O casamento

May 30, 2017 | Autor: R. Charters-d'Aze... | Categoria: History, Ancient History, Social History, Historia
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E tóriasdanossaHistória Ricardo Charters d'Azevedo

Ocasamento

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IAntes do início do século XIX, os casais que conseguiam festejar as bodas de ouro não chegavam a ser dois em cada 100. Cinquenta anos de vida comum era tão raro naquelas épocas que quando acontecia o cura da paróquia procedia a um 'Simulacro de uma segunda cerímónía de casamento. As fotografias de bodas de ouro são hoje quase um lugar-comum, tão comum que já nem se publicam nos jornais como há uns anos se fazia. Havia uma esperança de vida muito mais curta. Parece que antigamente um homem em quatro e uma mulher em cinco eram viúvos ou viúvas antes dos 35 anos, e um homem em cada dois e uma mulher em cada três antes dos quarenta e cinco anos. A diferença entre os dois sexos é explicada naturalmente pela taxa mais elevada de mortalidade feminina durante a gravidez e após o parto - uma média de 10 em cada 100 dos partos. Sabemos que uma mulher teria em média uma criança todos os quinze a vinte meses. As consequências destas situações são catastróficas. Nos meios mais pobres os órfãos são confiados a um tutor, que os coloca mais tarde como aprendizes de uma profissão na vila mais próxima. Mas por outro lado era a forma de garantir descendência, pois a morte de crianças nos primeiros anos de vida era muito elevada. Um viúvo irá casar-se o mais depressa possível. Como poderia ele tratar das suas crianças, quando tem que ir todos os dias para o campo, ou.estar à frente-do seu comércio? O mesmo acontece com uma viúva e nomeadamente quando ela tem alguns- bens ou é nova. Nos registos paroquiais vemos que um viúvo se casa, em média, seis meses depois de ter morrido a sua mulher. A viúva toma mais tempo e normalmente procura fazer o seu lutó e garantir que quando se casar não tem no seu ventre uma criança do marido que morreu. Mas não só segundos casamentos são frequentes, terceiros casamentos não eram tão invulgares assim. Jornal de Leiría 1 de Setembro de 2016\

Mas para marcar um casamento, mesmo que ele seja o primeiro, é complicado. Não pode ser ao domingo, pois o padre já tem muito que fazer com as diversas missas, grandes ou pequenas, as vésperas, etc. A sexta-feira era de excluir pois o padre nunca dará uma bênção nesse dia de luto e de jejum ou penitência pela morte de Jesus Cristo. A quinta-feira tem um problema, pois a festa de casamento pode passar para sexta-feira. Lembremo-nos que as festas de casamento tinharri umas dezenas de sopas, de peixes vários, de cames, etc., o que obrigava a grandes estadias na mesa para se ir comendo tudo. Muitos "escorregavam" para debaixo da.mesa, e já muito "tocados" apareciam umas horas depois aptos a continuar. Então, escolhia-se a terça ou a quarta-feira, mas que não fossem dias de penitência do Advento, da Quaresma. Consequentemente, nunca em maio e nunca no verão, pois tal coincidia com os trabalhos das colheitas. Os períodos preferidos eram em janeiro e fevereiro, entre os "Reis" e a Pascoa. E em novembro depois das vindimas. Por último, lembramos que o fato de noiva branco só começou a ser usado depois das aparições da Virgem em Lurdes, e nomeadamente após a difusão da forma como ela apareceu vestida. Até lá o culto da Imaculada Conceição obrigava a que nenhum fato de noiva fosse de branco, e a noiva vinha de cores variadas segundo as tradições locais e a riqueza da família. A cor era viva e sobretudo vermelha ou azul (vemos os fatos de noiva usados pelos orientais que nunca são brancos) e sempre com um rico avental de cor dara ou branco. Lembremos que o fato da mulher casada era habitualmente escuro ou preto. E nunca poderia ser feito o fato de noiva por ela própria: trazia azar.

Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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