O Caso da Henriqueta Charters Crespo

May 22, 2017 | Autor: R. Charters-d'Aze... | Categoria: Caldas da Rainha, 1ª Guerra Mundial, Grande Guerra, Leiria, Alemães, Prisioneiros de guerra alemães
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EstóriasdanossaHistória Ricardo Charters dAzevedo

o caso de Henriqueta Charters Crespo (

I Em 27 de abril de 1916,Henriqueta Charters Crespo, viúva, de origem alemã e nascida em Hamburgo em 1854, vê-se confrontada com a possibilidade de ser expulsa de Portugal e os seus bens serem arrolados para o Estado, no quadro da legislação produzida após a entrada de Portugal na 10 Grande Guerra, a 9 de março de 1916.A guerra era contra a Alemanha e outros países de Europa Central - Áustria-Hungria, Bulgária e Império Otomano. Foram, por exemplo, imediatamente apresados os navios germânicos surtos em águas portuguesas. No entanto, o caso de Henriqueta Charters Crespo era complicado, pois tinha casado com o dr. José Charters Crespo e obtido, pelo seu casamento, a nacionalidade portuguesa, pelo que não era claro como se lhe aplicava a legislação entretanto publicada (Decretos n. 2229 e n. ° 2350 de 23 de fevereiro de 1916e de 20 de abril de 1916,respetivamente). Estes factos fazem, a 27 de abril de 1916,com que as autoridades das Caldas da Rainha, concelho onde ela tinha as propriedades herdadas de seu marido, nomeadamente a Quinta da Palmeira, no Landal, questionassem a "Intendência dos Bens dos Inimigos", no Ministério das Finanças, sobre o procedimento a adotar. Por outro lado, como o marido de Henriqueta Charters Crespo, o dr. José Charters Crespo, tinha falecido a 3 de janeiro de 1904 no Chile (pois lá tinha minas de fosfatos) com um "ataque cerebral instantâneo", as autoridades questionavam-se ainda se teria perdido a nacionalidade portuguesa por morte dele. O processo ainda se complicava mais, pois que ela era somente usufrutuária dos vastos bens do marido no Landal. Por testamento, os bens tinham ficado para um

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\Jomal de Leiria 30 de Março de 2017

A guerra era contra a Alemanha e outros países

de Europa Central-Áustria-Hungria. Bulgâriae Império Otomano'

primo direito do marido, o eng. José Maria Charters Henriques de Azevedo, engenheiro diretor das obras públicas do distrito de Leiria. Assim, as autoridades consultavam também o Ministério das Finanças sobre a forma de arrolar bens de que Henriqueta Charters Crespo somente tinha o usufruto. Esta não ficou a aguardar as decisões e foi para a Galiza, tendo deixado a indicação que a correspondência a ela dirigida deveria ser entregue ao Cônsul de Espanha no Porto, Ramon Abella, na rua Formosa 99, 20. Antes de partir, solicitou uma autorização de residência em Portugal e, tendolhe sido concedida, a 6 de maio de 1916,para residir no concelho das Caldas da Rainha, voltou para a sua

casa no Landal. Claro que a 6 de outubro de 1916viu o processo ser resolvido a seu contento. Um advogado que a aconselhou terá sido o dr. José Manuel Correia (1858 - 1945), das Caldas da Rainha, que foi presidente da Câmara a seguir à proclamação da República e conservador do Registo Civil. A doutora Natália Correia Guedes, sua neta, referiu-nos a existência de umas cartas que em 1913lhe foram endereçadas por Henriqueta Charters Crespo. E foi a partir desta informação que esta "estória" foi investigada. Henriqueta Charters Crespo é natural de Hamburgo e filha de [Abalicio] Filipe e de Margarida Filipe, e casada antes de 1889 com o dr. José Charters Crespo (1844 1904), formado em direito e comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Este era filho de Bárbara Rita Charters, filha do ten-cor William Charters, e de seu marido o Cor. José Maria Crespo, grande proprietário no distrito de Leiria, senador (1840), comendador da Ordem de Cristo, e da de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, tesoureiro pagador do Cofre Central do Distrito de Leiria, e coronel comandante do Batalhão Nacional de Leiria nos Corpos Nacionais de Infantaria, que combateu D. Miguel. O dr. José Charters Crespo, que não teve descendência, tinha mais três irmãos: Venâncio, casado com Maria Arnélia Charters Henriques de Azevedo, sobrinha da sua mãe; Júlia, que se casou com um Taibner da Marinha Grande; e Joana, baronesa de Vale da Mata, que morreu solteira. Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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