O Amor que não se cansa

July 4, 2017 | Autor: Claudio Silva | Categoria: Religion, Religião, espiritualidade, saúde
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Ficha Catalográfica Copyright© Cláudio Roberto da Silva, 2011 Scrithos Gráfica - editora 1. ed. 2011. Capa: Scrithos Gráfica Editora e Papelaria Ltda. Revisão: Ana Júlia Dutra Curtinhas Cunha Tiago Eurico de Lacerda Padre Miguel Taboada Composição: Cláudio Roberto da Silva Diagramação: Diego Nielsen Dias Impressão: Scrithos Gráfica Editora e Papelaria Ltda. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Impresso no Brasil/Printed in Brazil

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Epílogo A construção dessa obra permeou o curso de um ano, mas seu conteúdo se debruçou em uma vida inteira. O autor.

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Dedicatória Agradecimentos Imprimatur Prefácio Trailer Capitulo I Capitulo II Capitulo III Capitulo IV Capitulo V Capitulo VI Capitulo VII Capitulo VIII Conclusão Biografia do autor Faixa Bônus

Índice

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Dedicatória Dedico essa obra a dois grandes santos, Meu pai Joaquim Francisco e minha mãe Terezinha de Jesus. De meu pai herdei a arte da poesia, a arte da música, E a arte da ‘malandragem’, em seu mais nobre significado. Em doses terapêuticas nunca deixou de me mostrar o quanto à vida seria difícil e dura, E que precisaria ser artista para saber vivê-la. Minha mãe com sua simplicidade, ensinou-me a arte do silêncio fruto de uma fé carismática. Passei a ter fé um dia em que a vi desafiando uma profecia pessimista, que dizia ter recebido do “além” uma mensagem que naquela noite levaria a vida de uma de suas filhas. Ela sem saber rezar ao menos as contas do rosário disse ao tal ‘profeta’: “Vamos ver qual Deus é mais poderoso”. Essa filha, à mais de duas década celebra vigorosamente a vida, defendida nas contas do rosário e aos pés do divino Espírito Santo. É transitando entre essas duas faculdades que hoje me tornei educador da Língua e educador da fé.

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Agradecimento Primeiramente a Deus, por nunca ter desistido de mim, que me salvou no tempo oportuno, e acreditou, que de mim poderia sair algo bom. A toda a minha família, meu pai Joaquim Francisco e minha mãe Terezinha de Jesus. Aos meus irmãos, (colocarei só o primeiro nome por serem muitos) Carlos, Carlito, Sônia, Samila, Cheila, Daniela, Shirlei e a todos os meus amigos. A minha querida esposa Josilene Barros, (você e nossa filha Analice, fizeram brotar em mim, um novo entusiasmo pra viver). A Miguel de Barros (minha promessa), meu filho que está chegando em breve. A minha família espiritual, Comunidade Semeai, nos seus 11 anos de fundação e evangelização, a qual me sustenta e impulsiona a mergulhar em águas mais profundas da missão além fronteiras. Ao Padre Miguel, amigo confessor e diretor espiritual, a Dom Odilon nosso bispo diocesano, um exímio pregador da palavra.

Pax Domine!

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Deus abençoe a paixão pelo anúncio que existe nestas páginas, que cada leitor(a) se contagie e possa ser também, como o Cláudio, discípulo missionário e instrumento do AMOR de Deus. Em Cristo, Padre Miguel Taboada, missionário xaveriano ([email protected])

IMPRIMATUR Cedido por, Dom Odilon Guimarães Moreira. Bispo da Diocese de Itabira Coronel Fabriciano-Mg.

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Prefácio Cláudio nos convida a fazer uma tremenda viagem neste livro

maravilhoso: “O Amor que não se cansa”. Somos chamados a tomar do melhor vinho que só o cristianismo pode nos dar. Somos convidados a desconstruir as projeções que fazemos de Deus e ter uma verdadeira imagem do seu amor por nós. Vemos que somos homens da terra e do céu, chamados a amar e ser amado. Amado, o ser humano busca desesperadamente ser amado, mas ele só pode ser totalmente amado quando sua alma se lança sem medo algum no Deus da misericórdia, no Deus que é amor, e quando isto acontece, ele terá uma experiência que o marcará para o resto de sua vida! Quando comecei ler este livro, não imaginava que ele mexeria tanto comigo, este livro nos leva a descobrir a nossa verdadeira vocação: o Amor! Meu amado olhe para dentro de si e descubra esta riqueza! Você é chamado para amar! Seu coração está repleto do amor do Pai e

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com este amor você pode amar mais pessoas. “Deus é amor. (Jo 4,8), onde Deus está ali está o amor! Jesus pediu que amássemos uns aos outros, podemos fazer grandes coisas, porém se nos faltar o essencial que é amar, com certeza não estaremos agradando a Deus. Como disse Santa Tereza D’Ávila: o que importa não é o valor de nossas obras, mas o quanto de amor com que elas são realizadas, em outras palavras você pode dar sem amar, mas não pode amar sem dar. O amor nos leva a alimentar, vestir, visitar e dar de beber ao nosso inimigo. Quem ama não quer dominar a ninguém, o amor envolve mais o dar-se do que o afirmarse. O amor nos coloca ao lado dos pobres e necessitados! O amor coloca o outro em destaque! O amor é a força que nos move em direção ao outro por completo. “Não nos amemos por palavras mais em atos e em verdade” (1 Jo 3, 18). O amor de Deus está em seu coração e opera no seu íntimo e o leva a amar e a dar sem jamais exigir. O amor é mais forte que a morte, não fraqueja diante da morte, envolve leprosos, criminosos, inimigos, arrogantes, pecadores, ricos e pobres. O amor não tem preconceito de cor, raça e religião! Não deixe nada apagar o fogo do amor de Deus que está em teu coração! Obrigado Cláudio por esta obra, é um presente para todos nós! Fico honrado em fazer apresentação deste livro, uma obra necessária e útil para todo cristão. Cláudio, não pare, obrigado por sua vida, que é uma síntese e fruto deste Amor que não se cansa. Juninho (José Moreira Guedes) Teólogo, Filósofo, Psicanalista e Fundador da Missão Ide.

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Trailer Um dia eu estava meio desanimado, precisando de uma palavra de conforto diante das situações em que eu vivia. O caminho da nossa vida é cheio de momentos assim. E muitas palavras nos vêm ao coração, trazidas por pessoas ou sussurradas por Deus em nossos momentos de oração, mas poucas têm em si o poder de modificar algo em nós. Eu encontrei uma luz ao receber por e-mail o rascunho do livro O amor que não se cansa, e com a leitura do mesmo veio um pedido: ajudar a escrever um trailer sobre tal enredo, para mim foi mais que uma oportunidade de ver a luz em meus caminhos, pude banhar-me nesta luz e trilhar em cada capítulo a história da minha própria vida. O presente trabalho destina-se a quantos sentem a necessidade de experimentar um caminho de proximidade com o Amor de Deus. O primeiro passo nesta aventura do Amor é se deixar conduzir pelos instrumentos que temos, e nada melhor do que os nossos próprios sentidos. Deus nos permite senti-lo, parece uma loucura, mas Ele como

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um Deus real tem sua existência entre nós, e se pelos sentidos nos parecer obscuros os caminhos é preciso então suprimir o saber para dar lugar a fé, que é um dom de Deus. É preciso ter um norte e valores bem claros sobre a nossa vida de fé, só assim o Amor poderá alcançar o seu auge em nós nos levando a não nos cansarmos também de buscar a outros para sentirem-se amados. No segundo capítulo o autor faz alusão a uma pipa e ilustra muito bem a nossa experiência com o Amor. Nos prendemos a Ele, não para perder nossa autonomia, mas se não estivermos atados nesta fonte segura, não poderíamos bailar com liberdade, a pipa sem a corda presa em algo firme não encanta, não cumpre seu papel, por isso nos prender em Deus é buscar cumprir o nosso papel de filhos livres e amados e neste paradoxo encontrar o nosso caminho. Muitos reclamam que a experiência de Deus é comprometedora demais e só faz sofrer. Para alguns estar atados à Deus é sofrer sem sentido. Mas quando encontramos um sentido na dor e percebemos a possibilidade de uma vida nova, tudo muda. No terceiro capítulo aprenderemos com o bom ladrão a estar do lado certo, a não viver na lamúria que leva a descrença e à morte, mas a confiar em Deus, justo e inocente para alcançarmos a vida e vida em abundância dizendo a Deus sempre: “lembra-Te de mim Senhor!”. E a maior prova de amor é que ele não nos decepciona. O quarto capítulo nos ensinará que somos humanos e que a nossa natureza está suscetível à dores, decepções, mas nada disso é vontade de Deus. E diante de todas as dificuldades de nossa vida Ele nos dá oportunidades de nos reorganizar e direcionar os nossos passos, só o nosso Deus é assim, vem ao socorro dos que o clamam. Ele nos busca constantemente e no quinto capítulo experimentaremos o seu amor quando perdidos como a ovelha que se desgarrou, Ele deixa tudo e vai ao nosso encontro, todos os nossos medos cessam com a presença de Deus, amar é buscar sem medidas e sem cansaço, amar é dar possibilidades de ressurreição a todos que perecem por tantos males. E ninguém melhor para nos ensinar a amar como a mãe do Amor que soube superar todos os desafios para trazê-lo ao mundo, o sexto capítulo apresenta esta mulher e nos convida a observar os seus passos para que ao final de nossa jornada possamos proclamar como ela que Deus fez em nós maravilhas... ela se derramou em amor com Cristo por todos aqueles que não acreditavam e não

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esperavam a salvação que foi gerada em seu ventre. Assim como Maria muitos santos entregaram suas vidas por este projeto, mas com um diferencial, permitindo que a glória de todo este esforço fosse elevada a Deus. Veremos isto no sétimo capítulo de uma forma clara. A glória é de Deus e nós somos apenas instrumentos em suas mãos, instrumentos que precisam ser afinados para que um cântico novo possa ecoar de nossos lábios. E no último capítulo é retomada a grande temática do livro, o Amor não se cansa. Nós sim muitas vezes desistimos e deixamos de lado a nossa missão, mas Ele percebe que deixamos esfriar este amor que nos impulsionava e quantas vezes se fizer necessário Ele nos reanimará, pois seu amor é sem fim. E como eu dizia no início, após estes passos com o Amor, aquele desânimo que eu experimentava foi sendo eliminado dando lugar a um sentimento que me possibilita seguir adiante e caminhar rumo a águas mais profundas. Estou certo de que a leitura deste livro possibilitará o alívio não somente de pessoas desanimadas, mas de muitos que precisam ressuscitar para uma vida nova em Cristo. Curitiba, (PR). 10 de Junho de 2010. Dia de Santa Olívia. Tiago Eurico de Lacerda, Seminarista Xaveriano e autor do Livro Sob a chave do silêncio. 2006. Editora Corifeu.

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CAPÍTULO I

Deus age através dos nossos sentidos Você está pronto? Então vamos lá. Deus tem sempre o melhor para nós e a melhor parte dessa verdade é que Ele reserva ainda o que preparou de mais espetacular para o final. É o que retrata o texto do evangelho de São João. Que grande mistério de misericórdia há na passagem em que está narrada a festa de bodas em Caná da Galileia. Neste trecho Jesus nos mostra a sua economia de salvação. “Todos servem primeiro o vinho bom, quando todos os convidados já estão bêbados servem o pior, pois já não diferem o gosto e nem a qualidade do vinho, Você porem guardou o vinho melhor para o final” . Em Jesus o melhor sempre está por vir, deve-se isso o porquê do cristianismo, não ser uma religião estagnada e sim uma religião que tem seu percurso ao longo da historia, como um povo que caminha para a

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terra prometida. No cristianismo, o êxtase, está na vinda do Cristo, que nos é prometida, dessa forma devemos alertar nosso coração quanto a toda ideologia imediatista e/ou estacionada, é perigoso quando dizemos “eu já aceitei Jesus” e acreditamos que não nos falta mais nada, da mesma forma quando dizemos que já nos convertemos e não existe mais nada a acrescentar em nossa vida espiritual, devemos romper com esses conceitos que só nos fazem regredir em nosso relacionamento com Deus. A verdadeira prosperidade consiste em buscar sempre o melhor, em todos os campos da vida. Numa aula de Antropologia cultural o Professor citando o Salmo 8. Concluiu: “ A vocação do homem é ser mais.” E continuou seu discurso citando alguns pensadores da história que afirmam que o ser humano ainda não atingiu nem o mínimo de sua capacidade. O mesmo vale para a vida espiritual, Deus tem uma vida próspera para nós, e nos convida a buscar o vinho bom que ele reservou para os que perseverarem até o fim. É preciso caminhar, é preciso continuar, não é permitido estacionar. É claro que digo no sentido da busca espiritual, não devemos paralisar em nossa procura por Deus. O corpo precisa de descanso, como sabemos, mas a alma, só encontrará seu descanso em Deus, como nos sugere Santo Agostinho. É por isso que não descansaremos enquanto não estivermos plenamente em Deus. Estacionamentos foram feito para máquinas, você não é uma máquina, tudo que vivemos até aqui é apenas um trailer, uma sinopse do grande enredo que temos para viver, Ele é o Deus do infinito, e tem o infinito para nós. Lembro que quando era jovem, havia um homem em meu bairro muito respeitado e temido por todos devido a sua braveza, sempre o víamos nos bares bebendo ou pelos cantos fumando maconha e por ser antipático e agressivo. Todos mantinham a distância, porem a molecada queria dar um jeito no tal valentão. Um dia a turma estava toda reunida no “morrinho” quando aparece o mancebo, com a mão na cintura e gritando: “Eu estou muito doidão, já fumei todas à custa do pessoal lá de baixo, e quero fumar mais, se vocês não me arrumarem uma tora para eu fumar, eu vou cortar todo mundo no tiro”. Uns o repudiavam com os olhos e com gestos, outros se afastavam com medo, e só um teve uma brilhante idéia. Próximo ao local tinha uns restos de fezes

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de animal, o menino com um pequeno papelote, colheu parte daquele esterco ressecado pelo sol, enrolou uma pequena bucha e entregou ao agressor. O homem acendeu aquele charuto e a cada tragada que dava, fazia exagerados elogios: “Eu nunca fumei uma maconha tão boa, essa deve ter vindo direto da Bolívia”. Toda a turma caiu na risada. Ainda hoje não há quem não se lembre do tal fato e façam boas piadas do valentão. É isso que o inimigo da humanidade quer fazer, ele veio para matar, roubar e destruir, ele quer roubar nossa alma, com isso ele tenta destruir primeiro a percepção, para que o homem não tenha mais sabor, não diferencie mais o que é bom. É como a experiência que alguns pesquisadores fizeram com uma rã. Eles em primeiro momento a colocam em uma panela com água morna, e atiçam fogo, ela não percebe que o ambiente esta mudando, que a água está ficando quente, daí quando ela ferve já é tarde demais. O sentimento de contentamento não nos foi dado por Deus, tal palavra sugere que tudo já está bom, e que nada mais precisa ser transformado, e que já podemos cruzar nossos braços. Si estamos contentes com nosso mundo, tem alguma coisa errada, pois falta muito para melhorar no mundo, senão em nossa própria vida, na vida do próximo. Veja o que os traficantes fazem com a juventude, eles oferecem droga de graça nas festas e escolas, até perceber que o indivíduo alcançou o grau de contentamento, ele acha que será sempre assim que terá droga quando precisar, daí vem a desgraça do vício, então os traficantes já colocam o seu preço, e muito caro, ao ponto do viciado ter que vender tudo, roubar e mendigar para conseguir novamente a droga. Devemos ir de encontro ao verdadeiro amor que vem do Senhor, mesmo que julguemos já tê-lo encontrado, é preciso ir mais além. Vejamos o que santo Agostinho tem a nos ensinar: A despeito de tudo, o homem, pequena parcela da criação, quer louvar-vos. Vós mesmo o incitais a isto, fazendo com que ele encontre suas delícias no vosso louvor, porque nos fizeste para vós e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em vós. Catecismo da Igreja Católica, pag 22

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Deus em sua liberdade divina quis criar o homem para si ele mesmo o modelou para que toda a vida do homem fosse para o amor e para o seu louvor, o que santo Agostinho nos diz é que o desejo do homem de encontrar Deus foi colocado em seu coração pelo próprio Deus, ele inspirou no homem a necessidade de Deus, a ponto que o homem só encontre suas delícias no Senhor. Todo homem tem sede de Deus e procura a Deus, do mais santo ao mais terrível dos pecadores, mesmo que não saiba. O ateu usa do ateísmo para encontrar a Deus, na verdade ele muita das vezes esta protestando contra a figura que se tem de Deus e não da pessoa de Deus. O violento agride o outro como um manifesto por não ter encontrado a Deus, o motivo que o levou a agressão é justamente devido ao fato de não conhecer e experimentar a Deus. A prostituta e o prostituto escondem no seu pecado sua busca por Deus, eles tentam encontrar no dinheiro, no sexo e no prazer o preenchimento do vazio provocado pela falta de Deus. E não diferente, a minha alma e a sua tem sede de Deus e só encontraremos nossas delícias na presença do maravilhoso. O Espírito santo nos quer exortar a jamais descansar nossa alma no meio do caminho. Não descanse! Não pare! Um dia Deus me disse umas palavras na autoridade de pai: “Quem te deu ordem para se aposentar?” Talvez Ele esteja dizendo a você também agora, quem te deu ordem para estacionar? Quem te disse que você já aproveitou todo o amor que eu tenho para te dar? Você parou na introdução desse romance maravilhoso, que relata a nossa história. Bata no peito agora e diga comigo; Não descanse oh minha alma, enquanto não alcançar o êxtase em Deus, Mesmo que a minha estória com o Senhor já tenha ido longe demais. Hoje entendo que para o eterno, tudo é apenas começo. Deus usa dos nossos sentidos para nos alcançar, e que grande alegria saber que Ele quer nos alcançar e ser alcançado. Dizem que o homem tem 05 sentidos, e a mulher tem 06, os sentidos são: audição, olfato, paladar, visão e tato. Parece-me que a mulher é dotada do sexto sentido que é a intuição. Tenha certeza que Deus quer preservar todos os seus sentidos saudáveis, pois é através deles que Ele quer agir. O

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que estou assegurando com essas ilustrações pode assustar meus professores e outros pensadores, o fato é que a religião precisa sair do campo imaginário e do campo intelectual para alcançar o concreto e palpável. Deus é vivo, Ele não é algo inventado, fictício, Ele é real e ao ponto de ser sentido pelo homem. Vejamos nossos sentidos e suas funções na experiência de Deus. A visão. “Olhai e vede”. Em toda a bíblia encontramos versículos com essa expressão. Ele chama a nossa atenção para abrir bem nossos olhos e ver além do que podemos ver. Parece que trata se de um problema de linguagem pleonasmo, mas aqui temos uma frase constituída de 02 verbos, ou seja, duas ações, e as duas parecem dizer a mesma coisa, olhai e em seguida insiste vede. O autor sagrado com essa junção verbal quer nos fazer entender que não é somente uma ação natural de olhar, e sim de ver, entender, mergulhar. Somos preciosos aos seus olhos, somos a pupila dos olhos de Deus. A audição. “Agora, escute, Jacó meu servo; preste atenção, Israel. Meu escolhido. Assim diz Javé que o fez, que o formou no ventre e o auxilia: Não tenhais medo.” Is 44-1-2. Nossos ouvidos são os sentidos mais usados pela graça de Deus, através deles escutamos o clamor do povo que nos leva a sermos missionários, e a viver o “Ide por todo canto e pregai o evangelho”, através deles a fé e a salvação nos é apresentada, através dos ouvidos somos porta voz do Cristo que nos fala, quando estamos caídos, ele sempre nos abre os ouvidos para nos dizer; “ venha a mim filho amado eu te amo”. O olfato. “Eu sou a rosa de Saron e o Lírio dos vales” Ct 2,1. O que pode nos trazer mais prazer que um bom perfume, e a fragrância de uma rosa? O que pode ser mais belo que uma flor, sobretudo um lírio? No cantares de Salomão Deus se apresenta como a Rosa de Saron, planta raríssima, encontrada apenas em uma região do planeta, tais plantas são conhecidas e procuradas devido ao seu perfume inigualável e sua beleza

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sem igual. Podemos dizer que Deus é sedutor, pois possui o perfume que nos atrai. Jeremias de tão atraído e seduzido por Deus, dizia por todo lado, “Tu me seduziste Senhor e eu me deixei ser seduzido por ti”. Jer 20, 7-9. Maria irmã de Lazaro encontrou prestígio diante do Senhor Jesus ao lavar seus pés com um perfume de nardo puro e muito caro, devido a tal atitude a casa de Betânia se encheu não mais daquele perfume e sim do perfume de Deus que é a sua graça. O paladar. “Então eu abri a boca e Ele me deu o rolo ( pergaminho contendo a palavra de Deus) para eu comer. E continuou: ‘Criatura humana, que seu estomago e sua barriga se saciem com o que estou lhe dando.” EZ 3, 2-3. Deus é alimento, ou seja, se fez alimento para poder entrar no homem e em sua vida, e para que esse homem tivesse interesse em se alimentar dele, Ele se dar com gosto de mel. Para Ezequiel aquele pergaminho tinha gosto de mel. O povo caminhou durante quarenta anos no deserto sustentados pela promessa de uma terra onde corria leite e mel, esse alimento era a própria presença do Senhor. Como Ezequiel precisamos nos alimentar da palavra de Deus, sobretudo como católicos, devemos nos alimentar de Deus na eucaristia, que é o Cristo pão vivo que se oferece a nós como verdadeiro alimento. O tato. “Alguém me tocou, eu senti uma força saindo de mim”. Lc 8,46. O corpo de Jesus era todo revestido de uma força, capaz de curar, capaz de converter. Quando somos tocados por Ele ou o tocamos somos atingidos por essa graça. Tomé é tido popularmente como o incrédulo, porem foi o único homem na face da terra que tocou na intimidade do Senhor de forma concreta, seu desejo da verdade o levou a tocar no coração do Senhor e o sentir pulsando. Jesus nos permite que o toquemos para que através desse toque Ele arranque de nosso coração toda a raiz de incredulidade. No livro do apocalipse também cita o termo núpcias do cordeiro, Deus se manifesta a nós intimamente como um esposo a sua esposa, Ele nos toca, nos abraça, nos “beija com os beijos de sua boca” Ct 1,2. E assim possamos encontrar nele as nossas delícias. O demônio por saber de toda a essa realidade, procura a todo

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instante roubar os nossos sentidos, porque ele sabe que é através deles que Deus se manifesta em nossa vida e nos atrai. Se não contemplamos mais a nossa vitória, é porque nossos sentidos estão tapados, daí não enxergamos o poderoso exercito que peleja por nós. II Reis 6:17. Muitas vezes não temos mais ânimo para caminhar rumo à terra prometida porque não sentimos mais o cheiro do mel, não sentimos mais o gosto antecipado das delicias de Deus. Talvez nossas narinas estão entupidas com o odor do pecado ou da acusação e não sentimos mais o cheiro da rosa de Saron e o perfume da salvação. Eu não receio em afirmar com todas as forças que o Senhor quer restaurar nossos sentidos. A todo momento poderíamos ver a mão do Senhor a nos guardar, se não tivéssemos com os olhos cobertos de escamas, essas que nos impedem de ver o extraordinário. Na verdade não fomos treinados desde cedo a ver além do que os olhos podem ver, nos contentamos com o ordinário, e dessa forma não nos esforçamos a ver o extra. Na cruz havia dois ladrões que estavam para ser condenados a morte, um deles olhava para Jesus ali na mesma situação que eles, prestes a morrer e não conseguia ver outra coisa senão alguém cheio de poderes que num piscar de olhos os tiraria dali, ou seja, seria obrigado a tirá-los dali, já que portava de poderes especiais. O outro convicto de sua responsabilidade diante do seu pecado, ou crime, vê muito mais que um mágico poderoso, percebe que está diante do próprio Deus, que é cheio de misericórdia. Jesus aparentemente era o mais derrotado dos seres que habitavam o calvário, pois além de está próximo a morrer vergonhosamente na cruz, ele não era culpado de crime nenhum, mas Dimas (como a Igreja nomeia o bom ladrão) enxerga a salvação diante dele, e não se achando digno dela, pede ao Senhor que ao menos se lembre dele, quando estiver na glória, e isso já seria o bastante, porem o Senhor determina: “ Hoje mesmo estará comigo no paraíso”. Lc 23.43. Como pode ser possível à nossa mente imaginar tal enredo, um homem que sofre a vergonha da dor, desfalece ao lado de “um Deus morto” e amanhece na aurora com o Pai da eternidade? Eu mesmo respondo; Não é possível, somente com o poder do Espírito Santo é que podemos perscrutar os mistérios do altíssimo. Deus é extraordinário em suas ações, cabe a nós buscarmos sempre no Espírito a graça de

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compreender, para assim não perdermos a graça. Eu o convido a rezar comigo neste instante. Não perca tempo, rezemos com fervor pelos nossos cinco sentidos, precisamos pedir ao Senhor que cure os nossos sentidos, para que possamos voltar a sentiLo e a experimentá-Lo. Senhor Jesus toque em meu ser, Cura Senhor meus ouvidos, para que eu possa voltar a ouvir A melodia de sua voz. Toque em meus olhos e cura me, eu preciso voltar a essência, Como nos primeiros dias em que pelos olhos da fé Eu podia vê-lo e contemplá-lo Faça me sentir teu perfume oh Amado de minha alma Eu preciso voltar a sentir a sua mão a me tocar... (você pode continuar com suas palavras essa oração)

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CAPÍTULO II

O caçador de pipas Outro dia subi ao monte com meu afilhado de nove anos, não para rezar como eu tenho costume, mas para soltar pipas. Havia muitos anos que não me divertia com essa brincadeira. Fiz uma bela pipa de plástico preto e rabióla longa e fomos animados, naquele dia o sol estava brando e ventando muito, dia propício para o tal esporte. Quando levantei a pipa, ela subiu bailando e traçando o céu, eu olhava para aquele céu maravilhosamente azul, e via aquele espectro bailando, então o Espírito Santo invadiu meu coração e me pôs a refletir: Eis que o Senhor procura homens que sejam como pipas no céu para nele bailar com liberdade, e haverá dias em que os homens e mulheres voltarão a sonhar com o céu. Aquelas palavras cobriam meu íntimo de uma luz esplendorosa, e a pipa se punha a me desafiar, pois ela, um pequeno objeto feito de

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plástico e bambu, era capaz de invadir o céu, e eu que sou um “filho do Céu” estava preso as minhas limitações satisfeito com a superfície. O voo da pipa só é belo por ela está presa a uma corda e essa corda nas mãos de alguém na superfície, caso contrário ela se perderia nas alturas, daí não teria mais brilho de se ver. Da mesma forma o Senhor espera que sejamos do céu, porém com as raízes fecundadas no chão da terra. É quase inevitável não citar o poeta padre Fabio de Melo, em sua poesia profética: “posso tocar o céu, mesmo preso ao chão”. O apóstolo Paulo nos recomenda a sermos concidadãos do céu, (FL 3,20) em seguida Pedro reforça nos chamando de estrangeiros nessa terra, e herdeiros do céu. (I Pe 1,1-2). Como um caçador de pipas, o Senhor Jesus percorre os caminhos de Jerusalém e aos arredores chamando e caçando aqueles que têm os olhos no céu, somos seus convidados a vivenciar essa experiência, Ele anda por nossas ruas, batendo em nossas portas, reforçando o convite. Ele tem pressa em ajuntar os seus. No evangelho vemos a conversão de Levi, um cobrador de impostos que tem sua vida transformada, pelo encontro com Jesus. Foi a conversão mais rápida da bíblia, em apenas um versículo, Jesus passando frente ao seu balcão de trabalho, olha para ele e disse apenas: “Vem segue me“ (Mc 2, 14). e no mesmo instante, ele largou tudo e pôs-se a segui-lo. Eis a verdadeira lei da atração, o homem sem fazer perguntas se ajuntou ao mestre. Como Levi, nossa resposta a esse convite deve ser imediatamente, não deixe para amanhã não podemos perder tempo, achando que estamos ganhando. Muitos dizem, vou terminar a faculdade e depois eu me entrego de corpo e alma. Tem mais de dez anos que eu escuto isso, e se fosse verdade, era para a Igreja está superlotada hoje, no entanto, todos formaram e já estão trabalhando e nada disso aconteceu. O Senhor chamava Agostinho todos os dias e ele dizia que ainda estava cedo para se entregar à Deus, no dia que ele resolveu ouvir a voz insistente do Senhor, ele experimentou um amor tão forte, que em lágrimas de arrependimento ele dizia: “Tarde te amei, beleza antiga e tão nova, eis que procurava fora o que estava dentro de mim” (As confições de Santo Agostinho Livro X) “Se vocês foram ressuscitados com Cristo, procurem as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra”. (Col. 3,1-2)

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Somos hospedes na terra, não devemos nos ater ao que é da terra, Mary Ward dizia em seus escritos “não se contentes com aquilo que é menos que Deus”. Em meu Livro (O céu é logo. 2006) trato desse assunto com mais profundidade. Estamos de passagem e passageiros não devem ter posses, a Igreja em sua santidade e grandeza de sabedoria, sempre teve uma opção preferencial pela pobreza, com isso ao longo dos anos ela aborda o discurso do desapego aos bens que passam, claro que isso não quer dizer que tenhamos que aceitar uma vida sub-humana e não lutar pelos nossos direitos, mas é justamente o que o Apóstolo está nos dizendo, se somos nascidos do alto, devemos ter nosso apego ao que é do alto, ele no mínimo quer nos livrar de uma decepção futura, pois não haveremos de levar nada conosco quando formos chamados desse mundo. A Igreja usa de seu profetísmo enraizado no chão da vida, para nos fazer refletir nos passeios dourados e celestiais do paraíso. No ano 2010 na campanha da fraternidade ecumênica foi abordada essa temática (“Não seja o dinheiro, o Deus de vocês” Mt 6,24.) Davi era um homem extraordinário, gosto de dizer que ele foi a controvérsia do antigo testamento, ao mesmo tempo em que era o mais santo dos homens, era também o mais pecador. Num momento ele vencia o gigante Golias, (Cf. ISm 17, 41-58.) e todos os exércitos dos filisteus, outrora, estava escondido numa fossa de fezes por causa da perseguição de Saul (Cf. I Sm 22,1-3). Elogiava e venerava seus guerreiros (quase deuses) e invencíveis, aqueles que jamais conheceram o fio da espada, em outro momento mata seu melhor soldado para ficar com sua esposa. (IISm 11,12.) E mesmo com toda essa controvérsia, a bíblia o chama de “aquele segundo o coração de Deus”.(ISm 13,14. At 13,22.) Como pode tal situação? Um homem com qualidades, mas também com tantos defeitos ser tão extraordinário? Parte da resposta está no salmo 51, escrito por ele mesmo. Davi tinha os olhos voltados para o céu, era um homem que seu apreço era pelas coisas que não passavam, Imediatamente quando caía em pecado, ele não procurava desculpas, ele nunca dizia: “Ah Senhor por que colocastes uma Mulher tão bonita e com essa roupa tão curta na minha frente? Tu sabes que sou humano! ‘Ah Senhor eu não resisti, a carne é fraca’. Ao contrário ele batia no peito e dizia; “Tende piedade de mim Senhor, pois pequei (Sl 51.1)” ele sabia que seu pecado poderia lhe arrancar o galardão da salvação, por isso ele implorava; “Devolva-me a alegria de ser salvo”.(Sl 51,12.) Amados, só alguém que tenha visão da misericórdia de Deus e os olhos voltados para o alto é que pode ser segundo o coração de Deus, Deus não

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exige que sejamos santos e imaculados, porque Ele sabe que não vamos conseguir, Ele quer homens e mulheres que saibam se reconhecer pecadores, e tenham coragem de imediatamente se voltarem para Deus. As pessoas se preocupam muito com o pecado e se esquecem do pecador, o foco deve ser o contrário, precisamos dar atenção é para quem cometeu o pecado, e não para o pecador, pois aqueles que se encontram nessa situação se sentem cada vez mais perdidos e passam a achar que a vida não tem mais solução. Existe vida após o pecado, existe uma possibilidade de voltar, então bola pra frente. Pipas do céu Coloridas e sem cores Com suas pequenas asas Busquem o alto. O dia está claro, O sol está brando O vento sopra... E Parece brincar. Quer nos levar Ao verdadeiro Ruarh Onde Deus está Nossas cordas Que nos prendem ao chão Novas cordas De uma canção Alimentam a visão E não nos deixa pensar Que Tudo o que é mais real, Não pareça pura ilusão. Nossa corda é a Igreja presos a ela avancemos sem limite ao céu.

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CAPÍTULO III

De que lado você está? É normal encontrar no evangelho textos que mostram a alegria dos discípulos de Jesus quando caminhavam com Ele. Um dia eles estavam andando pela cidade de Naim, quando de repente avistou um cortejo fúnebre, a frente uma mulher chorando pelo filho morto e toda a multidão a acompanhava, a mulher era viúva e sua única razão de viver era o filho, que nesse instante estava para ser enterrado. De um lado a alegria dos discípulos de caminhar com Jesus, Aquele que veio para dar vida em abundância, e do outro lado a angústia de uma mulher que enterrava a esperança, sendo ela viúva o filho era além de ser sua única companhia, era também sua esperança de ser alguém, de ser amparada. (Lc 7,12-16). Muitos de nós estamos na situação daquela mulher, enterrando nossa esperança em um solo infértil que não vai

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fazer germiná-la, muitos jovens estão desistindo de lutar ainda na mocidade, daí enterram suas esperanças na droga, no álcool. Quantos já não procuram mais emprego, por pensar que esse mundo não tem mais jeito, e a única solução palpável é roubar? Outro dia assisti a uma reportagem sobre o craque, e uma jovem, dizia que queria parar de usar drogas, mas já havia desistido, pois não conseguia sair daquela vida, ela com apenas 17 anos parou de lutar, com toda sua jovialidade ela enterrou suas esperanças na sepultura maldita da marginalidade. Esse texto bíblico nos faz também o seguinte questionamento; de que lado você está? Você faz parte do grupo dos que caminham com Jesus e com isso conservam a vida e a esperança? Ou faz parte daqueles que enterram suas esperanças em solos inférteis. Se não tivéssemos com os olhos cobertos (II Reis 6,16.) de escamas, que são nossos pecados, veríamos que o Senhor está lutando a nosso favor. Na verdade não fomos treinados desde cedo a ver além do que os olhos podem ver, nos contentamos com o ordinário, e dessa forma não nos esforçamos a ver o extraordinário de Deus. O véu do luto que ela usava tapou seus olhos e não permitiu que ela enxergasse a presença daquele que poderia resolver seu problema, e dar vida a seu filho. É quase normal o ser humano se deparar com essa situação, as vezes estamos tão cegos de desejo em resolver um problema que não nos damos conta que a solução do mesmo está a um palmo de nossos olhos. Nos evangelhos muitos personagens que tiveram um encontro com o Cristo se aproximaram pessoalmente de Jesus, até o morto Lázaro teve que se desenrolar dos panos que o recobriam e dar passos sozinhos, sem que ninguém o ajudasse, no entanto essa viúva, “incomodou” Jesus, pois Ele teve que sair do seu lugar e se aproximar dela. Tal era a cegueira da mulher. No calvário havia três cruzes, no meio estava a cruz de Jesus, nessa ninguém depois subiu, ela permaneceu inabitável. A esquerda estava o que reclamava e queria uma solução imediata para sua situação, e sem responsabilidade por seus atos, à direita aquele que “bateu no peito” e assumiu as consequências do seu pecado, ele pensou; “Esse homem pode ser verdadeiramente a salvação que tanto ouvi falar e eu posso perder o paraíso por causa dos meus crimes, mas eu ficarei feliz se

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Ele ao menos se lembrar de mim quando estiver lá.” Uma dessas duas realidades talvez seja a nossa cruz, Que lado ficarei? Viverei uma vida inteira reclamando, ou farei como Dimas, baterei no peito reconhecendome pecador? Minha decisão precisa ser coerente e pensada, pois o fato é que como eles, todos nós haveremos de passar pelo calvário, porém apenas um deles amanheceu no paraíso. Minha família enfrenta há trinta anos o problema do alcoolismo do meu pai. Há um pouco mais de dez anos passamos pela transformação da qual o Papa João Paulo II sempre rezava, o encontro das famílias com Deus, nossa casa se transformou com a presença de Deus, porém meu pai não foi curado por completo da doença do vicio. Muitas vezes eu ia para os encontros de oração e rezava todo o momento pelo meu pai, para que fosse liberto da bebida, e nessas muitas vezes eu chegava em casa e o encontrava bêbado, daí blasfemava e cobrava de Deus: “Por que o Senhor deixa isso acontecer, justamente com a minha família que reza tanto?”. “Somos tão fieis ao Senhor não merecemos esse sofrimento.” Que pretensão! Eu achava que todo mundo merecia aquilo, de menos eu, porém não imaginava que com toda a minha prepotência, eu estava fazendo parte do grupo dos que só reclamam e não enxergam um palmo a sua frente. Eu só conseguia ver o defeito da bebida em meu pai, não via que ele era na verdade um verdadeiro herói por ter chegado até aquela idade, e formar uma família inteira com oito filhos, mesmo sendo analfabeto e sem ter um bom emprego. Outro exemplo está no evangelho de João. Jesus nos relata duas realidades da qual estamos sujeito: “O ladrão veio para roubar matar e destruir, Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundancia”. (Jo 10,10.) No contexto deste versículo, Jesus se coloca como o Bom Pastor e nos explica a função do mercenário, que é a destruição do homem, existe uma dimensão espiritual no qual habita o ladrão, e com ele a morte, o roubo e a destruição. Fujamos da morte, fujamos do pecado e de suas propostas de morte, como se foge de uma serpente. Fujamos da destruição, passemos para o lado que tem vida plena, não é tempo de ficar de cima do muro, Jesus nos alerta não somente a nos afastar do mal, mas que nos aproximemos dEle que nos dá a vida. Se escolhermos o lado em que está o Bom Pastor, teremos uma vida abundante, e não

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mais a vida qual estamos acostumados a ter. O Senhor colocou na boca de Moisés palavras definitivas para a caminhada do povo rumo a terra prometida, tais palavras não só conduziram o povo, como também nos conduz rumo a nossa promessa. “Vede: hoje estou colocando a benção e a maldição diante de vós: A benção, se observardes aos mandamentos de Iahwer vosso Deus que hoje vos ordeno; a maldição se não obedecerdes aos mandamentos de Iahwer vosso Deus desviando-vos do caminho que hoje vos ordeno…” (Dt 11,26-28). O Senhor nos diz que existem dois caminhos, a benção e a maldição, optar por qualquer um dos dois caminhos é total responsabilidade de cada um, no entanto a benção está para nós, à medida que observamos os preceitos do Senhor. Aprendi com um amigo, Um tremendo pregador evangélico, Pr Isaías Venceslau, ele escrevendo em um artigo de formação aos obreiros de sua igreja disse: “na ordem alfabética convencional temos a sequência A,B,C,D. Na ordem da graça a seqüência para se obter a benção do Senhor está em OBDC. Que o Senhor no cumule de sabedoria para escolhermos o melhor caminho, que é Jesus, “Eu sou o Caminho a Verdade e a Vida” (Jo14,6.) Seja feliz! Be Happy.

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CAPÍTULO IV

O Amor que não decepciona O amor é paciente, O amor é prestativo, Não é invejoso, Não se ostenta, Não se incha de orgulho Não faz de inconveniente Não procura seu próprio interesse, Não se irrita, Não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, Mas se regozija com a verdade, Tudo desculpa,

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Tudo crê, Tudo espera, Tudo suporta O amor jamais passará. (Paulo aos corintos. Cap. XIII) Chiara Lubich é sem dúvida uma das maiores e mais influente personalidades da Igreja em nossos tempos, fundadora do movimento dos folcolares que tem levado a experiência do amor de Deus em todo o mundo. Com vinte anos trabalhava como professora e cursava a faculdade de filosofia, no clima pesado e violento da segunda guerra mundial ela e suas companheiras compartilham o angustioso dilema da juventude de sua época, que era sobreviver ao grande caos deixado pela guerra. Conta-se que numa manhã em que caminhava pelas ruas da cidade de Trento se deparou com a triste realidade da guerra, viu o cinema aonde iam se divertir com as amigas em ruína, a biblioteca, os clubes e as lanchonetes que eram antes ponto de encontro, agora não passavam de destroços pelo chão. Em geral ela vê tudo que mais apreciava se dissolver em lixo, tal calamidade a levou a uma reflexão. Se a guerra destruiu tudo que mais amava, significa que tudo na vida é passageiro e perecível. A partir de então toma a mais importante decisão de sua vida. Partir em busca de algo que não passa, de algo que seja eterno. Chiara Lubich descobre que somente Deus é o amor que não passa, tudo na vida é perecível, somente Deus permanece. Caro leitor, se isso te causar conforto em se entregar sem reservas a esse Deus, quero que saiba que no instante em que traço essas linhas em meu caderno, o Senhor enche meu coração de uma alegria sem tamanho, e parte dessa alegria é saber que o mesmo Ele fará em sua vida a partir desse momento. Eis o amor que não decepciona, o Apóstolo ao dizer que o Amor jamais acabará, reafirma ao seu e ao meu coração que o Amor (Deus é amor. Jo. 4,8.) não decepciona, ou seja, nem a morte, nem a dor, nem as lutas, podem vencer o amor de Deus. A decepção da mentira jamais vencerá o amor. Na vida é inevitável que não nos venham as decepções, prova disso

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é a fragilidade humana. Somos surpreendidos pela dor porque somos mortais. Sentimo-nos tristes por não sermos compreendidos por aqueles que amamos, é nesse momento que precisamos buscar a graça do Espírito Santo, para perdoarmos a nós mesmos, por sermos tão frágeis e pecadores, perdoarmos os outros e as diversas situações da vida, que fogem ao nosso controle. Precisamos sempre nos convencer dessa necessidade, pois os sentimentos de culpa ou de ódio que acumulamos em nós podem nos trazer doenças, dores e outras conseqüências maléficas ao nosso corpo. Uma vez fui convidado por uma senhora evangélica a orar por seu esposo que era católico e havia pedido a presença de uma pessoa que também fosse católico, o pobre homem estava em fase terminal com câncer na garganta, a família e os médicos estavam muito preocupados porque ele estava sofrendo muito e por mais que os laudos diziam que ele não passaria nem mais uma noite, já tinha um mês que estava naquele sofrimento. Enquanto eu orava, o Senhor falou ao meu coração que aquele homem precisava perdoar e ser perdoado por aqueles de sua casa, o ressentimento fazia prolongar a sua dor. Rezamos com ele neste sentido, alertei sua esposa dessa necessidade e fomos embora. Na outra segunda - feira minha tia me ligou dizendo que aquele homem teve uma melhora inacreditável naquela noite e os médicos o deixaram ir para casa, e quando chegou lá a família se reuniu em sua volta e fizeram confissões de arrependimento. O velho, com um semblante de muita alegria faleceu calmamente nos braços de um de seus filhos. Deus amou tanto aquele homem e sua família que o concedeu a oportunidade de alcançar o maior de todos os milagres que é o perdão da família. Esse perdão foi a chave para abrir os céus e acabar com a sua dor e a dor de sua família. Livres dos ressentimentos que nos aprisionam, somos convencidos de que Deus não decepciona, podemos nos decepcionar com qualquer coisa e qualquer um, todavia Deus tem uma eternidade para nos provar que Ele jamais nos decepcionará, devemos nos apegar a essa verdade que não passa, pois o que não é eterno, nunca será o bastante. Diante dos desafios do nosso percurso vital, a máquina da vida precisa de uma manutenção, de uma preventiva, parar tudo para se cuidar, por mais que nesse intervalo vá perder algo, deixar de produzir, mas é

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necessário para o bem do corpo. Quando não o fazemos, a vida vai se acumulando, como alguém que deixa tudo para depois, e quando chega o depois, se ajunta tantos afazeres que não dá conta de fazer nada mais, a não ser o que ficou para traz, fica cada vez mais difícil de se caminhar e penoso de se viver. Não podemos fazer como a letra da canção: “deixa a vida me levar.” A vida não é um caos de desorganização como uma onda em alto mar, ela é precisa e sistemática, cada ser humano tem seu papel no mundo e se eu deixo que a vida me leve ao léu como um barco em alto mar sem vela e sem remos, ela vai se acumulando por eu não ter contribuído com o seu decorrer. Quando detectamos essas arestas aí é preciso parar. Eu trabalhei como mecânico de manutenção quatro anos, e com o pouco de experiência que tenho nessa área, posso afirmar que numa indústria, quando essas máquinas param a indústria está perdendo para ganhar. Num período da minha vida eu tive que parar. Estava deixando acumular as coisas, fazia tudo e ao mesmo tempo nada. Eu trabalhava com muito custo na distribuição do meu segundo livro e ao mesmo tempo vivia a tristeza de um luto quase irracional, por uma pessoa que quando estava em vida só queria me ver bem e feliz e que com toda certeza, do céu ela torcia para que eu tocasse a minha vida com alegria, mas eu não entendia isso e insistia na tristeza do luto. Eu pregava mais do que nunca, acredito que convertia a muitos, quando na verdade era eu quem precisava de me converter. Estava cursando a faculdade, andava como um sonâmbulo pela universidade a fora, e percebi que em minha vida não havia nada de profundo, meus livros e minhas apostilas se acumulavam em minha estante, estava distante dos amigos e achava ser eles que haviam me abandonado. Até que numa manhã de agosto, enquanto eu orava disse à minha alma: Basta, é tempo de recomeçar! Com a ajuda dos exercícios espirituais de santo Inácio de Loyola fiz uma revisão em minha vida, encerrei meu luto, abri meu coração para uma nova experiência conjugal, tranquei a matricula na faculdade por um período até que estivesse bem espiritual e psicologicamente, mudei de emprego, renovei meus contatos com os amigos. Por sua parte o Senhor agregou à minha busca, a graça necessária para alcançar. Hoje com todos os desafios posso testemunhar que tenho uma família maravilhosa e uma filha que a cada manhã me olha na expectativa de

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receber um sorriso de volta e eu não posso nunca negá-lo a ela. Esse é o Deus que anuncio à vocês, um Deus que não se cansa de nós, um Deus que nos dá uma nova oportunidade quando precisamos nos reorganizar. Amado, Deus não desistiu de você e nem de mim, se tentaram te convencer do contrário, e apontaram seus pecados, eu afirmo em nome de Jesus e da Igreja, Deus jamais desistirá de você, Deus é espírito e espírito não se cansa. Não pense que o Senhor se decepcionou com você, Ele é o Amor que não se decepciona. Aprendi com a poeta Ziza Fernandes; “Deus sabe muito bem como eu sou, e não se impressiona com o que eu faço”. Em toda e qualquer ação do homem, ele nunca surpreenderá a Deus, não existe no mundo algum pecador que seja tão indigno pecador, a ponto de deixar Deus assustado com o seu pecado, como um pai Ele conhece pessoalmente a cada um de seus filhos e sabe até onde vai todo pecador. Deus gosta “especialmente de você” ( Ref. Do Livro A cabana de Willhan P. Yong). Entregue a Ele seus problemas e seus sonhos e descanse no Senhor.

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CAPÍTULO V

Amar é buscar “Sem o Amor, nada são todas as obras reunidas” São João da Cruz Amados, nunca houve um clamor tão forte pela evangelização como nos tempos de hoje, a Igreja insistentemente nos chama a evangelizar, e esse apelo não é senão buscar os que estão perdidos, os que por algum motivo não conheceram a salvação, mas sobretudo aqueles que conhecem, mas se afastaram de Deus. A Igreja conta com todos os movimentos e pastorais, o Senhor nos convida a usar de todos os artifícios e de todos os mecanismos para cumprir essa ordem. A imagem do Bom Pastor, com aquele olhar sereno e ao mesmo tempo esperançoso, me encanta. Penso como deve ser conjugado o

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verbo buscar, na gramática de Deus. Ele tendo noventa e nove ovelhas no aprisco em segurança, parte em busca daquela que se perdeu. Essa busca não deve ser fácil, Ele passa por regiões montanhosas sem perder o fôlego, avança sobre arbustos cheios de espinhos, desliza em ribanceiras, é atacado por animais peçonhentos e enquanto isso o sol queima sua pele, que o faz se cansar ainda mais. Ele tem em seu coração a imagem de sua pequena que pode está correndo sério risco de vida. O que o faz ter pressa? O que o impulsiona? Seu fôlego é o berro de sua pequena, esse que ele é capaz de ouvir a quilometros de distância. Nada mais o importa, Ele é uma locomotiva que passa por cima de tudo para chegar ao cume do monte. Tudo que Ele deseja é encontrá-la sã e salva, cuidar de suas feridas, colocá-la em seu ombro e levá-la de volta. O amor pela ovelha perdida o sustenta em sua investida, até que Ele a encontra, e mesmo desfalecendo pelo cansaço festeja saltitante, como se tivesse encontrado um tesouro. Quantos hoje já não se encontram no aprisco? Quantas ovelhas se perderam pelo caminho? Muitos que foram de alguma forma responsáveis pela nossa conversão, hoje não estão mais na Igreja. Pregadores que pregavam com a alma, músicos que emocionavam ao conduzir suas canções, jovens que pareciam que iam ser arrebatados de tanta intimidade com Deus hoje já não se encontram no lugar seguro que é a presença de Deus. Eles precisam ser buscados, na maioria das vezes se decepcionaram com algo dentro da Igreja e “já são experientes” e nesse caso o sermão não adianta nada, o testemunho ajuda muito pouco e a oração é o que está ao nosso alcance, mas o que realmente vai salválo é o amor, e isso requer um esforço muito maior do que qualquer outra investida. Quem ama busca e não importa a distância, quem ama sai do seu conforto para buscar o outro, não importa os obstáculos. Buscar é entregar um pouco de si mesmo. Tenho um testemunho que guardo com carinho por si tratar de um profundo amigo e companheiro de comunidade. O Rodrigo teve sua vida mudada pelo poder de Deus através de uma experiência de oração que participamos juntos em meados do ano de 1997, daí iniciamos uma caminhada fértil nas comunidades de base e nos movimentos de Igreja, porém dois anos depois ele teve uma recaída, ele que havia largado tudo, as drogas e o pecado e já testemunhava para outros jovens,

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agora volta para o mundo, se desligou completamente da Igreja e se afastou dos amigos, era angustioso vê-lo naquela situação, depois de ter mergulhado no amor de Deus, foi se enxugar numa posseira de lama. A palavra de Deus nos exorta: “Aquele que está de pé cuide para que não cáia”. (1Co 10:12). e a sabedoria popular completa dizendo: “... Senão o tombo pode ser mil vezes pior”. As notícias que chegavam até nós eram cada vez mais preocupantes, e não podíamos fazer nada, pois ele não gostava que lhe falasse de Igreja e “lhe fizesse sermões”, sempre fomos muito amigos, então saíamos juntos e conversávamos sobre todos os assuntos, mas se falasse de Igreja ele ficava bravo e pedia que o deixasse na dele. Um dia o encontrei numa praça depois de uma festa de rua e começamos a conversar sobre as coisas da vida e ele me falou que sua mãe estava preocupado com ele, porque estava muito gordo. Na mesma hora me acendeu uma pequena luz. “Vamos fazer exercícios! Topa a gente correr até a 1biquinha todas as manhãs” Ele topou e todos os dias íamos fazer caminhadas.Tive que me desfazer de alguns compromissos para acompanhá-lo juntamente com alguns amigos, meu corpo ficava todo dolorido por falta de costume, mas valeu apena, o Rodrigo continuou gordo, eu continuei magrelo. Aquele lugar de natureza exuberante convidava o Espírito Santo a nos acompanhar, mais pudemos crer fortes momentos de reflexão juntos. Ele se fazia presente sem muita pretensão, nos envolvia de uma luz divina que dispensava palavras e argumentos. Poucos dias depois já não foram necessárias as caminhadas ele voltou pra Igreja e agora caminhava com muito mais entusiasmo que antes. Santo Ignácio de Loyola tinha um método infalível para anunciar aos dispersos, ele dizia aos da companhia: “Precisamos entrar com a deles e sair com a nossa”. O jesuíta para levar o evangelho ao povo se fazia povo. Para pregar ao monarca, ele devia entrar no seu castelo, e conhecê-lo por dentro. Se anunciava ao mendigo, ele se fazia mendigo e morava entre eles. Se pregasse ao universitário ele deveria se fazer um deles e assim por diante. (Ref. Didática de Babin. Livro Como ser um bom pregador de João Mhana. Pag. 26). Não é possível permanecermos em nossos prédios aprisionados 1

Popular Reserva florestal na região de Coronel Fabriciano

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por nossas cercas elétricas e querermos evangelizar os das periferias da vida, se não pisarmos o chão da realidade do outro, conhecermos seus sonhos, suas necessidades e seus ídolos. Se não pudermos entender a sua realidade, ele não se sentirá amado o suficiente para se tocado por suas palavras. O Apóstolo Paulo fugindo da perseguição dos judeus de Tessalônica passou pela cidade de Atenas onde ficaria por pouco tempo, porém ao ver que a cidade estava tomada pela idolatria, seu espírito foi tomado pelo desejo de pregar àquele povo. Havia em Atenas um lugar chamado Areópago. Era o ambiente dos filósofos e dos pensadores, ali eles se colocavam a ouvir uns aos outros. Paulo se colocou no meio deles, falando na cultura deles, e esses atenienses não faziam outra coisa senão em ouvir, ou falar das ultimas novidades. (At 17,21.) Eram curiosos. O Apostolo falava-lhes de uma novidade que eles nunca tinham ouvido falar, de um Deus que morreu numa cruz para salvar toda a humanidade. “Tomando-o pela mão, o conduziram-no ao areópago, dizendo: Poderíamos saber qual é essa nova doutrina apresentada por ti?” (At 17,19). Meu amado, você tem noção do que estava acontecendo ali? Um cristão que sabia tanto da cultura de um povo, e sabia tanto a respeito de seus costumes, que foi convidado pelos próprios pensadores a pregar no púlpito deles. Ele estava tão inserido em sua linguagem que literalmente foi puxado pelo braço para ir a frente pregar. Alguém já te colocou para pregar, naquele lugar que você sempre sonhou estar, depois de tê-lo ouvido? O pregador aguçou a curiosidade do público de tal forma que insistiram que ele pregasse e ele pregou majestosamente, ao ponto de converter o próprio Areopagita, o homem que era o responsável pelo local. É preciso investir na missão de anunciar, Deus quer dar amplitude ao nosso ministério. Se for preciso aprender libras para falar ao surdo, Inglês ou Espanhol para anunciar ao estrangeiro e estiver ao seu alcance não hesite em fazê-lo, sobretudo se for necessário sair da Igreja, ir às favelas, ou a uma universidade testemunhar a graça de Deus façamos. Isso é buscar o perdido. Precisamos ser novos filacteras para o mundo,

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precisamos ter impresso em nosso peito a palavra de Deus ao ponto de não ser necessário abrir a boca. Foi maravilhosa a inspiração que Deus colocou para o grupo de oração Servos do Senhor, devido a Igreja ser numa praça, ficava por ali muitas pessoas, e enquanto o pregador pregava no púlpito, os outros pregadores saíam em comitiva a pregar aos que estavam na praça. Para compreendermos melhor essa mensagem vamos nos ater à etimologia da palavra central deste capitulo; Entender a realidade do outro. Entender tem um significado muito maior do se espera, vem do grego: é a conjunção prefixo (in) que quer dizer interior, e a palavra (tenda) que representava o lugar de habitação das tribos antigas (in+tenda). Quando os primeiros povos viviam em acampamentos, nas tendas moravam famílias inteiras. Entender nesse contexto ganhava um significado muito grande, entrar na tenta do outro, na sua vida e na sua estória. Quando isso acontecia nada mais era obscuro ao outro. Quando pisamos o chão do outro, somos solidários à suas dores, pois reconhecemos ser também a nossa dor, daí acontece o entendimento, ele se sente mais seguro, a palavra não é mais algo que vem de fora, mais sim uma palavra amigavelmente sussurrada ao pé do ouvido, como que no aconchego de uma fogueira acesa. Quem ama busca. Buscar é perder um pouco de si. A recompensa está guardada para a eternidade. Como no filme O resgate do soldado Brian, os soldados com toda braveza e coragem, deixavam um pouco de si mesmo naqueles campos de batalha para buscar aquele que já estava perdido. Àquelas alturas os soldados já não se importavam com o salário que iam receber, não faziam questão das medalhas que certamente receberiam pela atitude heroica, tudo que importava era a honra de salvar a vida do amigo, mesmo que isso lhes valesse a própria vida. Há muitos soldados feridos nos campos de batalha, uns que desistiram de lutar e outros que foram fatalmente feridos. Há também vítimas que não são desse exército, mas que igualmente merecem ser buscados. A Igreja, aurora de um novo tempo, convoca os bravos guerreiros para o resgate.

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CAPÍTULO VI

Aquela que muito amou Proponho-me neste breve capítulo produzir uma leitura confortável ao coração de todos, indiferente de sua posição religiosa, visto que o assunto em questão será a fé e o amor de alguém. É confortante apreciar a fé daquele que foi vitorioso em seus empreendimentos e tentar aplicar em nossa vida. Ouço muitas belas canções que exaltavam a fé de Moisés, Elias, Sara, Ana, Zaquel e tantos outros. Mensagens que não deixaram de ser evangélicas por falar da fé de João Batista, ou de outros discípulos, e não de Jesus diretamente. Então por que não falar daquela que muito amou? Aquela que ouviu a voz do Senhor e não levou em consideração a sua própria vida e seus próprios sonhos, para viver a vida e os sonhos de Deus. Na antiga aliança, no antigo testamento, a arca da aliança foi

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durante muito tempo o principal sinal da presença de Deus no meio do seu povo. (Ex 25,10-22). Era o lugar do encontro entre Deus e o povo. Quando a arca da aliança passava, o povo gritava dizendo que Deus passou no meio deles e ai daqueles que a tocasse indignamente. Teve até um fato curioso. Quando ela foi transportada para outra cidade, enquanto os homens a carregavam, eles se descuidaram e estando para cair ao chão Uzá a segurou com as mãos e foi torrado por um raio na mesma hora. (1 Crônicas 13:9). Nos tempos do rei Davi, era a arca que ia a frente com os músicos em ordem de batalha. Quando os inimigos a avistavam, batiam em retirada dizendo: “O Deus de Israel combate a favor do seu povo, e luta contra nós.” Que mistério havia nessa arca e porque de todo aquele respeito? Dediquei-me a um estudo um pouco mais aprofundado do assunto para buscar uma resposta. No capítulo 25 versículo 16 e 18, vemos que Deus ordenou que fosse fabricada uma imagem de dois querubins e dentro da Arca seria depositado os dez mandamentos. Ao longo dos tempos a arca serviu como depósito para guardar não só o decálogo da lei, mas também o maná que alimentou os hebreus no deserto e a vara de Aarão que floresceu milagrosamente. Ora todo esse respeito era somente por ela ter sido o transporte daquilo que apenas representava Deus, no sentindo material e sentimental. Maria não só transportou Deus como o gerou milagrosamente em seu ventre. Como a vara de Aarão floresceu milagrosamente, ela deu a luz ao Salvador do mundo, sem a participação de homem algum. Também ela não merecia tal respeito? Paulo escreve aos Efésios “Nele, fomos escolhidos antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor.” (Ef 1,4). No contexto dessa palavra que é eterna, podemos dizer que, se cada um de nós é escolhido e chamado por Deus antes da criação do mundo, não podemos relutar em dizer que Maria, estava destinada desde sempre a ser a mãe do Salvador. Tanto é verdade que já no livro do Gênese, é proferida a vitória da humanidade sobre o mal. A mulher e a sua descendência, Maria, Jesus e seus seguidores, derrotariam juntos a serpente esmagando a sua cabeça. (Gn 3,15). A arca foi sinal da presença de Deus durante muitos anos, estudiosos dizem que ela permaneceu com o povo até as ruínas de Jerusalém, quando

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segundo as escrituras, desapareceu completamente e nunca mais foi reconstruída. (cf. Jr 3,16). Outro dia passei frente a uma igreja evangélica e vi no meio do altar, uma réplica da arca da aliança. Achei interessante, porque de alguma forma quebra aquele mito de que imagem é coisa de católico, afinal de contas a arca possui a imagem de dois anjos. Por outro lado fiquei pensando, Deus deu uma ordem a Jeremias de que a arca nunca mais poderia ser reconstruída. “Ela não voltará a memória, não se lembrarão mais dela, não a procurarão e nem será reconstruída. Naquele tempo, chamarão a Jerusalém, Trono de Iaweh.(Jr 3,16). O Senhor está dizendo através do profeta que nós (que somos a Jerusalém), é que somos o seu trono, onde Ele habita e se manifesta. Meu corpo é templo do Espírito onde habita Deus. Se nós podemos dizer que somos a casa de Deus, de forma concreta e palpável o ventre de Maria é o lugar fértil onde nasce Deus e ressurgi a esperança. A igreja na recitação do oficio a chama de arca do concerto porque nela Deus se manifestou de forma concreta assumindo um corpo humano, não é mais uma teofania visual, como na sarça ardente em Moisés. É o verbo que se fez carne e habitou entre nós. (Jo 1,4.). Uma multidão de cristãos de várias igrejas vai até a Terra Santa todo ano, para ver de perto os lugares santos, os mais visitados sem dúvida alguma o monte onde a sarça ardente se manifestou a Moisés e a gruta onde nasceu Jesus, e é lamentável que parte dessa mesma multidão insistem em rejeitar essa que o carregou no ventre por nove meses e o gerou no próprio sangue e na própria carne o próprio Deus. (carne de minha carne, ossos dos meus ossos). A Igreja portadora do céu, não consegue enxergar a vida, senão através dos olhos de Deus, dessa forma não é apegada ao presente. A palavra de Deus não está presa a uma dimensão temporal cronológica. Em Maria, Deus não somente gerou seu Filho Jesus, mas o faz renascer ao longo da história através desse canal. Maria é aquela que apresenta o Filho e no filho a salvação (Lc 22.). A arca por determinação divina cairia no esquecimento e nunca mais seria reconstruída, (Jr 3,16). Maria por essa mesma determinação seria para todo sempre lembrada; “Todas as gerações te proclamarão bem aventurada”.

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CAPÍTULO VII

Devolver a Deus o que é de Deus “Àquele que está sentado no trono e ao cordeiro pertencem o louvor, a honra, a glória e o domínio pelos séculos dos séculos!” (Ap. 5,13). Um grupo de universitários do curso de psicologia entrevistou um pastor evangélico e alguns membros de sua Igreja, pra um trabalho escolar. Foi perguntado a ele se além de suas pregações, músicas de louvor e programas de rádio e televisão, eles tinham algum outro trabalho social. Ele com meio sorriso no rosto respondeu ao jovem. Nós curamos os enfermos, libertamos os cativos, expulsamos os demônios e levantamos os coxos e isso não basta? O aluno fechou o caderno, eles se cumprimentaram e se despediram. Devemos ter cuidado com certas afirmações que as vezes fazemos até sem perceber, aquele aluno deve ter tirados as suas conclusões de que os

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membros daquela Igreja não têm nenhum trabalho social, e com razão, as curas e os milagres não são obra deles e sim são operados por Deus e os méritos devem ser atribuído a Ele que opera tudo em todos. A palavra de Deus nos adverte que somos vasos de barro onde é depositado a unção e o poder de Deus, e ainda acrescenta: “Trazemos, porém este tesouro em vasos de barro, para que esse incomparável poder seja de Deus e não de nós” (Cor 4, 7). O poder é de Deus, somos apenas os colaboradores, os seus instrumentos. Como cristãos, somos participantes da glória do Cristo e é em seu nome que devemos cumprir a missão de salvação do mundo. Salvação essa que consiste em: Libertar os cativos, curar os enfermos, anunciar a boa nova aos pobres. (Cf Is 61,1). Se por consequência desse ministério vierem os elogios e os benefícios, saibamos que é a Deus que se deve dar toda a honra e toda a glória. Conta uma estória, que certa vez um bondoso santo andava pelas ruas pedindo esmolas para os irmãos de rua que ele cuidava, quando chegou a um bar, estendeu as mãos aos que lá estavam. Vendo a humildade do santo, um homem se enfureceu e cuspiu em sua cara. Ele continuou com a mão estendida, arrancou um lenço do bolso, se limpou e disse ao agressor. “Isto é o que eu mereço, agora me dê o que é para Deus” Muitos mártires enquanto recebiam a palma do martírio, enfureciam os carrascos com suas palavras que geralmente demonstravam profundo sentimento de servidão a Deus, e aquele martírio era para eles ainda mais honroso, pois estavam dessa forma aniquilando a si mesmo e devolvendo a Deus o seu Louvor. No magnificat a virgem santa, diante da honra de ser a mãe do salvador do mundo, não hesitou em dizer: “A minha alma engrandece o Senhor e meu espírito exulta em Deus meu salvador”. Qual tem sido a motivação do meu servir a Deus? Quem ou o que tem sido o sentido de nossa alegria? Será que minha alma e minhas atitudes estão engrandecendo a Deus ou a mim mesmo? Muitas vezes questionamos a Deus porque que rezamos tanto e os milagres não acontecem, e não percebemos que nossa oração e nosso ministério estão cheios de arrogância e prepotência. As vezes inconscientemente a nossa intenção não é glorificar a Deus e sim alcançar um reconhecimento. João Batista era conhecido como aquele que arrebatava o povo para

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o deserto, para ouvir suas pregações, quando começaram a confundi ele com o messias ele apontou para o Cristo e disse: “Esse é o cordeiro de Deus, e não eu. Eu não chego nem aos pés dele, é ele quem tira o pecado do mundo, é ele o messias, é ele a quem devemos dar o louvor, a honra, a gloria e o domínio pelos séculos dos séculos”(Lc 7,20). Caro leitor, mesmo que eu venha gerar Jesus em meu ministério, como Maria e os grandes prodígios acontecessem, mesmo que os testemunhos cheguem aos meus ouvidos, mesmo que eu perca a cabeça pelo evangelho como João Batista é Ele quem deve ser louvado. Quando Pedro chegou a casa de Cornélio, ele já o esperava na porta, pois Deus o havia revelado em sonho que aquela noite seria decisiva para toda a sua família. Então Cornélio se lançou ao seus pés para adorá-lo. Imaginem um homem que atormentado por causa de seus pecados, ele e sua família vê a salvação entrar em sua casa? Aquela atitude seria o mínimo de gratidão ao apóstolo, pensou ele. Então Pedro o reergueu e lhe exortou amigavelmente; “Levanta-te, pois eu também sou apenas homem.” (At 10, 26). Irmão parece óbvio o que estou dizendo, mas não há quem não corra esse risco. Os trabalhos pastorais e ministeriais na maioria das vezes são pesados e custoso, deixamos nossa casa, nossa família para servir a Deus e naturalmente esperamos um reconhecimento e elogios das pessoas. Andamos no limiar, entre o que é nosso e o que é de Deus. O que é de nossa parte? A satisfação de ter feito um bom trabalho. A alegria, o reconhecimento e os elogios por termos sido servo bom e obediente a Deus, sobretudo o ápice dessa maturidade será quando assumirmos a atitude apostólica; “Não fiz mais que minha obrigação”. O que é da parte de Deus? É dele a glória. É Ele que realiza tudo em todos. É dEle todo o poder, sem Ele não podemos fazer nada (Jo 15,5.). É Ele quem age em nós, manifestando a sua onipotência, onipresença e onisciência. NEle somos mais que vencedores, pois Ele é o Deus poderoso nas batalhas. Aquele que está sentado acima dos céus no trono, o Cordeiro de Deus que venceu o mundo, a Ele pertencem o louvor, a honra, a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. (Ap. 5,13). Por causa da simplicidade do povo, muitas vezes nos deparamos

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com essa situação de Pedro na casa de Cornélio. Eles vêm até nós como se fossemos nós quem tivéssemos realizado aquela obra, como se fôssemos pessoas especiais e dotadas de poderes especiais, nessa hora devemos ser maduros espirituais e devolver a quem realmente merece ser louvado e dizer como o salmista Davi; “Se não fosse Deus que tivesse estado ao meu lado” (Sl 123) Nada disso teria acontecido. O burrinho que carregou Jesus na entrada triunfal em Jerusalém, chegou naquela noite para sua mãe e contou tudo que tinha acontecido e disse: “Mãe você tinha que vê, quando eu passava as pessoas jogavam ramos, estendiam roupas para que eu passasse e gritavam Hosana, foi uma verdadeira loucura, eu estou muito famoso por lá”. “É mesmo meu filho?” (mãe é mãe!) “Sim mamãe eu vou voltar lá amanhã e você vai comigo para ver com seus próprios olhos”. No outro dia o burrinho voltou no mesmo lugar e encontrou o silêncio e o descaso, as pessoas nem perceberam sua presença. “Mãe eu não entendo, ontem essas mesmas pessoas gritavam e esperneavam fazendo festa com a minha presença e hoje elas nem me notaram”. “Meu filho, é porque ontem você estava com Jesus, é ele o motivo de toda aquela festa, sem Jesus você é apenas um burrinho qualquer”. Sem Jesus somos um burrinho vagando pelo mundo sem rumo. Deus nos pede essa maturidade por saber que da mesma intensidade que vem os aplausos, também aparecem as críticas, as mesmas bocas que gritam Hosana, gritam “crucifica”, se tivermos apegados ao ministério como se fosse propriedade nossa, fatalmente vamos cair na depressão e no desespero quando vierem os dias de ingratidão. Evitemos sofrimento. O que a ação de Deus por meu intermédio, pode mudar em meu caráter? Faça um teste com você mesmo, eu já me fiz e fiquei surpreendido com o resultado. Responda com sinceridade. Quando você reza para um enfermo, qual o desejo que habita seu coração? Que aconteça algo extraordinário, ou que ele seja tocado por Deus e seja feita a vontade dEle? Se um paralítico se levantasse com a imposição de sua mão, qual seria a sua reação na hora?

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Você pede que os milagres aconteçam, porque ama realmente aquela pessoa e quer o seu bem, ou para ter testemunhos para contar? E por fim, o que esse milagre pode causar em sua vida, em seu orgulho? Será que ficará envaidecido ou continuará sendo o mesmo de sempre? Hoje com um pouco mais de maturidade, eu sinto vergonha das respostas do meu primeiro teste. Fico impressionado com a serenidade dos apóstolo diante dos fatos extraordinários que aconteciam. Paulo estava em Trôade em uma casa reunido com o povo para a fração do pão. Ele pregava a palavra aos que ali estavam e um jovem que estava sentado na janela adormeceu profundamente, pois já passava da meia noite. Vencido pelo sono, despencou do terceiro andar abaixo e morreu. Paulo desceu até onde estava o corpo do menino, debruçou sobre ele tomou-o nos braços e disse: “Não vos perturbeis, a sua alma está nele!” Em seguida subiu novamente, partiu o pão, comeu e continuou a pregar normalmente, como se nada tivesse acontecido. O detalhe é que o jovem não ressuscitou na hora, ele continuou dormindo e só acordou no outro dia. (At 20,7). Que o Senhor possa nos presentear com essa serenidade apostólica, que possamos abrir nosso coração e nossa mente para a vontade de Deus e termos a consciência que é somente nEle, por Ele e para Ele. Eu aconselho os irmãos a buscarem servir ao Senhor de todo coração e almejarem serem honrados em seu servir, que tenham ministérios frutuosos e enriquecedores para a Igreja. Mais do que nunca estamos vivendo um tempo profundamente laical, a Igreja tem confiado aos leigos cada vez mais o “Ide” evangélico, que na conferência de Aparecida ganha dimensão mais ampla como Discípulos e Missionários. Existem muitos homens e mulheres de Deus no Brasil que têm meu respeito e admiração pelo trabalho que têm desenvolvido na Igreja, entre eles José Moreira Guedes, o Juninho, escritor, pregador, professor e fundador da Missão Ide, muitas vezes o vi interromper uma pregação por não se conter em lágrimas, ao relatar um sofrimento alheio. Ironi Spuldaro, pregador da RCC e apresentador de programas católicos. Padre Roberto Lettieri , um profeta para os nossos dias, um homem que tem pago um alto preço pelo seu ministério profético e sacerdotal. Em todos eles o grande diferencial em comum é o amor seráfico que têm pelas pessoas e pela história de cada um.

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CAPÍTULO VIII

O Amor que não se cansa Um dia assistindo um programa jornalístico vi uma cena dramática, os repórteres como abutres num pedaço de carne e um adolescente sendo entrevistado, o mesmo havia sido preso por assassinato, os repórteres tentaram a todo custo arrancar palavras da boca do acusado, quando ele disse numa voz chorosa. “Matei mesmo, mas não estou arrependido, eu não tenho nada a perder mesmo”. Minha alma foi invadida por um grito estridente, e logo abafada pela lucidez da tão hipócrita razão. Estava sozinho em casa assistindo, e minha vontade era de alguma forma poder dizer aquele jovem o quanto ele tinha a perder entregando sua vida dessa forma. Este episódio foi um dos motivadores que fez nascer essa obra que agora tens em suas mãos, poder dizer não somente para aquele jovem,

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mas para qualquer um que tenha deixado se entregar as algemas dessa vida, por acreditar que não tem mais nada a perder, Deus não desistiu de você, o amor não se cansa e nunca se cansará. Pode esquecer “meu velho” Ele nunca desistirá. Minha querida, não insista em se machucar com tantas lágrimas em vão, Ele não a deixará quieta enquanto não realizar uma obra perfeita em você e toda a sua casa. Ele nunca desistira de nós. Não fique falando para Deus das quantas vezes você caiu, fale para o Senhor o quanto está disposto a se levantar. A verdade é que se mil vezes cairmos, mil vezes Ele está disposto a nos levantar. Ele nunca se cansará, talvez a própria religião pode se cansar, o homem pode se cansar, o sistema político pode se cansar de você, mas o Senhor jamais se cansará de um filho seu, pode uma mãe se cansar do filho, mas o Senhor jamais se cansará. Fico pensando na minha filha, eu chego em casa cansado do trabalho, mas com muita saudade dela, ela me olha a uma certa distancia e já corre para vir brincar, ela pula, corre, grita, a energia dela parece não acabar, com um certo tempo eu já não agüento mais e já vou dando um jeito de me esquivar e ir para o banheiro tomar um banho. O fôlego de Deus é infinito, Ele não se cansa de está conosco, Ele não se cansa de nos esperar. Jesus em uma de suas parábolas conta a história do Bom Pastor que recolhendo suas ovelhas num final de pastagem, levando ao aprisco, percebe que das suas 100 ovelhas, uma ficou para trás. O que faríamos nós no seu lugar? Ele já estava cansado, era só uma, as outras 99 estavam bem guardadas! Ele toma seu cajado fecha bem a porteira do aprisco e sai em busca da ovelha desgarrada, ele teve que voltar por todo o caminho que já havia percorrido, descer as montanhas, passar pelos espinhos, buracos até achá-la. Fico imaginando o quanto aquele homem já exausto deve ter se machucado para ter aquela única ovelha em seus braços, quanto esforço. Mas ele não desiste, e quando encontra volta rejubilando por tê-la encontrado.

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“Eu sou o bom pastor. O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas. O mercenário, porem que não é pastor, a quem não pertence as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo, abandona e foge. O lobo rouba e dispersa as ovelhas. ” (Jo 10-11,12).

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Conclusão Mas eu vim para que elas tenham vida em abundância. Recomendo a todo bom católico assistir ao filme, sobre a vida de um dos médicos mais conceituados dos Estados Unidos; Petch Adams “O amor é contagioso”. Filme estrelado pelo ator Robin Williams em uma de suas melhores atuações. Um revolucionário estudante de medicina conscientiza os colegas e professores que o paciente, acima de tudo, é uma pessoa, tem um nome e tem uma história. Não pode nunca ser tratado como uma matéria científica, ou muito menos uma máquina mórbida em manutenção, ou ainda friamente como um cliente. Trabalhando com doentes em fase terminal e com sua característica irreverente e seu humanismo impressionante, mudou não somente a vida desses, mas também toda a estrutura humanística de um grande hospital. Com um simples gesto, antes de querer saber onde estava doendo, antes de esterilizar o bisturi, ele apenas olhava nos olhos do

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paciente e perguntava-lhe: “Como você se chama?” e em seguida; “Qual é o seu maior sonho? Ele percebeu que a alimentação dos sonhos das pessoas já era um processo terapêutico de cura. O indivíduo se sentia valorizado e se abria à esperança e à motivação para viver. Que o nosso servir a Deus, não seja uma ação superficial, para cumprir uma ordem, ou um preceito, que seja acima de tudo, por amor àqueles que o Senhor nos confiou. Não há outra forma mais eloqüente e apropriada de devolver a Deus a sua glória e o louvor. Amém! Sejam felizes. The End!

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BIOGRAFIA DO AUTOR

Relato testemunho Cláudio Roberto da Silva, brasileiro, natural de Coronel Fabriciano, estado de Minas Gerais, nascido em 29 de Março de 1979. Filho de Terezinha de Jesus e Joaquim Francisco, irmão de Carlos, Carlito, Sônia, Samila, Cheila, Daniela e Shirley, é casado com Josilene Barros e pai de Analice e Miguel (Em gestação). Na literatura, desde muito cedo, gostava de fazer rimas e letras de musicas, aos onze anos de idade escreveu seu primeiro poema homenageando sua mãe num domingo dia das mães. “Mãe eu não tenho nada Para te oferecer Mas tenho meu coração Nem precisa agradecer “

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Enveredou-se pelos caminhos da literatura ainda na infância através da poesia, por ser ela mais fácil de se ler e não ser um texto de muitas palavras e nem muito extenso. Mais tarde usaria da literatura não somente como fonte de fascínio e inspiração, mas como pesquisa e opção profissional. Seus primeiros anos escolares foram no Colégio Municipal Arcebispo Dom Helvécio em Coronel Fabriciano, em seguida passou pelas escolas estaduais Deolino Coelho, Coronel Silvino Perera e Professor Zacarias Roque. Na adolescência enfrentou desafios de gigante, desde a pobreza, falta de saneamento básico e saúde enfrentada pela família, até o problema das drogas. Aos 14 anos largou os estudos e o gosto pela arte e literatura para se envolver nas drogas (cigarro, bebidas, entorpecentes, e maconha), na mesma época conheceu um grupo de roqueiros de sua idade que além de fazerem uso de drogas mais pesadas, participavam de rituais satânicos e se interessavam pelo assunto. Numa festa promovida por eles, literalmente fizeram uma consagração profana, a fim de que a bebida não acabasse antes do amanhecer. Por muitas vezes foi jurado de morte e se envolvia em brigas violentas por causa de rixas em festas e baladas que freqüentavam. Em 1997, recém crismado, foi convidado a participar de um encontro de experiência de oração da Renovação Carismática Católica, onde recebeu o Batismo no Espírito Santo e teve sua vida transformada pela misericórdia. A partir daí se engajou nas diversas pastorais e movimentos de sua paróquia. Atuou como catequista por sete anos e ministro da palavra até os dias atuais. Em 2002 assumiu a coordenação da antiga Secretaria Pedro, coordenando e auxiliando na formação dos pregadores das cidades de Timoteo e Coronel Fabriciano. Em 1999, o ano em que todos se preocupavam com os mitos da virada do milênio, a igreja divulgava seu projeto de evangelização Rumo ao Novo Milênio. Correspondendo a esse apelo de mergulhar em águas mais profundas da evangelização, junto com o irmão Carlito e um amigo Rodrigo, e outro grupo de pessoas, dão inicio à fundação da Comunidade Semeai, como co-fundador. Nesta comunidade e em nome dela teve várias experiências, pregou em diversas cidades do Leste

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Mineiro, trabalhou como editor de vários projetos gráficos e editoriais (informativos, banners, forlders, revista, jornalzinhos e etc.), compôs varias canções que embalaram muitos dos shows do ministério de música da comunidade, uma delas, “Majestosa Primavera”, concorreu ao prêmio Jovens bandas do festival de musicas promovido pela Unileste-MG. E também a canção “O sangue do Cordeiro” que até hoje é cantada e ministrada em eventos. Na mesma época, conheceu Angele F. Nascimento com que namoraria e se casaria em quatro anos e seis meses. Na quaresma do ano seguinte ao seu casamento com Angele, em 2005, Cláudio lança seu primeiro livro “Desbravai Novos Campos” realizando seu grande sonho de publicar um de seus livros. Esse livro é considerado por ele mesmo como um grande divisor de águas, sua dimensão missionária a partir dele ganharia vôos jamais imaginados. Apesar de ter sido distribuído apenas em sua região e cidades vizinhas, alcançou terras distantes, como Estados Unidos, Portugal e Canadá. É dessa forma que se cumpriu uma profecia de sua vida, que sua voz seria ouvida em terras distantes. Pessoalmente, Cláudio nunca viajou para fora do país, mas seu livro chegou em pelo menos três países, mandado por amigos e parentes que moram no Brasil. Em 2006, planejava concluir um projeto de lançamento de um novo livro, e entrar para a faculdade de Letras, mas foi interrompido por um trágico acidente que levaria à morte sua esposa. A morte de Angele foi um dos momentos mais difíceis de sua vida, para sua família e seus amigos, porém seu testemunho de fé e perseverança levou muitas pessoas a conhecerem Jesus. O chamado ao ministério de anunciar Jesus, o amor pela Igreja e sobretudo o amor a Jesus Eucarístico eram tão fortes que nada o fez desistir. Naquele mesmo ano, seis meses depois, lançou seu segundo livro, “O céu é logo” e em fevereiro de 2007 ingressou na faculdade de Letras no Centro Universitário do Leste Mineiro. Em 2008 participou de um processo seletivo da Editora CBJE BrLetras – Câmara Brasileira de Jovens Escritores, para o lançamento das antologias de contos

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fantásticos, concorrendo com escritores do Brasil inteiro, teve dois de seus contos selecionados e publicados, “Só mais uma tragédia romântica”_volume 12. p.76, e “ O mistério da deusa dos sonhos”_ volume 15. p.52. Depois disso escreveu ainda uma antologia própria de poesias intitulada “Alquimia poética”, que não foi publicada em livro, mas estão disponíveis no site virtual próprio para escritores ‘recanto das letras’. Em Maio de 2008, Cláudio se casa novamente, depois de uma extensa caminhada de escuta a Deus e quase dois anos de revisão de sua vocação e direcionamento por padres da congregação Xaveriana, se abre ao namoro e em seguida ao casamento. Sua esposa Josilene foi a grande resposta de que o Amor não se cansa, seu casamento trouxe-lhe a paz interior, Deus restituiu os seus sonhos de ter uma família em Deus, feliz e dedicada a evangelização, sua filha Analice e Miguel são seus maiores presentes de Deus. Essa biografia não tem por objetivo, propor um modelo de santidade, mas apresentar aos fieis um testemunho firme de que Deus jamais desiste de você. Ele pode levanta-lo do chão, como fez a José do Egito, tirar da escuridão de um calabouço, para coloca-lo na sala de um banquete real. Atualmente Cláudio Roberto da Silva é professor de português e literaturas na rede estadual, e intensifica com incansável perseverança os trabalhos missionários e os projetos sociais. Eu te exalto oh Senhor, porque tu me libertaste Não deixou que os inimigos rissem de mim. Javé meu Deus, eu ti gritei e tu me livraste O Senhor tirou do túmulo a minha vida, Tu me reavivaste dentre os que descem à cova. Salmo 30

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FAIXA BÔNUS

O Homenzarão O Homenzarão - Mamãe, o que é um “homem zarrão”? Perguntou o menino atônito, parecia ter descoberto uma mata virgem e estar aflito por desbravá-la. - Um homenzarrão é um homem muito grande meu filho. Respondeu a mulher de olhar perdido no horizonte, e meio sorriso em lábios. - Iguais aqueles das revistas em quadrinhos e os desenhos animados da televisão? - Sim meu filho, ou até maiores que estes! O pentelho franziu a testa, como se tentasse buscar na mente

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informações que lhe atestasse a cerca do que poderia ser tal coisa, ao mesmo tempo em que ajuntava em seu vocabulário, palavras para construir sua próxima pergunta. - O meu pai é um “homem zarrão” mamãe? A palavra pai a fizera se desprender do presente, e mergulhar como que num túnel do tempo em seus pensamentos, em busca das melhores lembranças daquele que seu coração ama. Ela, uma bela jovem de seus 30 anos que acabara de completar sem muita festa, sempre tentava responder a todas as perguntas e curiosidades do filho. Mãe igual a essa é difícil até de se imaginar, aos 15 anos se casou com seu primeiro e único homem. Ele, homem do campo, centrado no trabalho e perfeitamente dedicado à família. Sua baixa estatura nunca o incomodou, e jamais o impedira de trabalhar e nem tão pouco se divertir com a família. Aquele era seu único filho, ela o olhava deitado na cama e seu olhar parecia se perder na atismosfera do cronus. Pensava no quanto os anos se passaram rápido desde o seu casamento e tentava medir o quanto aquele menino era especial para ela. - Mãe, você não me respondeu... A voz fina de menino falante, suave e rasinha como alguém cansado, arrancou-a pelos braços daquela espécie de viagem astral por seus pensamentos, e a fez recobrar a linearidade dos fatos. - O papai é um “homem zarrão”? - Não filho, um homenzarrão é muito maior que seu pai, agora vá dormir que amanhã bem cedo o médico vai vir para olhar você. O menino torce por quatro vezes e se contorceu na cama, quando a dor aliviou um pouco tentou dormir, em seus últimos pensamentos antes dormir tentava desvendar o enigma: “Quem poderia ser tal figura maior que seus bravos heróis imaginários? E o que poderia ser maior que um pai?” À medida que se tornava mais difícil a resposta, seus olhinhos lentamente se entregavam ao sono que inevitavelmente vinha. A mãe, atenta o olhava com um profundo olhar de perda. - Mãe, quando a gente sair daqui, você me leva para conhecer um desses...? Resmungou o menino, já absorto em sono. Nem escutou a mãe dizer:

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- Sim filho, claro que eu o levaria... A noite corria ironicamente calma, apesar da triste sentença dada pela medicina, ela enxuga suas lágrimas para tentar dormir, o dia próximo lhe reservava emoções muito fortes e ela precisava estar bem para suportar tudo. Às três da manhã, hora em que devotos e rezadeiras despertam para a primeira oração do dia, o menino em sonho teofânico abre os olhos e vê adentrar o quarto um ser estranho, alto e de beleza encantadora, podia se ver que sorria, e em sua volta uma luz ofuscante sem ser agressiva. - Minha mãe devia estar aprontando de novo – Pensou o menino ela trouxe o tal homem aqui para eu poder conhecê-lo e não me avisou! Ele vislumbrava com aquela visita, olhava para os lados e percebia que a mãe já acordada chorava, não conseguia entender o porquê das lagrimas maternas, mas o sorriso daquele que o olhava o cativava a se sentir perenemente feliz. Que mistério envolvia o olhar daquele homem, que atração magnética os tomava tanto um quanto a outro. O mais incrível é que Pedrinho, apesar da tenra idade não se assustava e nem se intimidava com a visão, e ver a mãe chorando, misteriosamente não o incomodava. Ele parecia tomado de uma plenitude de contentamento. - Então você é o “homem zarrão” que minha mãe falou. - Sim filho “Eu Sou”. De repente a voz do conto se calou em minha mente e as palavras foram desaparecendo de minha caneta esferográfica. Quando Yeshua fez calmamente ressoar sua voz. - Venha filho. Já é hora. Voltemos para o outro lado. Março de 2010. Homenagem a Pedro Lucas e a todas as mães que perderam seus filhos para Deus.

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Se este livro abençoou sua vida ou ajudou de alguma forma, entre em contato conosco e dê seu testemunho. Se for o caso deixe sua sugestão ou critica. Na compra do livro você ajuda uma instituição de caridade, e evangelização. Ajude-nos a divulgar. Claudio Roberto da Silva Rua. Sempre viva, 730 – B. São Domingos. Cep 35171001 – Coronel Fabriciano . MG @claudiosemeai [email protected] www.claudiopoeta.blogspot.com Tel: (31) 83598880 .

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Cláudio Roberto da Silva é o 2º entre os 8 filhos de Terezinha de Jesus e Juaquim Francisco, casado com Angele Flaviane Do Nascimento Silva, teve sua primeira experiência pessoal com Jesus em 1997, deste momento em diante engajou-se nas diversas pastoriais de sua paróquia. Atuou por 7 anos como catequista e desde 2002 atua como ministro da palavra. Na renovação carismática foi coordenador da secretaria Pedro por 2 anos, atuou como pregador e formador em diversos grupos de oração do sub-regional e participa como membro da comunidade Semeai desde sua fundação. É uma pessoa totalmente aberta aos sonhos de Deus, sabe entender os chamados do Pai e está sempre disposto a servir a cada instante. E este livro no qual ele lança, é mais um SIM do importante chamado de Deus em sua vida! Felizes somos nós que sonhamos alto, Deus trabalha acima dos nossos sonhos.

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