o caminho para a mística contemporânea - parte I teodiceia

August 13, 2017 | Autor: Daniel Silva | Categoria: Theology, Filosofía Latinoamericana, Phylosophy and Regilous Studies, Teologia Contemporânea
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O caminho para uma Mística: Parte I Teodiceia

De um modo geral, trataremos os aspectos sobre a busca de sentido diante do absurdo da vida. Por muitas vezes, o homem viu-se na condição de dar uma resposta transcendental à sua existência nesse mundo. A religiosidade foi um fator que corroborou para que o homem busque o sentido da vida. Todo o processo de um fenômeno religioso começa, por sua vez, com a experiência mística daquilo que vai além dele mesmo, com isso, estabelece uma forma de vida a partir desse pathos ao qual o místico é afetado. Com tempo viu-se que a forma primitiva dessa experiência mística decaiu em meros legalismos e regras e a partir daí foi se criando um aspecto de uma legalização do fenômeno religioso, mas uma legalização onde se suprime a questão da subjetividade e da autonomia humana diante das suas responsabilidades. Nesse processo surge também a negação dessa chamada teodiceia, que é o retorno às fontes primárias onde o homem novamente se deixa afetar tanto pelo pathos, sem eliminar o theos de si. A esse processo se dará o nome de teopatodiceia, onde o homem é posto à frente de sua condição existencial sem, por sua vez, eliminar a questão dum theos. Sobre isso este presente trabalho discorrerá sobre.
teodiceia
A concepção de teodiceia nasce primeiramente de um termo criado por Gottfried Wilhelm Von Leibniz (1646-1716). Ela Nasce de duas palavras gregas theos e diké (justiça de Deus). A teodiceia consiste numa leitura do mundo em que a categoria "justiça de Deus" acaba que por justificar as ações políticas de um determinado poder religioso (legitimando assim uma teocracia) estabelecido ou em vias de se estabelecer e se perpetuar através de sua mentalidade religiosa.
A questão da teodiceia num sentido humanista subtrai a questão da liberdade e da responsabilidade humana, colocando assim a questão de Deus como o agente que detém toda a responsabilidade nas ações do homem eximindo-os assim, da responsabilidade de suas vidas, e por sua vez, anestesiando da questão dos seus sofrimentos em detrimento de uma busca de sentido existencial no contexto do absurdo da vida.
Por muitas vezes, quando o fenômeno político-religioso anda em vias de uma teodiceia promulgada em uma teocracia, como por muitas vezes isso também afeta a mentalidade daqueles que participam de tais fenômenos, é necessário uma retomada às fontes primárias de todo o processo quando por lá se detinha a concepção da afetação e interiorização (pathos) que faz mover o fenômeno humano na busca de um sentido existencial.
Ora, por sua vez, muitos filósofos e demais pensadores puderam enxergar os limites da questão da teodiceia no seu contexto político e religioso de sua época, de um certo modo, a teodiceia ocorre em praticamente todo o fenômeno da religiosidade humana, quando por sua vez se vê a questão de uma falta de responsabilidade diante da condição humana e como também a falta de um espírito místico na concepção da busca de sentido fazendo-se assim, uma religiosidade superficial em que a concepção de uma doutrina se fecha em si mesma e cai num legalismo negativo na concepção religiosa.
A questão da crítica da teodiceia percebida em todo período histórico e em todo contexto em que está inserido, desde os primórdios das primeiras comunidades e quando já estão estabelecidos um poder político e religioso desde os gregos até a contemporâneos, na qual se propõe uma concepção de um pathos sem a existência de um ser transcendental e metafísico.
Um exemplo que talvez perpasse cada período se já constatação da crítica a falta de um espírito que se deixa afetar ante a realidade da condição existencial humana. Vemos isso na concepção da crítica a uma forma de religiosidade dependente e perturbadora tal como propõe o trilema epicurista, a relação de uma proposta de imperturbabilidade (ataraxia) frente à religião que torna o Homem de sua época dependente da sorte de deuses transcendentais e seres bem aventurados (makarión), pois, para Epicuro, os deuses nada têm que interferir à felicidade humana, pois gozam de alegria plena, por conseguinte diante dessa teodiceia, o filósofo propõe a fuga disso para a tranqüilidade plena, fazendo que assim homem torne-se e novamente o responsável por si próprio.
Na era moderna, surgem também expoentes que vão de contra uma visão de teodiceia proposto em sua época, de certo modo, colocam como questionadores dos legalismos propostos pelos limites teocráticos. Esses pensadores vão contra à formulada pretensão de um mundo metafísico já pré estabelecido e que legitima o pressuposto de uma teodiceia, fazendo-se assim a concepção de um Deus que detém todo o poder do bem e do mal, cujo toda a responsabilidade humana se encerra nele.
Vão surgir pensadores tais como Nietzsche e Jean Paul Sartre que vão de encontro a todos os pressupostos metafísicos já estabelecidos, e assim destruindo-os e a partir de um nada e sem propriamente um Deus. A construção de uma nova moral e valores na qual o homem se torna aquilo que ele pode ser, como diria Nietzsche, um homem para além do homem.
Sartre também estabelece a partir do nada a questão da busca de sentido, quando ele percebe que o absurdo da vida nos causa náusea, uma náusea de um labirinto sem saída diante do absurdo, diante disso, ele propõe a partir desse nada, a construção de uma existência a partir da busca de sentido. Homem é interpelado a construir seu ser a partir de sua nadificação. A mística faz parte desse processo de pathos, no sentido em que homem dá sentido a sua realidade a partir da sua própria poesia. Que se dá em enxergar e dar uma nova interpretação diante de sua vida e seus valores.
O homem sempre se pôs a pensar sobre isso, a se projetar no mundo a partir daquilo que o afeta, dando-o assim novamente a sua subjetividade e pondo em questão os limites da teodiceia. Por sua vez, o homem em si, não basta apenas quedar em seu aspecto de um pathos, mas deve ir além disso, deve estabelecer e visar uma mística diante do absurdo, uma mística em que o theos aja de maneira saudável sem eliminar a humanidade do humano e sem tirar sua subjetividade, deve levar o homem a ser mais homem lidar com ele mesmo, e só assim a experiência do místico se dará por completa seu pathos e seu theos serão o motor que irá movê-lo em sua busca de sentido.





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