O Clero nos tempos de D. João V. A Igreja do Menino Deus: espaços e vivências.

June 3, 2017 | Autor: Joana Beato Ribeiro | Categoria: Clero regular y secular, D. João V
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O Clero nos tempos de D. João V A Igreja do Menino Deus: espaços e vivências

Docente: Professor Doutor António Camões Gouveia Discente: Joana Cristina Beato Ribeiro (nº 41147) Disciplina: História de Portugal Moderno (Séculos XVII- XVIII) Lisboa, 15 de Maio de 2015

Igreja do Menino Deus: espaços e vivências

1. Escolha do Tema Desde pequena que fui crescendo no seio da matriz romano-cristã que caracteriza ainda hoje, em pleno século XXI, a Europa ocidental e mediterrânea. A catequese foi algo a que poucas vezes faltei e as eucaristias a que assisti são incontáveis. A Igreja é, de facto, algo que me interessa e que recentemente, ao frequentar a licenciatura em História, me tem surgido em leituras e afins com um novo sentido e novas faces. Assim, neste trabalho relativo ao século XVIII e, em específico, ao reinado de D. João V (1706-1750), não podia deixar de tratar este tema e, no fundo, esta instituição (Clero) bem mais relevante e omnipresente na época. Inicialmente as minhas pesquisas recaíram sobre a Companhia de Jesus (Instituto Religioso que deu entrada em Portugal no reinado de D. João III, c. 1540). Dentro desse grande tema, os dois assuntos que mais me interessaram foram: em primeiro lugar, as Monita Secreta1 e, em segundo lugar, os confessores jesuítas do rei, em especial o Padre Gabriel Malagrida. Por variadas razões acabei por enveredar por outro tema, aquele que apresento agora: A Igreja do Menino Deus. Iniciada a edificação precisamente no reinado de D. João V, aparece-nos hoje no largo com o mesmo nome na freguesia de Santa Maria Maior, algo abandonada, tendo em conta a sua importância artística, religiosa e historiográfica. Não atingindo o esplendor do Convento de Nossa Senhora e de Santo António, esta Igreja é decididamente um excelente exemplo da arquitectura barroca em Portugal tal como afirma o arquitecto Ângelo Costa Silveira: "A Igreja é reconhecidamente um dos melhores espécimes da arquitectura italiana de setecentos em Lisboa (...)"2. No entanto, o que irei tentar desenvolver neste trabalho é uma abordagem mais sociológica da Ordem Terceira de S. Francisco de Xabregas e das suas Mantelatas presentes na Igreja, assim como procurar descrever as celebrações que na Igreja aconteceram e ainda como se organizavam estes religiosos e não religiosos dentro deste espaço hospitalar e de culto. No fundo, tal como o título sugere é necessário perceber que existe uma clara ligação entre o espaço e as pessoas / os religiosos. 1

As Monita Secreta são um texto que teve especial relevância nos séculos XVII e XVIII, contendo "supostas" indicações secretas para os religiosos da Companhia de Jesus. 2 SILVEIRA, Ângelo Costa; ALMADA, Carmen Olazabal; FIGUEIRA, Luís Tovar - Igreja do Menino Deus, In Monumentos: Revista Semestral de Edifícios e Monumentos, nº 10, Lisboa: Março de 1999, p. 77.

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A minha intenção quando ainda procurava informações para este segundo tema era encontrar um espaço religioso que se destacasse no tempo de D. João V e que tivesse nele ou a ele associadas religiosas, pessoas do sexo feminino. O primeiro livro que consultei, para me ajudar a escolher este tema e não especifico sobre ele, refere a sua entrega "às religiosas Franciscanas Mantelatas de Xabregas"3. No entanto, através das várias fontes que vou utilizar como base documental para este tema, percebemos que são várias as entidades envolvidas na construção e na consagração desta Igreja, além das da Província Franciscana dos Algarves. Por exemplo: no livro Palestra da Penitência de Frei Jerónimo de Belém, que desempenhava o cargo de Comissário Visitador da Ordem Franciscana da dita Província, impresso em 1736 existe a seguinte referência: "Neste Convento da Madre de Deus fez entrega do seu Menino, como já fica dito;(...)"4. Este pequeno excerto mostra a intervenção deste Convento e das suas religiosas, em especial da Irmã Maria Cecília de Jesus (m. 1717), que através da entrega da sua imagem do Menino Deus dará nome à Igreja instituída na Freguesia de S. Tomé da época.

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CAEIRO, Baltasar Matos - Os Conventos de Lisboa. Distri Editora, Lisboa:1989, p. 137. BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestra da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves. Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736, p. 28. 4

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(1.1) Introdução Primeiro Passo: Os Jesuítas, as Monita Secreta e os Confessores Reais - Gabriel Malagrida Aqui pretende-se fazer uma breve abordagem relativa à primeira pesquisa desenvolvida, que não está totalmente desligada do trabalho actual, uma vez que os Jesuítas constituíam, na primeira metade do século XVIII uma comunidade de grande influência no campo religioso e fora dele. A Companhia de Jesus surge associada à Reforma Católica que se consagrou no Concílio de Trento (1545-1563). Desde o momento da sua entrada em Portugal que se destacam: pela influência na corte, pelo peso político e pelo empenho na actividade catequética, pastoral e intelectual, em especial "junto de «muito grandes do Reino»"5. Em Portugal, no início do reinado de D. João V (1709) existiam c. 770 jesuítas e no final desse período (1749) seriam 8616. Estes números são essenciais para perceber a dualidade com que podemos ver a acção da Companhia de Jesus neste século XVIII. Através das leituras desenvolvidas percebe-se que esta dualidade esteve sempre presente no percurso dos Jesuítas desde os seus mais precoces momentos. A forma como se organizaram internamente, as ligações que estabeleceram na sociedade e, fundamentalmente, os frutos que recolheram da sua posição e trabalho, levaram ao crescimento em seu torno tanto de "amigos" como de "inimigos". Por um lado, os números apresentados são prova que em Portugal o rei/a Coroa, enquanto instituição suprema de poder apoiava a Companhia, que continuava a crescer e que se mantinha, inclusive, em lugares de acesso ao poder político, como é o caso dos confessores régios. Por outro lado, parece que neste mesmo período, um pouco marginalmente, mas progressivamente se ia expandindo um texto, que apesar de hoje ser considerado falso, à época pôs em causa todo o Instituto, pela Europa e principalmente na segunda metade do século em Portugal.

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FERNANDES, Maria de Lurdes Correia - Da reforma da Igreja à reforma dos cristãos: reformas, pastoral e espiritualidade, In História Religiosa de Portugal, Vol. II, 1ª Edição. Círculo de Leitores. Casais de Mem Martins, Rio do Mouro: Dezembro de 2000, p. 19. 6 GONÇALVES, Nuno da Silva - Jesuítas, In Dicionário de História Religiosa de Portugal, J-P, 1ª Edição. Círculo de Leitores. Casais de Mem Martins, Rio do Mouro: Agosto de 2000, p. 22.

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No entanto, é necessário perceber que as chamadas Monita Secreta7, não tiveram valor exclusivamente por si. A expansão que conheceram proveio maioritariamente da importância que lhe é atribuída e da utilização dada não só pelos "inimigos" do Instituto, mas um pouco por toda a sociedade mais informada, que se via atraída pelo "fantasma do poder"8, visto que estas instruções sublinhavam a "sede" de riqueza e de poder do Instituto religioso. Os "inimigos" da Companhia são difíceis de identificar em conjunto, mas é mais fácil explicar as razões das suas desconfianças: de uma forma geral, eles consideravam que a acção dos Jesuítas não era desinteressada e humilde, tal explicava-se, por exemplo, pela proximidade dos "grandes do reino", pelo projectos ambiciosos em diversos meios (educacional, colonial...), pelo elevado grau de formação, que os colocava várias vezes acima dos restantes eclesiásticos. Servindo na maior parte das vezes para responder às necessidades daqueles que queriam "incriminar" a Companhia de Jesus, este texto não recebeu, no entanto, qualquer crédito por alguns dos grandes desaprovadores do Instituto religioso, como é o caso de Blaise Pascal (1623-1662), ainda no século XVII. Assim, podemos considerar que também em relação à forma como as Monita Secreta eram utilizadas existe uma dualidade, alguns têm o bom senso de permanecer cépticos em relação a este texto, outros utilizam-no para legitimar as suas opiniões. Este suposto manual de dezassete capítulos, como diz Michel Leroy: "(...) ensina a maneira de adquirir bens, captar a confiança dos poderosos, governar a política e o governo exterior, conquistar as viúvas ricas, afastar as outras ordens religiosas caluniando-as, aumentar as riquezas da Sociedade dando ares de as desprezar, excitar as rivalidades entre os príncipes em proveito da sociedade."9. Por isso, surge à época como uma prova daquilo a que os Historiadores hoje chamam "o mito conspiracionista dos Jesuítas"10. O que vai acontecer às Monita Secreta neste século XVIII, é que impressas ou manuscritas, em latim ou vernáculo, elas vou espalhar-se por quase toda a Europa, fazendo crescer a desconfiança perante a Companhia de Jesus. Em Portugal, sabendo que os dados não foram apurados em pormenor, os escritos que são identificados como 7

Vide nota de rodapé nº 1. FRANCO, José Eduardo e VOGEL, Christine - Monita Secreta, Instruções Secretas dos Jesuítas. História de um Manual Conspiracionista. Roma Editores. Lisboa: 2002, p. 10. 9 Id., Ibid., p. 10. 10 Id., Ibid., p. 10. 8

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parte das Monita Secreta são essencialmente da segunda metade do século. Correspondendo ao período em que Sebastião de Carvalho e Melo (1699-1782) lhes irá dar especial aproveitamento para a sua "política" antijesuítica. Uma das questões de maior interesse relacionada com esta questão mas nunca tratada, provavelmente pela escassez de informação, é perceber quais as opiniões dos embaixadores ou emigrantes portugueses, que teriam tido acesso a estas instruções, algo que poderia mesmo ter acontecido com o próprio futuro Marquês de Pombal. Partindo agora para o segundo caso: Os confessores régios - Gabriel Malagrida. A confissão é um dos sete sacramentos da Igreja Católica, este ao contrário de outros, como por exemplo o Baptismo e a Confirmação, que apenas se podem fazer uma vez na vida, deve fazer-se várias vezes ao ano, destacando-se a confissão pascal. Uma das imposições do Concílio de Trento foi uma vivência mais fervorosa e regrada do Catolicismo, é neste sentido que os "Roles de Confessados" surgem nos séculos XVII e XVIII com um especial vigor, tendo já alguns antecedentes. A necessidade de perceber se toda a comunidade se confessava na altura devida pretendia saber quem vivia realmente a fé cristã. Os confessores são desde sempre um acompanhante espiritual de grande peso, além de conhecerem os mais recônditos pecados dos seus confessados, são os responsáveis pela sua absolvição e são, de facto, aquilo que mais se aproximava do Deus misericordioso que as pequenas comunidades tinham. Também estes eclesiásticos viram o seu trabalho acrescido com o Concílio de Trento, em que se configurava uma direcção espiritual mais activa e organizada. Assim, se um pequeno pároco pode ser responsável por inúmeras almas e tem um papel importantíssimo nesta questão, um confessor régio vê o seu poder acrescido. Isto se considerarmos a teoria política que define o rei como o representante de Deus na terra para o poder temporal, algo em que certamente D. João V acreditava. Este rei especialmente devoto teve ao longo da sua vida diversos confessores, homens que o conheceriam bem e com quem ele partilharia os seus pecados, mas também os seus dilemas. Assim, o papel dos confessores régios era muito mais alargado do que meramente na ligação com o seu confessado: "Os confessores desempenhavam um papel de relevo no paço, nomeadamente no momento de transmitir as últimas vontades dos soberanos."11. A presença destas pessoas no paço 11

SILVA, Maria Beatriz Nizza da - D. João V, Temas e Debates, Lisboa: Outubro de 2009, p. 80.

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mostra que muitas vezes eles não se destacavam exclusivamente pela orientação espiritual dos reis, mas incluíam-se também noutras funções, por vezes mesmo governativas. O Padre jesuíta Gabriel Malagrida (1689-1761), de que aqui apenas se irá referir em breves palavras na sua ligação a D. João V, terá, de facto, tido um papel de destaque nesta questão da transmissão das últimas vontades régias ao ajudar o rei D. José I (1714-1777) a convencer a sua mãe D. Maria Ana de Áustria (1683-1754) da necessidade de cumprir com os últimos desígnios do pai relativamente aos "meninos de Palhavã", bastardos de D. João V12. De origem italiana (nasceu e cresceu no bispado de Como, ducado de Milão) vai desenvolver no Brasil durante 30 anos um grande trabalho de missionação. Pouco depois de aí chegar, já em 1721, está a pedir a D. João V autorização para fundar uma escola13. O P. Paulo Mury descreve-o como um homem que leva uma vida de privações: alimentava-se mal, fazia diversos sacrifícios, viajava pela colónia a pé...14 Em 1749 participa na fundação de um seminário no Pará, "a mais valiosa obra do apostolo no Pará"15. Segundo Paulo Mury é depois de tentar fundar um convento no Pará, do mesmo género do que havia fundado na Baia e se ver desencorajado pelo bispo Bulhões, que decide viajar até Lisboa com a intenção de se dirigir ao rei e à rainha, desembarcando na cidade em 1750. Segundo este seu biografo, a notícia da sua chegada a Lisboa espalhou-se rapidamente e o próprio rei "enviou-lhe um dos seus bateis para o trazer a terra, e conduzir até ao seu palácio."16. Em conversa com o rei este parece ter-lhe prometido proteger as suas edificações na «América portuguesa». Paulo Mury afirma: "Poucas semanas bastaram para adquirir a estima e veneração de todos os habitantes."17. Como a historiografia não deixou escapar, estes últimos anos de D. João V, foram tomados pela doença. O Padre Gabriel Malagrida teve especialmente presente neste último ano, pois a ele recorria o rei na tentativa de o encaminhar espiritualmente. Maria Nizza da Silva afirma: "D. João V resolveu então «tomar os exercícios de santo

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Id., Ibid., p. 173. PIRES, Daniel - Padre Gabriel Malagrida: O Último Condenado ao Fogo da Inquisição. Colecção Clássicos de Setúbal nº 4, Centro de Estudos Bocageanos, 2012. 14 MURY, P. Paulo - História de Gabriel Malagrida. Editores Santos e Vieira: Empresa Literaria Fluminense. Lisboa: 1858, p. 106-107. 15 Id., Ibid., p. 110. 16 Id., Ibid., p. 116. 17 Id., Ibid., p. 117. 13

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Inácio» tendo como seu director o polémico padre Malagrida."18. A 31 de Julho de 1750 foi "Malagrida quem recebeu o último suspiro do príncipe agonisante!"19. Apenas para fazer a ligação entre os dois temas podemos utilizar as afirmações de José Eduardo Franco, que considera, exageradamente, que o Padre Gabriel Malagrida o "protótipo dos Jesuítas a figura do grande missionário do Brasil"20 e, ao mesmo tempo, considera que ele será utilizado como "vítima expiatória por excelência do jesuitismo português"21. Toda a campanha político-ideológica antijesuíta vai culminar em vários momentos de ataque pessoal a Gabriel Malagrida: em 1759 é encerrado no Forte da Junqueira e dá-se início ao seu processo na Inquisição, que o considerará "regicida, herege, louco e inveterado em certos vícios."22; seguindo-se o conhecidíssimo «Auto-de-fé de 1761», que acaba por condenar mais que o próprio Padre Malagrida, todo o Instituto religioso dos Jesuítas em Portugal. Não podemos esquecer, que nesta "luta Marquês de Pombal versus Jesuítas", se assim se pode referir, nem sempre se reconheceu uma vitória pombalina e inicialmente ela não era total, em 1755 a publicação do livro Juizo da Verdadeira Causa do Terremoto que padeceo a Corte de Lisboa no Primeiro de Novembro de 1755 da autoria de Malagrida, tem uma clara intenção de atacar os actores governativos da época, assim como a sua ligação aos Távora deu-lhe, durante algum tempo, a perspectiva social que lhe concedeu o reconhecimento atingido, assim como alguma protecção no seio nobiliárquico.

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SILVA, Maria Beatriz Nizza da - D. João V, Temas e Debates, Lisboa: Outubro de 2009, p. 161. MURY, P. Paulo - História de Gabriel Malagrida. Lisboa: Editores Santos e Vieira: Empresa Literaria Fluminense, s. d., p. 121. 20 FRANCO, José Eduardo - O Mito dos Jesuítas: Em Portugal, no Brasil e no Oriente (Séculos XVI a XX). Gradiva. Lisboa: 2006, p. 546. 21 Id., Ibid., p. 546. 22 Id., Ibid., p. 547. 19

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2. Estado da Arte Este tema - A Igreja do Menino Deus - já foi tratado enquanto obra de arte, ou seja, pela História de Arte e pela Arquitectura. Não se pretende deixar de fazer menção a esses trabalhos, no entanto, aquilo de que se quer ocupar este trabalho é o Clero, que vai redundar, mais em pormenor, na própria Ordem Terceira do Convento de Santa Maria de Xabregas e nas suas Mantelatas, que deram o mote para a construção da Igreja e que lá se irão recolher e dela e da sua imagem tratar, apesar de não serem religiosas "de voto". Para começar é fundamental perceber um pouco do contexto em que se enquadra a Igreja na primeira metade do século XVIII e qual a influência do rei D. João V, um católico devoto, nesta instituição. Tendo em atenção que os autores seguidos, analisaram o seu objecto de estudo num período cronologicamente maior que aquele que aqui se pretendia acolher. Paulo Drumond Braga afirma que o papel da Igreja na sociedade se mantém quase inalterável desde o final do século XVII até ao final do século XVIII. Considera-a "um dos poderes paralelos"23, que subordinava toda a sociedade. O autor destaca algumas das condições da Igreja que fomentam esse poder: um comando fora de Portugal - o Papado, um direito próprio: o Direito Canónico (que lhe conferia autonomia jurisdicional, segundo António Manuel Hespanha24), um foro exclusivo, direito de asilo, isenção de uma boa parte dos impostos, assim como isenção do serviço militar, não lhe eram feitas deduções de bens em prol do "Estado" (expressão utilizada pelo autor) quando assim o entedia, tinha um poder alargado sobre a população, em parte pela presença da Inquisição. O autor classifica este estado como o primeiro da sociedade, mostrando que modelava claramente todos os seus sectores, algo que António Hespanha também refere. Ao lado deste poder, Paulo Braga apresenta dados de um o decréscimo numérico do Clero nesta época, confirmando igualmente uma diminuição da influência católica principalmente nas "camadas mais cultas"25 que se ligavam às novas ideias racionalistas e a um novo gosto pelo mundano e luxuoso. No 23

BRAGA, Paulo Drumond - Igreja, Igrejas e Culto, In SERRÃO, JOEL (Dir.), MARQUES, A. H. de Oliveira (Dir.) e MENESES, Avelino de Freitas de (Coord.) - Nova História de Portugal: da Paz da Restauração. Vol. VII. Editorial Presença. Lisboa: 2001, p. 90. 24 HESPANHA, António Manuel - A Arquitectura dos Poderes: A Igreja - O Poder Eclesiástico. Aspectos Institucionais, In MATTOSO, José (Dir.) - História de Portugal: O Antigo Regime. Vol. IV. Círculo de Leitores. Lisboa:1993, p. 287. 25 BRAGA, Paulo Drumond - Igreja, Igrejas e Culto, In SERRÃO, JOEL (Dir.), MARQUES, A. H. de Oliveira (Dir.) e MENESES, Avelino de Freitas de (Coord.) - Nova História de Portugal: da Paz da Restauração. Vol. VII. Editorial Presença. Lisboa: 2001, p. 91.

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entanto, ainda se nota uma tentativa de cristianização massiva de acordo com as disposições de Trento. Esta questão é largamente tratada por António Camões Gouveia que considera de necessária inclusão, em todas as análises deste género, a referência à "difusão das medidas tridentinas", assim como, mais para o fim do século XVIII "um confronto entre os detentores e os teóricos do poder"26. Na primeira articulação, como o autor refere, a lentidão e a morosidade da difusão das disposições tridentinas é causada por aqueles que se destacam nesse papel: o episcopado, assim como o clero regular e secular na sua "realidade local"27. A formação algo duvidosa destes últimos é, segundo o autor, segundo fruto "de um trabalho diocesano disperso e parcelar"28 que será apenas um pouco mais desenvolvido com a criação dos seminários, nos finais de quinhentos "a única oportunidade de formação específica do clero secular"29. Nestes locais de formação destaca-se a acção dos Jesuítas, que "além das aprendizagens iniciais"30, ministravam ensinamentos de liturgia, moral, teologia e oratória, aquilo a que o autor chama os "saberes do sagrado"31. As disposições tridentinas são um dos vectores que levam António Gouveia a considerar o surgimento de uma "cultura religiosa controlada pelo eclesiástico e geradora de uma mentalidade de fundo capaz de ser estrutura de recepção de atitudes e modos de agir e pensar bem distantes daqueles que geram as formas de religião e de piedade popular"32. Nesta cultura religiosa denota-se um "enquadramento episcopal, do clero e dos fregueses" que "assenta na definição geral das virtudes cristãs"33, para a qual se propagavam as constituições e a obrigação da formação dos registos paroquiais. Não esquecendo que esta cultura proliferava essencialmente por via oral, através da pregação: sermões pregados pelos regulares e as homilias dos seculares, que se enquadravam "num mundo de formação doutrinal"34 e pastoral. Paulo Braga destaca a presença de diversos eclesiásticos na política e governo da época, como prova da estreita ligação existente entre o Estado a Igreja; assim como a 26

GOUVEIA, António Camões - A Arquitectura dos Poderes: A Igreja - O Enquadramento Pós-Tridentino e as Vivências do Religioso, In MATTOSO, José (Dir.) - História de Portugal: O Antigo Regime. Vol. IV. Círculo de Leitores. Lisboa:1993, p. 291. 27 Id., Ibid., p. 291. 28 Id., Ibid., p. 291. 29 Id., Ibid., p. 293. 30 Id., Ibid., p. 293. 31 Id., Ibid., p. 294. 32 Id., Ibid., p. 292. 33 Id., Ibid., p. 291. 34 Id., Ibid., p. 295.

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restauração do Beneplácito Régio, enquanto prova da crescente tentativa de se sobrepor o Estado e, principalmente D. João V, à Igreja e ao Papado. António Hespanha começa precisamente por caracterizar a Igreja pela sua autonomia política35, considerando-a um poder coexistente, "o único que se exerce com bastante mais eficácia desde os âmbitos mais periféricos"36. No entanto, este autor refere outras tentativas da coroa de "atenuar" a situação privilegiada da Igreja, entre elas: o direito de padroado. António Gouveia caracteriza o período que vai de 1624 a 1768 como: "um tempo de amadurecimento em que a protecção real à Igreja se vai transformando em atitude dirigista iluminada"37, em que surge, por vezes, uma clara contestação principalmente ao poder papal, que parece culminar numa diminuição do papel do religioso e num enfraquecimento da Igreja 38. No final do século XVIII existe, segundo este autor, uma clara sobreposição dos interesses régios à Igreja e à religião. Podemos até considerar algumas das manifestações de piedade régia, como refere este autor, uma tentativa de manifestar o seu poder enquanto rei, tornando todo o cerimonial religioso numa demostração da majestade real. Relativamente ao culto, Paulo Braga considera o Catolicismo como uma "religião ritualizada e exteriorizada, até mesmo exibicionista."39, que se vê agravada neste período, pela constante presença da realeza em cerimónias particulares, mas também apenas como visita corrente em diversos edifícios religiosos. O Clero Regular segundo Paulo Braga e também António Gouveia teve um crescimento alargado no século XVIII, acompanhado por um aumento de conventos e mosteiros, que recolhiam tanto clero regular como secular. Paulo Braga considera que entre 1739-1740 existiriam 477 conventos e mosteiros, existindo 85 só em Lisboa e no seu termo. O autor, utilizando casos concretos, refere a existência e, por vezes, mesmo o

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HESPANHA, António Manuel - A Arquitectura dos Poderes: A Igreja - O Poder Eclesiástico. Aspectos Institucionais, In MATTOSO, José (Dir.) - História de Portugal: O Antigo Regime. Vol. IV. Círculo de Leitores. Lisboa:1993, p. 287. 36 Id., Ibid., p. 287. 37 GOUVEIA, António Camões - A Arquitectura dos Poderes: A Igreja - O Enquadramento Pós-Tridentino e as Vivências do Religioso, In MATTOSO, José (Dir.) - História de Portugal: O Antigo Regime. Vol. IV. Círculo de Leitores. Lisboa:1993, p. 297. 38 Id., Ibid., p. 298. 39 BRAGA, Paulo Drumond - Igreja, Igrejas e Culto, In SERRÃO, JOEL (Dir.), MARQUES, A. H. de Oliveira (Dir.) e MENESES, Avelino de Freitas de (Coord.) - Nova História de Portugal: da Paz da Restauração. Vol. VII. Editorial Presença. Lisboa: 2001, p. 115.

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recolhimento de pessoas nestes conventos que não professaram nenhuma ordem, estas pessoas serviam estes lugares em diversas funções40. Paulo Braga refere uma "mundanização e indisciplina"41 dos religiosos, que além de desrespeitarem a sua clausura também se envolviam em conflitos entre si. Esta questão também é tratada por Fortunato de Almeida: uma classe eclesiástica contagiada pelos vícios da época, que procura impor a disciplina e o exemplo dos "religiosos (...) de louvável virtude."42. Apesar de ser necessário incluir as Ordens Terceiras neste Clero Regular, a verdade é que este é um grupo bastante heterogéneo, que tanto incluía religiosos como leigos. António de Sousa Araújo diz que existem centenas de casas femininas destas Ordens, não deixa esquecer que elas se aproximavam claramente das Ordens que lhe dão nome contando mesmo com as Regras aprovadas pelo Papado. Estes religiosos poderiam usar um hábito especial, organizando-se em fraternidade, tendo algumas isenções e também alguns privilégios das ordens que lhes correspondiam43. Relativamente aos Terceiros Franciscanos Fortunato de Almeida, aproveitando as ideias de Fr. Vicente Salgado aponta para uma entrada no Reino no século XIV44, dizendo que nestas comunidades constavam tanto seculares como regulares. Apresenta os séculos XVI, XVII e XVIII como sendo de especial desenvolvimento para a Ordem45. António de Sousa Araújo considera que a Regra destes Terceiros Franciscanos se manteve até ao século XIX a de Nicolau IV de 1289, alterada apenas com pequenos melhoramentos feitos pelos Papas ao longo dos anos. Fr. Vicente Salgado refere a Bula Pontifícia de 1725 e a tentativa do Ministro Provincial Lourenço de S. Loureço de minimizar a animosidade que inquietava aquela ordem46 ao fazer a interpelação Ad Sanctam Sedem em 1727. O P. Bartolomeu Ribeiro considera os séculos XVII e XVIII de grande intensidade espiritual, litúrgica e cristã ao analisar as vivências das Ordens 40

Id., Ibid., p. 99 e 100. Id., Ibid., p. 104. 42 ALMEIDA, Fortunato de - Clero regular e secular, In ALMEIDA, Fortunato de - História da Igreja em Portugal. Vol. II. Civilização-Editora, Lisboa: 1968, p. 490. 43 ARAÚJO, António de Sousa de - Ordens Terceiras, In Dicionário de História Religiosa, J-P, 1ª Edição. Círculo de Leitores. Casais de Mem Martins, Rio do Mouro: Agosto de 2000, p. 348. 44 ALMEIDA, Fortunato de - Terceira ordem da penitência de S. Francisco, In ALMEIDA, Fortunato de - História da Igreja em Portugal. Vol. II. Civilização-Editora, Lisboa: 1968, p. 153. 45 Id., Ibid., p. 153. 46 SALGADO, Fr. Vicente - Compêndio Histórico da Congregação da Terceira Ordem de Portugal. Lisboa: Simão Thaddeo Ferreira, 1793, p. 198. 41

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Terceiras. Este autor destaca o Convento Franciscano de Xabregas enquanto importantíssimo centro de expansão cristã na "Lisboa oriental"47. Este eclesiástico procura mostrar o esforço que estes religiosos faziam para se manterem no caminho da "perfeição espiritual", num equilíbrio de moralidade e na prática de virtudes cristãs, utilizando os Estatutos de 1742 elaborados pela Mesa Definitorial dos Xabreganos48. Mostrando que até então os Xabreganos tinham procurado imitar os Franciscanos da Cidade. A partir destes Estatutos retira algumas conclusões: a existência de oração diária na Igreja do Menino Deus, segundo o estabelecida pelo Comissário; além deste refere as obrigações do Vigário do Culto, do Procurador Geral, dos Irmãos Enfermeiros e Irmãs Enfermeiras - representantes da caritativa assistência destes religiosos, assim como do Ministro. Paulo Drumond Braga refere como uma das novidades mais assinaláveis na assistência neste período, a multiplicações dos hospitais das Ordens Terceiras49. António de Sousa Araújo afirma claramente uma transferência de Ordem Terceira de Xabregas para a Igreja do Menino Deus50. Através dos dados de João Baptista de Castro, Fernando Taveira da Fonseca procurou fazer uma contabilização dos Conventos e Mosteiros entre c. 1550 e 1745, em que se encontra a Província dos Algarves com 49, sendo as últimas seis construções de entre 1600 e 164951. Para terminar esta primeira parte, é importante referir uma última consideração relativa às Mantelatas, que se encontra no Dicionário Histórico das Ordens e Instituições afins em Portugal, que as apresenta como senhoras piedosas das Ordens Terceiras que utilizavam o hábito completo da sua congregação, podendo fazer vida comum vivendo nas suas casas ou em recolhimentos. As suas principais actividades, tal como as associadas às Ordens Terceiras são aqui reunidas: o cuidado dos doentes, a

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RIBEIRO, Fr. Bartolomeu - Os Terceiros Franciscanos Portugueses: Sete Séculos da sua História. Tipografia Missões Franciscanas, Braga: 1952, p. 109. 48 Id., Ibid., p. 109 49 BRAGA, Paulo Drumond - Igreja, Igrejas e Culto, In SERRÃO, JOEL (Dir.), MARQUES, A. H. de Oliveira (Dir.) e MENESES, Avelino de Freitas de (Coord.) - Nova História de Portugal: da Paz da Restauração. Vol. VII. Editorial Presença. Lisboa: 2001, p. 123. 50 ARAÚJO, António de Sousa de - Ordens Terceiras, In Dicionário de História Religiosa, J-P, 1ª Edição. Círculo de Leitores. Casais de Mem Martins, Rio do Mouro: Agosto de 2000, p. 351. 51 FONSECA, Fernando Taveira da - Demografia Eclesiástica. Do século XVI aos inícios do século XX. In Dicionário de História Religiosa, C-I, 1ª Edição. Círculo de Leitores. Casais de Mem Martins, Rio do Mouro: Agosto de 2000, p. 49 e 50.

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educação e a instrução. É aqui referida a Igreja do Menino Deus enquanto "igreja conventual" das Mantelatas Xabreganas52. José Ferreira dos Santos, mesmo pretendendo fazer um trabalho enquanto historiador de arte, é aquele que mais se preocupou em referir os religiosos e as várias questões em torno da sua intervenção na Igreja, talvez por ser também um dos trabalhos mais recentes aqui citados. Tendo por bases duas das fontes da época também utilizadas para este trabalho (Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos e Palestras da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves., ambas de Fr. Jerónimo de Belém), este autor começa por referir a causa para o início da construção da Igreja e do Hospital: a grande distância a que os Xabreganos estavam da corte. Em seguida, a compra das casas de João António de Alcaçovas. Utiliza o trabalho do Padre Bartolomeu Ribeiro para descrever as funções das Mantelatas do Hospital, em que destaca a irmã Eufémia Maria de Jesus como primeira regente do Hospital. Em seguida fala da Irmã Cecília Maria de Jesus, das suas famosas virtudes, das suas ligações à Corte e da sua morte. Estabelece, com base na Crónica acima referida, que a imagem do Menino Deus ficou depositada no Convento de Xabregas, falando também de uma Ermida provisória construída para a sua adoração. Afirma que a transferência da Imagem em procissão foi autorizada pelo arcebispo de Lisboa, D. João de Sousa. Descreve a procissão e alguns dos principais momentos das cerimónias organizadas pela Mesa da Ordem, tendo por base a mesma fonte. Trata das ofertas mecenáticas dos Marqueses da Cascais e do próprio rei D. João V como promessa feita na tentativa de obter herdeiros. Refere ainda os conflitos com o prior de S. Tomé e a instituição de legados pios na Igreja. Este mesmo autor considera esta uma das primeiras obras de patrocínio régio de D. João V53. Os trabalhos que pretendem falar da Igreja do Menino Deus enquanto espaço arquitectónico são avultadíssimos, nenhum deixa de em algum momento referir uma 52

FRANCO, José Eduardo, MOURÃO, José Augusto, GOMES, Ana Cristina da Costa - Dicionário Histórico das Ordens e Instituições afins em Portugal. 1ª edição. Gradiva. Lisboa: 2010, p. 469. 53 SANTOS, José Ferreira dos - A pintura do Tecto da Nave da Igreja do Menino Deus. - Tese de Mestrado em História de Arte, Universidade Lusíada. Lisboa: 2000.

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parte da História da Igreja e dos seus religiosos. A maioria deste trabalho situam-se cronologicamente no passado século XX. Relativamente ao início da construção da Igreja. António do Couto e Norberto de Araújo, utilizando o escudo que está em cima da porta principal com a inscrição: "O muito alto e poderoso Rei de Portugal D. João V, lançou a primeira pedra e tôda esta obra em 4 de Julho de 1711", comprovam que a edificação da Igreja será de inícios do século XVIII, no entanto, estes autores também pensam que a Igreja nunca foi terminada54. Luís Gonzaga Pereira aponta o ano de 1710 como sendo aquele em que a obra teve início, afirmando que a 4 de Julho de 1711 o rei ofereceu "grande esmolla para a continuação da obra"55. Norberto de Araújo introduz um novo dado ao dizer que D. João V pretendia substituir a Ermida que já existia por um "grande templo", esta é uma referência que apenas se encontra nas fontes. Vítor Serrão considera que a obra só começou em 171156. A questão que envolve os arquitectos desta obra, é, provavelmente, uma das mais complexas relativamente a esta Igreja. António do Couto, considera que não existem dúvidas de que o projecto era de Frederico Ludovice tendo com ele colaborado Custódio Vieira57, sendo da mesma opinião Luís Gonzaga Pereira58 e Norberto de Araújo59. Vítor Serrão afirma a semelhança deste projecto com outros feitos por João Antunes60. Quanto à sagração do altar-mor da Igreja. António do Couto refere o "aparatoso cerimonial" com que a 25 de Março de 1737 dá entrada a imagem do Menino Deus na sua Igreja61. Norberto de Araújo refere a "sagração do templo" a 21 de Março de 1737, pensando que a procissão que vinha transportando o Menino tinha iniciado no Convento de Madre Deus62. Luiz Pastor de Macedo faz menção das cerimónias de sagração,

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COUTO, António - A Igreja do Menino Deus. Separata de Revista Olisipo 16. Lisboa: 1941. PEREIRA, Luis Gonzaga - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa: 1927, p. 349. 56 SERRÃO, Vítor - A Vida Artística. In SERRÃO, JOEL (Dir.), MARQUES, A. H. de Oliveira (Dir.) e MENESES, Avelino de Freitas de (Coord.) - Nova História de Portugal: da Paz da Restauração. Vol. VII. Editorial Presença. Lisboa: 2001, p. 570. 57 COUTO, António - A Igreja do Menino Deus. Separata de Revista Olisipo 16. Lisboa: 1941. 58 PEREIRA, Luis Gonzaga - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa: 1927. 59 ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa, Vol. I, Livro 2, Lisboa: 1938, p. 74. 60 SERRÃO, Vítor - A Vida Artística. In SERRÃO, JOEL (Dir.), MARQUES, A. H. de Oliveira (Dir.) e MENESES, Avelino de Freitas de (Coord.) - Nova História de Portugal: da Paz da Restauração. Vol. VII. Editorial Presença. Lisboa: 2001, p. 571. 61 COUTO, António - A Igreja do Menino Deus. Separata de Revista Olisipo 16. Lisboa: 1941. 62 ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa, Vol. I, Livro 2, Lisboa: 1938, p. 74. 55

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utilizando as notícias da «Gazeta de Lisboa» destacando os dias 23, 24 e 25 de Março de 173763. José dos Santos Ferreira utilizando, mais uma vez as fontes acima citadas, descreve a sagração da Igreja muito mais em pormenor que os autores anteriormente referidos. Começando pelo início das celebrações a 23 de Março de 1737, assim como referindo a procissão de dia 25 em que destaca a presença do futuro rei D. José, descreve os elementos que compunham a procissão, assim como o tríduo organizado pela Mesa da Ordem, falando das celebrações dos primeiros dois dias e também da presença do Cardeal Patriarca e da Rainha com o seu filho D. Pedro no último dia. Não podemos esquecer uma das partes mais importantes da obra, aquela que para os religiosos teria mais peso, aquela que eles pretendiam de facto construir: o Hospital. António do Couto usa a referência do P. Baptista de Castro: Hospital e Recolhimento de Mantelatas da Ordem Terceira de S. Francisco de Xabregas 64. Luís Gonzaga Pereira diz haver nas imediações da Igreja "um Recolhimento de Terceiras Mantelatas, hum hospício de Irmãos pobres, com seo hospital"65. Norberto de Araújo refere a entrega da imagem do Menino Deus às Mantelatas da Ordem Terceira de S. Francisco, às quais ele destina "o edifício anexo, Recolhimento e Hospício"66. Este último autor diz ter o Terramoto arrasado o Recolhimento e Hospício. Luiz Pastor de Macedo, a partir da Corografia Portuguesa, afirma a possibilidade de desde 1712 já se albergarem enfermos da ordem Terceira de Xabregas e de no futuro Hospital já se recolherem as religiosas, algo que o autor considera claro em 1719. O P. Bartolomeu Ribeiro considera que o Hospital do Menino Deus foi edificado em 1710 e 171767, descrevendo-o como um "hospital-asilo para os confrades precisados de assistência médica e curativa"68. José Ferreira dos Santos utiliza a Crónica da Ordem (acima referida) para decidir que esta obra foi construída entre 1738 e 1745. Com este estado da arte pretende-se falar um pouco dos assuntos que já foram tratados, principalmente, pela historiografia relativos ao tema deste trabalho - Igreja do Menino Deus. Como é possível perceber, o Clero está largamente avaliado no seu contexto geral, no entanto, para casos mais particulares, como este da Ordem Terceira Franciscana dos Xabreganos, não é grande o número de estudo efectuados. Ou caso 63

MACEDO, Luís Pastor de - Lisboa de Lés-a-Lés. Vol. IV. Lisboa: 1968, p. 88 a 90. COUTO, António - A Igreja do Menino Deus. Separata de Revista Olisipo 16. Lisboa: 1941. 65 PEREIRA, Luis Gonzaga - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa: 1927, p. 349. 66 ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa, Vol. I, Livro 2, Lisboa: 1938, p. 69 a 77. 67 RIBEIRO, Fr. Bartolomeu - Os Terceiros Franciscanos Portugueses: Sete Séculos da sua História. Tipografia Missões Franciscanas, Braga: 1952, p. 109. 68 Id., Ibid., p. 109. 64

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existam são já um pouco datados. Por isso, aquilo de que se pretende falar neste trabalho, apenas foi ligeiramente tratado por Bartolomeu Ribeiro e por José dos Santos Ferreira, este segundo, enquanto historiador de arte, não teve, em parte, a sensibilidade de perceber a importância historiográfica dos assuntos que tratava, uma vez que não era essa a sua intenção. O primeiro autor utiliza os Estatutos de 1742 para mostrar a organização dos religiosos recolhidos na Igreja do Menino Deus, apresentando apenas uma parte dos cargos nele constantes. O segundo autor procura descrever, através das fontes já mencionadas, as celebrações associadas à construção da Igreja e a sagração do seu altar-mor, algo que também se pretende tratar neste trabalho. Existem ainda outras questões que aqui se tratarão e que não foram ainda tratadas: nomeação dos religiosos relacionados com a Igreja, tentativa de perceber como se viam a si mesmo estes religiosos, qual a preocupação com a sua contagem, estudo mais sistemático dos seus Estatutos de 1742, momento de particular importância, provavelmente o primeiro momento em que através destes escritos se distinguem dos restantes Terceiros Franciscanos. No entanto, ainda ficam alguns assuntos por tratar: as capelas/legados pios instituídos na Igreja do Menino Deus; tratamento de outras questões relativas a esta Ordem (outros conventos, possivelmente outros documentos que não constam neste trabalho). Parece ser um tema quase em aberto.

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3. Documentos ou Corpos Documentais Documentos Manuscritos: A.N.T.T., Hospital de São José, escrivão Pontes, mç. 86, nº3, cx. 1180 Contas da administração de um legado pio. Este documento encontra-se em mau estado por isso não é possível consultá-lo. Utilizando a informação constante na página do Digitarq69: são apresentadas as datas 1759 e 1859 (posteriores ao tempo estudado) para os anos das contas da Capela de Francisco de Araújo instituída na Igreja do Menino Deus. Este género de documentos, poderá apenas ser importante pela possibilidade de existirem neles nomes dos religiosos da Igreja, uma vez que não se pretende desenvolver um trabalho sobre os legados pios na dita Igreja. A.N.T.T., Hospital de São José, escrivão Pontes, mç. 122, nº3, cx. 1244 Contas de diversas capelas da Igreja do Menino Deus, agrupadas num "género" de encadernação onde consta a referência à Capela de Maria Monteiro e do marido José Francisco Pimenta, encontrando-se no seu interior documentos relativos as outras Capelas, por exemplo uma instituída por Catarina Antónia da Conceição. O primeiro documento existente é do ano 1745, mas existem noutros referências a datas mais tardias, por exemplo, 1736, prolongando-se os restantes documentos até ao século XIX. Mais um(/vários) legado(s) pio(s), aqui podem encontrar-se algumas referências a religiosos. A.N.T.T., Hospital de São José, escrivão Pontes, mç. 225, nº16, cx. 1419 Contas e instituição de um legado pio, onde podem constar informação sobre religiosos. Tal como o corpo documental anterior, também este é um agrupamento de vários documentos que apresenta na «capa» a seguinte citação: "Cappella de Catharina Antónia da Conceição Na Igreja do Menino Deos da Ordem Terceira da Cidade alias de São Francisco de Xabregas". Os documentos são de entre 1743 e 1830.

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Direcção-Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas. Arquivo Nacional Torre do Tombo. [Em linha; Consult. 7 Abril 2015]. Disponível em: http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4670443

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A.N.T.T., Hospital de São José, mç. 111, nº 4, cx. 766 Este documento não pode ser consultado. O título que apresenta no Digitarq70 é: "Auto de Conta da Capela de António Francisco Leiras", tendo sido produzido entre 1745 e 1830. Segundo o que diz a página acima referida, o administrador deste legado pio seria a Irmandade da Ordem Terceira de São Francisco de Xabregas, presente na Igreja do Menino Deus. Será provavelmente referente a um legado pio. A.N.T.T., Hospital de São José, l. 51 Contas e instituição de legados pios. Este livro manuscrito tem o título: "Tombo das Capellas, e suas Instituições sitas nas Igrejas de Saõ Christovaõ, Saõ Thomê, e Menino Deos." Neste livro existem referências a duas Capelas instituídas: a primeira por João Pereira Pestana, irmão do Desembargador Fernando Pereyra de Vasconçellos no Cartório de Luiz Botelho de Távora e a segunda por Pedro da Costa e sua mulher Lourença Gonçalves a 29 de Novembro de 1740, que teria como Capelão o Padre Manoel Francisco Torres, com a referência de que ficariam sepultados na Igreja do Menino Deus (páginas 321 a 340). À excepção do capelão não existem outras referências a religiosos. A.N.T.T., Hospital de São José, l. 245 Neste livro manuscrito existem referências a Capelas instituídas na Igreja do Menino Deus. Ambas as instituições tem a data: 14 de abril de 1752, data posterior ao tempo que pretendo estudar, além de não existirem referências a religiosos da Igreja. A.N.T.T., Manuscritos da Livraria, nº 62 Este livro manuscrito, estando uma boa parte em branco, descreve-nos (talvez não na totalidade) os membros dos vários Conventos da Ordem de S. Francisco no país entre os anos 1700 e 1832, não fazendo sequer menção ao Convento de São francisco de Xabregas de onde seriam originários os Religiosos que depois integram como parte mais importante os habitantes da Igreja do Menino Deus.

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Direcção-Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas. Arquivo Nacional Torre do Tombo. [Em linha; Consult. 12 Março 2015]. Disponível em: http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4649095

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A.N.T.T, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. João V, l. 18, f. 79 Em primeiro lugar é importante esclarecer que este documento consta efectivamente no fólio que está numerado como o 79 e não como o 78, número que consta no Arquivo onde este livro de Registo se encontra. Neste documento, que data de 13 de Dezembro de 1726, sua Majestade após Consulta do Conselho da Fazenda decide fazer mercê ao Padre Manoel Nunes do Valle das "Cappellas" do Menino Deus, vagas na praça de Mazagão, pois era aquele que melhor correspondia aos requisitos. Este documento não pode ser incluído neste trabalho, pois deverá ser referente a Marrocos (estará a sua transcrição no Apêndice de Inéditos). Nele consta mesmo a referência ao Governador da praça. Caso aqui se pretendesse fazer um trabalho relativo ao culto desta imagem, este seria um caso interessante a procurar. A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de Santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 4 Segundo a descrição feita pela página da internet Digitarq71, pois não é possível consultar o documento, este documento terá sido escrito entre 1679 e 1722, nela parece ser feita uma descrição aquando da entrada de noviços no Convento de Xabregas. A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de Santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 5 Assento das mortes dos religiosos da Ordem. Este livro manuscrito que inclui escritos de entre 1689 e 1783, descreve a morte dos vários religiosos da ordem, chegando a dizer, em alguns casos, a hora da sua morte. Através deste livro é possível saber o nome de, pelo menos, uma parte dos religiosos deste Convento, assim como o lugar onde foram sepultados e ainda quem era o ministro provincial da Província dos Algarves e o guardião do dito Convento à data da morte do religioso. A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de Santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 6 Inventário dos bens da várias enfermarias. Este corpo documental manuscrito dá-nos o inventário ao longo de alguns anos (1738, 1744, 1747, 1751 - Convento de S. 71

Direcção-Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas. Arquivo Nacional Torre do Tombo. [Em linha; Consult. 24 Março 2015]. Disponível em: http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4659367

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Francisco em Setúbal, 1755 - "Convento de Nosa Senhora do Socorro de Alcouxete") do existente nas enfermarias de alguns conventos da Província dos Algarves, além da de Xabregas. Em todos os inventários é recorrente a referência à existência de Capelas, mas não existem referências nem aos religiosos, nem à Igreja do Menino Deus. A. M. L., Chancelaria Régia, Livro 12º de Consultas e Decretos de D. João V, do Senado Oriental, f. 80 Consultas e Decretos de D. João V. Documento de 1737 com escassa referência à Igreja do Menino Deus: "casas, cituadas no principio da cal/çada que sobe do Largo da dita Igreja para a do Menino Deus". A. M. L., Chancelaria Régia, Livro 16º de Consultas e Decretos de D. João V do Senado Ocidental, f. 84-89v Consultas e Decretos de D. João V. Documento de 1740-1741em que é tratada uma consulta sobre a obra da calçada da Igreja do Menino Deus, solicitada pela Ordem Terceira de São Francisco de Xabregas. Segundo a descrição feita na página da Sala de Leitura do Arquivo Municipal de Lisboa72 contém despacho, petição e auto de vistoria. No entanto, não é necessário incluir este documento neste trabalho, já que ele está mais relacionado com as obras empreendidas para a construção da Igreja do Menino Deus, do que com o trabalho que se pretende desenvolver. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 29 Devassa da Visita. Este livro de 1707, manuscrito começa com a seguinte inscrição: "Livro da Visita que nesta Cidade fez por ordem/ do Serenissimo Senhor Cabido D. João de Souza a Conigo Dou/tor antónio? Francisco Carneiro de Figueiro (...)". Neste livro, várias pessoas são interrogadas, devem jurar pelos evangelhos e em alguns dos interrogatórios analisados constavam algumas informações sobre cada interrogado, o nome, estado civil, idade... Não é possível incluir este documento neste trabalho, uma vez que não consta nele nenhuma referência à Ordem Terceira de Franciscanos de Xabregas ou à Igreja do Menino Deus.

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Câmara Municipal de Lisboa. Arquivo Municipal de Lisboa. [Em linha; Consult. 19 Abril 2015]. Disponível em: http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4649095http://arquivomunicipal2.cmlisboa.pt/sala/online/ui/searchbasic.aspx?filter=AH;AI;AC;AF

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A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 61 Livro de Actas da Ordem Terceira de Xabregas. Este "Liuro das Actas/ Principio - em 1801 - Fim - em 1816" como consta na sua capa afirma-se logo como pertencente à Ordem Terceira dos Franciscanos de Xabregas nas primeiras páginas. Nelas podemos encontrar eleição dos vários membros da Ordem, assim como referência a outros que não são eleitos, encontram-se listas dos confessores das Religiosas, não só deste Convento de Xabregas, mas de vários outras conventos desta Província dos Algarves. No entanto, devido à sua cronologia mais recente este documento não pode ser incluído neste trabalho. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 75 Livro de perguntas a religiosas. Este livro de entre 1715 e 1741 tem como título: "Livro das Pergvntas das Freiras" de Conventos de Lisboa, onde constam por exemplo o da Madre de Deos, parte da Província Franciscana dos Algarves. Jurando pelos Evangelhos, estas religiosas respondiam a diversas questões como: a idade com que professaram, sobre os 3 votos que deviam cumprir... Apesar de interessante este documento não pode ser incluído neste trabalho, uma vez, que não trata nem os religiosos da Igreja do Menino Deus, nem do Convento de Xabregas. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 335 Livro de registo de róis de confessados. Este livro com início em 1717 apresenta a seguinte inscrição numa das primeiras páginas: "Livro de Registo dos Roes dos Confessados de todas as Freguesias deste Patriarcado: que tem principio nesta Quaresma do anno presente de 1717". Nas c. de 350 páginas são introduzidas uma série de pequenas descrições dos confessados de diversas Igrejas do país, tendo referência a Alcobaça, Óbidos, Lisboa, Torres Vedras... Nas descrições constam o número de fogos, aqueles que dentro deles são maiores e menores, terminando no ano de 1749. Não existe nenhuma referência à Igreja do Menino Deus. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 465 Devassa da visita. Este livro tem no seu início: "Segunda Livro das Devassas da Vizita das Igrejas desta Corte/ Sendo Visitador o Senhor Dezembargador? Manoel Lopes Simões/ o anno de 1727." Aqui são referidas várias freguesias, por exemplo, S. 22

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José, Nossa Senhora da Pena, S. Sebastião da Pedreira e as suas respectivas Igrejas, onde são interrogadas diversas pessoas, em alguns momentos consta acrescentado ao lado "fez ele, fez ella, fizerãm elles..." perguntavam sobre o serviço dos párocos, o tratamento dos defuntos, os altares, tudo o que pertencesse ao Culto Divino. Aqui não consta nenhuma referência à Igreja do Menino Deus. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 502 Livro de patentes. Este livro é mencionado pelo inventário do Arquivo Histórico e Biblioteca do Centro Cultural do Patriarcado de Lisboa com o título: "Livro I do Registo das Patentes Pastorais, cartas e circulares da Congregação da Terceira Ordem da Penitência" datado de 1780, sendo possivelmente o sucessor do MS 734 e o anterior do MS 760 ambos aqui descritos. Este, no entanto, já não se enquadra na cronologia deste trabalho. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 537 Devassa da visita. Este livro que tem escrito na capa "Devassas de Lisboa" conta com inscrições de 1707, ainda a mando (tal como o MS 29 que referi em cima) de D. João de Sousa, tem o mesmo propósito de interrogar as pessoas. Neste livro dificilmente se encontrariam referências à Igreja do Menino Deus, uma vez que a sua construção só se iniciou em 1710. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 553 Devassa da visita. Neste livro com inscrições de 1716 são introduzidas diversas referência ao "Termo de" alguém. Por isso, parece um pouco diferente das restantes devassas da Visita referidas nesta descrição. Também aqui não constam referências à Igreja do Menino Deus. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 572 Exame de religiosas. Este livro de entre 1701 e 1715, é tal como um dos anteriores uma tentativa de "Exame de religiosas de vários conventos de Lisboa" como consta no Inventário do Arquivo Histórico e Biblioteca do Centro Cultural do Patriarcado de Lisboa. Neste livros destacam-se alguns conventos mais comuns: Santa Clara, Odivelas, Calvário e Sacramento. Mas, mais uma vez, nenhuma referência à Igreja do Menino Deus. 23

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A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 576 Este é mais um livro de "Devassa da Visita a Lisboa", este do ano 1719. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 598 Este "Livro das Províncias da Terceira Ordem da Penitência dos Reinos de Portugal e dos Algarves" tem 511 páginas, foi escrito entre 20 de Dezembro de 1752 e 1777 foi iniciado pelo Fr. Januário de S. Bento com a intenção de nele se registarem patentes, obediências, licenças, ordens, entre outras coisas que saíssem da Secretaria. Este primeiro livro terá sido feito a mando do Ministro Provincial Fr. Domingos da Encarnação. Pela sua cronologia já não pode incluir-se no trabalho. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 608 Exame de religiosas. Este é mais um "Livro de Perguntas a Religiosas de vários conventos de Lisboa" datado de entre 1717 e 1731, com um mesmo propósito dos já referidos em cima e onde se reconhecem os mesmos conventos, entre outros. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 612 Assento de religiosos. Este livro tem como título: "Assentos dos Irmãos Noviços, que recebêraõ o Habito neste Convento de Sancta Maria de Jesus de Xabregas", foi impresso e completado entre 1755-1832, por isso, já não se enquadra no tempo deste trabalho. O seu autor foi o Padre Fr. Francisco da Estrella e nesse ano de 1755 era Ministro Provincial o Padre Fr. Martinho de S. Joseph. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 617 Assento de religiosos. Este livro é semelhante ao anterior, tem como título: "Assentos dos Irmaõs Noviços, que professaraõ neste Convento de Sancta Maria de Jesus de Xabregas". Visto que as datas são semelhantes, este livro prolonga-se apenas por mais um ano, o seu autor e o Ministro Provincial são os mesmos, não podendo ser também incluído neste trabalho. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 734 Este Livro do Registo dos Breves Pontifícios e outros documentos é escrito entre 1619 e 1760. Inicia-se com diversos Breves Pontifícios ainda do século XVII, estes 24

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documentos não são exclusivos desta Ordem Terceira de Xabregas, mas sim referentes a toda a Ordem da Penitência de S. Francisco. Na maioria do livro encontram-se Breves Pontifícios e outros documentos, mas antigos que as datas nele constantes. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 760 Livro das Actas. Este é o livro que vem na continuação do anteriormente referido Livro das Actas do Convento de S. Francisco de Xabregas, iniciando assim em 1816 e finalizando em 1828, um período já muito tardio para o que pretendo aqui tratar. É introduzido pelo Presidente do dito Convento Manoel do Santíssimo Nome de Maria Gabado a 31 de Julho de 1816, sendo assinado pelo Ministro Provincial, constam neste livro mais ou menos as mesmas informações que no anterior. A. H. B. C. C. P. L., Livros Antigos, MS 830 Livro da redução de capelas. Este é um Livro do registo das capelas reduzidas, com início em Março de 1727, assinado por Valério da Costa, constam nele referências a Alenquer, Setúbal, Ericeira com o nome de quem institua as capelas assim como os seus administradores. Este corpo documental pode claramente ser associado a outros que já aqui descrevi relativamente aos legados pios, mas neste parecem não existir referências à Igreja do Menino Deus.

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Documentos Impressos: A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de Santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 1; l. 2; l. 3 Livro de contas dos legados pios. Este livro que se encontra divido em três exemplares têm o título: "Livro/ em que s devem carregar os annos atrazados,/ que os Administradores das Capellas sitas na Igreja do/ mosteiro de/ Nossa Senhora da Madre de Deos/ e na desta Convento de/ S. Francisco de Xabregas". Segue dizendo: "Devem ao Syndico do mesmo Convento;/ e a quantia de principal, e custas, que o Syndico deve cobrar dos mes/mos Administradores nas execuçoens, e pelos ditos annos atra/zados lhes fizer". Tem ainda referência ao seu mandatário: "Mandado fazer pelo/ M. R. P. Fr. Manoel da Conceyçam,/ Confessor, Vigario Jubilado, e Guardião actual do mesmo Con/vento, sendo Cõmissario das Cappellas/ O P. Fr. Ignacio de Jesus Maria". Feito na Oficina Joaquiniana da Música em 1737, começa com a Advertência onde o autor diz aqui encontrar-se apenas referências aos pagamentos entre o ano de 1736 e 1844 aos administradores dos ditos mosteiro e convento. Apesar de interessante, esta informação não pode ser incluída neste trabalho. BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestras da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves., Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736. Este pequeno livro que data de 1736 oferecido ao Ministro da Ordem Terceira de Xabregas o Irmão Diogo Fernandes de Almeida, pelo Padre seu autor, pregador e comissário visitador da mesma Ordem. Impresso na Oficina de António Isidoro da Fonseca. A obra é constituída, em primeiro lugar, por um pequeno relato das celebrações que marcaram o início da construção da Igreja do Menino Deus e, em segundo lugar, uma notícia sobre o patriarca da Ordem S. Francisco de Assis e, em último lugar, uma série de lições que serviriam para que, como o autor refere numa dedicatória inicial, os: "Commissarios Visitadores, e os Ministros da Veneravel Ordem Terceyra da Penitencia os dous principaes polos, em que este Serafico edificio tem a sua mayor firmeza, hum dirigindo, e outro governando, mas ambos governando, e dirigindo os seus filhos, e Irmãos como Mestres, que devem doutrinar, e reprehender, para que

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todos saibaõ estudar huma liçaõ, em que o perdaõ se interessa, e o premio com certeza se alcança." BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. I-IV. Lisboa. 1750-1758. Este livro dividido em quatro volumes, pretende contar a História de todos os Conventos, Igrejas, religiosos e religiosas, no fundo, de toda a Província dos Algarves da Ordem Terceira de S. Francisco. O primeiro volume ainda impresso no tempo de D. João V e a ele dedicado data de 1750. Estes volumes acabam por não contar a História do seu tempo, por exemplo este primeiro, conta a separação da Província dos Algarves da de Portugal, algo que nos remonta ao século XVI. Assim, dos restantes três livros que são dedicados a D. José I e impresso no Mosteiro de São Vicente de Fora na "Camara Real de Sua Magestade Fidelissima", apenas o segundo tem informação para este trabalho, já que apenas nele constam informações sobre este período e sobre a fundação da Igreja do Menino Deus. Mesa da Ordem Terceira de S. Francisco de Xabregas - Estatutos da Veneravel Ordem Terceira da Penitência de S. Francisco de Xabregas, mandados regular pela mesma Diffinitorial da mesma ordem, que servia no anno de 1741 para 1742. Lisboa: Oficina SYLVIANA, Academia Real, 1742 Neste livro impresso são escritos, dispostos em 36 capítulos, as principais linhas da organização da Ordem da Penitência/ Terceira nesta Província dos Algarves. Existem diversas referências ao Hospital da Ordem na Igreja do Menino Deus. Nos diversos capítulos estabeleciam-se, além das obrigações de cada um dos cargos da Ordem, formas pelas quais se formavam e trabalhavam a Mesa e a Junta; algumas regras para toda a Ordem sobre a entrada de noviços, a sua expulsão, a sua sepultura... Assim percebe-se uma preocupação em definir regras para a convivência dentro deste espaço, que era novo (a Igreja e o Hospital do Menino Deus) e o que já existia mas que tem necessidade de se manter regulado.

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CASTRO, P. João Baptista - Mappa de Portugal Antigo, e Moderno. 2ª edição. Lisboa: Oficina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1762-1763. O Primeiro Tomo, como o próprio autor indica: "contém huma exacta descripçaõ Geografica do Reino de Portugal com o que toca à sua Historia Secular, e Politica". No Segundo Tomo, o autor já pretende falar "da Historia Eclesisastica, Literaria, e Militar do Reino", falando em especifico dos Xabreganos (páginas 126 a 128). No entanto é no Terceiro Tomo que encontramos referências à Igreja do Menino Deus (páginas 440 a 441) e também do Convento de Santa Maria de Xabregas (páginas 272 a 273). COSTA, P. António Carvalho da - Corografia Portugueza, e Descripçam Topografica do Famoso Reyno de Portugal, com as noticias das fundações das Cidades, Villas, & Lugares, que contèm; Varões illustres, Genealogias das Familias nobres, fundações de Conventos, Catalogos dos Bispos, antiguidades, maravilhas da natureza, edificios, & outras curiosas observações. Tomo III. Lisboa: Deslandesiana, 1972. Este tomo terceiro é o único onde é referida a Igreja do Menino Deus (páginas 353 e 354) referindo a fundação da Igreja e do Hospital com a incorporação da imagem do Menino Deus, destacando ainda a existência das cinco Mantelatas no Hospital e a compra dos terrenos onde os edifícios se encontram. Synodo Diocesano de 1640 - Constituições Synodares do Arcebispado de Lisboa. 3ª edição. Lisboa oriental: Filippe de Sousa Villela, 1737. Estas Constituições são compostas por cinco livros, cada um tem diversos títulos, sendo relativos a diversas esferas da acção religiosa que devia ser controlada pela Diocese, neste caso de Lisboa. Este é um excelente exemplo do género de livros que o Concílio de Trento vem consagrar. A inclusão deste livro é importante, uma vez que várias são as questões relacionadas com a Igreja do Menino Deus que devem obedecer aos critérios destas Constituições.

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4. Objecto de Estudo, Metodologias, Inquérito e Objectivos da Investigação O objecto de estudo deste trabalho será, mais do que a Igreja do Menino Deus, 1) os Terceiros Franciscanos e 2) as Mantelatas Franciscanas desta Ordem Terceira de Xabregas, tratando 3) um pouco das suas festividades no momento de sagração da altarmor da nova Igreja, um momento inédito no seu contexto. Tanto para descrever e tratar as festividades, como para tentar explicar um pouco da organização interna desta Ordem utilizam-se várias fontes que estarão incluídas na bibliografia. Cada uma delas tem um propósito diferente, assim como cada autor tem uma intenção diferente, por isso é necessário perceber aquilo que podemos e devemos levar a sério e incluir neste trabalho, e em qualquer outro, e aquilo que deve ser eliminado. Este é um pouco do trabalho do historiador. Alguns dos documentos aqui mencionados são de mais fácil consulta e tratamento, servindo apenas para fixar a sua informação. Outros já devem analisados com um olhar mais crítico, um vez que, além da intenção própria do autor e de uma vertente mais literária da narrativa, pretendem também atingir um público mais alargado, tentando tornar a "história" que contam mais apetecível. Neste caso, tratam-se de fontes que pode servir magnificamente o tema, já que são produzidas por uma testemunha ocular, mas que têm de ser interpretadas e analisadas com cuidado. De uma forma geral o que foi inquirido às fontes foram questões relativas à organização e à vivência dos Religiosos principalmente dentro do espaço da Igreja e nele circundante, mas também quanto à sua maneira de pensarem sobre si próprios. Destacam-se assim as seguintes questões: Quantos eram estes religiosos? Quem eram eles? Apesar de a nomeação destes Terceiros Franciscanos ser um trabalho difícil e exaustivo. Como se organizavam? Quais os principais momentos na edificação e na sagração da Igreja do Menino Deus? Como viviam estes religiosos? O principal objectivo deste trabalho é ficar a conhecer melhor o clero no tempo de D. João V, como é suposto. Numa perspectiva mais estrita, conhecer os religiosos e a suas as vivências dentro deste complexo que é a Igreja do Menino Deus e o seu Hospital, que apesar do muito potencial que tinham, se viram deixados à mercê do tempo e em alguns momentos da ruína. 29

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5. Esquema Analítico 1. Primeira referência à presença dos Xabreganos na Igreja do Menino Deus 2. Caracterização dos Terceiros Franciscanos de Xabregas 2.1 Números da sua constituição na perspectiva de Fr. Jerónimo de Belém 2.2 O que era ser um Terceiro? 2.2.1 As Mantelatas 3. As festividades da primeira metade do século XVIII na Igreja do Menino Deus 3.1 Ano 1710 - Início da construção deste complexo e entrega da imagem do Menino Deus aos Xabreganos 3.2 Ano 1711 - Transferência do Menino Deus de Xabregas para a sua Ermida e o lançamento da primeira pedra na Igreja por D. João V (4 de Julho) 3.3 23 de Março de 1737 - Celebrações na Ermida 3.4 24 de Março de 1737 - Transladação das Relíquias para a Igreja nova 3.5 25 de Março de 1737 - Procissão de transladação da imagem do Menino Deus 3.5.1 As disposições da Constituição Diocesana de 1640 sobre Procissões 3.6 26, 27 e 28 de Março de 1737 - Tríduo das Primeiras celebrações com o Menino Deus na nova Igreja organizado pela Mesa dos Xabreganos 4. Estatutos de 1742 4.1 Primeiro momento de "especificação" da Ordem de Xabregas relativamente aos Terceiros Franciscanos da Cidade e aos Terceiros Franciscanos em geral 4.1.1 Última Regra aprovada para os Terceiros Franciscanos 4.1.2 Tentativa de moralização dos religiosos da Ordem 4.2 Disposições gerais - para toda a Província dos Algarves 4.3 Sistematização dos cargos referidos nos Estatutos 5. Hospital do Menino Deus 5.1 Início da construção em 1738 5.2 Entre 1719 e 1750, documentos que referem a existência de regentes do Hospital e de religiosas neste Recolhimento 6. Conclusão

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6. Desenvolvimento do Tema A Igreja do Menino Deus foi construída a mando dos Terceiros Franciscanos de Xabregas, destacando-se nesta intenção o Comissário Fr. António da Purificação73. Esta comunidade de Terceiros, integrava a Província Franciscana dos Algarves, compunha-se numericamente, segundo a preocupação constante de Fr. Jerónimo de Belém, na quarta parte dos 600 mil religiosos e 200 040 religiosas, que ele considerava integrarem os 10 mil Conventos, das 267 Províncias e 44 Famílias Franciscanas74. Um religioso para ser Terceiro deveria professar a Terceira Regra da Ordem da Penitencia, dada por S. Francisco de Assis e confirmada pela Sé Apostólica, esta profissão obrigava a atender à Lei de Deus, aceitando-se pessoas de "qualquer estado, condiçaõ, ou gráo"75. As Terceiras Mantelatas ou Pinzochoras76, que mais proximamente estão ligadas à Igreja, ao Hospital e ao Menino Deus viviam neste Recolhimento ou na sua própria casa utilizando um "Habito publico, e cerrado"77, eram livres para fazer uma vida comum. A presença destas religiosas nesta Igreja surge como condição da Irmã Cecília de Jesus (m. 1717) para a entrega da sua imagem do Menino Deus78. Segundo Fr. Jerónimo de Belém elas intitulavam-se Enfermeiras da Ordem e assistiam as suas irmãs e a senhoras da Corte79. No ano de 1710 coincidem a entrega da imagem do Menino Deus aos Xabreganos com o início da construção da Igreja80. É no ano seguinte que se faz a transferência, em procissão, da imagem do Convento de Santa Maria de Xabregas para uma pequena ermida já construída, que depois dará lugar à Igreja actual, com a licença do arcebispo de Lisboa, D. João de Sousa. Esta cerimónia, à qual se dirigiram muitos nobres e muito povo81, é descrita como muito vistosa. É citado o nome do P. Fr. Francisco de Jesus Maria como o daquele que leva a imagem82. Neste mesmo ano, a 4 de Julho situa o cronista da Ordem, Fr. Jerónimo de Belém, a simbólica cerimónia de lançamento da primeira pedra na construção da Igreja pela mão do rei D. João V, que se fez acompanhar por uma grandes número de nobres, em que se destacam: os seus irmãos, Infantes D. Manuel e D. António, D. Nuno da Cunha, Duque do Cadaval, Marquês de Alegrete, Conde de S. Lourenço e Diogo

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BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestra da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves. Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736, p. 5. 74 Id., Ibid., p. 39 e 40. 75 Id. Ibid, p. 47 a 50. 76 Id., Ibid., p. 58. 77 Id. Ibid., p. 58. 78 Id., Ibid., p. 28. 79 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 417 a 418. 80 Id. Ibid., p. 417. 81 Id. Ibid., p. 417. 82 Id. Ibid., p. 417.

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Mendonça Corte Real, secretário de estado e dos Xabreganos aí presentes destacam-se igualmente: Fr. António da Purificação e Fr. João de Saldanha da Gama83. Alguns anos depois ainda a imagem se conservava na Ermida de 1711, quando se terminou a Igreja e se tratou do necessário para a sagração do seu altar-mor. O dia 23 de Março de 1737 marca o início das celebrações para as quais foi convidado o Bispo de Constantina, D. José Henriques Correia. D. João V oferecera relíquias de S. Pio, S. Félix e S. Fortunato para constarem no altar84. Nesse mesmo dia, o bispo expôs as relíquias ainda na Ermida, onde se cantaram as Matinas e se tocou o sino. No dia seguinte, 24 de Março foram transladadas as relíquias para a nova Igreja, estando presente a Mesa da Ordem e muito povo85. O dia 25 de Março foi o escolhido pela Mesa para ser o da transladação da imagem do Menino Deus, é por isso, o dia mais importante destas cerimónias, sendo também um dia importante para toda a Igreja, pois era "a quarta Dominga da Quaresma vespera do dia da Encarnação"86. A Mesa convidou o rei para a cerimónia, D. João V aceitou o convite participando na procissão87 acompanhado do futuro D. José e dos irmãos que haviam presenciado a cerimónia de 4 de Julho de 1711. A procissão iniciava-se com duas cruzes, uma dos Terceiros Dominicanos, a outra dos Terceiros Franciscanos; seguiam-se as Mesas das respectivas Ordens, presidindo os seus Comissários. Depois três andores eram levados pelos religiosos de ambas as Ordens: S. Domingos, S. Francisco e o Menino Deus "ricamente vestido com o habito da Terceira Ordem (...) todos guarnecidos de pedras preciosas, e custosas rendas de ouro."88 debaixo de um pálio. Terminava a procissão o Vice-ministro dos Terceiros Franciscanos do Algarve. O autor destaca ainda as "Pessoas reaes com tochas accesas nas maõs"89. Esta procissão terá saído da Ermida do Menino Deus (que se localizaria perto da Igreja actual, mas não existe menção ao seu local exacto) descendo até à Igreja de S. Tomé recolhendo pelo largo de Santo André sendo, já na nova Igreja, colocada no seu "nicho"90. A cerimónia seguiu-se com: a entoação do Hino do Santíssimo Nome de Jesus pela Comunidade de Xabregas; um Te Deum laudamus pelos Músicos (da Igreja Patriarcal); as orações progratiaram actione e as dos Dominicanos e dos Franciscanos91.

As Constituições diocesanas têm um carácter generalista que obriga todo o Arcebispado, neste caso de Lisboa, a obedecer às suas disposições. Estas procissões também por elas são 83

Id. Ibid., p. 417. Id. Ibid., p. 418. 85 Id., Ibid., p. 419. 86 Id., Ibid., p. 418 e 419. 87 SILVA, Maria Beatriz Nizza da - D. João V, Temas e Debates, Lisboa: Outubro de 2009, p. 105 e 106. 88 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 418 a 420. 89 Id., Ibid., 418 a 420. 90 Id., Ibid., 418 a 420. 91 Id., Ibid., 420. 84

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reguladas, não sendo a de 1640, excepção. Afirma-se assim na Constituição a necessidade de estas celebrações serem "ordenadas pello Direito Canonico, e pellas Leys, e Ordenaçoens deste Reyno, e pellas Cosntituiçoens antigas deste Arcebispado"92. Regulando a forma como os seus acompanhantes deviam ir em estado de devoção93; tal como a necessidade de os separar. Definindo ainda a sua disposição adequada na procissão ("Hindo primeiro as danças, bandeiras, Irmandades, e Confrarias das pessoas seculares, e logo os Meninos orfaõs, e despois o Seminario, e logo as Religiões, ás quaes se seguiráõ os Clerigos, e Parochos, e no ultimo lugar o nosso Cabido, sendo as procissoens nesta Cidade de Lisboa. E nas Villas, e lugares hiráõ em ultimo lugar o Prior, ou Vigario com os Beneficiados, ou Economos (se os houver) da Igreja donde sahir a procissaõ."). No fundo, procurando evidenciar a intenção que se deve ter nestas celebrações de cumprir o "Ceremonial e Ritual"94. No dia 26 de Março de 1737 iniciava-se o tríduo elaborado pela Mesa da Ordem para celebrar a presença do Menino Deus na nova Igreja. O Cabido da Sé Oriental, convidado pela Ordem, foi quem abriu a celebração com uma missa em que pregou o Terceiro Fr. Manuel de Cristo95, da parte da tarde os Músicos da Corte e "da igreja Patriarcal cantaram uma Oratória de quatro Martyres"96. No dia 27 de Março foi novamente celebrada uma missa, por um Cónego da mesma Sé Oriental, desta vez o pregador era um Cónego Secular de S. Evangelista, D. Bento da Expectação97, à semelhança do dia anterior a tarde concluísse com "boa festa de Musica"98, usando a expressão do cronista. O último dia, 28 de Março de 1737, começou com uma missa celebrada por outro Cónego da Sé Oriental, sendo convidado o Orador Fr. António da Piedade99, nessa tarde encontrava-se o Cardeal Patriarca, D. Nuno da Cunha, numa das tribunas e ainda a rainha D. Mariana de Áustria e o seu filho e Infante D. Pedro. O último acto desta cerimónia foi uma pequena procissão no interior da Igreja com o Menino Deus. Através da análise dos Estatutos que a Ordem Terceira dos Xabreganos produziu em 1741, podemos avaliar a importância que a Igreja e o seu Hospital tiveram para estes religiosos, sendo que a reunião em que foram escritos é precisamente na Casa de Despacho da "Fundação do

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Synodo Diocesano de 1640 - Constituições Synodares do Arcebispado de Lisboa. 3ª Edição. Lisboa Oriental: Filippe de Sousa Villela, 1737, p. 213. 93 Id., Ibid., p. 216. 94 Id., Ibid., p.216. 95 Id,. Ibid., p. 216. 96 SANTOS, José Ferreira dos - A pintura do Tecto da Nave da Igreja do Menino Deus. - Tese de Mestrado em História de Arte, Universidade Lusíada. Lisboa: 2000, p. 40. 97 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 420. 98 Id., Ibid., p. 420. 99 Id., Ibid., p. 421.

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Menino Deus"100. Pelo que se pode apurar esta Ordem tinha-se regido pelo "santo exemplo e imitação" da Ordem Terceira de Franciscanos da Cidade101 até aquela data, seguindo unicamente a Regra aprovada pelo Papado, sendo a última a Bula de Benedicto XIII "Paternae Sedis Apostolice" de Dezembro de 1725102 e os cargos nela constantes não se podem comparar de todos com os cargos referidos nos Estatutos de 1742. Estes bem mais específicos e reveladores do funcionamento desta Ordem e também do seu quotidiano nesta Igreja e Hospital, declaram a intenção de evitar a "corrupção humana" e "conservar a boa ordem". Existem também algumas indicações sobre o funcionamento da Ordem que se puderam associar a toda a Província, por exemplo: para a escolha dos Terceiros para a Ordem 103; em caso de morte e para a sepultura104 e para a procissão da Quaresma105. Quanto aos cargos dos Terceiros aqui descritos acho que e possível dividi-los em quatro conjuntos: aqueles com funções responsáveis por toda a Ordem/ Província inclusive por esta «Fundação do Menino Deus» (Mesa Definitória, Ministro, Comissário, Vice-Ministro, Secretário, Procurador-Geral, Syndico, Diffinidores, Vigários do Culto, Enfermeiros da Ordem, Procuradores dos presos, Presidentes dos bairros, três Companheiros do Comissário, Informadores, Irmãos da Junta e Andadores da Ordem - estes últimos também se podem incluir no 4º conjunto), aqueles que servem essencialmente a Igreja (Sacristões mores e menores e o Sacristão da Igreja, que também se podem incluir no 4º conjunto), aqueles que servem o Hospital (Comprador do Hospital e Cozinheiro - que podem constar também no 4º conjunto) e aqueles a que podem aceder pessoas que não professaram nenhuma Ordem. Para terminar, é necessário esclarecer algumas questões sobre o Hospital. Através da pesquisa desenvolvida elaborou-se a seguinte conclusão: uma vez que a Ordem Terceira dos Xabreganos comprou umas "casas" a João António de Alcaçova106 e existe a clara referência ao início da construção do Hospital apenas em 1738107, mas igualmente outras referências que nos induzem para a existência tanto de religiosos como de doentes entre 1719 e o final da primeira metade do 100

Mesa da Ordem Terceira de S. Francisco de Xabregas - Estatutos da Veneravel Ordem Terceira da Penitencia de S. Francisco de Xabregas, mandadas regular pela mesma Diffinitoral da mesma ordem, que servia no anno de 1741 para 1742, Lisboa: Oficina SYLVIANA, Academia Real, 1742, p. 103. 101 Id., Ibid., f. 1. 102 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestra da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves. Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736, p. 345 a 361. 103 Mesa da Ordem Terceira de S. Francisco de Xabregas - Estatutos da Veneravel Ordem Terceira da Penitencia de S. Francisco de Xabregas, mandadas regular pela mesma Diffinitoral da mesma ordem, que servia no anno de 1741 para 1742, Lisboa: Oficina SYLVIANA, Academia Real, 1742, p. 71 a 75. 104 Id., Ibid., p. 89 a 93. 105 Id., Ibid., p. 95 a 97. 106 Id., Ibid., p. 5. 107 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 420.

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século XVIII108, define-se assim a possibilidade de o primeiro recolhimento ter sido nas ditas casas de João António de Alcaçova e só depois no novo Hospital, que pelo menos em 1753 já estava concluído109. Foram surgindo algumas referências especialmente a religiosas recolhidas na «Fundação do Menino Deus»: a Irmã D. Catarina Maria da Trindade (m. 1730110), a Irmã

Eufémia de Jesus111, Maria Cordeira, beata e viúva e Maria da Cruz França, solteira, falecidas em 1719112, entre outras religiosas e outros religiosos referidos Luís Macedo em datas mais recentes e após 1737, dando notícia de sepulturas na própria Igreja do Menino Deus. Concluindo: parece esta primeira metade do século XVIII um tempo de especial fundação para a Ordem Terceira Franciscana de Xabregas, que apesar das suas diversas fundações pelo sul do país, se vê crescer dentro da grande cidade lisboeta. A presença de D. João V associado a este complexo, pode ser entendida por mais do que um acto de devoção, como um acto de "teatralização"113 com que frequentemente participava nos diversos eventos sociais da época. Esta participação régia além de um propósito político que beneficiava o próprio rei, acabava por ser também prestigiante para a Ordem Terceira de Xabregas e para a nova Igreja. A presença de nobres da corte e também dos mais altos clérigos da Igreja, trazia além de esmolas em abundância (exemplo dos Marqueses de Cascais), uma maior proximidade desse meio de especial influência e importância. Por outro lado, podemos perceber nos Estatutos de 1742 também a intenção de aumentar a "virtude cristã" como se denotam em outros textos contemporâneos, num tempo em que os religiosos também eram afectados pelos vícios mundanos. Tal como já foi referido estes Estatutos representaram um momento de especial "individualização" desta Ordem no seio dos Terceiros Franciscanos de Lisboa e do próprio país. A Igreja do Menino Deus, não sendo especialmente importante, parece ter nestes primeiros tempos alguma relevância, principalmente se avaliarmos as fontes que a própria Ordem desenvolveu. Importância que se vai perder, em parte, pelo afastamento da Corte, mas que no seio religioso vai aumentar, pela progressiva concorrência de religiosos no edifício.

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MACEDO, Luís Pastor de, Lisboa de Lés-a-Lés, Vol. IV, Lisboa, 1968, p. 87.

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BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 420. 110

MACEDO, Luís Pastor de, Lisboa de Lés-a-Lés, Vol. IV, Lisboa, 1968, p. 87. BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestra da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves. Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736, p. 6. 112 MACEDO, Luís Pastor de, Lisboa de Lés-a-Lés, Vol. IV, Lisboa, 1968, p. 87. 113 BRAGA, Isabel M. R. Mendes Drumond - As Realidade Culturais. In SERRÃO, JOEL (Dir.), MARQUES, A. H. de Oliveira (Dir.) e MENESES, Avelino de Freitas de (Coord.) - Nova História de Portugal: da Paz da Restauração. Vol. VII. Editorial Presença. Lisboa: 2001, p. 545. 111

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7. Bibliografia a) Fontes Manuscritas A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de Santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 5 b) Fontes Impressas BELÉM, Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753. BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestras da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves., Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736. CASTRO, João Baptista de - Mappa de Portugal Antigo, e Moderno. Tomo III, Lisboa: Oficina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1763. COSTA, P. António Carvalho da - Corografia Portugueza, e Descripçam Topografica do Famoso Reyno de Portugal. Tomo III. Lisboa: Deslandesiana, 1972. Mesa da Ordem Terceira de S. Francisco de Xabregas - Estatutos da Veneravel Ordem Terceira da Penitência de S. Francisco de Xabregas, mandados regular pela mesma Diffinitorial da mesma ordem, que servia no anno de 1741 para 1742. Lisboa: Oficina SYLVIANA, Academia Real, 1742. Synodo Diocesano de 1640 - Constituições Synodares do Arcebispado de Lisboa. 3ª edição. Lisboa oriental: Filippe de Sousa Villela, 1737. c) Instrumentos de Pesquisa AZEVEDO, Carlos A. Moreira - Bibliografia para a História da Igreja em Portugal (1961-2000). Universidade Católica Portuguesa, Centro de Estudos de história Religiosa.

d) Obras Gerais ALMEIDA, D. Fernando de (Coord.) - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Tomo I, Lisboa: 1973. ALMEIDA, Fortunato de - A História da Igreja em Portugal. Vol. II. CivilizaçãoEditora, Lisboa: 1968.

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Igreja do Menino Deus: espaços e vivências

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Igreja do Menino Deus: espaços e vivências

8. Resumo A Igreja do Menino Deus surge como um pequeno primeiro exemplo, tanto da estilo artístico como da devoção de D. João V. Assim como protagoniza uma acção muito específica deste religiosos de Xabregas que na tentativa de aumentar a sua capacidade assistencial se aproximam da corte. Num novo espaço criam-se novas vivências e uma nova definição desta Ordem no seio das restantes Ordens Terceiras.

Palavras-chave: Ordem Terceira dos Franciscanos de Xabregas, Mantelatas, Menino Deus, Sagração do altar-mor da Igreja do Menino Deus, Estatutos da Ordem de 1742, Hospital do Menino Deus

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Igreja do Menino Deus: espaços e vivências

9. Apêndice de Inéditos a) A.N.T.T, Registo Geral de Mercês de D. João V, l. 18, f. 79 O Padre Manuel Nunes do Valle Ouve Sua Magestade por bem tendo [supeito?] a se achar vago na praça de Maza/-gão o Lugar de Cappellas do Menino Deos e a que na pessoa do Senhor Padre Manuel/Nunes do Valle Concorrem os requizitos necessários para ser provido no mesmo Lu/gar por ser Clerigo de bom procedimento e aprovado de Confessor como/- Contou por em forma e os do Governador da dita praça que foi prezente em con/-sulta do Concelho da fazenda onde foi ouvido o Procurador della Haybem fazer/- merce ao mesmo Padre Manuel Nunes do Valle de o nomear por Cappellao do/- Menino Deos da refferida praça de Mazagão, cujo Lugar se acha vago/nella, Com o qual haverá o mantimento ache ordenado para lhe ser pago e/- sim e da maneira que [sy agava?] aos mais Cappellaes seus antecessores e o/- vencer do dia em que lhe foi dada a pesse? em diante. [Du?] lhe foi passa/-do Alvara a 13. de Dezembro de 726.

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Igreja do Menino Deus: espaços e vivências

b) Quadro de religiosos Xabreganos que se relacionam com a Igreja do Menino Deus Nome

Tarefas/Cargos dentro da Ordem

Datas/Factos da sua vida (encontrados)

Antónia Maria

Mantelata do Convento da Madre de Deus, que vive dez anos na Fundação do Menino Deus114. António da Purificação Comissário da Ordem em 1711116. Ministro Provincial entre 1730 e 1731117. Em 1736 era "Immediato nella", a Ordem Terceira de 118 Xabregas . Catarina Maria da Mantelata da Ordem Terceira de Cruz120 Xabregas. Cecília Maria de Jesus Religiosa do Convento da Madre de ou Maria Cecília de Deus121. Jesus

Morre a 1721115.

Presente na Cerimónia de 4 de Julho de 1711119.

Morre a 7 de Setembro de 1740.

Em 1710, doa a Imagem do Menino Deus para a nova Igreja, que havia recebido da Madre Soror Maria Magdalena de Jesus122. Morre em 1717123. D. Catarina da Irmã Mantelata. Regente do Hospital do Morre a 18 de Maio de 1730125. Trindade Menino Deus 19 a 20 anos124. Diogo Fernandes de Ministro da Ordem em 1736126. Era também deputado do Santo Almeida Ofício e "Academico do numoro

114

BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 436. 115 A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 5. 116 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestra da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves. Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736, p. 5. 117 A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 5. 118 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestra da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves. Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736, p. 5. 119 Id. Ibid., p. 5. 120 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 441 a 471. 121 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestra da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves. Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736, p. 5. 122 SANTOS, José Ferreira dos - A pintura do Tecto da Nave da Igreja do Menino Deus. - Tese de Mestrado em História de Arte, Universidade Lusíada. Lisboa: 2000, p. 29. 123 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestra da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves. Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736, p. 5. 124 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 437. 125 A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 5. 126 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestra da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves. Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736.

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Igreja do Menino Deus: espaços e vivências da real Academia da historia Portugueza"127. Solteira, morre a 21 de Janeiro de 1728128. Morre a 22 de Janeiro de 1750.

Domingas da Rocha Domingos Coelho129

Foi porteiro do Hospital.

de Hábito de mantelata130. Regente do Hospital do Menino Deus em 1736131. Primeira aia do Menino Deus. Francisco de Jesus Em 1711 era confessor das religiosas do Maria Convento da Madre de Deus133. Ministro Provincial entre 1734 e 1737134. Jerónimo de Belém Comissário Visitador da Ordem em 1736136. Eufémia Jesus

Maria

João Saldanha da Ministro da Ordem em 1753138. Gama Josefa Maria da Cruz140 Mantelata que "se exercitou" Fundação do Menino Deus. Manuel dos Arcanjos

Morre a 6 de Novembro de 1750132. Levou a Imagem do Menino Deus em braços para a sua Ermida em 1711135.

Em 1753 este religioso já era pregador jubilado, além de examinador das Ordens Militares, consultor da bula da Santa Cruzada e cronista da Ordem Terceira de Xabregas137. Esteve presente na cerimónia de 4 de Julho de 1711139 na Morre a 6 de Abril de 1751, sendo sepultada na Igreja do Menino Deus.

Ministro Provincial em 1737141.

127

Id. Ibid. A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 5. 129 Id. Ibid. 130 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 414. 131 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestra da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves. Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736, p. 5. 132 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 437. 133 Id. Ibid. p. 417. 134 A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 5. 135 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 417. 136 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Palestra da Penitência sendo corifeo, author, e Mestre o milagroso Deos Menino. E seu legítimo substituto o Patriarca dos Pobres o grande pequeno S. francisco de Assis. Para exercicio dos Alumnos da v. ordem terceyra, e de todas as mais da província dos Algarves. Lisboa: António Isidoro da Fonseca, 1736. 137 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753. 138 Id. Ibid. p. 417. 139 Id. Ibid., p. 417. 140 Id. Ibid., p. 437. 141 A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 5. 128

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Igreja do Menino Deus: espaços e vivências Manuel de Cristo142

Manuel Remédios143 Maria Cordeira144

Leitor Jubilado em 1737.

Pregou o primeiro sermão do Tríodo organizado pela Mesa da Ordem para as celebrações de 1737.

dos Ministro Provincial entre 1711 e 1713. Mantelata da Igreja do Menino Deus.

Maria da Cruz Mantelata da Igreja do Menino Deus. França145 Silvestre Gomes da Confessor no Convento da Graça. Silva146 Vicência Maria de Porteira do Hospital do Menino Deus. Jesus147

Beata e viúva. Morre a 21 de Janeiro de 1719. Solteira, morre a 22 de outubro de 1719. Fica sepultado na Igreja do Menino Deus. Morre a 25 de Julho de 1741.

142

BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 418. 143 A.N.T.T., Ordem dos Frades Menores, Província dos Algarves, Convento de santa Maria de Jesus de Xabregas, l. 5. 144 Id. Ibid. 145 Id. Ibid. 146 BELÉM, Fr. Jerónimo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia do nosso Serafico Padre S. Francisco, Em que se trata da sua Origem, Progressos, e Fundações de seus Conventos. Vol. II. Lisboa: Mosteiro de São Vicente de Fora - Câmara Real, 1753, p. 440. 147 Id. Ibid., p. 437.

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