O Comportamento dos Suricatas

May 24, 2017 | Autor: Rui Tomás | Categoria: Animal Behavior, Etology, Etologia
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O COMPORTAMENTO DOS SURICATAS Filipa Robim, Graciela Fernandes e Rui Tomás | Etologia | Professora Doutora Helena Espirito-Santo

Este trabalho dedica-se ao estudo do comportamento dos suricatas, baseado em 15 artigos encontrados na PubMed. Os suricatas vivenciam diferentes processos de aprendizagem, tendo uma duração, intensidade e reconhecimento específico por parte do grupo (Hoppit, Samson, Laland e Thornton, 2012). Para o grupo de suricatas a coesão é fundamental para a sua sobrevivência. Por isso, parte dos movimentos realizados em grupo são iniciados por vocalizações específicas, sendo necessário um quórum de dois ou três suricatas emissores de chamada para todo o grupo se deslocar para um novo local para a procura de alimentos. No entanto, o sinal do iniciador só entra em vigor se, pelo menos, dois outros suricatas apoiarem a sua preferência (Bousquet, Sumpter e Manser, 2011). Estas vocalizações específicas permitem que todo o grupo consiga identificar o possível predador (Townsend e Manser, 2011), possibilitando a localização dos membros do grupo através de mecanismos de reconhecimento semelhantes aos demonstrados em interações sociais mais complexas (Townsend, Allen e Manse, 2012). As vocalizações das fémeas dominantes têm uma sensibilidade especial, conseguindo dar uma resposta ajustada com base no estado atual do seu relacionamento (Reber, Townsend e Manser, 2013). Contudo, também há um elevado grau de flexibilidade subjacente à vocalização de alarme do macho suricata. Importa referir que a variação na chamada de alarme depende para quem é dirigida, bem como do estado motivacional do suricata chamador (Townsend, Rasmussen, Clutton-Brock e Mansera, 2012). No que diz respeito a comportamento cooperativos, designadamente a alo-amamentação na criação Kalahari Suricata, pode conferir benefícios imunológicos ou sociais para os filhotes

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(MacLeod, McGhee e Clutton-Brock, 2015). O comportamento cooperativo (alimentação) entre machos e fêmeas torna o grupo mais capaz de responder eficazmente a ameaças de predadores ou intrusos, capacitando-os também a tomar conta das crias e a manter as relações de poder equilibradas (Mares, Young e Clutton-Brock, 2012). Na sociedade dos suricatas, a aprendizagem que os mais velhos proporcionam aos mais novos é fundamental, devido ao constante risco de predação que estes enfrentam (Thornton e Clutton-Brock, 2011). Madden e Clutton-Brock (2011) também mostraram que a administração de oxitocina para o desenvolvimento social de suricatas, eleva-os a desenvolverem um conjunto de comportamentos cooperativos dirigidos para os filhos e para os membros adultos do grupo. Nos suricatas do Deserto do Kalahari é frequente serem as fêmeas dominantes a conduzirem o grupo aquando a migração coletiva. Contudo, nessas migrações, estas têm a capacidade de evitar os locais que estão mais expostos e que conferem também maior risco de predação, sobretudo para a parte frontal do grupo (Perony e Townsend, 2013). Nas fémeas suricatas existe uma relação entre a velocidade de crescimento e a sua capacidade de ascender hierarquicamente, bem como na sua qualidade reprodutora. Já nos machos, a velocidade desenvolvimental não afeta a sua posição hierárquica futura (English, Huchard, Nielsen e Clutton-Brock, 2013). As fémeas ainda têm a particularidade de reconhecerem os parentes através do odor da glândula anal destes indivíduos, de forma a evitarem a consanguinidade (Leclair, Nielsen, Thavarajah, Manser e Clutton-Brock, 2012). Não existem evidência que as fêmeas suricatas dominantes usem comportamentos agressivos para aumentar as taxas de trabalho dos seus subordinados (Santema e Clutton-Brock, 2012). Para finalizar e a título de curiosidade, Erdogan, Lima e Perez (2014) referem no seu estudo que a distribuição anatómica das papilas linguais dos suricatas é diferente das de outros carnívoros, o que representa a adaptação morfológica que surge devido ao tipo e hábitos de alimentação.

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Bibliografia Bousquet, C. A. H., Sumpter, D. J. T. e Manser, M. B. (2011). Moving calls: a vocal mechanism underlying quorum decisions in cohesive groups. Proceedings of the Royal Society B, 278, 1482-1488. doi:10.1098/rspb.2010.1739. English, S. Huchard, E., Nielsen, J. F. e Clutton-Brock, T. H. (2013). Early growth, dominance acquisition and lifetime reproductive success in male and female cooperative meerkats. Ecology and Evolution, 3(13), 4401-4407. doi: 10.1002/ece3.820. Erdogan, S., Lima, M. e Perez, W. (2014). Anatomical and Scanning Electron Microscopic Study of the Tongue in the Meerkat (Suricata suricatta, Schreber, 1776). Anatomia, Histologia, Embryologia, 45, 51-59. Hoppitt, W., Samson, J., Laland, K. N. e Thornton, A. (2012). Identification of Learning Mechanisms in a Wild Meerkat Population. PLoS ONE, 7(8), e42044. doi:10.1371/journal.pone.0042044. Leclaire, S., Nielsen, J. F., Thavarajah, N. K., Manser, M. e Clutton-Brock, T. H. (2012). Odour-based kin discrimination in the cooperatively breeding meerkat. Biology Letters, 9(1). doi: 10,1098 / rsbl.2012.1054. MacLeod, K. J., McGhee, K. E. e Clutton-Brock, T. H. (2015). No apparent benefits of allonursing for recipiente offspring and mothers in the cooperatively breeding meerkat. Journal of Animal Ecology, 84(4), 1050-1058. doi: 10.1111/1365-2656.12343. Madden, J. R. e Tim, H. C. B. (2011). Clutton-Brock Experimental peripheral administration of oxytocin elevates a suite of cooperative behaviours in a wild social mammal. Proceedings of the Royal Society B, 278, 1189-1194. doi:10.1098/rspb.2010.1675. Mares, R., Young, A. J. e Clutton-Brock, T. H. (2012). Individual contributions to territory defence in a cooperative breeder: weighing up the benefits and costs. Proceedings of the Royal Society B, 279, 3989-3995. doi:10.1098/rspb.2012.1071. Perony, N. e Townsend, S. W. (2013). Why Did the Meerkat Cross the Road? Flexible Adaptation of Phylogenetically-Old Behavioural Strategies to Modern-Day Threats. PLoS ONE, 8(2), e52834. doi:10.1371/journal.pone.0052834. Reber, S. A., Townsend, S. W. e Manser, M. B. (2013). Social monitoring via close calls in meerkats. Proceedings of the Royal Society B, 280(1765). doi: 10.1098/rspb.2013.1013. Santema, P. e Clutton-Brock, T. (2012). Dominant female meerkats do not use aggression to elevate work rates of helpers in response to increased brood demand. Animal Behaviour, 83, 827-832. Thornton, A. e Clutton-Brock, T. (2011). Social learning and the development of individual and group behaviour in mammal societies. Philosophical Transactions of the Royal Society B, 366, 978-987. doi:10.1098/rstb.2010.0312. Townsend, S. W., Allen, C. e Manser, M. B. (2012). A simple test of vocal individual recognition in wild meerkats. Biology Letters, 8, 179-182. doi:10.1098/rsbl.2011.0844 Townsend, S. W. e Manser, M. B. (2011). The function of nonlinear phenomena in meerkat alarm calls. Biology Letters, 7, 47-49. doi:10.1098/rsbl.2010.0537.7. Townsend, S. W., Rasmussen, M., Clutton-Brock, T. e. Mansera, M. B. (2012). Flexible alarm calling in meerkats: the role of the social environment and predation urgency. Behavioral Ecology, 17, doi: 10.1093/beheco/ars129.

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