O ACORDO NUCLEAR COM O IRÃ: AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NO ORIENTE MÉDIO E BOAS NOTÍCIAS PARA UM MUNDO DE CRISES Carlos Frederico Pereira da Silva Gamai Publicado dia 19/01/2016 no SRZD: “O Acordo nuclear com o Irã: boas notícias para um mundo de crises” http://www.sidneyrezende.com/noticia/259171 Publicado dia 22/01/2016 no NEMRI: “O acordo nuclear com o Irã e a as relações internacionais do Oriente Médio” https://nemrisp.wordpress.com/2016/01/22/o-acordo-nuclear-com-o-ira-e-asrelacoes-internacionais-no-oriente-medio-2/
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou que a República Islâmica do Irã cumpriu as exigências previstas no acordo negociado com o grupo das seis potências (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) em 2015ii. Após a desativação de suas centrais nucleares e o envio de material nuclear remanescente para a Rússia, sanções internacionais impostas ao Irã acabam de ser suspensas. Tais sanções levaram 15 milhões de pessoas (20% da população) para abaixo da linha de pobreza. O rial iraniano perdeu metade do seu valor frente ao dólar. O Irã viveu anos de recessão e expressivas quedas do produto interno bruto (-6.6% em 2012 e -1.9% em 2013). A eleição em 2013 do presidente Hassan Rouhani (considerado moderado, em contraste com o nacionalista Mahmoud Ahmadinejad) e o declínio do preço do barril de petróleo brent no mercado mundial (de 110 dólares na crise econômica de 2008 para menos de 30 em 2016) contribuíram para a reaproximação entre Teerã e Washington. Uma grande promessa de campanha de Barack Obama era trazer estabilidade ao Oriente Médio e Ásia Central e recuperar a imagem de liderança dos EUA naquelas regiões. Antes do acordo nuclear, Obama enfrentava imensas dificuldades para transformar suas intenções em resultados. A retirada das tropas norte-americanas do Iraque fracassou espetacularmente após o início da guerra civil na vizinha Síria. A “linha vermelha” das armas químicas de Bashar Al-Assad foi esquecida após acordo negociado por Rússia e China com a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). A autorização da Organização das Nações Unidas (ONU) para o uso da força contra o “estado” islâmico/ISIS/Daesh veio na sequência de prolongados bombardeios unilaterais e não-coordenados da Rússia e OTAN. Mesmo tendo morto Osama Bin Laden e retirado suas tropas, as promessas de Obama no Afeganistão permanecem reféns de remanescentes da Al-Qaeda e senhores da guerra. Os fracassos estratégicos dos EUA foram comemorados em Teerã. Após as intervenções dos EUA no Iraque, o Irã se tornou a grande força política no país (via líderes políticos xiitas). A participação do Hezbollah na guerra civil síria (apoiando Assad, em parceria com a Rússia) e na política libanesa potencializa a influência do regime dos aiatolás, bem como a insurgência das tribos xiitas Houthi no Iêmen. A Arábia Saudita interveio no Iêmen em 2015, o que elevou o nível de tensão com Teerã. Irã e Arábia Saudita romperam relações diplomáticas em 2016 – como já haviam feito em 1988. Para além das justificativas oficiais (a execução do clérigo xiita Sheik Nim al-Nimr na Arábia Saudita, acusado de “terrorismo” e o incêndio da embaixada saudita em Teerã a seguir), os dois estados
disputam a primazia na região, mobilizando diferentes versões do Islã. Os regimes da família Saud e dos aiatolás se legitimaram politicamente transformando a religião em questão de estado: a Monarquia absolutista sunita guardiã das cidades sagradas de Meca e Medina versus a República Islâmica xiita sob a liderança do aiatolá Ali Khamenei. Em meio a discursos da Al-Qaeda e Daesh promovendo suas versões de um “novo califado” (no Afeganistão e na Síria), a relação delicada entre religião e soberania não pode ser subestimada. Sob pesadas críticas de seu principal aliado na região (Israel), o governo Obama se mostrou pragmático a ponto de se aproximar de um regime inimigo de décadas (como já fizera com Cuba em 2014). A negociação não criou uma aliança entre EUA e Irã. Além da proximidade geográfica, outros interesses conectam Teerã às demais potências participantes do acordo (Rússia e União Europeia). À ousadia de Obama no plano externo se somaram constrangimentos internos. Enquanto o Irã se unia pela agenda do fim das sanções, o presidente dos EUA enfrentou resistências a um acordo até mesmo de sua ex-secretária de estado, Hillary Clinton, pré-candidata democrata à Casa Branca. Ao contrário de Rouhani, Obama está em fim de mandato. Não há garantias de que o futuro governo dos EUA – ou um Congresso hostil, dominado pela oposição – manterá o acordo em vigência. O acordo que congelou o programa nuclear do Irã é um alento para o regime internacional de nãoproliferação nuclear (abalado pelo recente teste nuclear da Coréia do Norteiii) numa região onde um acordo dessa envergadura era considerado uma miragem. Esse ceticismo vitimou a iniciativa de Brasil e Turquia em 2010: a negociação que fizeram com o governo Ahmadinejad foi rechaçada pelas seis potências. A trilha que levou ao acordo com o Irã foi pavimentada com muitas decepções. Mesmo com a piora do contexto internacional, as exigências feitas no acordo foram cumpridas. O contraste entre o Irã e outros países com programas nucleares incompatíveis com o Tratado de NãoProliferação Nuclear (TNP) é expressivo, num mundo globalizado com múltiplos centros de poder. Uma chance foi dada à diplomacia. E ela foi aproveitada. Essa é a primeira boa notícia de 2016. i
Professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT) Gama, Carlos Frederico Pereira da Silva (2015). “O Acordo Nuclear com Irã e as Transformações na Ordem Internacional”. SRZD. Disponível em: http://www.sidneyrezende.com/noticia/247794. Acesso em: 06 de Abril de 2015. iii Gama, Carlos Frederico Pereira da Silva (2016). “A Coréia do Norte desafia o Mundo“. NOO. Disponível em: http://noo.com.br/a-coreia-do-norte-desafia-o-mundo-entre-crises/. Acesso em: 08 de Janeiro de 2016 ii
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O acordo nuclear com o Irã: boas notícias para um mundo de crises Carlos Frederico Pereira da Silva Gama* A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou que a República Islâmica do Irã cumpriu as exigências previstas no acordo negociado com o grupo das seis potências (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) em 2015. Após a desativação de suas centrais nucleares e o envio de material nuclear remanescente para a Rússia, sanções internacionais impostas ao Irã acabam de ser suspensas. Tais sanções levaram 15 milhões de pessoas (20% da população) para abaixo da linha de pobreza. O rial iraniano perdeu metade do seu valor frente ao dólar. O Irã viveu anos de recessão e expressivas quedas do produto interno bruto (-6.6% em 2012 e -1.9% em 2013). A eleição em 2013 do presidente Hassan Rouhani (considerado moderado, em contraste com o nacionalista Mahmoud Ahmadinejad) e o declínio do preço do barril de petróleo brent no mercado mundial (de 110 dólares na crise econômica de 2008 para menos de 30 em 2016) contribuíram para a reaproximação entre Teerã e Washington. Uma grande promessa de campanha de Barack Obama era trazer estabilidade ao Oriente Médio e Ásia Central e recuperar a imagem de liderança dos EUA naquelas regiões. Antes do acordo nuclear, Obama enfrentava imensas dificuldades para transformar suas intenções em resultados. A retirada das tropas norte-americanas do Iraque fracassou espetacularmente após o início da guerra civil na vizinha Síria. A "linha vermelha" das armas químicas de Bashar Al-Assad foi esquecida após acordo negociado por Rússia e China com a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). A autorização da Organização das Nações Unidas (ONU) para o uso da força contra o "estado" islâmico/ISIS/Daesh veio na sequência de prolongados bombardeios unilaterais e não-coordenados da Rússia e OTAN. Mesmo tendo morto Osama Bin Laden e retirado suas tropas, as promessas de Obama no Afeganistão permanecem reféns de remanescentes da Al-Qaeda e senhores da guerra. Os fracassos estratégicos dos EUA foram comemorados em Teerã. Após as intervenções dos EUA no Iraque, o Irã se tornou a grande força política no país (via líderes políticos xiitas). A participação do Hezbollah na guerra civil síria (apoiando Assad, em parceria com a Rússia) e na política libanesa potencializa a influência do regime dos aiatolás, bem como a insurgência das tribos xiitas Houthi no Iêmen. A Arábia Saudita interveio no Iêmen em 2015, o que elevou o nível de tensão com Teerã. Irã e Arábia Saudita romperam relações diplomáticas em 2016 - como já haviam feito em 1988. Para além das justificativas oficiais (a execução do clérigo xiita Sheik Nim al-Nimr na Arábia Saudita, acusado de "terrorismo" e o incêndio da embaixada saudita em Teerã a seguir), os dois estados disputam a primazia na região, mobilizando diferentes versões do Islã. Os regimes da família Saud e dos aiatolás se legitimaram politicamente transformando a religião em questão de estado: a Monarquia absolutista sunita guardiã das cidades sagradas de Meca e Medina versus a República Islâmica xiita sob a liderança do aiatolá Ali Khamenei. Em meio a discursos da Al-Qaeda e Daesh promovendo suas versões de um "novo califado" (no Afeganistão e na Síria), a relação delicada entre religião e soberania não pode ser subestimada.
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Sob pesadas críticas de seu principal aliado na região (Israel), o governo Obama se mostrou pragmático a ponto de se aproximar de um regime inimigo de décadas (como já fizera com Cuba em 2014). A negociação não criou uma aliança entre EUA e Irã. Além da proximidade geográfica, outros interesses conectam Teerã às demais potências participantes do acordo (Rússia e União Europeia). À ousadia de Obama no plano externo se somaram constrangimentos internos. Enquanto o Irã se unia pela agenda do fim das sanções, o presidente dos EUA enfrentou resistências a um acordo até mesmo de sua ex-secretária de estado, Hillary Clinton, pré-candidata democrata à Casa Branca. Ao contrário de Rouhani, Obama está em fim de mandato. Não há garantias de que o futuro governo dos EUA - ou um Congresso hostil, dominado pela oposição - manterá o acordo em vigência. O acordo que congelou o programa nuclear do Irã é um alento para o regime internacional de não-proliferação nuclear (abalado pelo recente teste nuclear da Coréia do Norte) numa região onde um acordo dessa envergadura era considerado uma miragem. Esse ceticismo vitimou a iniciativa de Brasil e Turquia em 2010: a negociação que fizeram com o governo Ahmadinejad foi rechaçada pelas seis potências. A trilha que levou ao acordo com o Irã foi pavimentada com muitas decepções. Mesmo com a piora do contexto internacional, as exigências feitas no acordo foram cumpridas. O contraste entre o Irã e outros países com programas nucleares incompatíveis com o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) é expressivo, num mundo globalizado com múltiplos centros de poder. Uma chance foi dada à diplomacia. E ela foi aproveitada. Essa é a primeira boa notícia de 2016.
*professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Tocantins (UFT) em colaboração voluntária ao SRZD
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Por Carlos Frederico Pereira da Silva Gama[i] A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou que a República Islâmica do Irã cumpriu as exigências previstas no acordo negociado com o grupo Seguir Reino Unido, França e China, das seis potências (Estados Unidos, Rússia, Alemanha) em 2015[ii]. Após a desativação de suas centrais nucleares e o envio
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entrada. barril de petróleo brent no mercado mundial (de 110 dólares na crise econômica de 2008 para menos de 30 em 2016) contribuíram para a reaproximação entre Insira seu endereço de email Teerã e Washington. Uma grande promessa de campanha de Barack Obama era trazer estabilidade ao Cadastreme Oriente Médio e Ásia Central e recuperar a imagem de liderança dos EUA naquelas regiões. Antes Crie do umacordo nuclear, Obama enfrentava imensas site com WordPress.com dificuldades para transformar suas intenções em resultados. A retirada das tropas norteamericanas do Iraque fracassou espetacularmente após o início da guerra civil na vizinha Síria. A “linha vermelha” das armas químicas de Bashar AlAssad foi esquecida após acordo negociado por Rússia e China com a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). A autorização da Organização das Nações Unidas (ONU) para o uso da força contra o “estado” islâmico/ISIS/Daesh veio na sequência de prolongados bombardeios unilaterais e nãocoordenados da Rússia e OTAN. Mesmo tendo morto Osama Bin Laden e retirado suas tropas, as promessas de Obama no Afeganistão permanecem reféns de remanescentes da AlQaeda e senhores da guerra. Os fracassos estratégicos dos EUA foram comemorados em Teerã. Após as intervenções dos EUA no Iraque, o Irã se tornou a grande força política no país (via líderes políticos xiitas). A participação do Hezbollah na guerra civil síria (apoiando Assad, em parceria com a Rússia) e na política libanesa potencializa a influência do regime dos aiatolás, bem como a insurgência das tribos xiitas Houthi no Iêmen. A Arábia Saudita interveio no Iêmen em 2015, o que elevou o nível de tensão com Teerã. Irã e Arábia Saudita romperam relações diplomáticas em 2016 – como já haviam feito em 1988. Para além das justificativas oficiais (a execução do clérigo xiita Sheik Nim alNimr na Arábia Saudita, acusado de “terrorismo” e o incêndio da embaixada saudita em Teerã a seguir), os dois estados disputam a primazia na região, mobilizando diferentes versões do Islã. Os regimes da família Saud e dos aiatolás se legitimaram politicamente transformando a religião em questão de estado: a Monarquia absolutista sunita guardiã das cidades sagradas de Meca e Medina versus a República Islâmica xiita sob a liderança do aiatolá Ali Khamenei. Em meio a discursos da AlQaeda e Daesh promovendo suas versões de um “novo califado” (no Afeganistão e na Síria), a relação delicada entre religião e soberania não pode ser subestimada. Sob pesadas críticas de seu principal aliado na região (Israel), o governo Obama se mostrou pragmático a ponto de se aproximar de um regime inimigo de décadas (como já fizera com Cuba em 2014). A negociação não criou uma aliança entre EUA e Irã. Além da proximidade geográfica, outros interesses conectam Teerã às demais potências participantes do acordo (Rússia e União Europeia). À ousadia de Obama no plano externo se somaram constrangimentos internos. Enquanto o Irã se unia pela agenda do fim das sanções, o presidente dos EUA enfrentou resistências a um acordo até mesmo de sua exsecretária de estado, Hillary Clinton, précandidata democrata à Casa Branca. Ao contrário de Rouhani, Obama está em fim de mandato. Não há garantias de que o futuro governo dos EUA – ou um Congresso hostil, dominado pela oposição – manterá o acordo em vigência. O acordo que congelou o programa nuclear do Irã é um alento para o regime internacional de nãoproliferação nuclear (abalado pelo recente teste nuclear da Coréia do Norte[iii]) numa região onde um acordo dessa envergadura era considerado uma miragem. Esse ceticismo vitimou a iniciativa de Brasil e Turquia em 2010: a negociação que fizeram com o governo Ahmadinejad foi rechaçada https://nemrisp.wordpress.com/2016/01/22/oacordonuclearcomoiraeasrelacoesinternacionaisnoorientemedio2/
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DOUTOR EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS PELO IRI/PUCRIO (2011). MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS PELO IRI/PUCRIO (2005). BACHAREL EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS PELA PUCMINAS (2002).
[i] Professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT) [ii] Gama, Carlos Frederico Pereira da Silva (2015). “O Acordo Nuclear com Irã e as Transformações na Ordem Internacional”. SRZD. Disponível em: http://www.sidneyrezende.com/noticia/247794 Acesso em: 06 de Abril de 2015. [iii] Gama, Carlos Frederico Pereira da Silva (2016). “A Coréia do Norte desafia o Mundo“. NOO. Disponível em: http://noo.com.br/acoreiadonortedesafiaomundoentrecrises/. Acesso em: 08 de Janeiro de 2016 Imagem:
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