O anarquismo é minha vida

June 2, 2017 | Autor: Alisson Sales | Categoria: Anarquismo, Edgar Rodrigues, Alisson Sales
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O anarquismo é minha vida Vida e obra de Edgar Rodrigues

Alisson Carvalho Sales ¹ 1

Hélio Dantas ² 2

Resumo Este artigo apresenta a vida de Edgar Rodrigues (Antônio Francisco Correa), pesquisador e militante anarquista, foi um dos maiores escritores anarquista, falaremos sobre sua vida e faremos uma análise sobre a sua obra Os anarquistas (trabalhadores italianos no Brasil).

Palavras-Chave: Edgar Rodrigues – Anarquismo.

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Graduando em História – Universidade Nilton Lins – E-mail: [email protected] Mestre em História (PPGH/UFAM). Professor Orientador – Universidade Nilton Lins. E-mail: [email protected]

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Introdução Este artigo é sobre a vida de Edgar Rodrigues um dos maiores pesquisadores sobre a história social e o anarquismo, escritor e historiador autodidata, amante da história do movimento anarquista, que de desde cedo e mesmo sem saber teve atitudes que mudaria para sempre a forma como vemos o anarquismo, farei uma análise sobre a vida de Edgar Rodrigues. Até onde a influência de um pai, um regime ditatorial e a curiosidade de uma criança podem levar a vida de um homem? Dessa forma vou expor a vida de um grande homem, que viveu pra mostrar ao mundo que o anarquismo foi e é importante na história tanto Brasil, as obras mais utilizadas foram Lembranças incompletas e a Os anarquistas (trabalhadores italianos no Brasil). Apesar de não ser anarquista sempre me interessei pelo assunto e quando comecei a estudar mais a fundo o anarquismo acabei me deparando com Edgar Rodrigues, e a sua trajetória no anarquismo me chamou muito atenção, por esse motivo escolhi Edgar Rodrigues como tema do meu artigo, e é claro ao falar sobre ele nunca poderei deixar de falar sobre o anarquismo.

1. Mocidade Nascido no dia 21 de março de 1921, Antônio Francisco Correa se tornou um dos maiores escritores da história do anarquismo, nasceu e cresceu em Matosinho, um município ao norte de Portugal, filho de Albina da Silva Santos com Manuel Francisco Correa. Manuel Francisco Correa, operário e sindicalista, sempre ativo no Sindicado das Quatro Artes, a qual representava os trabalhadores ligados à construção civil do município. Desde criança Antônio Correa sempre gostou de observar as reuniões do sindicato que muitas vezes aconteciam ilegalmente em sua casa, devido à ditadura militar que estava instalada em seu país. Sempre curioso, guardava qualquer papel com anotações que sobrava das reuniões. Devido a sua curiosidade “Começava a ler e escrever sozinho quando a ditadura portuguesa, implantada em 1926, chamou para chefiar, com plenos poderes, o Dr. António Oliveira Salazar” primeira como presidente do ministério e depois como presidente do conselho de ministros de Portugal. (Rodrigues, 2003 p. 17). No ano de 1932, sai da ditadura militar e entra à civil, e em 1933, o até então Ministro das Finanças, Oliveira Salazar assume o comando do governo como Presidente do Conselho de Ministros, cargo esse que durou de 1933 a 1968. Ao assumir o governo, Salazar impõe uma nova Constituição, criando novos decretos que transformariam o sindicalismo Português em algo corporativo e de inspiração fascista, e assim deu-se origem aos “sindicatos nacionais”, que se tornariam uma das bases estratégicas do Estado autoritário e nessa época Antonio Francisco Correia ou Edgar Rodrigues era apenas um adolescente, mas já começava a entender a luta de seu pai anarcossindicalista. O Sindicado das Quatro Artes era bem organizado e possuía uma boa sede, mas com Salazar no poder, as repressões que os sindicatos livres sofriam aumentavam cada vez mais, no final de 1933, o Sindicado das Quatro Artes foi obrigado a fechar sua sede oficial devido da repressão causada peladitadura militar comandada por Antonio de Oliveira Salazar, mas antes que a sede do sindicato fosse invadida pela polícia, os membros do sindicato já de olho na repressão, pegaram todos os seus arquivos e dividiram entre si para que pudesse ficar longe do alcance do governo. Desse momento em diante as reuniões sindicais passaram a ser na casa dos membros, e como Manuel era o membro mais ativo do sindicato a maioria das vezes os encontros passaram a feitas na casa da família Correa.

Devido algumas denúncias, a casa da família Correia foi invadida em julho de 1936, pela polícia. Manuel correia foi preso, após algumas semanas sendo torturado e sem poder receber visitas, acabou tendo o direito de tê-las. Assim Edgar Rodrigues passou a lhe visitar constantemente, e sempre que podia levava e trazia bilhetes com informações ao seu pai, além dos bilhetes ele sempre levava comida e roupa lavada. Edgar tinha 15 anos nessa época e ter que conviver com tais fatos o amadureceu bastante e fortaleceu bastante suas convicções como anarquista, e as torturas que seu pai sofreu na prisão só fez aumentar todo e qualquer tipo de repulsa a qualquer tipo de autoridade e á ditadura salazarista. Sua mania de guardar informações, lembretes, bilhetes nunca o deixou e agora ele procurava ler cada vez mais, mas agora não se limitava aos lembretes ou informações que tinha, nem a livros que já tinha em casa, sempre que podia comprava livros que lhe chamavam a atenção, mas como ele trabalhava na construção civil, nem sempre o dinheiro dava para comprar as obras que queria, e por isso passou muitas vezes a copiar a mão os livros que desejava ler, mesmo cansado do trabalho ele não deixava a fadiga atrapalhar os seus interesses. Passava horas e mais horas copiando, sempre com a convicção “de um dia escrever e divulgar em livros os crimes da ditadura”. (RODRIGUES, 2007, p 20) Em 1º de março de 1940, filia-se no Grupo Dramático Flor da Mocidade (teatro amador), onde conhece Ondina dos Anjos da Costa Santos, mulher com quem passou o resto da vida. Pouco tempo depois passou a fazer parte da direção do Grupo Dramático Alegres de Perafita, e lá foi viver com agora sua esposa Ondina dos Anjos. Em 1942 Edgar Correa prestou o serviço militar que era obrigatório no país. E entre 1942 e 1943, ele começou a trocar cartas com Luiz Portela, um velho amigo de sua família que estava preso por praticar crimes contra a ditadura, essas cartas foram usadas como base da sua primeira obra: Na Inquisição do Salazar em 1957, que fala sobre a ditadura Salazarista, falando sobre as punições e castigos que os presos políticos recebiam nas prisões, as quais ele mesmo dizia ser um verdadeiro “barbarismo prisional”. (RODRIGUES, 1957, p. 44 e 47). Já na década de quarenta, o povo português continuou sendo oprimido pela ditadura, da qual só iria se libertar nos anos setenta, com a Revolução dos Cravos. O mundo das “trevas de uma nova Idade Média” durou quase meio século, e quanto isso Edgar

Rodrigues continuou trabalhando na construção civil, e participando de grupos amadores de teatro social. Em 1946, depois de 14 anos preso, Luís Portela foge da prisão-fortaleza de Peniche, doente e fraco devido às torturas e maltratos que a prisão lhe oferecia, foi acolhido por Edgar Rodrigues, que através de um amigo conseguiu documentos falso para Portela. Depois de alguns meses um sobrinho de Portela foi a um bar com amigos e por descuido acabou comentando sobre a fuga de Portela e desse momento em diante a polícia começou uma incansável busca por Portela, que acabou sendo preso em 1951. Em 19 de julho de 1951, Edgar Rodrigues encontra-se com o escritor anticlerical Tomás da Fonseca que era um dos maiores escritores libertários de Portugal na época, Tomás da Fonseca já havia sido preso várias vezes durante a ditadura, e Rodrigues vai pedir conselhos a Tomás, no dia seguinte, para fugir da perseguição política de Salazar, Rodrigues embarca para o Brasil.

Assim que chega ao Brasil no dia 5 de agosto de 1951, Edgar Rodrigues é recebido por Armênio da loura que o leva até o bairro da Piedade. Logo nos primeiros dias, consegue obter seu visto de permanência e tirar a carteira de trabalho. “Tratei de buscar no Brasil a liberdade que me negaram no país onde nasci, e para evitar surpresas, tratei de me naturalizar brasileiro”. (RODRIGUES, 2003, p. 19). 2. Novo mundo, novas oportunidades Já no Brasil Edgar Rodrigues arrumou um trabalho e continuou seus estudos, como ele era operário da construção civil em Portugal, aproveitou as experiências já obtidas e passou a trabalhar no ramo, mas Antonio Francisco Correa, ou seja, Edgar Rodrigues, não se deixou alienar e passou a visitar seus colegas anarquistas que aqui residiam, e o primeiro deles foi o anarquista, professor e editor, Roberto das Neves. Na sua obra de 2007, Lembranças Incompletas descreve a visita ao professor. Por isso, na impossibilidade de chegar lá [São Paulo], fui procurar o professor Roberto das Neves, achando-o na redação do diário carioca Força da Razão. Na primeira visita vi-me cercado por jornalistas curiosos, queriam saber o que acontecia de verdade em Portugal (na época os portugueses “bem de vida” no Brasil, gastavam uns bons cobres para tecer loas ao governo de Salazar). Antes de falar sobre o “Maroto de Santa Comba Dão” [Salazar] e sua troika, olhei instintivamente para os lados como se ainda estivesse sendo vigiado. Heron Pereira Pinto, jornalista muito experiente e conhecedor das ditaduras portuguesa e brasileira, bateu-me no ombro e disse: “Aqui é Brasil e nesta data não precisas olhar desconfiado à tua volta, podes falar à vontade”. Só então percebi o tamanho

do medo que se foi desvanecendo pelo tempo. Comecei a falar das barbaridades cometidas pela PIDE e pelos censores lusitanos. Por um bom tempo ainda me descobria desconfiado da sombra do policial. Só com os anos, em contato com a liberdade, se foram diluindo os efeitos dos anos de ditadura.(RODRIGUES, 2007, p. 28).

Roberto neves deu a Edgar o endereço de Manuel Perez um velho anarquista que morava num sobrado que era conhecido como “Consulado dos Anarquistas Espanhóis”, lá Rodrigues conheceu vários militantes anarquistas, tanto da Espanha como do Brasil, Itália, Portugal e até mesmo da França, e uma das bases do jornal Ação Direta funcionava naquele edifício. Em maio de 1952, Manuel Perez convida Rodrigues a conhecer a residência de José Oiticica, ao chegar lá Edgar Rodrigues de depara com uma reunião do grupo que publicava a Ação Direta, é então que vem a sua primeira publicação no periódico. “Fala um operário português”, em sua coluna no jornal Rodrigues denuncia os crimes da ditadura salazarista. Nesse mesmo ano ele publica, “não parei mais com minhas denúncias contra os crimes das ditaduras e a exploração do homem pelo homem”. (RODRIGUES, 2007, p. 29).

Entre os anos cinquenta e sessenta, viviam no Brasil muitos exilados portugueses, que mesmo com suas diferenças políticas estavam unidos contra o salazarismo. Eles passaram a publicar o jornal Portugal Democrático, jornal este que Edgar Rodrigues também passou a ser colaborador. Agora com mais liberdade Edgar começou a escrever de fato sua primeira obra a Inquisição de Salazar e a publicou em 1957, e logo depois em 1958, já estava publicando outra obra A Fome em Portugal que faz uma análise econômicopolítico-financeira do corporativismo português durante o salazarismo. Agora vêm os anos sessenta, Edgar Rodrigues publica mais duas obras. Portugal Hoy, em 1963, na Venezuela. Este é uma coletânea de artigos sobre a situação atual de Portugal, e no Brasil em 1962, publica o Retrato da ditadura portuguesa. Em 1964, vem o golpe militar, a ditadura aqui no Brasil não tirou toda a sua liberdade de expressão, mas a limitou, e enquanto publicava obras e artigos voltados para história social de Portugal salazista, Edgar Rodrigues procurava sempre utilizar materiais (textos, anotações e informações de sindicatos de quando ainda vivia em Portugal) que havia

guardado durante a vida em Portugal, e agora ele continuava com a sua mania que guardar anotações, lembretes, papéis que sobravam de reuniões com militantes anarquistas e outros grupos. Edgar Rodrigues coletou e organizou os dados e informações sobre o anarquismo e o movimento operário aqui no Brasil, então em 1969 a pedido do Uruguai é publicado o Socialismo e sindicalismo no Brasil (1675-1913), este foi o primeiro volume da trilogia que hoje é um clássico para os que estudam o anarquismo e o movimento operário no Brasil. O segundo volume é o Nacionalismo e cultura social (1913-1922) publicados em 1972, e o terceiro foi o Novos rumos: pesquisa social (1922-1946), publicado em 1978, grande foi o esforço de Edgar Rodrigues para publicar estas obras, e entre essas publicações, vinham outras sobre Portugal e Salazar, estas eram mais fáceis de publicar, pois a ditadura no Brasil procurava esmagar qualquer movimentação de esquerda. Particularmente interessante é a narrativa sobre a exigência de um editor comunista, que, após folhear os originais de Socialismo e sindicalismo no Brasil, e neles não vendo os nomes de Astrojildo Pereira e de Otávio Brandão, recusou-se a publicar a obra. Não adiantou Rodrigues explicar que a proposta do seu livro era comentar a história do anarquismo e das 43 lutas sociais no Brasil, das suas origens ao ano de 1913, data da realização do Segundo Congresso Operário Brasileiro; e que tanto Astrojildo quanto Brandão só começam a sua militância alguns anos depois. Nada feito. Sem a presença desses personagens, o livro não seria publicado. Entretanto, apesar das dificuldades impostas pela ditadura, sobretudo pelo Ato Institucional nº 5, o livro foi publicado por outra editora, a Laemmert (ADDOR, 2012, p, 42). Por causa do Ato Institucional é que os próximos volumes do Socialismo e sindicalismo tiveram que ter outros títulos, assim a continuação de sua obra não pareceria tão provocativa aos olhos da ditadura. Em 1º de Abril de 1964, no Rio de Janeiro, militantes do Centro de Estudos Professor José Oiticica (CEPJO), estavam atentos ao despertar da repressão política, e tiveram a ideia de retiravam todo o material deixado por trotskistas nas dependências do CEPJO, espaço que usado nos estudo, pesquisas e reuniões sobre o anarquismo. Mais tarde, foi comunicada num anúncio no Diário Oficial do Estado a suposta perda do livro de atas do

CEPJO, então eles refizeram a ata de modo que as autoridades policiais pudessem lê-la. O CEPJO continuou funcionando, mas agora com uma cautela muito maior. Em 1968, Roberto Villalba e Tânia Pinheiro se matricularam no curso de psicologia que era realizado pelo CEPJO, eles namoravam e iam se casar, mas a família de Roberto não aceitava, pois Tânia era negra. Como eles eram menores de idade resolveram alterar as suas certidões de nascimentos. Seu padrasto que era Coronel do Exercito Brasileiro, descobriu e ficou revoltado. Ele prendeu e torturou Tânia e dois amigos dela, e os interrogaram sobre o curso no CEPJO e sobre os outros frequentadores do CEPJO. Isso resultou na invasão do CEPJO por militares da aeronáutica e na apreensão e destruição tanto do CEPJO quando dos Materiais que ali estavam, e ainda prenderam 18 integrantes do centro, entre os presos, acusados e denunciados estavam: Edgar Rodrigues, Pietro Michele Stefano Ferrua, Ideal Peres, Antonio Costa, Fernando Gonçalves da Silva, Manoel do Santo Ramos, Paulo Fernandes da Silva, Roberto Barreto Pedroso das Neves, Eli Briareu de Oliveira, Mário Rogério Nogueira Pinto, Antonio Rui Nogueira Pinto, Maria Arminda Sol e Silva, Antonio da Silva Costa, Elisa da Silva Costa, Roberto da Silva Costa e Carlos Alberto da Silva e Michelangelo Privitera e Esther de Oliveira Redes que foram soltos, e os outros 16 foram acusados de práticas contra a ditadura, mas acabaram sendo soltos em 1972, por falta de provas. Na mesma época em que estava sofrendo esse processo militar, Edgar Rodrigues teve uma atitude que lhe tornaria o pioneiro no na publicação de obras sobre o anarquismo, ele passou a publicar obras sobre o anarquismo, sempre resgatando a história do anarquismo no Brasil. Edgar Rodrigues escreveu 62 livros (entre 1957-2007), publicados. Por volta de 1976, participou junto com a sua amiga Elvira Boni, do documentário "O Sonho Não Acabou" de Cláudio Khans, exibido algumas vezes na televisão e em eventos libertários. Edgar Rodrigues faleceu na noite de 14 de maio de 2009, em sua casa, no bairro do Méier, na cidade do Rio de Janeiro. Deixando uma grande quantidade obras anarquistas a serem estudada. 3. Os anarquistas (trabalhadores italianos no Brasil) Análise da obra Os anarquistas (trabalhadores italianos no Brasil)

Como já sabemos, Edgar Rodrigues foi um dos nomes mais importante para a história do anarquismo no Brasil. Nessa obra ele descreve com riqueza de detalhes as lutas dos imigrantes italianos anarquistas no Brasil. Em várias obras Rodrigues cita a importância dos italianos para a formação do movimento o operário no Brasil, que antes existiam apenas como classe e não como movimento em si, mas nessa obra ele se aprofunda no tema. “Os anarquistas (trabalhadores italianos no Brasil) teve sua primeira edição lançada em maio de 1984 pela A Global Editora e Distribuidora Ltda.” (Global editora). Quando a Global Editora surgiu a cerca de 40 anos atrás, eles davam apoio aos escritores libertários que eram censurados pela a ditadura da época. Claro que a editora teve muitos problemas com isso, mas eles pretendiam mostrar a outra face da moeda, já vivíamos numa ditadura que censurava qualquer obra que pudesse abrir os olhos da população, e com essa ideia a Editora Global publicou vários livros para as pessoas que estavam sedentas de informações, “a Global teve sua produção voltada aos livros de referência do pensamento socialista e anarquista sempre destacando as obras de Marx, Engels e Lênin”. Nos anos 90 o editor José Carlo, deixa à editora e eles resolveram mudar o ramo em que atuavam e hoje em dia “atual diretoria e toda a equipe concentram esforços na formação cultural do cidadão, publicando os mais conceituados autores de literatura em língua portuguesa, consagrados tanto no cenário nacional como internacional”. (Global editora). Esta sua obra está dividida em 29 capítulos e 4 anexos. Que discutem a importância dos italianos tanto para o movimento anarquista quanto para a real ________________________________ Informações extraídas de http://www.globaleditora.com.br/ e de uma entrevista do Luiz Alves Junior, dono da editora

http://www.youtube.com/watch?v=18rZOBXnSd4#at=1022.

formação do movimento operário, sempre procurando citar nomes de importância no movimento, e tudo isso sem esquecer a real história do movimento anarquista italiano no Brasil, lançado no mesmo ano em que o Brasil vivia o movimento Diretas Já, o Os anarquistas (trabalhadores italianos no Brasil) buscou reafirmar a importância que o anarquismo teve na nossa história recente. Antes de esta obra ser lançada, Edgar Rodrigues lançou os Trabalhadores

italianos no Brasil em 1976 com o intuito de lançá-lo na Itália para despertar o interesse do público, mas sem se aprofundar, sem esgotar o assunto, mesmo porque uma obra muito grande não ficaria ao alcance dos leitores mais humildes.

Edgar cita em sua obra a vinda dos italianos, o primeiro italiano anarquista morto no Brasil o médico e dono do jornal O Observador Constitucional. É citada também a

comunidade

anarquista

em

Guararema

e

a

Colônia

Cecília.

A Colônia Cecília foi um dos temas mais abordados nesta obra, tanto que seu conteúdo estendesse

por

8

dos

29

capítulos

desta

obra.

O anexo desta obra está dividido em 4 capítulos, o primeiro deles é o OS MILITANTES; aqui Edgar Rodrigues cita os principais militantes do movimento anarquista no Brasil e sendo

que

na

maioria

das

vezes

Edgar

os

conheceu

pessoalmente.

No segundo capítulo ele cita e comenta sobre todos os jornais italianos publicados no Brasil. Já no terceiro Edgar Rodrigues mostra como eram feitas as propagandas das obras anarquistas dos italianos aqui no Brasil. No quarto e ultimo capítulo do anexo Edgar fala sobre as expulsões de militantes italianos, sobre a violência e calunia que a polícia praticava.

4. Entendendo o movimento anarquista Para entendermos o movimento anarquista na história do Brasil, primeiro devemos conhecê-lo, pois muitas vezes ele é confundido com movimento sindicalista revolucionário ou anarcossindicalista, o movimento anarquista é uma ação de vários grupos de anarquistas, que geralmente agem em conjunto ou separadamente, eles procuram combater o capitalismo com o objetivo de derrotar o ESTADO e criar uma NOVA ORDEM SOCIAL, não apenas lutando, mas mudando a consciência do povo. O Anarquismo não faz parte da luta de classes, ela quer acabar com a classe e deixar todos no mesmo nível, nos tornar irmãos, independente da cor, sexo preferência sexual ou credo. Igualando de fato os direitos e deveres de todos. Anarcossindicalismo: corrente sindicalista, assim chamada a partir da cisão provocada no 5º Congresso da AIT (Primeira Internacional dos Trabalhadores), em Haia, no ano de 1872, adotada pela maioria dos operários do Brasil até a implantação dos sindicatos fascistas pelo Estado Novo de Vargas, em 1930. (RODRIGUES, 1999, p 3).

Já o Anarcossindicalismo visa acabar com o sistema capitalista através de suas ações diretas, greves gerais, sempre lutando pela autogestão dos operários, e sua força esta contida nos sindicatos, federações e uniões, sendo ela voltada especificamente para os operários. A diferença do Anarcossindicalismo para o anarquismo está na forma de agir e influenciar. O Movimento anarquista é formado por indivíduos que querem ser independes, poder viver sem religião, política e chefes “vai até onde a liberdade e a inteligência o possa levar.” Já o Anarcossindicalismo é especificamente para os operários e suas lutas sobre os meios de produção e consumo, logo, “Seu espaço é limitado, materialista, sem a dimensão e o alcance de filosofia de vida do anarquismo.” (RODRIGUES, 1999, p 3). Para Edgar Rodrigues o anarquismo chegou ao Brasil de fato em 1888 pelas mãos do italiano Artur Campagnoli, pois ao chegar aqui comprou uma grande área de terras que até então erram consideradas improdutivas e fundou a Colônia Anarquista de Guararema. Dois anos depois o engenheiro agrônomo Giovani Rossi com mais 200 italianos fundaram a Colônia Cecília no Paraná, mas essa experiência não deu certo, pois foi “Asfixiada por cobranças de impostos indevidos”.(RODRIGUES, 1999, p 4). Nesses mais de 100 anos de luta do movimento anarquista no Brasil, grande foram as dificuldades e muitas foram as baixas, e mesmo diante de toda a repressão que sofram ainda conseguiram deixar muito de sua história para ser contada e estudada, chegaram a ter quatro jornais diários, dezenas de semanários, mensários, bimensários e periódicos. Nos tempos mais obscuros não podiam ter nenhum porta voz, nem se reunir.

Conclusão Levando-se em conta o que foi observado, entendemos o quão importante foi Edgar Rodrigues para a história do anarquismo Brasileiro, sua trajetória de vida o tornou bastante perceptivo aos fatos que o cercava. Podemos ver o quão importante são as suas obras, sem elas boa parte da história do anarquismo no Brasil teria se perdido. Também vimos como a influência de um pai, um regime ditatorial e a curiosidade de uma criança

podem mudar o rumo da vida de uma pessoa, e assim uma podre criança, filho de um operário da construção civil se transforma num dos maiores escritores da história do anarquismo no Brasil. Tenho em mente que este artigo não foi o suficiente para expor cada detalhe da trajetória deste grande escritor, mas acredito que já é o suficiente para instigar a curiosidade de muita gente, e também fica o espaço para eu continuar com minhas pesquisas.

Bibliografia - Addor, Carlos Augusto. Um homem vale um homem, tese de mestrado. Niterói RJBrasil, 2012. -Rodrigues, Edgar. Lembranças Incompletas. Guarujá, SP-Brasil. Editora Opúsculo Libertário, 2007. -Rodrigues, Edgar. Na Inquisição de Salazar. Rio de Janeiro: 1957. -Rodrigues, Edgar. Pequeno Dicionário das Idéias Libertárias. Rio de Janeiro: CC&P Editores, 1999. -Rodrigues, Edgar. Rebeldias-Volume 1. Rio de janeiro. Achiamé Editora, 2003.

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