O cemitério e os post-mortem: costumes funerários decorrentes da urbanização da Inglaterra Vitoriana

Share Embed


Descrição do Produto

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

ANNE PRATS JENNIFER DA SILVA LARISSA DE FREITAS LUCAS SANTOS ROSA MARINA KOOL ARTIOLI BENECIUTI

O CEMITÉRIO E OS POST-MORTEM: COSTUMES FUNERÁRIOS DECORRENTES DA URBANIZAÇÃO DA INGLATERRA VITORIANA

CURITIBA 2015

O CEMITÉRIO E OS POST-MORTEM: COSTUMES FUNERÁRIOS DECORRENTES DA URBANIZAÇÃO DA INGLATERRA VITORIANA Autores: Anne Prats; Jennifer da Silva; Larissa de Freitas; Lucas Santos Rosa; Marina Kool Artioli Beneciuti Orientadora: Profa. Dra. Adriana Mocelim

RESUMO O artigo a seguir, aborda o tema O Cemitério e os Post-Mortem: Costumes funerários decorrentes da urbanização da Inglaterra vitoriana. Tendo como problemática a perspectiva dos ingleses vitorianos perante à morte e os objetivos são elucidar de que forma a sociedade vitoriana lidava com a morte, compreender a transição do cemitério em espaço eclesiástico para os meios urbanos de Londres do século XIX e, por fim, analisar os retratos post-mortem e como a aristocracia londrina vitoriana relacionava-se com a morte. A metodologia empregada é a de pesquisa bibliográfica e análise de fontes históricas, sendo que esta análise fundamenta-se em Cardoso e Mauad. Como resultado, constatamos que a aristocracia estava diretamente envolvida na produção da urbanização, cemitérios e nos retratos post-mortem, influenciando diretamente nos aspectos culturais da sociedade vitoriana. Palavras-chave: Cemitério. Post-Mortem. Urbanização. Cultura. Aristocracia. Vitoriana. INTRODUÇÃO O

presente

artigo

tem

como

objetivo

analisar

o

cemitério,

mais

especificadamente o Highgate Cemetery, localizado no distrito Highgate em Londres, além disso apresenta-se os costumes funerários que foram decorrentes da Era Vitoriana, na tentativa de ampliar os conhecimentos acerca do tema proposto, neste caso a urbanização durante o século XIX. Durante a pesquisa, constatamos que o tema proposto é pouco explorado ou não há fácil acesso a bibliografia sobre o tema em português, por conta disso, utilizaremos na fundamentação, deste projeto, artigos em inglês. Os recortes temporal e espacial compreendem a Era Vitoriana na Inglaterra, dentre os anos 1837 e 1910. O recorte temporal foi pré-estabelecido sendo especificadamente o século XIX enquanto recorte espacial caracteriza-se na Inglaterra, onde iniciou-se a prática do post-mortem onde conseguimos localizar uma maior variedade de fontes históricas correspondente ao tema.

As fontes históricas utilizadas para a realização da pesquisa são fotografias consultadas no acervo digital da National Portrait Gallery, fotos tiradas por Camille Silvy no ano de 1862 a 1866, em Londres. Para a fundamentação da análise, foram utilizados os autores Cardoso e Mauad, buscando a partir dessa análise os signos culturais presentes nas fotografias. DESENVOLVIMENTO Sendo colocado em análise o contexto histórico da Inglaterra na época, entende-se por Período Vitoriano o espaço temporal em que a Rainha Vitória reinou, compreendendo os anos entre 1837 e 1901. Tal época que é marcada por um crescimento demográfico sem precedentes, passando de 16 milhões para 30,5 milhões durante o período. Sendo assim, a Era Vitoriana foi influenciada, assim como influenciou diversos movimentos artísticos, culturais e sociais. O advento da Revolução Industrial trouxe diversas mudanças nos aspectos tecnológicos, econômicos, sociais e produtivos. A Revolução Industrial “[...] consistiu tanto em alterações no volume e distribuição da riqueza como na mudança dos métodos de dirigir essa riqueza para determinados fins.” (ASHTON, 1977, p. 169) Com a substituição dos trabalhadores, que até então utilizavam do trabalho manual, pelas máquinas, ocorreu uma mudança na relação que até então baseavase no trabalhador e no trabalho. E além das mudanças que ocorreram no âmbito industrial e tecnológico, houveram as crescentes obras de urbanização. Portanto, esse processo de industrialização mudou drasticamente o meio urbano. Assim, o maquinário representou uma nova relação econômica entre os homens e um novo sistema de produção, que gerou um novo ritmo de vida e sociedade num novo momento histórico. Além disso, enquanto a maquinaria diminuía a força do homem, o capital ganhava sobre o trabalho e criava uma nova forma de servidão. (SOARES, 2010)

Londres, no século XIX, já havia se tornado uma metrópole e devido às crescentes mudanças que ocorriam, consequentemente o aumento populacional triplicou. A população cresceu bastante. Isto ocorreu por causa de dois fatores. O primeiro fator eram as altas taxas de crescimento populacional da época, ou seja, reprodução acelerada. O segundo fator foi o início de um forte êxodo rural, onde um crescente número de agricultores passou a deixar os campos, indo em direção às cidades. (MACÊDO, 2008)

Junto disto, a perda dos clientes por parte de artesãos tornou-se constante, já que o trabalho industrializado era mais rápido e de preços mais baixos. Enquanto isso, a condição de operários nas fábricas era insalubre, assim como os espaços em que tais operários habitavam – muitas vezes próximos às fábricas, pela longa rotina diária de trabalho – ocasionando num crescimento populacional muito maior em regiões fabris e bairros de operários. Os cemitérios, quando postos em análise por W. Lloyd Warner que focara seu estudo principalmente na cultura americana, foram descritos como “uma “expressão coletiva”, uma réplica simbólica e sagrada da comunidade dos vivos que expressava muito dos valores e crenças básicas da comunidade.”1 (FRANCIS, 2003. p. 222) (Tradução livre dos autores) Desta forma, Francis aborda o cemitério como um espaço de transição, ao mesmo tempo em que ele representa uma união, em que “Os vivos e os mortos são separados e unidos simbolicamente como uma só pessoa durante a transição e os ritos memoriais.”2 (FRANCIS, 2003. p. 223) (Tradução livre dos autores) Ou seja, o cemitério é o espaço em que a comunidade transmite diretamente uma ótica da sociedade e época da qual estava inserido. Um espaço onde a sacralidade e as crenças compartilham seu próprio ambiente. A localização dos cemitérios começou a reaproximar-se das cidades apenas no decorrer do século XIX. “Quando os cemitérios foram primeiramente introduzidos em número na segunda metade do século XVIII e primeira metade do século XIX, muitos foram colocados provavelmente à meia milha de distância de áreas das cidades mais populosas."3 (RUGG, 2000. p. 261) (Tradução livre dos autores) Este espaço surge nessa época por causa de uma crença em que os corpos localizados nos quintais das igrejas eram uma ameaça à saúde púbica, e por este motivo os cemitérios surgiram nos extremos da cidade, numa tentativa de realocação dos corpos. Além disso, estes espaços não surgiram apenas para um controle da saúde pública, mas também para uma melhor acomodação visto que “essa localização 1

“[...] a ‘collective representation’, a sacred, symbolic replica of the living community that expressed many of the community’s basic beliefs and values”. (FRANCIS, 2003. p. 222) 2 “[...] the living and the dead are separated simbolically joined as one people through the performance 2 “[...] the living and the dead are separated simbolically joined as one people through the performance of transition and memorial rites”. (FRANCIS, 2003. p. 223) 3 “When cemeteries were first introduced in number in the second half of the 18th and first half of the 19th century, many were laid out perhaps half a mile away from the more populous areas of town.” (RUGG, 2000. p. 261)

também

significava

que

os

cemitérios

poderiam

ser

de

um

tamanho 4

substancialmente maior do que os fundos de uma igreja superlotados.” (RUGG, 2000. p. 261) (Tradução livre dos autores) Não só abordando um grande espaço, a própria organização de um cemitério era complexa. Os espaços de cada epitáfio, assim como a localização testemunhavam uma identidade própria e privada de um indivíduo. “Uma adicional e importante característica dos cemitérios, é que eles oferecem a possibilidade e um contexto para memorizando um indivíduo em particular: a identidade do finado pode ser conservada no local por ordem interna.”5 (RUGG, 2000. p. 262) (Tradução livre dos autores) Além disso, o espaço destinado para os ritos funerários não demarcava apenas uma necessidade. Por ser separado em espaço loteados, ele também reassegurava o símbolo de status para as famílias ali presentes. “Para alguns historiadores, a popularidade dos cemitérios durante o século XIX tem como ponto vital sua capacidade de dar às famílias o espaço para um marco desse tipo, como uma expressão tanto de luto e de status.”6 (CANNADINE, 1981) (Tradução livre dos autores) Logo, o cemitério representava não apenas uma necessidade para a população em geral, mas uma forma de reafirmar o status e a classe social dos indivíduos ali presentes. “A principal função do cemitério – como a de muitos outros locais de enterro – é o internamento dos mortos. Contudo, como outros sepultamentos,

a

população

representada

pelos

mortos

é

de

importante

consideração.”7 (RUGG, 2000. p. 262) (Tradução livre dos autores) Tendo em vista este aspecto, pode ser pensado que o cemitério apesar de abordar diferentes aspectos da sociedade acaba por atingir a comunidade como um todo. “Cemitérios são principalmente instituições seculares que tem como intuito servir a comunidade por inteiro. Os locais de sepultamento são capazes de carregar

4

“This location also meant that cemeteries could be substantial in size-far larger than the overcrowded churchyards.” (RUGG, 2000. p. 261) 5 “A further important feature of cemeteries is that they offer the possibility of, and a context for, memorializing a particular individual: the identity of the deceased can be enshrined in the site’s internal order.” (RUGG, 2000. p. 262) 6 “For some historians the popularity of the cemetery in the 19th century hinges on its capacity to give families space for such a marker, as an expression both of grief and of status.” (CANNADINE, 1981) 7 “The principal function of the cemetery – as with many other burial site – is the interment of the dead. However, as with other sites, the population represented by the dead is an important consideration.” (RUGG, 2000. p. 262)

significados múltiplos políticos e sociais.”8 (RUGG, 2000. p. 264) (Tradução livre dos autores) Não se deve confundir o cemitério com outros locais de enterro. Certos espaços de sepultamento que não enquadravam-se no cemitério também existiam, e eram utilizados principalmente por minorias, sendo que eram tratados de forma mais informal. “Alguns cemitérios contem seções específicas para o uso particular de grupos de minorias étnicas. No entanto, em muitos casos, esse tipo de local de sepultamento é localizado fora do cemitério, em espaços separados.” 9 (RUGG, 2000. p. 266) (Tradução livre dos autores) Contudo, tais ambientes não tinham propósitos muito diferentes dos do cemitério de um modo geral. “É comum o caso em que locais de sepultamento lembram cemitérios com o respeito às características visíveis das estruturas. Tais locais geralmente tem um limite definido, e túmulos são constantemente marcados com memoriais individuais.”10 (RUGG, 2000. p. 267) (Tradução livre dos autores) O espaço funerário é visto por Warner como um símbolo. Um remanescente de uma cultura e de um povo que já se foi. “O cemitério é um emblema físico duradouro, um símbolo substancial e visível do acordo entre indivíduos que não deixarão uns aos outros morrerem.”11 (WARNER, 1959. p. 285) (Tradução livre dos autores) De forma geral, o cemitério une os vivos com seus entes queridos que morreram. Ele é um espaço de conforto num ambiente de constante renovo. “Um ambiente de conforto que alia a morte humana ao processo natural ou “vegetal” do mundo de crescimento, decadência e renovo.”12 (WORPOLE, 1997, p. 8) (Tradução livre dos autores)

8

“[...] cemeteries are principally secular institutions that aim to serve the whole community. The sites are able to carry multiple social and political meanings.” (RUGG, 2000. p. 264) 9 “[…] some cemeteries contain specific sections dedicated for the use of particular minority ethnic groups. In many cases, however, this type of burial space is located outwith the cemetery, in separate sites.” (RUGG, 2000. p. 266) 10 “[…] it is often the case that burial grounds resemble cemeteries with respect to the visible structural features. Burial grounds usually have a defined boundary, and graves are often marked with individual memorials.” 11 “The cemetery is an enduring physical emblem, a substantial and visible symbol of the agreement among individuals that they will not let each other die.” (WARNER, 1959. p. 285) 12 “[…] a comforting setting which allied human death to the processes of the natural or ‘vegetable’ world of growth, decay, and renewal.” (WORPOLE, 1997, p. 8)

É posto em pauta, a partir da visão de Francis, que o cemitério – por tratar-se de uma representação da sociedade dos vivos – estava também interligado na própria condição social das pessoas inseridas nele: Deve se prestar atenção nos ritos de transição, que revelam a influência da morte nas relações de privilégio, poder e prestígio entre o ministro, o doutor e o agente funerário conforme membros da família retiram sua assistência 13 usual aos que estão morrendo e ao morto. (FRANCIS, 2003. p. 223) (Tradução livre dos autores)

Sendo assim, o cemitério pode ser posto em análise para poder estabelecer uma noção do significado e da posição social do indivíduo que estava sendo velado. Dentro do aspecto da morte em si, nota-se que a morte infantil também tinha sua concepção para a sociedade tradicional vitoriana: [...] o entendimento desse evento não como termo de uma trajetória que por felicidade se interrompeu antes que desencaminhasse, mas como resultado de uma falta, em que há um deslocamento de ênfase da biografia da criança para a dos seus pais ou quem, de algum modo, é mais diretamente afetado com tal perda (VAILATI, 2011. p. 8 e 9)

Ainda assim, a morte de uma criança era tratada como uma fatalidade. Mas isso não fazia dela algo aceitável. Desta forma, a mortalidade infantil passava a ser vista como algo que deveria ser respeitado especificamente na esfera particular, pelos familiares próximos da criança. Não descartando a hipótese de uma intervenção divina ao evento. [...] a morte de uma criança era entre eles muito menos tolerada que a morte adulta, em especial a de velhos, e os significados que esta passa a ter está associada exclusivamente ao de atribuir um sentido a um evento que resulta em dor tão pungente. Um sentido de perda de esperança e algumas vezes de punição e de teste supremo de fé cristã. (VAILATI, 2011. p. 8, apud JALLAND, 1996).

A pesquisadora Julie Rugg (2003) em seu artigo Defining the place of burial: what makes a cemetery a cemetery?14, comenta que os cemitérios do século XIX carregam com si uma narrativa da história local, principalmente porque seu uso passa de geração a geração. Devido ao crescimento do índice de visitas ao longo do tempo, os locais podem acabar se tornando sagrados. No Reino Unido, os 13

“Attention must also be paid to transition rites, which reveal how death influences the relations of privilege, power and prestige among the minister, the doctor and the undertaker as family members withdraw their customary attendance to the dying and dead.” (FRANCIS, 2003. p. 223) 14 Definindo o local de enterro: o que torna um cemitério um cemitério?

cemitérios possuem uma proteção legislativa. O layout interno dos cemitérios, segundo Rugg, deve ser organizado de forma ordenada para que as famílias consigam exercer um controle sobre o espaço de seu túmulo, facilitando a realização dos devidos rituais funerários. Rugg ainda acrescenta que “a principal função do cemitério – como acontece com muitos outros locais de sepultamento – é o internamento dos mortos.”15 (RUGG, 2003, p. 262) (Tradução livre dos autores) O professor Richard V. Francaviglia (1971), em seu artigo The cemetery as an evolving cultural landscape 16 , apresenta dois propósitos para os cemitérios, “[...] funcional e emocional.” 17 (FRANCAVIGLIA, 1971, p. 501) (Tradução livre dos autores) O cemitério parisiense Père-Lachaise serviu como inspiração para cemitérios britânicos do século XIX. Sua importância se dá pois, antes dele, a maior parte dos cemitérios que existiam eram pequenos e ficavam localizados ao redor das Igrejas, chamados de churchyard cemeteries18. A procura por novos espaços de destinação dos mortos teve como principal motivo a grande crise que Londres estava passando nas primeiras décadas do século XIX. “Espaço inadequado para enterro juntamente com a alta taxa de mortalidade resultaram em sérios problemas: não havia espaço suficiente para os mortos.”19 (BICKERSTETH, 2015) (Tradução livre dos autores) A deficiência de espaço para os mortos era um resultado da superlotação dos cemitérios de pátio de Igreja. “Adros estavam cheios por completo, e os corpos muitas vezes eram enterrados dentro de uma polegada uns dos outros.” 20 (RICHARDS, 2005) (Tradução livre dos autores) A arqueóloga Sarah Tarlow discute em seu livro The archaeology of improvement in Britain, 1750 – 1850 21 a respeito dos churchyard e dos problemas que eles estavam causando na vida da população da cidade de Londres do século

15

“the principal function of the Cemetery – as with many other burial sites – is the internment of the dead.” (RUGG, 2003, p. 262) 16 O cemitério como uma paisagem cultural evolutiva. 17 “[...] both functional and emotional” (FRANCAVIGLIA, 1971, p. 501) 18 Adros. 19 “Inadequate burial space along with a high mortality rate resulted in a serious problem: there was just not enough room for the dead.” (BICKERSTETH, 2015) 20 20 “Churchyards were full to bursting, and bodies were often buried within inches of each other.” (RICHARDS, 2005) 21 A arqueologia da melhoria na Grã-Bretanha, 1750 – 1850.

XIX: Em meados do século XIX, o estado do centro da cidade cemitérios, geralmente antigos adros paroquiais, era motivo de preocupação, especialmente em Londres e as maiores cidades; um fator de pressão foi a preocupação com os problemas de higiene causados por adros superlotados. [...] Os antigos cemitérios centro da cidade não só eram inadequados por motivos de saúde, não podiam satisfazer as necessidades 22 estéticas, emocionais e intelectuais das pessoas. (TARLOW, 2007, 113114) (Tradução livre dos autores)

O cemitério que ganha maior destaque na capital da Inglaterra do século XIX é o Highgate Cemetery23, localizado no distrito de Highgate o norte de Londres. O cemitério, que foi inaugurado em 1839, quatro dias antes do vigésimo aniversário da rainha Vitória, atualmente é dividido em dois: lado Leste e lado Oeste. A capela localizada no lado Oeste do cemitério Highgate era utilizada para efetuar apenas funerais anglicanos – dessa forma, os funerais de religiões opostas eram realizados em uma capela semelhante, porém menor. Com o passar dos anos, o cemitério ganhou enorme importância tanto cultural quanto arquitetônica e foi listado pelo English

Heritage,

órgão

público

inglês,

como

um

“Parque

Grau

1*.

24

(BICKERSTETH, 2015) (Tradução livre dos autores) Além da capela, o lado Oeste, onde as mais ricas famílias eram enterradas, possui a Egyptian Avenue, o Circle of Lebanon, Terrace Catacombs e o Mausoleum of Julius Beer. Este lado, por ser o mais antigo e atualmente estar muito fragilizado, só pode ser visitado em visitas especiais. O mausoléu de Julius Beer, que possui o teto revestido de ouro e pedras preciosas, é uma homenagem que Julius Beer fez à sua filha Ada, que morreu aos oito anos. No interior, “[...] a filha de Beer, Ada, é mostrada sendo levantada para o céu por um anjo em uma escultura muito comovente por H. H. Armstead.” 25 (BICKERSTETH, 2015) (Tradução livre dos autores) A respeito do Egyptain Avenue, a jornalista Kavitha Rao descreve o grande

22

“By the middle of the nineteenth century, the state of city centre burial grounds, usually old parish churchyards, was giving cause for concern, especially in London and the largest cities; one pressing factor was concern for the problems of hygiene caused by overburied city churchyards. […] The old city centre graveyards were not only inadequate for health reasons, they could not meet the aesthetic, 22 emotional and intellectual needs of the people.” (TARLOW, 2007, 113-114) 23 Cemitério Highgate. 24 “[...] Grade 1 Park*.” (BICKERSTETH, 2015) * Essa classificação refere-se a Listed building (prédio listado), sistema de tombamento, por motivos arquitetônicos, históricos ou culturais, do Reino Unido. 25 “[…] Beer's daughter Ada is shown being lifted heavenwards by an angel in a very touching sculpture by H. H. Armstead.” (BICKERSTETH, 2015)

fascínio que os vitorianos tinham em relação ao Egito, “[...] talvez porque eles também estavam preocupados com a morte. A esplêndida avenida egípcia é dominado por dois obeliscos enormes decorados com papiro e folhas de lótus.”26 (RAO, 2005) (Tradução livre dos autores) No lado Leste, que foi inaugurado em 1860, o túmulo que recebe maior destaque é o do historiador e filósofo Karl Marx. Patrick Caulfield, pintor britânico, e George Eliot (pseudônimo de Mary Ann Cross), romancista britânica, são alguns outros túmulos que também tem destaque. A principal prática abordada no presente artigo é a das fotografias postmortem. Com o advento da fotografia, na década de 1840, seu principal propósito comercial foi a produção de retratos. Eles consistem em fotografias tiradas pela família do falecido após a sua morte. Muitas vezes os olhos da pessoa morta eram abertos e sua face era maquiada de modo a dar aparência de ainda estar com vida; em outras, o falecido era colocado em uma cadeira, os olhos fechados, como se estivesse dormindo. Apesar de que relativamente poucas pessoas possuíam meios de comprar tais fotos, elas não eram exclusivas das classes superiores. Enquanto os retratos de Camille Silvy eram destinados à aristocracia de Londres, existem registros de retratos encomendados por confeiteiros e atendentes de loja. (LINKMAN, 2015, p. 312) Apesar de serem amplamente produzidas, as fotos post-mortem nem sempre eram vistas com bons olhos. Bool, um fotógrafo da época, se refere às fotos como “[...] um dos mais desagradáveis, mas não dos menos lucrativos, tipos de fotografia.” (Tradução livre dos autores)27 (BOOL, apud LINKMAN, 2015, p. 315) As fontes históricas utilizadas nessa pesquisa serão fotografias pertencentes ao recorte temporal e espacial do projeto, essas imagens consultadas do acervo digital da National Portrait Gallery, fotos tiradas por Camille Silvy no ano de 1862 a 1866, em Londres. Para análise dessas fontes históricas faremos uso da metodologia de análise dos autores Cardoso e Mauad descrito no texto “História e Imagem: Os exemplos da fotografia e do cinema”, nesse texto os autores ressaltam que o uso das fotografias 26

“[...] perhaps because they too were preoccupied with death. The splendid Egyptian Avenue is dominated by two huge obelisks decorated with papyrus and lotus leaves.” (RAO, 2005) 27 “[…] some of the most unpleasant, though not the least profitable, kind of photographs” (BOOL, apud LINKMAN, 2015, p. 315)

como fontes, dignas inicia no século XIX: “Desta Forma, novos textos, tais como a pintura, o cinema, a fotografia, etc., foram incluídos no elenco de fontes dignas de fazer parte da história e passíveis de leitura por parte do historiador” (Cardoso, Mauad, 1997, p. 402), com essa mudança da construção histórica podemos trabalhar a fotográfica como fonte historiográfica28, sendo possível a apresentação de uma metodologia. As fotografias analisadas pelo historiador, tendem a elucidar os signos não revelados pelo olhar do fotógrafo, fazendo uma dialética entre o contexto histórico, cultural e o objeto da imagem. Ao historiador, a fotografia lança um grande desafio: como chegar àquilo que não foi revelado pelo fotógrafo. Tal desafio impõe-lhe a tarefa de desvendar uma intricada rede de significações, cujos elementos – homens e signos- interagem dialeticamente na composição da realidade. (CARDOSO, MAUAD. 1997. p. 405)

Com essa perspectiva de análise, faremos a dialética entre as fotografias de Camille Silvy e a relação social dos ingleses com a morte. Portanto, a análise das imagens apresentará também programas sociais e de comportamento, possibilitando a compreensão do quadro cultural: Com efeito, os sistemas de signos, tanto verbais como não-verbais, são fundamento dos programas sociais de comportamento. Sendo fruto do trabalho social, compõem o quadro cultural de uma sociedade. Neste sentido, a compreensão da cultura, enquanto forma de apreender a transformar as relações sociais, passa pela análise dos sistemas de signos. (CARDOSO, MAUAD. 1997. p. 407)

Os signos apresentados pelos autores podem se dividir em dois: denominados de signo não-verbal e signo constitutivo. O primeiro apresenta duplo ponto de vista em relação à fotografia, já o segundo é a própria imagem fotográfica. No entanto, vamos utilizar a equidade entre os dois tipos de signos, pois essa igualdade melhor se aplica à problemática defendida nesse projeto:

28

O documento não é inócuo. É, antes de mais nada, o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, das sociedades que o produziram, mas também das épocas sucessivas durantes as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio. O documento é uma coisa que fica, que dura, e o testemunho, o ensinamento (para evocar a etimologia) que ele traz devem ser em primeiro lugar analisados, desmistificando lhe o seu significado aparente. O documento é monumento. Resulta do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro – voluntária ou involuntariamente – determinada imagem de si próprias. (LE GOFF, 1990, p. 548)

[...] no entanto, ambos os pontos de vista se fundem ao compreendermos a fotografia como uma forma de comunicação mediante o uso de artefatos e analisá-la tendo em conta a totalidade do processo que a produz, ou seja, desde o “click” da máquina até a vinculação, circulação e consumo da imagem fotográfica. (CARDOSO, MAUAD. 1997. p. 408)

Outra possibilidade de análise que as fontes históricas propostas esclarecem é a de que ponto de vista estamos analisando, ou seja, neste caso, o ponto de vista do Camille (fotógrafo profissional) e a classe a que ele pertencia: “Nesse sentido, a sua análise deve resultar tanto num ponto de vista social – daquele que aperta o botão tira da realidade significados que sofrem influência da visão do mundo em que se insere – [...]”. (CARDOSO, MAUAD. 1997. p. 408) Como o período estudado é o século XIX podemos ter noção que o fotografo pertencia à classe dominante, pois segundo os autores Cardoso e Mauad, somente na década de 1950 que a as classes emergentes vão ter acesso à essa tecnologia: “[...] neste sentindo, a produção da mensagem fotográfica esta atrelada ao controle dos meios técnicos de produção cultural que, até por volta da década de 1950, ainda era privilégio quase exclusivo de setores da classe dominante”. (CARDOSO, MAUAD. 1997. p. 407)

O fotógrafo em questão, Camille Silvy, nasceu na França, no ano de 1834, em Nogent-le-Rotrou no départament de Eure-et-Loir. Sua família fazia parte da classe média-alta daquela localidade. Silvy, buscando seguir a carreira de sua família, estudou leis, estudando pintura de forma paralela. Aos 18 anos de idade, em 1852, ele se formou como advogado, assumindo um posto diplomático. Em 1854 se mudou para Londres para exercer parte de seu trabalho. Em Londres, Silvy começou a retratar por meio do desenho pessoas que ele passou a conhecer – o uso da fotografia veio mais tarde. Segundo Hales (1995, p. 82) “[...] foi em 1857 que Silvy usou, pela primeira vez, a fotografia para documentação – uma prática que ele posteriormente desenvolveu como uma carreira.”29 (Tradução livre dos autores). Sua função, na época, era a de documentar a Argélia, região recentemente adquirida pela França. O diplomata, no entanto, havia percebido que o desenho não era suficiente claro ao retratar uma paisagem; assim, ele voltou-se para a fotografia. Assim, em

29

“It was in 1857 that Silvy first used photography for documentation – a practice that he later developed into a career.” (HALES, 1995, p. 82)

1859, foi designado fotógrafo oficial do exército e nesse mesmo ano decidiu fazer da fotografia sua carreira, se mudando para Londres permanentemente. As pessoas retratadas nas fotos de Silvy pertenciam, em grande medida, das classes mais altas da sociedade inglesa da época. Segundo Braun (2011): “Seus clientes eram a beau e demi mode de Londres: aristocratas e seus filhos, empregados e cavalos, atores, músicos e cantores de ópera. Membros da exilada família real francesa traziam suas roupas para ele. O Príncipe Albert e outros membros da casa da Rainha Vitória também posaram para Silvy, assim como assuntos exóticos como a rainha das Ilhas 30 Sanduíche – atual Havaí – e a neta africana da Rainha Vitória.” (Tradução livre dos autores)

Deste modo, as fotos analisadas a seguir fazem parte do entorno de Silvy, a exemplo dos países nos quais viveu e a classe social da qual fazia parte. Os álbuns encontrados cobrem o período entre agosto de 1859 a julho de 1868. O número de encomendas direcionadas a seu estúdio durante esse intervalo de tempo totalizam em 14.740. Contudo, dessas, menos de dez aparentam ser post-mortem (LINKMAN, 2015, p. 311).

30

“His clients were the beau and demi monde of London: aristocrats and their children, servants and horses, actors, musicians and opera singers. Members of the exiled French Royal Family brought their custom to him. Prince Albert and other members of Queen Victoria’s household also sat to Silvy as did such exotic subjects as the queen of the Sandwich Islands – now Hawaii – and Queen Victoria’s African goddaughter.” (BRAUN, 2011)

FIGURA 1 – Reproduction by order of W.G. Jennings (post-mortem portrait of baby) por Camille Silvy (cerca de 1862)31

Fonte: acervo do National Portrait Gallery, London

Esse post-mortem presente do álbum de Camille, revela signos culturais – a exemplo da cruz de simbologia cristã – fotografia esta possivelmente adquirida por um parente próximo da criança. Podemos notar escrito na parte superior da foto a quem se endereçava (W.G. Jennings). O comprador possivelmente era da classe

31

Disponível em: Acesso em: 30 mai. 2015.

dominante, pois como já foi apresentada a produção e consumo desse tipo de imagem era exclusividade desta classe, neste caso da aristocracia inglesa. Outra possibilidade de análise é de o indivíduo presente na foto ser uma criança, lembrando que os ingleses viam esse tipo de morte como fatalidade para essa sociedade: “[...] as famílias entristecidas que queriam uma foto de sua criança falecida deveria ter valorizado tal tipo de imagem e encontrado nelas um conforto precioso.”32 (BROWN, 2009, p. 8) (Tradução livre dos autores) Durante a pesquisa podemos constatar que no álbum de Silvy, seguindo a tendência da época, a presença de post-mortem de crianças é maior do que os de adultos. “[...] numerosos exemplos de fotos post-mortem sobrevivem, sendo que a vasta maioria é de bebês ou crianças pequenas.”33 (BROWN, 2009, p. 8) (Tradução livre dos autores). De outro modo, há a possibilidade de mais de uma foto de ângulos ou com poses diferentes da mesma pessoa todas endereçadas ao mesmo comprador, assim como há também a presença de fotos não endereçadas.

32

“the grieving families who wanted a photograph of their dead child must have valued such images and found them precious comfort” (BROWN, 2009, p. 8) 33 “[...] numerous examples of postmortem portraits do survive, the vast majority being of infants and small children” (BROWN, 2009, p. 8)

FIGURA 2 – Madame Lazardi's baby (post-mortem) por Camille Silvy (1866)34

Fonte: acervo do National Portrait Gallery, London

Esse post-mortem, assim como o primeiro, é de uma criança. Não há a presença da cruz, no entanto, podemos notar uma medalha no pescoço da criança. Essa fotografia em especifico é possivelmente endereçada à mãe da criança, como podemos ver na escritura acima, sendo essa pertencente à aristocracia inglesa. Esta fotografia, pode dar a ideia da preservação da imagem do familiar. A criança assim 34

Disponível em: Acesso em 30 mai. 2015.

como na foto anterior está deitada possivelmente na cama pela presença do travesseiro, elemento esse que é uma tradição da época e uma técnica de Silvy. Com o foco na face e uso recorrente de vinhetas e filtros, poucos postmortem revelam mais do que os travesseiros, almofadas e cobertas que envolvem o corpo. Até nesses detalhes, contudo, fica claro que os tecidos poderiam ser selecionados e posicionados segundo um propósito. Finas, delicadas e luxuosas texturas foram introduzidas na imagem. Sua disposição cuidadosa, entorno do corpo em gentis drapeados, sugerem uma 35 preocupação em suavizar a dureza dos ângulos e a rigidez da morte. (LINKMAN, 2015, p. 330) (Tradução livre dos autores)

35

“With their concentration on the face and regular use of vignetting and masking, few post-mortems reveal more than the pillows, cushions and covers that envelop the corpse. Even in these details, however, it is clear that fabrics could be selected and arranged to some purpose. Fine, delicate and lustrous textures were introduced into the picture. Their careful disposal about the body in gently curving folds suggests a concern to soften the hard angles and rigidities of death.” (LINKMAN, 2015, p. 330)

FIGURA 3 – Post-mortem portrait of unidentified woman por Camille Silvy (cerca de 1862)36

Fonte: acervo do National Portrait Gallery, London

36

Disponível em: Acesso em: 30 mai. 2015.

Esse post-mortem difere dos outros já apresentados por ser de uma mulher não identificada, como apresenta o escrito superior na foto. Uma possível integrante do clero, pela apresentação da vestimenta. Segundo Linkman (2015, p. 329) padres e freiras são, tradicionalmente, retratados com os braços cruzados sobre o tronco, segurando um crucifixo: Freiras e padres são, convencionalmente, retratados com seus braços cruzados sobre o peito e segurando um rosário e crucifixo nas suas mãos cerradas. Esses objetos simbolizam a piedade e espiritualidade daqueles que serviram em ordens sagradas e depositaram suas crenças na 37 ressureição dos mortos. (Tradução livre dos autores)

Assim como as fotos já apresentadas, a modelo está deitada na cama – não sendo esse um elemento exclusivo dos post-mortem infantis – o diferencial é o foco da foto já que, neste caso em específico, mostra o aposento onde foi tirada a fotografia. Outro elemento diferenciador é a presença de velas no canto esquerdo da imagem, que pode representar luz ou pureza dada à essa fotografia: [...] suas conotações simbólicas teriam sido facilmente evidentes aos primeiros que vissem as fotos, pois a janela iluminando um interior escuro com luzes tanto reais quanto simbólicas se repete várias vezes em pinturas 38 famosas e bastante reproduzidas. (BROWN, 2009, p. 11) (Tradução livre dos autores)

Além das vestes não é possível analisar outro elemento religioso nessa fotografia; no entanto, há a presença de um quadro no plano de fundo, não tendo enfoque de Silvy. Com isso, podemos elucidar que os retratos post-mortem estavam ligados de alguma maneira a religiosidade inglesa, e aos costumes socioculturais; assim como as fotos post-mortem, os cemitérios representam a perspectiva de morte que os ingleses vitorianos possuíam.

37

“Nuns and priests are conventionally depicted with their arms crossed on their breasts and holding rosary and crucifix in their clasped hands. These objects symbolize the piety and spirituality of those who served in Holy Orders and enshrined their belief in the Resurrection of the dead.” (LINKMAN, 2015, p. 329) 38 “[…] its symbolic connotations would have been easily evident to the photograph’s first viewers, for the window lighting a darkened interior with both real and symbolic light is repeated over and over again in well-known and widely reproduced paintings.” (BROWN, 2009, p. 11)

CONSIDERAÇÕES FINAIS Após o estudo do contexto histórico e da pesquisa bibliográfica, e também a análise das fontes primárias, concluiu-se que: o cemitério teve grande influência no cotidiano da sociedade, assim como na reestruturação urbana de Londres. O cemitério caracteriza as divisões de classe da sociedade aristocrática londrina, servindo como um legitimador da posição social do indivíduo, sendo uma representação da sociedade dos vivos. O destaque para o cemitério de Highgate dá-se pela sua localização como pioneiro no período, pois sai do espaço eclesiástico, para se integrar ao meio urbano. Os retratos post-mortem, assim como o cemitério são representações da sociedade carregando os seus signos culturais, refletindo seus valores religiosos e salientam a perspectiva da morte encarada pelos aristocratas presentes nas fotos de Camille.

FONTES PRIMÁRIAS SILVY, Camille. Reproduction by order of W.G. Jennings. Circa 1862. 96mm x 100mm.

Album

7,

volume

7.

Disponível

em:

<

http://www.npg.org.uk/collections/search/portrait/mw192797/Reproduction-byorder-of-WG-Jennings-post-mortem-portrait-ofbaby?search=sp&sText=post+mortem&firstRun=true&rNo=3>. Acesso em: 30 mai. 2015. SILVY, Camille. Madame Lazardi's baby. 1866. 83mm x 109mm. Album 8, volume 8.

Disponível

em:

<

http://www.npg.org.uk/collections/search/portrait/mw208998/MadameLazardis-baby-postmortem?search=sp&sText=post+mortem&firstRun=true&rNo=7>. Acesso em: 30 mai. 2015. SILVY, Camille. Post-mortem portrait of unidentified woman. Circa 1862. 57mm x 73mm.

Album

7,

volume

7.

Disponível

em:

<

http://www.npg.org.uk/collections/search/portrait/mw208982/Post-mortemportrait-of-unidentifiedwoman?search=sp&sText=post+mortem&firstRun=true&rNo=6>. Acesso em: 30 mai. 2015. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASHTON, T.S. A Revolução Industrial. Portugal: Editora publicações Europa – América: 1977. BICKERSTETH, Justin. History of the Highgate Cemetery. Disponível em: Acesso em: 28 mai. 2015. BRAUN,

Marta.

Camille

Silvy Photographer

of

Modern

Life,

Études

photographiques, Londres: Mark Haworth-Booth, Jul., 2011. BROWN, Nicola. Empty hands and precious pictures: post-mortem portrait photographs of children. Australasian Journal of Victorian Studies vol. 14,

n.

2.

Birkbek,

2009.

Disponível

em:

http://www.nla.gov.au/openpublish/index.php/AJVS/article/view/1614>

<

CANNADINE, D. War and death, grief and mourning in modern Britain. In J. WHALEY (Ed.) Mirrors of mortality. London: Europa. 1981. CARDOSO, Ciro Flamarion. MAUAD, Ana Maria. História e Imagem: Os exemplos da fotografia e do cinema In: CARDOSO, Ciro Flamarion (org.). VAINFAS, Rodolfo (org.). Domínios da História: Ensaios de Teoria e Metodologia. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1997. FRANCAVIGLIA, Richard V. The Cemetery as an Evolving Cultural Landscape. Disponível

em:

. Acesso em: 27 mai. 2015. FRANCIS, Doris. Cemeteries as cultural landscapes. 2003. New Mexico: EUA. Disponível

em:

. Acesso em: 27 mai. 2015 HARMEYER, Rachel. Objects of immortality: hairwork and mourning in Victorian visual culture. Proceedings of the art of death and dying symposium, n. 1,

2012.

Disponível

em:

JALLAND, Pat. Death in the Victorian Family. Oxford, Oxford University Press, 1996. LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Editora UNICAMP, 1990. LINKMAN, Audrey. Taken from life: Post-mortem portraiture in Britain 1860-1910. History

of

Photography,

v.

30,

ed.

4,

2006.

Disponível

em:

. LUTZ, Deborah. The dead still among us: secular relics, hair jewelry and death culture. Victorian Literature and Culture n.39, p.127–142. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. MACEDO, José Emerson Tavares. A Cidade de Londres no século XIX: Uma abordagem sobre os marginalizados. 2008. Revista Alpharrábios. Campina Grande – PB. OWEN, Tana L. Paying respects: death, commodity culture and the middle class in Victorian London. Tese de Mestrado, Departamento de História, Texas Tech

University,

2005.

http://hdl.handle.net/2346/15896>

Disponível

em:

<

PEARSON, Mike Parker. The Archaeology of Death and Burial. Disponível em: . RAO, Kavitha. Highgate

Cemetery.

Disponível em: . Acesso em: 28 mai. 2015. RICHARDS, Catherine. London’s Victorian Garden Cemeteries. Disponível em: . Acesso em: 29 mai. 2015. ROBINSON, Joel David. Death and the Cultural Landscape. Disponível em: . RUGG, Julie. Defining the place of burial: what makes a cemetery a cemetery? 2003.

Universidade

de

York.

Reino

Unido.

Disponível

em:

. Acesso em: 26 mai. 2015 SOARES, Fernanda Epaminondas. As classes subalternas de Londres no século XIX: Miseráveis, operários, criminosos e prostitutas. Disponível em: Acesso em: 11 de abril de 2015. SPOSITO, Maria E. B. Capitalismo e urbanização. São Paulo: Editora Contexto. 10ª edição. 2000. TARLOW, Sarah. Landscapes of Memory: the Nineteenth-Century Garden Cemetery.

Disponível

em:

. TARLOW, Sarah. The archaeology of improvement in Britain, 1750 – 1850. Disponível

em:

. VAILATI, Luiz Lima. Representações da morte infantil na Inglaterra Vitoriana e Brasil: um estudo comparativo. 2011. São Paulo. Disponível em: Acesso em: 27 mai. 2015 WALKER, George A. Gatherings from grave yards: particularly those of London: with a concise history of the modes of interment among different nations,

from the earliest periods. And a detail of dangerous and fatal results produced by the unwise and revolting custom of inhuming the dead in the midst

of

the

living.

Disponível

em:

WARNER, W. LLOYD The living and the dead: a study of the symbolic life of Americans. 1959. New Haven: Yale University Press. (Yankee City Series, vol 5). WORPOLE, Ken. The Cemetery in the City (Stroud, Comedia). 1997.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.