/Grupo Hipertexto, Grupo Hipermídia e Linguagem/CNPq e faz parte da Rede de Pesquisa Aplicada Jornalismo e Tecnologias Digitais. 2 Jornalista graduada pelo Centro Universitário Franciscano/Unifra (Santa Maria, RS). Pesquisa jornalismo online com foco em jornalismo de moda e redes sociais. Mestranda do programa de Pós-graduação em Jornalismo da UFSC - PosJor. Bolsista Capes PROF - Programa de Fomento à Pós-graduação. 3 Jornalista graduada pelo Centro Universitário Franciscano/Unifra (Santa Maria, RS). Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC - PosJor. Pesquisadora na área de Jornalismo Online, com ênfase em redes sociais. Bolsista CAPES-REUNI.

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lodzy para definir o atual momento da comunicação, diz respeito ao estágio de desenvolvimento dos meios no qual a convergência é o processo principal e o leitor é o foco primordial. Assim, as empresas tradicionais devem desenvolver novas formas de atrair leitores e espectadores, além de manter os correntes. Para esta autora, Convergência no jornalismo exige mudanças na forma como as organizações de notícias pensam as matérias e a cobertura noticiosa, como eles produzem a notícia, e como as divulgam. A maior parte da convergência no jornalismo de hoje centra-se na última destas áreas, na distribuição da notícia. (KOLODZY, 2006, p.9, nossa tradução).

O público leitor está onipresente assim como as notícias, em especial quando se considera o acesso a partir de diferentes plataformas conectadas à internet, como em um conjunto formado também por aparelhos móveis como celular, tablets, netbook, laptop entre outros. É importante reconhecer que o novo consumidor de notícias é também um produtor de informação em potencial. A circulação de conteúdos por meio de diferentes sistemas midiáticos, como observa Henry Jenkins (2008), depende fortemente da participação ativa dos consumidores. Para o autor, a convergência não ocorre por meio de aparelhos, por mais sofisticados que venham a ser, mas dentro dos cérebros de consumidores individuais e na sua interação com outros. A convergência tem sido uma importante estratégia do jornalismo, desde o aspecto tecnológico até o editorial. Para Jenkins (2008), a indústria midiática, incluindo o jornalismo, adota a cultura da convergência por várias razões: 1) estratégias baseadas na convergência exploram as vantagens dos conglomerados; 2) a convergência cria múltiplas formas de vender conteúdos aos consumidores (a notícia considerada como um produto) e 3) a convergência consolida a fidelidade do consumidor, numa época em que a fragmentação do mercado e o aumento da troca de arquivos ameaçam os modos antigos de fazer negócio. A essa miríade de meios disponíveis para a convergência, vem somar-se as redes sociais como plataformas midiáticas que passam a ser utilizadas também na produção da notícia. Para Orihuela (2006), os meios de socialização resgatam o protagonismo mediático do público, que se converte no centro do processo comunicativo. Com o crescimento das redes sociais na internet (RSIs4), especialmente a partir de meados da década de 2000, sua adoção pelo jornalismo também avança: o papel que exercem tais plataformas de socialização online, aliado a possibilidades cada vez mais facilitadas de conexão e acesso, tornou as redes a alma do jorna4

“As RSIs são plataformas-rebentos da web 2.0, que inaugurou a era das redes colaborativas, tais como wikipédias, blogs, podcasts, o You Tube, o Second Life, o uso de tags (etiquetas) para compartilhamento e intercâmbio de arquivos como no Del.icio.us e de fotos como no Flickr e as RSIs, entre elas o Orkut, My Space, Goowy, Hi5, Facebook e Twitter com sua agilidade para microbloging.” (SANTAELLA, LEMOS, 2010, p.09, grifo do autor).

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lismo na internet. As redes sociais5, assim, convertem-se no mais forte elo de interação entre o público consumidor de notícias e os meios. A pesquisadora Ana Brambilla6 aponta três vertentes relacionadas à incorporação das redes sociais no dia a dia de quem trabalha com notícia: 1) apuração (busca por fontes, personagens, pautas, testemunhos, opiniões); 2) veiculação (linguagem adequada às mídias sociais, grupos e momentos certos para divulgação de determinadas notícias); e 3) feedback/relacionamento com o público (aproveitar a quantidade de informação espontânea e gratuita para melhorar o trabalho). A aproximação dos meios de comunicação com as redes sociais é uma tendência identificada com maior intensidade nos últimos cinco anos, provável conseqüência deste recente ecossistema da notícia. Para o pesquisador Tíscar Lara, enquanto meios jornalísticos, estes “têm de disponibilizar espaços de comunicação e socialização para suas audiências (...) agora o desafio é captar novos públicos e converter suas audiências em redes sociais” (2008, nossa tradução). O autor sustenta que a notícia na internet passou a requerer uma série de interações digitais com o público, inspiradas inicialmente nas possibilidades oriundas dos blogs – comentários e links - em um processo de “bloggização” dos jornais online. Sugere-se aí uma caminhada dos meios para uma socialização da notícia ao se aproximar ou até mesmo tornar-se rede social online.

2. Colaboração e notícia no jornalismo online Não se pode ignorar que os meios de comunicação têm-se beneficiado das redes sociais em grande medida, como observa José Luís Orihuela, citado por Cébrian Herreros e Vivar (2011). Graças às redes sociais, os meios obtêm pelo menos três benefícios: (1) melhora de sua identidade de marca, (2) fidelização de leitores e (3) vantagens através da distribuição de seus conteúdos entre as redes, produzindo um efeito em cadeia entre os membros da rede social e melhorando sua repercussão. A possibilidade de difusão de conteúdo nas redes sociais também muda a concepção de onde as notícias online podem realmente estar. A estratégia de buzz marketing, ou marketing viral, aplicada ao jornalismo, arranja os leitores como os principais agentes de disseminação dos conteúdos. O buzz consiste no “efeito boca a boca, da transferência de informação pelas redes sociais. Pode aparecer espontaneamente, sem o estímulo do homem de marketing ou outra pessoa qualquer” (SALZMAN, MA5

Redes sociais são definidas por Raquel Recuero como “um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupo; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais)”. (RECUERO, 2009, p.23). 6 Em entrevista disponível em:

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TATHIA e O’REILLY, 2003, p.08) e existe desde que as pessoas começaram a partilhar ideias. Por sua vez o buzz marketing é o uso deliberado da ação do usuário para gerar buzz. Com isso, cria-se um efeito (ilusório) de espontaneidade e de invisibilidade do autor. Através desse tipo de estratégia, os veículos objetivam incentivar a audiência a distribuir seus conteúdos por meio de diferentes canais. O usuário ativo das redes sociais torna-se então uma espécie de formador de opinião dentro de sua rede de contatos, fato reforçado pela chamada folksonomia7. A audiência transforma-se em difusora, retransmissora e disseminadora de informação em sua relação com os meios (BOWMAN & WILLIS, 2003; DEUZE, BRUNS & NEUBERGER, 2007 apud BACHMANN e HARLOW, 2011). Orihuela observa que, com as redes sociais, o “modelo de publicação autogestionada é a própria comunidade que atua como um sistema editorial distribuído e cooperativo, filtrando os conteúdos depois de publicados” 8. Ainda segundo o pesquisador, é a rede social que concede relevância, corrige e amplifica as informações e, ainda, promove as opiniões que gozam de maior consenso. (ORIHUELA, 2006, p. 70). Um usuário que compartilha conteúdo com seus 20 seguidores no Twitter, por exemplo, pode gerar um efeito de pouca expressão; no entanto, se um de seus followers, cuja lista de seguidores é dez vezes maior, repassar (retweet) a mesma notícia, teremos uma ampliação do efeito. A repetição deste comportamento por diversos atores da rede social potencializará o processo de spread, gerando cascatas de informação9. Ao papel do usuário como selecionador e distribuidor podemos atribuir o termo filtro social10 de notícias (social filter) cunhado por Brian Stelter (2008). Esse processo, assim como seus efeitos sobre profissionais e redação, é bem apontado por Cebrián Herreros e Vivar (2011), Para os meios, o objetivo é promover e fidelizar seus leitores, ouvintes ou audiência. Desta forma, aproveitam a oportunidade de distribuir seus conteúdos entre uma comunidade determinada, onde se formam grupos unidos por seu interesse particular no meio. (...) Agora as redações multimídia não somente devem completar com conteú7

Trata-se de um novo paradigma de classificação da informação que permite aos usuários da rede criar livremente etiquetas para categorizar todo tipo de conteúdos, que incluem links para notícias, vídeos, fotografias, etc. O caráter de colaboração e inteligência coletiva, segundo Cébrian Herreros e Marcelo Vivar é latente, uma vez que a Folksonomia opera através de uma organização colaborativa dos usuários, que contribuem pela classificação de conteúdo por meio de tags. (Cébrian Herreros e Vivar, 2011, p. 162). 8 ORIHUELA, 2006, p. 70, nossa tradução. 9 “As chamadas cascatas de informação (information cascades) ocorrem quando temos um tipo de comportamento (ou decisão) que é repetido por vários atores com base na observação dos demais (influência) e não em uma análise a partir das informações recebidas a respeito. Ou seja, as pessoas repetem as informações baseadas no fato de que outras pessoas estão fazendo assim.” (RECUERO, 2009). Disponível em < http://goo.gl/9nqTG>. 10 “De certo modo, esse filtro social (online e nas RSIs) é uma simples versão tecnológica da mais antiga ferramenta em política: o boca a boca” (STELTER, 2008, nossa tradução). Disponível em < http://goo.gl/hjldr>.

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O papel das redes sociais, aliado ao modelo P2P de distribuição, exemplifica, para Cardoso (2011, apud García de Torres, 2011, p.02), o quarto modelo de comunicação emergente com a Internet, que pode ser definido como trocas entre pares, muitos para muitos. De fato, os usuários de redes sociais online, como observam Cébrian Herreros e Vivar (2011, p. 160), crescem exponencialmente nas diferentes plataformas, configurando uma nova audiência. As eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2008 tiveram grande destaque nos meios online ao integrarem a webnotícia audiovisual às redes sociais. A começar pela campanha de Barack Obama11 que, ao comando de Chris Hughes, um dos co-fundadores do Facebook, fez-se presente em diversas RSIs. Um dos exemplos de maior visibilidade é o website do NYTimes.com, que acionou a audiência durante o dia das eleições, convidando os leitores a descrever seu estado de espírito durante a apuração dos votos. O resultado pode ser visto no infográfico What One Word Describes Your Current State of Mind?12. Na América Latina, destacamos o caso dos especiais multimídia do Clarín.com, os quais são referência na busca de novas linguagens para o webjornalismo, além de exemplos de “multimídia por integração” (SALAVERRÍA, 2005) e produtos intermídia (LONGHI, 2009). Estes produtos caracterizam-se como unidades comunicativas que associam sons, vídeos, imagens e infografia animada. A partir de 2006 o uso da rede social é introduzido no processo de produção, com o lançamento simultâneo do especial multimídia Los Amores e do blog Los Amores no se venden, cujo objetivo é dar sequência às discussões iniciadas no especial. Já em 2008 o lançamento do blog Ruta 6613, que serve como diário de bordo da viagem das duas jornalistas encarregadas em apurar as eleições presidenciais dos EUA, antecede o especial multimídia de mesmo nome (este foi construído à medida que o material apurado era enviado à redação).

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A campanha para presidência de Barack Obama, em 2008, teve total aderência com as potencialidades da internet e das redes sociais. Com o lema calcado no desejo de mudança da população norte-americana, a assessoria de Obama interagiu com os eleitores a ponto de criar uma rede social própria: a My Barack Obama. Nela, os apoiadores criaram uma rede de interesses, trabalho voluntário e até mesmo de doações em dinheiro para a campanha política. 12 < http://goo.gl/06gDB> 13

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3. Cenários das redes sociais na webnotícia14 Na presente análise da interação da notícia webjornalística com os usuários e leitores através das redes sociais, sugerimos cenários ligeiramente distintos, não excludentes e complementares entre si. Tal distinção é marcada pelos tipos de utilização e interação com as RSIs e usuários. Nossa proposta, neste sentido, é verificar alguns exemplos pontuais desses processos, identificando pelo menos quatro cenários, que podem se sobrepor e interagir de forma simultânea (Fig. 1). O primeiro cenário, que definimos como “Compartilhamento simples”, é marcado pela disponibilização de botões que permitem ao usuário compartilhar as notícias do webjornal em sites externos de redes sociais (Twitter, LinkedIn, Digg, Facebook, por exemplo). Esta característica foi verificada em todos os jornais aqui pesquisados. O espaço para comentários e o envio por e-mail também estão entre as estratégias de interatividade e distribuição de notícias. No segundo cenário detectado - “Perfil em redes sociais” - encontramos, além da possibilidade de compartilhar links de notícias, a presença dos veículos nas RSIs por meio de perfil ou fan page15. O nível de interação com os usuários das redes pode variar entre os veículos: desde perfis que apenas reproduzem o conteúdo do webjornal, configurando uma espécie de RSS16 automático, até os que dialogam com leitores e discutem pautas nesses ambientes. Para esta classificação, no entanto, observa-se o espaço oficial17 dos jornais dentro das redes. Outra possibilidade pertencente a este cenário é o login, no webjornal, via Facebook 18 que disponibiliza aos usuários da rede social visualizar conteúdos exclusivos, comentar notícias ou ainda ter acesso aos links recomendados pela rede de amigos.

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Para uma versão mais completa desta discussão, consultar o artigo “Os webjornais querem ser rede social?”, também de nossa autoria, publicado no livro “Jornalismo digital: audiovisual, convergência e colaboração”, organizado por Demétrio Soster e Walter Lima Jr. (Edunisc, 2011). 15 No Facebook é possível criar uma página corporativa (Facebook Pages) que difere do perfil pessoal, pois apresenta uma interface específica para a divulgação de empresas, ONGs, causas entre outros. O botão “Like” (“curtir”, em português) reúne os perfis pessoais (fãs) que se identificam/aprovam determinada corporação, motivo pelo qual as Facebook Pages são conhecidas por fan pages. 16 RSS, sigla para really simple syndication, é um software que reconhece e captura atualizações em sites, blogs, podcasts entre outros produtos previamente assinados pelo usuário. 17 No Twitter, a verificação é atualmente usada para determinar a autenticidade da identidade no Twitter. O objetivo deste programa é a de limitar confusões de usuário, tornando mais fácil para identificar contas autênticas no Twitter. O selo de autenticidade é usado para contas empresariais e de celebridades que sofrem regularmente confusão de identidade no Twitter. Para ser verificada, a uma conta deverá ser pública e ativa no Twitter. No facebook não foi verificada ferramentas de verificação para as fan pages ou perfis. 18 Detalhes em

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Figura 1 - Cenários de interação dos webjornais com o usuário por meio das RSIs. Fonte: própria.

Já no terceiro, “Colaboração”, o uso das redes sociais vai além do processo de distribuição de notícias. Em coberturas jornalísticas especiais, observamos com frequência o uso de conteúdo oriundo e selecionado das redes sociais na internet para reportagens multimídia e atualizações em tempo real. Percebemos aí o conceito latente do consumidor-produtor (prosumer19) que tem o potencial de reportar acontecimentos bastando estar no local certo, na hora certa. Dentro da concepção de blogs como formatos de cobertura, aqueles “surgidos para cobrir um evento e que têm, portanto, um caráter transitório” (ORIHUELA, 2006, p.161) incluem-se alguns blogs incorporados aos especiais multimídia do Clarín.com, produzidos em conjunto com tais produtos. Para ilustrar este terceiro cenário, tomamos dois casos: os especiais multimídia do portal argentino e os infográficos do NYTimes.com. O quarto cenário, “Redes sociais próprias”, é o mais recente observado. Nele o jornal online dispõe de uma rede social própria, além de acumular todas as características dos cenários anteriores. Traz as ferramentas existentes em um site de rede social como criar perfil, compartilhar e comentar itens, seguir usuários, entre outras. As redes sociais próprias mantêm link com as outras redes já existentes e oferecem a opção de importar contatos e de publicar os links recomendados na plataforma do veículo. Exemplos dessa tendência estão no NYTimes.com por meio da rede Times People e no webjornal El País, com a rede própria Eskup.

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Para Acerecho e Ayerdi (2011, p. 140, nossa tradução) “o ator comunicativo que se desenvolve na chamada Web 2.0, como ambientes de maior comunicação, o prosumer é um ativo produtor e consumidor de informações relevantes na Web, Internet em geral e, claro, em avançados dispositivos digitais associados”.

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A Times People, lançada em 2008, é uma rede social gratuita inserida no site NYTimes.com. Para o usuário criar um perfil, basta ter um endereço de e-mail ativo e realizar o registro no site para logo poder compartilhar, recomendar e criar uma rede particular de leitores do jornal. A página pessoal de cada membro traz um feed do que está sendo recomendado naquele instante e ainda a opção de filtrar atualizações por contatos na rede particular do usuário ou para todos os cadastrados na Times People. Com a provável ideia de logo socializar com novos usuários, a rede disponibiliza o recurso que detecta pessoas pertencentes a redes sociais externas ou contatos de e-mail do usuário e que mantém conta ativa na Times People. Além disso, a rede traz alguns perfis selecionados de jornalistas da redação do NYTimes.com como sugestão para adicionar aos contatos. A rede social do El País, Eskup, fundada em 2010, tem como objetivo ampliar a forma de contar notícias e também de aproximar os leitores de maneira mais participativa do conteúdo do El País. Os leitores podem criar perfis, interagir com os jornalistas e seguir assuntos de interesse pessoal. Externamente a este panorama também é possível observar um processo inverso. Ao considerar a rede social Busk20, startup brasileira fundada em 2009 e reformulada em 2011, observamos um comportamento de rede social focada em informação jornalística. O próprio site define: Busk é um serviço para consumo personalizado de notícias que propõe uma forma super simples de descobrir, ler, compartilhar e colecionar conteúdo relevante, no menor tempo possível. Para isso, reúne em um só lugar o melhor conteúdo na íntegra de uma grande variedade de sites, filtrado por um buscador em tempo real e uma rede social.

Gigantes da mídia, como o NYTimes.com, realizam uma segmentação de seus produtos de acordo com o público consumidor. Um destes casos é o da revista eletrônica T Magazine21 (The New York Times Style Magazine) focada para um público consumidor de moda e design, ultraconectado e bastante jovem. A revista inaugurou no dia 29 de março de 2011, um espaço na plataforma social gratuita Tumblr22 que conversa exatamente com o público correspondente da revista. Percebemos aí, uma estratégia inteligente de conhecer, conquistar e captar o público indo até ele, uma vez que o jornal desloca-se de seu endereço usual na internet para ter esse espaço em uma rede social externa. Ao tomar este caso como exemplo, observase um esforço cada vez mais evidente dos webjornais em abranger mais opções para manter e

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atrair leitores. As estratégias utilizadas pelos webjornais evidenciam que redes sociais na internet são a maneira mais eficaz de conquistar usuários e vem sendo amplamente usadas para que o público permaneça mais tempo em determinado endereço de jornal online. Desenha-se, logo, uma tendência a ser mais implementada por jornais em todo o mundo ou, ao menos, derivada do comportamento social mediado por computador.

4. A cobertura da catástrofe no Japão com as redes sociais A catástrofe resultante do terremoto e tsunami no Japão, em março de 2011, gerou um fluxo impressionante de conteúdo informativo ideal para a observação a que se propõe neste artigo. Na tarde de 11 de março de 2011 um forte terremoto atingiu o Japão, tendo seu epicentro no Oceano Pacífico, a 130 km da península de Ojika. O tremor ocasionou tsunamis com ondas de até 10 metros que devastaram parte da costa do país. Entre as cidades atingidas estão Sendai, Kesennuma, Natori, Hachinohe, Yabuki, Urayasu, Ichihara, além da capital Tóquio. No dia seguinte, mais uma catástrofe: a usina nuclear de Fukushima sofreu uma explosão, o que fez com que autoridades japonesas decretassem estado de emergência nuclear na região. Inicialmente avaliada em 8,9 na escala Richter, a magnitude do terremoto foi elevada para 9,0 alguns dias após o desastre, que se tornou o quarto mais potente da história desde 1900. São contabilizados mais de 10 mil mortos e quase 20 mil desaparecidos. Logo após o terremoto, as linhas telefônicas se encontravam congestionadas no país; no entanto, a internet continuava a funcionar. Neste contexto, acessadas através de smartphones, tablets, notebooks e outras plataformas móveis, as redes sociais foram os principais meios de comunicação dos moradores das regiões atingidas com seus familiares e amigos, além de importantes canais para troca de informações sobre desaparecidos e vítimas. Os webjornais NYTimes.com, El País.com e Clarín.com foram escolhidos para esta análise por estarem enquadrados no conceito de jornais de referência, ou seja, aqueles que se destacam pela qualidade e influência23. O processo metodológico baseia-se na pesquisa explo-

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O Tumblr, fundado há quatro anos, é um microblog e rede social que permite compartilhar qualquer mídia: texto (post), fotos, citações, links, músicas e vídeos, a partir do navegador, celular, desktop ou e-mail. 23 Vidal-Beneyto (1986), citado por Luis A. Albornoz (2007), conceitua jornais de referência como os jornais “que ficam longe do sensacionalismo e da parcialidade, e definidos como jornais de referência dominante, que (...) são uma referência imprescindível para os outros meios de comunicação, tanto escritos como audiovisuais, que não produziriam suas próprias opiniões e juízos sobre um assunto sem antes ter conhecimento das emitidas por esses jornais, referindo-se ou não de modo explícito às mesmas; a de ser plataforma privilegiada para a pre-

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ratória, que procura “informações sobre um determinado objeto, delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto” (SEVERINO, 2010, p. 123). O artigo discute, assim, em que ponto a rede social na internet se encontra com os formatos noticiosos do webjornalismo, especialmente no que se refere aos formatos audiovisuais. A metodologia exploratória permite a proposta de um mapeamento dos cenários dessa relação entre a notícia e as RSIs. O material referente à cobertura dos tremores de terra e tsunami no Japão foi analisado no período de 11 a 18 de março de 2011, a primeira semana a partir do terremoto. A coleta de notícias foi feita por meio dos sistemas de busca de cada webjornal, utilizando como palavraschave “Japão+terremoto” (“Japón+terremoto”, no Clarín.com e El País, e “Japan+earthquake”, para o NYTimes.com). Parte do material foi selecionado com o objetivo de interpretar o momento webjornalístico contemporâneo através da ótica proposta nos cenários de interação com as RSIs.

4.1 NYTimes.com Durante o período analisado foram publicadas no NYTimes.com 176 matérias referentes à cobertura do desastre no Japão. Neste apanhado estão incluídos todos os formatos noticiosos: de notícias (breaking news), ferramentas interativas, audiovisuais, infográficos, vídeos a posts em blogs inseridos no site do jornal. A versão digital do The New York Times participa dos quatro cenários identificados neste estudo: do compartilhamento à rede social própria. O que se observa é que todas as publicações têm, ao menos, os botões de compartilhamento em RSIs externas e na Times People além da possibilidade de enviar links por e-mail. A opção inclui até mesmo algumas galerias de foto e imagens integradas às notícias, ou seja, é possível compartilhá-las separadamente da notícia. No entanto, para comentar, é necessário criar cadastro gratuito junto ao site. Algumas matérias apresentam uma barra disposta à esquerda do texto com itens multimídia: vídeos, slideshows e infográficos que se expandem na mesma janela do texto, uma possível estratégia para manter o leitor mais próximo de uma leitura linear com o intuito de não dispersá-lo. Podemos observar que determinadas publicações sobre a tragédia no Japão trazem inseridas nesta barra multimídia um comentário de leitor em destaque, em especial de usuários que vivenciaram o terremoto. sença e expressão dos grandes líderes políticos, as grandes instituições sociais, (...)” (ALBORNOZ, 2007, p. 18, nossa tradução).

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Entre os usuários cadastrados é possível recomendar e responder aos comentários publicados, e estes são apresentados em diferentes abas como “todos os comentários”, “highlights”, “recomendações dos leitores” e “respostas”. É interessante observar que durante o período avaliado muitas questões foram levantadas acerca do perigo de contaminação nuclear decorrente do tremor na usina de Fukushima. O intenso fluxo de informações e especulações debatidas nos comentários levaram o NYTimes.com a encerrar a opção de comentários em algumas matérias para não correr o risco de gerar pânico por informações não verificadas pela redação vindas de outros leitores. Quanto à colaboração do usuário, característica do terceiro cenário, foram observadas duas situações: 1) o uso de conteúdo multimídia, em especial vídeos é considerado material complementar às notícias, e foram usadas logo após o terremoto e, 2) a seleção de informação (fontes, entrevistas, fotografias e vídeos) via redes sociais ou formulário no site é usada para criação de especiais interativos, como no slideshow Earthquake and Tsunami in Japan: Readers’ Photos24. Outro ponto interessante diz respeito à citação de fontes coletadas via Twitter, a inserção de conteúdo multimídia de emissoras de televisão (norte-americanas e japonesas) e de uma gama de canais informativos possibilitados pela internet em um processo que sugere a onipresença do jornal. Porém, esse rico material, atualizado cronologicamente em postagens diárias25 teve espaço nos blogs, notadamente o The Lede26. A premissa das postagens referentes à catástrofe japonesa no blog mantido por Robert Mackey é prover informação complementar vindas de colegas jornalistas no Japão, de outros sites de notícias, fontes confiáveis, fotografias e vídeos postados em redes de mídia social. O uso das redes sociais foi tão intenso na cobertura do Japão que o jornalista Robert Mackey criou por meio de seu perfil pessoal no Twitter uma lista27 com fontes verificadas e seguras sobre informação em tempo real do desastre japonês. O material publicado no blog, assim como 100% do conteúdo inserido no site do jornal pode ser compartilhado na Times People. O uso da Times People pode ser feito de duas maneiras: 1) a barra de ferramentas (toolbar) superior disponível em todas as páginas do jornal uma vez que o usuário tenha feito login ou 2) na página do Times People em que é possível acompanhar mais detalhes das atividades na rede, administrar configurações e entrar em contato com a comunidade de leitores. A cada recomendação há a opção de acrescentar co24

< http://goo.gl/57k6B> Exemplo com 17 atualizações do dia 16 de março de 2011 < http://goo.gl/IEhrd> 26 27 25

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mentário com o limite de 140 caracteres, como no Twitter. Além disso, também é possível obter feeds RSS da atividade de seus contatos ou sincronizar com a atividade no Facebook, através do aplicativo disponível na Times People. Observamos que dentro da rede não é possível recomendar ou publicar links externos ao site, configurando, assim, uma dinâmica constante de autorreferencialidade.

4.2 Clarín.com Dentro de nossos parâmetros de pesquisa, foram encontradas 142 notícias, pertencentes às editorias Mundo, Asia, Opinión e Política. Já na seção específica de multimídia foram apontados pela busca galerias de foto, arquivos de áudio e de vídeo. Tudo pode ser compartilhado pelas 335 redes disponíveis no botão compartir do Clarín.com. Grande parte das notícias traz em seu conteúdo, além do texto, também áudio e vídeo. Vale observar que estes vídeos muitas vezes são incorporados do YouTube e que, apesar do link ser externo ao site, a visualização é feita através da mesma janela da notícia. Como recurso para interação entre rede social e veículo jornalístico, o Clarín.com traz ao lado direito de algumas matérias sobre o terremoto um widget que permite acompanhar as atualizações do Twitter em tempo real que referenciam hashtags como #japonclarin, #tsunami, #alerta, #japon, #Fukushima, entre outras. Essas janelas são intituladas “El terremoto em Twitter”. Outro exemplo de interação do veículo com o Twitter foi observado na página Opiná en Clarín.com, espaço que permite que os leitores opinem no perfil do veículo sobre temas pré-definidos (temas do dia), contudo para isso não precisam fazer login na rede social, nem ao menos ter uma conta na rede social. Os comentários são enviados via formulário e moderados pela equipe. Além disso, um aspecto a ser destacado são os esclarecimentos disponibilizados sobre o Twitter, o que é e como usar, o significado de termos mais usuais (hashtags, DM, RT, following, etc), ferramentas adicionais e um tutorial. Apesar de o site possuir exemplos de blogs como formatos de cobertura (ORIHUELA, 2006), como alguns casos dos especiais multimídia já citados e de outros encontrados na seção Blogs de Clarín28, como Guitarras del mundo29 (página dedicada a falar do festival de mesmo nome), não foram identificados blogs de cobertura dedicados à tragédia do Japão.

4.3 El País.com 28 29



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No webjornal El País.com foram publicadas no período de pesquisa 271 notícias em formatos como artigos, fotografia, vídeo, galeria e gráficos, dentre outros, levando tanto para as edições impressa como digital. Nos resultados referentes à edição impressa, há opções de compartilhamento por: Eskup, Tuenti, Menéame, Google Buzz e twittear e recomendar (este, pelo Facebook), o que aparece tanto no cabeçalho da notícia como ao seu final. Nas matérias do online, as opções de compartilhamento levam às mesmas redes, e ainda, seguir o tema no Eskup, rede social própria do jornal, e link para o Especial Tragedia en Japón. Tais opções estão presentes em todos os resultados, atestando os três primeiros cenários apontados: ainda há opção para comentários, onde é aberto um formulário para o leitor. O cenário de colaboração, neste caso, funde-se com o de redes sociais próprias, o quarto cenário apontado, uma vez que é dado ao leitor a possibilidade de comentar e publicar através da rede Eskup. Ao pé das matérias, junto ao ícone compartir, opções para 19 redes sociais selecionadas, e o botão Qué es eso?, no qual o jornal explica de que se trata o compartilhamento, inclusive mostrando para que serve cada uma das redes sociais disponíveis. O texto de apresentação explica: Todos os ícones levam a serviços web externos e alheios a El País.com, que facilitam a gestão pessoal ou comunitária da informação. Esses serviços permitem ao usuário, por exemplo, classificar, compartilhar, valorizar, comentar ou armazenar os conteúdos que encontra na Internet. (nossa tradução).

Nos vídeos, as principais opções de compartilhamento são o Facebook, Twitter e Tuenti, com opções para todas as 19 redes no botão “mais”. Já nas galerias de fotos, as opções incluem Enviar a un amigo (por e-mail); e Compartir, abrindo opções para as mesmas RSIs. Com o especial Tragédia en Japón, o El País reúne todo o material publicado, na forma de textos, fotos, vídeos, entrevistas, depoimentos, inclusive conectando com alguns produtos de outros veículos online, como o site The Big Picture, do The Boston Globe, e o especial Satellite Photos of Japan, Before and After the Quake and Tsunami, do NYTimes.com. As opções de compartilhamento com Eskup, Facebook e Twitter são as principais, enquanto as opções para Gráficos apresentam compartilhamento com as três principais redes para o webjornal. Em Fotogalería, também estão opções de compartilhamento para as redes sociais selecionadas pelo veículo. A rede social Eskup, lançada pelo periódico em junho de 2010, localiza-se claramente no quarto cenário. Disponibilizando conteúdos gerados pelo jornal, permite aos usuários participação na distribuição e consumo das informações, através de um cadastro gratuito. O leitor

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pode seguir temas de seu interesse, comentá-los (em até 280 caracteres) e publicá-los e também seguir outros usuários, formando a sua rede pessoal. A página principal relativa a cada assunto noticioso dentro dessa rede traz título, tags, a notícia mais atual, mais informações, notícias anteriores, usuários e mensagens.

5. Considerações finais O crescente uso das redes sociais nos processos de produção e distribuição da notícia pelo jornalismo desperta um interesse particular de investigação. Ao navegar pelos webjornais é possível verificar momentos diferentes de uso das redes sociais no trabalho jornalístico. Para comprovar e organizar essas impressões no panorama contemporâneo do jornalismo online buscamos pontuar este estudo através de um acontecimento específico tomando como base três webjornais de referência. Diante das cenas de uma catástrofe amplamente noticiada, em que a colaboração se fez presente através de milhares de fotos e vídeos captados por celulares e câmeras, nas redes criadas para trocar informações sobre desaparecidos, nos milhares de tweets, nas campanhas de doação divulgadas no Facebook, entre outros exemplos, perguntamos em quais momentos foi possível notar a aproximação dos webjornais às RSIs. A análise de notícias pontuais dentro da cobertura nos permitiu observar diferenças e semelhanças na interação entre os produtos webjornalísticos - com destaque para os audiovisuais - e as redes sociais, além de detectar tendências. Como já discutimos, em um formato jornalístico como o breaking news, por exemplo, seria arriscado renunciar à instantaneidade em prol de uma maior elaboração do material, se a rapidez na informação é um dos valores primários para o jornalismo. Da mesma forma que, nas grandes reportagens, a multimídia pode ser desenvolvida em sua plenitude (SALAVERRÍA, 2005). O processo de aproximação às redes sociais é semelhante: notamos a utilização desde um nível mais básico, do simples share (compartilhamento), prática presente em grande parte dos jornais online de referência, até a criação de uma rede própria dentro do webjornal, como nos casos do NYTimes.com e El País.com. Paradoxalmente, o jornal online parece não ser a plataforma ideal para o gigantesco fluxo de informação disponível, mesmo que selecionada, polida e organizada. Por meio dos blogs e microblogs, expõe-se um pouco mais do processo de construção notícia, dando pistas sobre os bastidores do trabalho jornalístico, a relação com as fontes e a filtragem de material.

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Alguns canais informativos do jornalista são os mesmos do usuário médio de internet, em especial quando se considera, por exemplo, perfis verificados no Twitter. Nos blogs, a cobertura se dá em uma atmosfera mais caracteristicamente colaborativa, pois há a referência e uso de materiais oriundos de outras empresas jornalísticas (redes de TV CNN, NHK Japão, no caso do Japão) além de usuários que testemunharam o terremoto e tsunami. Das RSIs incluídas na análise, o Twitter emerge como protagonista, presente em todas as etapas da construção da notícia, em especial na distribuição. Uma das práticas a serem destacadas é o uso da reprodução dos tweets, que se tornou uma espécie de documento para legitimação de fonte. Já no caso do Facebook, por outro lado, o uso é alocado com mais intensidade na distribuição e feedback da notícia. Por sua vez, a rede social própria, no caso da Times People parece ainda não encontrar aderência e retenção de usuários no site. Em 2009, a rede social do NYTimes.com divulgou sua API30 para criação de novos produtos, o que poderia contribuir para acessos de diferentes locais, como por meio de aplicativo no Gmail, e ainda assim não parece conquistar o público enquanto rede social - mesmo que tenha uma reputação incontestável quanto à qualidade e credibilidade da informação. Ao refletir sobre as maneiras de aproximação às redes sociais, levamos em consideração que os três webjornais analisados localizam-se em diferentes contextos geográficos, sociais, culturais e econômicos, mesmo que não seja objetivo deste estudo aprofundar especificamente nesta questão. Uma distinção pontual entre os veículos se dá nas edições online dos jornais NYTimes.com (Global Edition e US Edition) e El País (Global e Nacional) que oferecem visões ligeiramente adaptadas. Consideramos ainda que os produtos apresentam propostas editoriais e características narrativas distintas, além de atingir diferentes públicos, o que vai interferir, entre muitos outros aspectos, em suas estratégias de aproximação com as RSIs. Novidades em redes sociais surgem diariamente. A disponibilização de compartilhamento de conteúdo com 335 redes pelo Clarín.com nos dá um exemplo de como é impraticável apreender essas plataformas em sua totalidade. Muitas delas irão desaparecer tão rapidamente quanto surgiram. Outras, como o Facebook e o Twitter, demonstram que seus usos ultrapassam o “convívio” social mediado por computador, modificando definitivamente o modo de produzir e consumir notícias; ainda assim, não há garantias de permanência quando se trata do ambiente online. No campo do novo e do desconhecido, não há como prever quais práticas terão sucesso e aderência do público, contudo já se pode afirmar que não é mais cabível igno-

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rar as RSIs. Transformadas no centro das atenções da comunicação contemporânea, para o jornalismo são fontes e ao mesmo tempo canais de difusão do conteúdo, quando não se tornam a própria notícia. Nosso mapeamento de cenários é apenas um ensaio com o objetivo de apreender parte das práticas mais utilizadas nos webjornais selecionados que, por serem considerados veículos de referência, têm alto potencial de influenciar o jornalismo online como um todo.

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