O Concelho de Vila do Touro em 1758 - Memórias Paroquias

June 14, 2017 | Autor: Carlos Jorge | Categoria: Historia Política y Social Siglos XVIII-XIX, Historia Local, Municipalismo
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CARLOS HENRIQUE

o CONCELHO

GONÇALVES JORGE

DE VILA DO TOURO EM 1758

MEMORIAS PAROQUIAIS

Edição da ASSOCIAÇÃO

RECREATIVA

E CULTURAL 1990

DOS FORCA LHOS

INTRODUÇÃO

Para ajudar a conhecer um pouco melhor o passado da nossa terra e da nossa região, a Associação Recreativa e Cultural dos Forcalhos patrocina a publicação deste caderno com as memórias que, em 1758, escreveram os responsáveis pelas paróquias do concelho da Vila de Touro. Este antiquíssimo concelho foi extinto por Decreto de 26 de Novembro de 1836 e incorporado, então, no do Sabugal ('). Ede nada valeu a reacção dos naturais da vila nem as razões invocadas pelos representantes do seu clero, nobreza e povo para manutenção do estatuto municipal (2). Mas em que contexto aparecem estas memórias paroquiais tão preciosas para o estudo da história local? No século XVIII realizaram-se vários inquéritos de âmbito nacional. Um deles, no ano de 1758, destinou-se à elaboração de um Dicionário Geográfico do país. O projecto não era novo. Iniciara-se com um inquérito semelhante levado a efeito em 1732. Com base nas respostas, o P. Luís Cardoso, da Congregação do Oratório, chegou a ter o trabalho bastante adiantado, embora conseguisse, apenas, ver publicados dois volumes: um em 1747, com a letra A; outro, em 1751, com as letras B e C.

(I) Biblioteca Municipal do Sabugal, Livro de Actas da Câmara do Sabugal, Auto de 26 de Dezembro de 1836. (2) Biblioteca Municipal do Sabugal, Livro de Actas da Câmara da Vila de Touro, Auto de 3 de Julho de 1836.

7

Para melhor se compreenderem as respostas dos párocos, publicamos o Prólogo do 44. o volume que contém os «interrogatórios» a que obedecem as respostas.

terramoto de 1755 veio interromper o desenvolvimento do por ter destruido a maior parte do material recolhido. Por estas razões, em 1758, recomeçou-se tudo com um novo inquérito enviado aos párocos do país, que constituiam uma apertada rede conhecedora das realidades locais. Os párocos procuraram, na generalidade, responder em tempo oportuno aos «interrogatórios» que, por ordem régia, a ecretaria de Estado dos Negócios do Reino lhes fez chegar através dos respectivos prelados. plan

Devido à idade ou à doença, o P. Luís Cardoso já não conseguiu dar corpo à idéia inicial. Segundo se diz, apenas utilizou o vasto material que lhe foi entregue para, sob o pseudónimo de Paulo Dias de Niza, escrever uma obra de menor alcance: o Portugal Sacro-Profano. Após a sua morte, as respostas dos párocos conservaram-se no Convento das Necessidades, em Lisboa. Mais tarde, depois de se terem extraviado algumas, reuniu-se o conjunto em quarenta e um volumes. Para suprir as faltas de cerca de quinhentas freguesias, organizaram-se, com recurso a fontes impressas e manuscritas disponíveis nesse tempo, mais dois volumes de suplemento. Nestes, se inclui a Lomba dos Palheiros. Aos quarenta e três volumes juntou-se mais um outro de índices, com um prólogo em que se faz uma pequena história desta colecção a que foi dado, impropriamente, o nome de Dicionário Geográfico de Portugal. O conjunto destes documentos é também conhecido, simplesmente, pela designação de Memórias Paroquiais de 1758. Após algumas vicissitudes, as memórias foram parar ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Para salvaguarda dos originais, muito procurados, não é agora permitida a consulta directa. Apenas é facultado, ao público, o respectivo microfilme. A leitura dos originais é, geralmente, fácil. Na transcrição, . alteramos algumas maiúsculas e minúsculas e, num ou noutro lugar, a pontuação. Actualizamos o uso do u, do v, do i e do j. Desenvolvemos as abreviaturas. Separamos palavras com recurso ao hifen e ao apóstrofo. 8

PRÓLOGO

I.

I - O Diccionário Geográphico do Reino de Portugal, que o erudito e infatigável P.« Luís Cardoso, da Congregação do Oratório de Lisboa, tinha composto sobre as memorias, que os Parochos do Reino enviarão, por ordem superior, à Secretaria d'Estado, perdeo-se miseravelmente nas ruinas do Terremoto de 1755, escapando, apenas, as letras A B C do primeiro, e segundo volumes, por estarem já impressos e distribuídos por partes aonde não chegou o estrago. 2 - A simples leitura destes volumes, que restão, basta para convencer os verdadeiros Portuguezes, quero dizer, os amantes da gloria e da Patria de que a perda dos que faltão foi grande, e irreparável, e o seria muito mais, se o Author, apezarde ser já avançado em annos, não concebera o projecto de refundir a sua obra, adicionando-a com a relação dos estragos, e catástrofe, que acaba de mudar a face de todo o Reino. 3 - Com este fim pedio novamente, instou, e conseguiu da Secretaria do grande e respeitável Sebastião José de Carvalho ordem para que todos os Parochos do Reino enviassem novas descripções das suas freguezias com aquellas escrupulosas, e circunstanciadas miudezas, que mais abaixo constarão da cópia dos 'interrogatórios que, impressos, lhes forão enviados, com o preceito de responderem. Preceito que a maior parte dos Parochos cumprirão no mesmo anno de 1758, em que lhes foi intimado; não quis porém o P.> Cardoso approveitar-se destas Partici pações. 4 - Não quis, ou não pôde: porque as enfermidades, ou a velhice, ou o presentimento da morte, ou tudo juncto fês, que o P. e Cardoso olhasse como impossível a execução do seo Projecto: e assim, por sua morte, em 1769, ficarão em montão confuso, mas bem guardado, todas as «Descripções» que lhe tinham sido enviadas: guardados até agora, em que hum P.« da mesma Congregação do Oratório, e Casa das Necessidades, zeloso da utilidade e 9

instrucçê

públicas, as fês arranjar em forma de «Diccionário» e mund u encadernar em 44 volumes de Fólio, incluso este lndice, para na Bibliotheca da mesma Casa estarem patentes à instrução, utilidade e curiosidade Portugezas. 5 - De todos os 43 volumes, todos com o título - «Diccionário Geográfico de Portugal», se extrahio o prezente «Índice Geográfico» para facilitar a invenção de qualquer cidade, villa, concelho, ou aldeia paroquial, devendo advertir-se, que, havendo sido, apezar de bem guardadas; havendo sido desvairadas mais de 500 descripções, foi necessario, para completar a obra supprir com a leitura estas faltas: supplemento que, certamente, não há-de satisfazer a muitos leitores; mas na sua mão está emmendarem, e corrigirem, escrevendo, quantas faltas em excessos se acharem, maxime nos supplementos, ou volumes 42 e 43. 6 - De resto, damos a copia dos «Interrogatorios» conforme aos que se achão feitas as respostas e são do theor seguinte:

§ 1.0 -

O que se procura

saber desta terra é o seguinte:

Venha tudo escripto em letra legível, e sem breves. 1.0 - Em que província fica? a que bispado, comarca, termo e freguesia pertence? 2.° - Se he dei Rei, ou de donatario, e quem o he ao prezente? 3.° - Quantos vizinhos tem, e o número das pessoas? 4. ° - Se está situada em campina, valle, ou monte, e que povoações se descobrem della, e quanto dista? 5.° - Se tem termo seo; que lugares, ou aldeas comprehende, como se chamam; e quantos vizinhos tem? 6. ° - Se a parochia está fora do lugar, ou entro delle? e quantos lugares ou aldeas tem a freguezia, e todos pelos seus nomes? 7.° - Qual é o seo orago; quantos altares tem, e de que sanctos; quantas naves tem; se tem irmandades, quantas e de que Sanctos? 8.° - Se o parocho é cura, vigario, ou reitor, ou prior, ou abbade, e de que apprezentação he, e que renda tem?

lO

9.° - Se tem beneficiados; que renda tem; e qu m s apprezenta? 10.° - Se tem conventos, e de que religiosos, ou religiosas, e quem são os seus padroeiros? 11.° Se tem hospital; quem o administra, e que renda tem? 12.° Se tem casa de Misericórdia, e qual foi a sua origem, e que renda tem? e o que houver de notável em qualquer destas cousas. 13. ° - Se tem algumas ermidas, e de que sanctos: e se estão dentro ou fora do lugar, e a quem pertencem? 14.° - Se acodem a ellas romagens sempre, ou em alguns dias do ano, e quaes são estes? 15.° - Quais são os fructos da terra, que os moradores recolhem com maior abundância. 16.° - Se tem Juis ordinário e Câmara; ou se está sujeita ao governo das justissas de outra terra, e qual he esta? 17.° - Se é couto, cabeça de concelho, honra ou behetria? 18.° - Se há memoria de que florescessem, ou dela saíssem alguns homens insignes na virtude, letras ou armas? 19.° - Se tem feira, e em que dias, e quantos dura, e se he franca ou captiva? 20.° - Se tem correio, e em que dias da semana chega, e parte?, e se o não tem de que correio se serve, e quanto dista da terra aonde elle chega? 21.° - Quanto dista da cidade capital do bispado, e quanto de Lisboa, capital do Reino? 22. ° - Se tem alguns privilégios, antiguidades, ou outras couzas dignas de memoria. 23.° - Se há na terra, ou perto della, alguma fonte, ou lagoa celebre, e se as suas águas tem alguma especial virtude. 24.° - Se for porto de mar, descreva-se o sítio, que tem por arte ou por natureza; as embarcações, que a frequentão, e que pode admittir? 25.° - Se a terra for murada, diga-se a qualidade de seos muros; se for Praça de armas descreva-se a fortificação; se há nella, ou no seu districto algum castello, ou torre antiga, e em q u estado se acha ao presente? /I

26. o - Se padeceo alguma ruína no Terremoto de 1755, e em quê; e se está reparada? 27.0 - E tudo mais, que houver digno de memoria, de que não faça menção o presente interrogatório. § 2.0

-

O que se procura

saber dessa serra é o seguinte:

1.0 - Como se chama? 2.0 - Quantas léguas tem de comprimento, e quantas de llargura, aonde principia, e acaba? 3.0 - Os nomes dos principaes braços della? 4. o - Que rios nascem dentro do seo sítio, e algumas propriedades mais notaveis delles: as partes para onde correm; e onde fenecem? 5.0 - Que villas e lugares estão assim na serra, como ao longo della? 6. o - Se há no seo districto algumas fontes de propriedades raras? 7. o - Se ha na serra minas de metaes, ou canteiras de pedras ou de outros materiaes de estimação? 8. o - De que plantas ou hervas medicinais he a serra povoada e se se cultiva em algumas partes; e de que género de frutos he mais abundante? 9. o - Se há na serra alguns mosteiros, Igrejas de romagem, ou imagens milagrosas? 10.o A qualidade do seo temperamento? 11.o Se há nela criação de gados, ou de outros animais, ou caça? 12.o Se tem alguma lagoa, ou fojos notaveis? 13.0 - E tudo o mais, que houver digno de memória?

§ 3.0 seguinte: 1.0 nasce? 2.0 3.0 4.0 /2

-

O que se procura

Como se chama,

5.0 - Se he de curso arrebatado, ou quieto com toda a sua distância, ou em alguma parte della? 6. Se corre de norte para sul; se de poente a nascente; se de sul ao norte, ou de nascente a poente. 7.0 - Se cria peixes, e de que especie são os que trás em maior abundância? 8.0 - Se há nelle pescarias; e em que tempo do anno? 9. o - Se as pescarias são livres, ou de algum senhor particular em todo o rio, ou em alguma parte delle? 10.0 - Se se cultivão as suas margens; e se tem muito arvoredo de fructo, ou silvestre? 11.0 - Se tem alguma virtude particular as suas aguas? 12.0 - Se conserva sempre o mesmo nome, ou o começa a ter diferente em algumas partes; e como se chamão estas; ou se ha memoria, de que, em outro tempo, tivesse outro nome? 13.0 - Se morre no mar, ou em outro rio; e como se chama este, e o sítio em que entra nelle? 14.0 - Se tem alguma cachoeira, represa, levada, ou açudes que lhe embaracem o ser navegavel? 15.o - Se tem pontes de cantaria, ou de páo; quantas, e em que sítio. 16.0 - Se tem moinhos, lagares de azeite, pizões, noras, ou algum outro engenho? 17.0 - Se em algum tempo, ou no presente, se tirou ou tira ouro de suas areas? 18.0 - Se os povos usam livremente as suas aguas para a cultura dos campos, ou com alguma pensão? 19.0 - Quantas leguas tem o rio; e as povoações por onde passa desde o seo nascimentoaté onde acaba? 20.0 - E qualquer cousa notável, que não vá neste interrogatório. 0

-

saber do rio dessa terra é o

assim o no, como o sítio onde

Se nasce logo caudaloso, e se corre todo o anno? Que outros rios entrão nelle, e em que sítio? Se he navegável, e de que embarcações é capás? IJ

VILA DO TOURO

(VaI. 40, Pág. 1619 a 1622)

I - A Vila de Touro provincia da Beira bispado da cidade da Guarda e comarca de Castelo Branco, he o seu orago e padroeira Nossa Senhora da Assumpçam que está esta colocada na tribuna da capela mor desta Igreja Matris. 2 - Ré esta Villa e seu termo pertencente a EI Rey como Senhor e tem comenda que hé Senhorio della o Porteiro Mor. 3 - Tem esta villa com os mais povos pertencentes a ella fogos duzentos e secenta, e pessoas grandes setecentas e outenta e outo e de menores passam de duzentos. 4 - Esta está situada em altura entre dois rochedos e montes de pedras sobre pedras de pouco prestimo; desta se avista de muytas partes a cidade da Guarda cabeça do bispado que dista desta tres legoas; mais se avistam muytas serras da raya de Castella como hé a Serra da Gata e a de Penha de França que dista daquy à raya tres legoas grandes. 5 - Alem dos vezinhos (3) que tem esta villa que sam cento e trinta no cásco della tem setenta e sette no luguar do Baraçal e trinta, e sete no luguar da Abitureira, e a Quinta das Vinhas tem des, a Quinta dos Moynhos tem coatro e a Quinta de Roque Amador tres, que estes luguares e quintas sam freguezes desta villa que todos estes com os mais da villa fazem o numero de duzentos e secenta fogos; Tem mais as Quintas de Sam Bartho-

(3) Vizinho e morador significam, nestas memórias, unidades familiares, Iog s.

lomeu cem fogos, e a Rapoula de Coa terá cincoenta e estes dois luguares sam freguezias distintas desta, e sam do termo desta villa, e nam tem mais termo. 6 - A matriz desta villa em parte está cercada de alguns vezinhos e situada no sim o desta villa e nam há aquy mais que responder por já ir respondido asima. 7 - Nossa Senhora da Assumpçam he orago desta matris, e tem cinco altares: o da capella mayor desta imagem e do arco da dita capella para o corpo desta igreja tem os coatro altares como hé o da Senhora do Rozario, o do Menino Jezus e Santo António o do Senhor na Crus, e outro altar de Sam Miguel no qual está erecta a Irmandade dos Irmãos das Almas; e tem mais a Irmandade do Espirito Santo na ermida do lugar do Baraçal desta freguezia, e nam há nesta freguezia mais irmandades. Esta matris tem des linhas ou naves de madeyra. 8 - Os Parrochos desta igreja sam Vigarios Freyres da Ordem de Christo appesentádos por Sua Magestade como Grão Mestre desta Ordem, pello Tribunal da Mesa da Consciencia, nam tem mais que huma lemittada ordinaria que se tira e pága da comenda desta villa com a qual passa parcamente, e da mesma comenda se paga o percizo para composiçam e ornato da capella mayor desta igreja. 9 - Nam tem Beneficiados, e somente tem Cura Coadjutor págo custa dos Vigarios, por estar asim em uzo, podendo muyto bem pagar a comenda esta despeza. á

tem Irmandade do Espirito Santo; No lugar da Abetureira h Irmida de Nossa Senhora do Rozario e do martir Sarn Sebastiam, e somente tem mordomos estas taes ermidas e sam daquelles povos, e lhe pertence paramentallas do nesseçario e arnbas estas se acham situadas dentro dos moradores daquelles povos. 14 - A estas ermidas nam concorrem e romeiros e somente tem cappellãns nos dias de precepto para ahy lhe dizerem missa. 15 - A mayor abundancia de fructos que há nesta terra e circumvisinhas he centeyo, dos mais fructos há poucos por ser a terra frigedissima, como tambem ha pouca criaçam de gados per falta de pastos. 16 - Tem Juizes ordinarios appresentados pello Corregedor da comarca de Castelo Branco por aqui ser comarca. 17 -

N am tem izençoins nem privilegios alguns.

18 - Tambem nam há fama que daquy sahicem ou se criacem hornês dotados das qualidades que se prócuram. 19 -

Nam tem feiras, nem mercados por todo o anno.

20 - Nam há aquy correyo, e se valem do correyo da Guarda por lhe ficar mais proximo. 21 - Desta villa de Touro dista legoas e cidade de Lisboa cincoenta.

á

cidade da Guarda tres

á

lO - Nam há aquy conventos por ser terra muyto miseravel cheya de pobreza. Ii -

Nam há hospital.

12 -

Nam há Caza de Misericordia.

13 - No lugar do Baraçal desta freguezia há a Ermida do Divino Espirito Santo ahonde aquelles moradores sam irmãos e 16

22 23 - Por esta freguezia há varias nascentes de agoas ricas para beber, mas tem pouca corrente que muytas secam no veram, e nam há quazi náda de regadio, há tambem a Ribeira do Boi caudelóza no tempo do inverno tem seus(?) moynhos que andam no tal tempo, tem huma ponte de pedra de hum só arco em outra parte desta ribeira tem hum pontam de madeyra, esta ribeira nasce daquy huma legoa donde chamam o Cabeço das Fráguas, 17

daquy outra legoa se mette no Rio Coa aonde perde o seu nome de Ribeira do Boi, nam se criam peyxes nella, nem se regam fazendas com a tal agoa. 24 - O mar fica daquy remotto, porque daquy ao Tejo fazem vinte e seis·legoas, daquy a cidade do Porto fazem trinta legoas, e por esse rispeito há grande falta de pescado. 25 - Nesta terra junto a esta villa há humas paredes, ou reductos entre huns rochedos já muyto antigos que dizem serem feitos pellos mouros. 26 - Aqui veyo o terremoto na era de mil e setecentos e sincoenta e sinco mas nam cauzou ruynas por Deos asim o permitir.

Esta villa tem coatro ermidas que todas estam nos arabaldes, huma he de Nossa Senhora do Mercádo que he a que está com perfeiçam, outra de Sam gens entre híins grandes rochedos que mal se pode la chegar, outra de Sam Lazaro, e outra de Sam Sebastiam, todas estas hé o povo desta vilia obrigado aos repáros e ornátos dellas por serem suas, a estas ermidas nam acodem romeiros, somente algumas poucas pessoas vem visitar Nossa Senhora do Mercado.

E nam me lembra que tenha mais que dizer nesta mate ria de que faça mençam e por verdade fis este que asignei. Villa de Touro, de Mayo 4 de 1758 Frei António Duarte Vigario da Villa de Touro

RAPOULA DE COA

(Vol. 31, pág. 75 a 82)

Em observancia de huma carta do Muito Reverendo Senhor Doutor Martinho Rodrigues dignissimo Provizor deste bispado da Guarda, e de hum diretorio para responder aos interrogatorios como se procura o que eu faço conforme o meo limitado juizo me dita, e o faço pella maneira seguinte

1 - Emquanto ao primeiro respondo, que este lugar se chama Rapoula de Coa, fica na provincia da Beira Alta, pertence, e he do bispado da Guarda, fica na comarca de Castello Branco, e he termo da vilia de Touro, e tem freguezia dentro deste mesmo lugar; seo orago he Sancta Maria Magdalena. 2 - Respondendo ao segundo, que esta terra he dei Rey, tem comenda pertence a comenda de Sancta Maria da Villa de Touro, Comendador de presente me consta ser o Porteiro Mor do Reino, pagão os moradores deste povo dos frutos, que colhem de cada doze dois ao dito Comendador, e huma galinha de queda caza, que se nella accende lume. 3 - Respondendo ao terceiro tem este lugar sesenta e nove cazas onde se accende lume, numero das pessoas segundo o meo rol de confessados duzentos e des (4) pessoas, excepto os de septe annos para bayxo, e onze pessoas abzentes.

(4) Em virtude de duzentos e des estar emendado encontra-se à margem: pessoas 210.

18

e ser de difícil I ituru,

IV

4 - Respondendo ao quarto interrogatorio está situado este lugar em hum valle junto donde corre o rio por nome Coa, avistam-sse poucas terras, e destas, que se vem fica distante esta terra meya legoa, e de hum lugar, por nome Rendo dista huma legoa, e desta terra à raya de Castella dista tres legoas, e deste mesmo lugar se vê a dita raya. 5 - Respondendo ao quinto não tem termo mas antes he termo da Villa de Touro, somente tem fora deste lugar huma quinta com hum so morador, a qual se chama Aveloza. 6 - Respondendo ao sexto toda a parrochia esta dentro do povo excepto a quinta da Aveloza, com hum so morador. 7 - Respondendo ao setimo tem esta freguezia por orago Sancta Maria Magdalena, tem tres altares hum na capella mor, e dois por bayxo do arco, no altar da capella mor está o Sanctissimo, e Sancta Maria Magdalena, e no do corpo da igreja, à parte do Evangelho, Sancto Antonio, e no da parte da Epistola, Nossa Senhora do Rozario, não tem esta igreja naves, nem irmandades. 8 - Respondendo ao outavo o Parrocho desta igreja he Cura annual apresentado pello Vigario de Sancta Maria da Villa de Touro, que he professo da Ordem de Christo; tem de renda septe mil, e quinhentos, e hum almude de vinho, hum alqueire de trigo, que paga o Comendador, ou arendatario, que tras esta comenda, que a pertence a da Villa do Touro, e para a igreja dá quatorze arateis de sera branca e hum aratel de incenso para as funçois parrochiais, e para se paramentar a cape lla mor, tem o depozito da Villa do Touro, que não sey quanto dá annualmente para esta igreja, e para a das Quintas de Sancto Bertholameo, e para a da Villa de Touro, que são as tres da comenda, e os moradores do povo dão vinte fanegas de pão annualmente ao Cura, que asiste neste povo; e he a renda que tem. 9 -

Respondendo

Respondendo

12 Respondendo Misericordia (6).

ao undecimo não há hospital. ao duodecimo

(5) não tem Caza de

13 - Respondendo ao de cimo tercio tem esta freguezia huma ermida ao fundo do povo, e tem Sancto Domingos, pertence ao mesmo povo, e he paramentado pellos moradores do mesmo com suas esmolas voluntarias em acção ao bem aventurado Sam Domingos pellos beneficios de Deos alcançados por sua intercessão. 14 - Respondendo ao decimo quarto não tem romagens salvo alguns devotos, que imploram o patrocinio do Sancto, e o Cura deste povo, com seos freguezes vam a dita capella dia de Sancto Marcos, e hum dia das Ladainhas, à dita capella cantando as mesmas. 15 - Respondendo ao decimo quinto os fructos em mais abundancia desta terra são pão bastante para ella, e trigo, e gados de Iam, e de seda, (7) e vinho mediano. 16 - Respondendo ao decimo sexto, tem este lugar dois Juizes de Vara sujeitos aos Juizes Ordinarios da vilIa de Touro. 17 - Respondendo ao decimo septimo não he couto somente tem ervagens, em que EI Rey terça, cujas contas tomão os Provedores da comarca de Castello Branco, a quem pertence por ser este lugar da dita comarca como fica dito. 18 - Respondendo ao decimo outavo não me consta tenhão florecido homens de fama ilIustre por ser esta terra povoada de labradores, que cultivão os campos.

ao nono não tem Beneficiados.

10 - Respondendo ao decimo não tem conventos couza alguma do que nelle se procura. 20

11

nem

(5) No manuscrito: duocimo. (6) No manuscrito: Micordia. (7) Não se trata, obviamente, cerdos,(pelos).

do bicho da seda, mas de animais

de

]/

19 - Respondendo ao decimo nono não tem feira, nem couza a que possa responder a este interrogatorio.

huma serra junto a hum lugar por nome Foyos, termo da villa do Sabugal comarca de Castello Branco.

20 - Respondendo ao vigessimo não tem correyo, e quando he necessario se serve do correo da cidade da Guarda, e dista esta terra à dita cidade coatro legoas.

2 - Respondendo ao segundo consta-me que nasce em humas fontes, e legoas, mas a breve espasso corre caudalozo, Consta-me tambem ter-sse secado alguns annos principalmente nesta terra athe a villa de Almeida, e eu o vi sem correr no anno de 1756.

21 - Respondendo ao vigessimo primeiro dista este lugar à cidade da Guarda capital do bispado coatro legoas, e à cidade de Lisboa (segundo informaçons) sincoenta legoas. 22 - Respondendo ao vigessimo segundo não me consta ter privilegios particulares alguns. 23 - Respondendo ao vigessimo tercio há nesta freguezia no sitio, que chamão os Banhos huma fonte, que nace na barranca de huma ribeira, que chamão Ribeira do Boy, que tem agoa muito differente do natural, e com o olfato a inxofre, a qualagoa tem receitado, e receitão os medicos da cidade da Guarda a muitos infermos. 24 - Respondendo ao vigessimo quarto não he porto de mar nem a este tenho, couza, que possa dizer mais. 25 - Respondendo ao vigessimo quinto não tem muros mais do que humas paredes feitas pellos lavradores onde em tempo de guerra punhão huns cancelois e guardas detreminados pello Capitão da ordenança. 26 - Respondendo ao vigessimo sexto não padeceo esta terra ruina alguma no terremoto de 1755 nem nella se ouvio mais do que hum tremor de terra, não sey mais de que possa informar, e dar meo parecer nos interrogatorios da primeira lauda; Emquanto aos da segunda não tenho que responder por esta terra estar situada em hum valle como ja fica dito; E no tocante aos interrogatorios da ultima comclusão; responderey como o lemitado discurço me ditar. I - Respondendo ao primeiro, corre junto a esta terra, hum tiro de bala, hum rio por nome Rio Coa, Consta-me que nasce em

22

3 Respondendo ao terceiro entra no dito Rio Coa junto desta terra distante meia legoa huma ribeira, que tem por nome Ribeira do Boy. 4 - Respondendo ao quarto não he navegavel por não ser necessario, somente tem pontes, e poldras para dar pasagem. 5 - Respondendo ao quinto nasce o tal rio ao nascente, e quando passa junto desta terra corre ao norte. 6 - Respondendo em toda a sua corrente.

ao sexto, o curço do tal rio he arebatado

7 - Respondendo ao septimo he muito fecundo de peixes mas piquenos porque cria barbos, trutas, inguias, bordalos, bogas, xardas, mas a mais abundancia he de barbos, e trutas. 8 - Respondendo ao outavo em todo o anno excepto quando o prohibem as leis do Reino se pesca nelle. 9 - Respondendo, que na materia da pescaria não ha lugar vedado, porem sim he comum para quem quer ser curiozo. 10 - Respondendo ao decimo são cultivadas as margens do rio, ainda, que padecem algum naufragio com as inchentes, he povoado de arvores silvestres, como são amieiros, carvalhos, salgueiros. 11 naturais.

Respondendo

ao undessimo

as agoas do tal rio são

23

12 - Respondendo ao duodécimo (8) não me consta nem consta tenha outro nome senão Rio Coa desde o seo nascente, athe o seo ocaso, que he no Douro. 13 - Respondendo ao decimo tercio tem o tal rio o seo ocaso no Douro junto a Villa Nova de Foscoa segundo as informaçons. 14 - Respondendo ao decimo quarto couza que lhe impida a sua corrente.

não tem o tal rio

15 - Respondendo ao decimo quinto consta-me tem a primeira ponte de cantaria junto a villa do Sabugal, e a segunda junto a villa de Villar Mayor distante quasi huma lego a, que chamão ponte Sequeiros tem a terceira junto a villa de Almeida, praça de armas, cabeça de provincia, e não sey de mais; somente tem varias poldras para passarem, mas com muito trabalho, e mezes sem darem pasajem, succedendo todos os annos inconvinientes, e contratempos, nos pasageiros principalmente em humas poldras, que estão junto a este povo, que tem huma estrada para a vilia de Alfaates, praça de armas, e desta para a cidade da Guarda, pello que hera bem necessario huma ponte neste sitio.

19 - Respondendo ao decimo nono, que este Rio Coa tem principio em o lugar dos Foyos, que dista deste lugar tres para coatro legoas, e dahi segundo informação vem a hum lugar por nome Vai de Espinho, e dahi a vilia do Sabugal, e dahi a Quinta de Sam Bertholameo, e dahi a este lugar da Rapoula de Coa, e daqui a Seyxo de Coa, e dali vay correndo, athe a villa de Almeyda, e os lugares por onde passa desde o Seyxo de Coa athe fenecer no Douro o não sey nem ouve quem mo dissesse, ainda, que eu o procurey, por esta terra não ter homens, que tenhão passado pello rio, ou aredor delle athe a villa de Fos Coa, que he onde este rio fenece, e tem o seo. complemento, e finiliza o seo nome Rio Coa; e por esta maneira me parece tenho respondido ao que se me procura, e se nesta informação faltar alguma couza sustancial o poderão suprir os Superiores a quem em tudo e por tudo me rememeto, e sujeito como subdito obediente; Rapoula

de Coa outo de Mayo de 1758

o Cura Manuel Gonçalves de Maltas

16 - Respondendo ao décimo sexto tem neste lugar, e seos lemites sinco moinhos de tres pedras huns, e outros de duas, que moem todo o anno com as aguas do dito rio excepto os annos de muita secura como foy o de 1756. 17 - Respondendo ao decimo septimo não me consta se tenha tirado ouro, nem prata de suas areas. 18 - Respondendo ao decimo outavo são livres as agoas deste rio somente os donos dos moinhos pagão huma certa penção todos os annos ao Comendador desta comenda.

(8) No manuscrito: duocimo. 24

25

QUINTAS DE S. BARTOLOMEU

(Vai. 30, pág. 105 a 108)

Freguesia das Quintas do Sam Bartholomeo

Satizfazendo à ordem de Sua Excellencia e Reverendissima para cumprimento da ordem de Sua Magestade Fidelissima respondo aos interrogatorios incertos na papeleta junta na forma e maneira seguinte.

I - Fica esta freguezia na provincia da Beira, aro e bispado da cidade da Guarda, comarca de Castello Branco, termo da Villa de Touro. 2 - He de EI Rei por pertencer á Villa de Touro que hé do dito Senhor. 3 - Consta de cem vizinhos, pessoas maiores duzentas e sessenta e seis, menores sessenta e quatro. 4 - Está situada parte ao fundo de hum penhasco e parte em planicie, avista-sse a villa do Sabugual bispado de Lameguo distante meio coarto de leguoa. 5

Tem lemite pequeno,

nam tem luguares nem aldeias.

6 Está a Paroquia dentro da mesma povoaçam qu consta de coatro quintas que sam Quinta do Santo, Red nda, Curral e Barroqual.

7 - O oraguo desta paroquia he o Apostolo Sam Bartholomeo Consta esta igreja de trez altares; o altar mór aonde existe o Santissimo e dois ccllaterais: hum de nossa Senhora do Rozario e outro de Sam Bartholomeo; nam tem naves; tem huma Irmandade do Santo Coraçam de Jesus. 8 - O Paroquo he Cura annual aprezentado pello Viguario da Villa de Touro aonde hé anexa esta igreja tem huma limitada porçam de vinte e quatro faneguas de pam meia das de triguo e seis mil reis em dinheiro que pagua a commenda da dita Villa de Touro e parte que paguam os moradores desta freguezia.

20 - Aqui nam há que notar pois nam há correio servem-çe do da cidade da Guarda que dista coatro leguoas desta povoaçam.

21 - Dista esta povoaçam da cidade capital deste bispado q,ue he a Gua,rda coatro leguoas De Lizboa, capital do reino, sincoenta e seis leguoas. , 22 -. Aqui nam há que notar narn ha privilegios nem a ntiguidades dignas de memoria. 23 - Há nesta povoaçam muitas fontes com agua peremne porem nam tem especialidade alguma só para mitiguar a sede.

9 -

Aqui nam há que notar, nam há Beneficiados.

10

Aqui nam há que notar, nam há conventos.

24

Aqui nam há que notar pois nam hé porto de mar.

11

Aqui nam ha que notar, nam ha hospital.

25

Nam hé murada

12

Aqui nam há que notar,

nam ha casa de Mize-

ricordia. I3 Ordinario.

Ha humaErmidade

. 26 - Aqui nam há que notar pois nam padece o rui na alguma no terremoto do anno de mil e settecentos e sincoenta e sinco.

Sam Miguel, o Anjo, pertence ao

14 - Só se vem a esta ermida em romaria a gente desta freguezia em a segunda Ladainha de Maio.

nem praça de armas.

27 -

Aqui nam há couza alguma que notar.

, Em o que se procura saber da Serra, em todos os interroguatonos desde o primeiro athe o ultimo que sam treze nam tenho que responder.

15 - Os fructos que se colhem nesta terra sam centeio bastante, algum triguo, castanhas bastantes de castanheiros e da India, muito linho gualeguo e pouco vinho.

Emquanto

ao que se procura do Rio respondo.

RIO 16 - Tem Juizes Espadanos villa de Touro.

sujeitos á Justiça ordinaria da

17 - Aqui nam há que notar porque nam he coito nem cabeça de concelho.

. I - Passa perto desta povoaçam o Rio Coa que divide o bispado da Gu~rda do de Lameguo, nasce em os Foyos bispado de Lameguo e Juntamente do bispado da Guarda e dista desta povoaçam trez leguoas.

18 - Desta povoaçam só consta que sahio hum Freire da Ordem de Christo e hum Alferes de Infantaria.

2 - O seu nascimento he moderado e quando passa perto desta povoaçam he caudelozo e corre todo o anno.

19 -

Aqui nam ha que notar pois nam há feiras.

3 - Nam entra nelle rio algum só huma ribeira mesmo lemite a que chamam dos Sorguaçais.

neste

28 9

LOMBA DOS PALHEIROS

4

Nam he naveguavel.

5

He de curso arrebatado

.6

no tempo do Inverno .

Corre do nascente ao norte.

7 Os peixes que cria sam trutas e barbos e outras mais miudagens. 8

He pescavel em todo o tempo primo occupantis.

9

Ja fica dito no interrogatorio

10

Nam ha que notar.

11

Nam tenho que responder

12 Douro.

Sempre

conserva

antecedente.

neste interroguatorio.

o seu nome athe entrar

13

Morre no Rio Douro supra dicto.

14

Nam ha que notar.

no Rio

15 Perto desta povoaçam tem huma ponte de cantaria bem fortificada com hum marco de ferro no meio. 16

Conserva muitos moinhos.

17

Nam ha que notar.

18

Sam as suas aguas pa diguo livres primo occupantis.

19 Desde o seu nascimento athe esta freguesia dista trez leguoas como fica dito. 20 - E nam tenho mais que responder aos interroguatorios contheudos na pa peleta incluza e por verdade passei esta que asignei. Quintas do Sam Bartholomeo

hoje de Mayo 15 de 1758. O Padre Cura Antonio Gonçalves

(Vol. 42, pág. 76)

Lomba dos Palheiros he aldea e parochia do termo da Villa do Touro na commarca da Guarda; o seo povo consta de 51 fogos com 156 almas de sacramento, na matris dedicada a S. Maria Magdalena. O Parocho he Cura apprezentado pelo Vigario da Villa Touro e tem de congrua 7 mil reis alem do pé d'altar.P)

(9) Esta notícia da Lomba dos Palheiros, incluída no livro 42 do Dicionário Geográfico de Portugal, não é uma "memória" subscrita pelo respectivo pároco. Como se disse na introdução, com este 42.° volume e com o 43.°, procurou-se suprir a falta e o eventual extravio de respostas dos párocos. Não há dúvida que Lomba dos Palheiros pertenceu, em tempos, ao termo da Vila do Touro. Mais tarde, ao termo da Sortelha. Agora, ao do Sabugal. Mas ... em 1758? Uma coisa é certa: o autor da "memória" de Vila do Touro não mencionou a Lomba dos Palheiros e, depois de, na resposta ao interrogatório n.v 5 do parágrafo primeiro, referir os lugares e freguesias do termo, acrescentou, expressamente, "e nam tem mais termo". A "memória" escrita pelo Vigário de Sortelha também não inclui a Lomba dos Palheiros no termo da sua vila. A curta notícia sobre a Lomba dos Palheiros aparece no 42.° volume e, por isso, a publicámos tal como aí se encontra. Mas, afinal, no livro 19 do Dicionário Geográfico de Portugal (Memórias Paroquiais de 1758) aparece a "memória" da Lomba, feita pelo seu Cura. Situa a freguesia no termo da cidade da Guarda, embora o Cura seja apresentado pelo Vigário de Vila do Touro e a igreja da Lomba seja anexa da matris de Vila do Touro. Neste contexto transcrevemos a "memória". LUGAR DA LOMBA E SUA FREGUESIA 1.0 - Está na provincia da Beira Alta pertence ao bispado, e comarqua, e termo da cidade da Guoarda, e he freguezia sobre si.

31

30

He de EL Rey.

agoas se incaminham à Ribeira do Boy que corre para o nascente, e por verdade este fis e assinei hoje de Maio 6 de 1758.

3.° Tem quarenta e seis vizinhos, e sam cento e sinco pessoas maiores, e vinte e coatro menores, e absentes.

O Padre Cura Joam Cardozo Ribeiro

4.° - Está situada à face de hum monte ou serro alto que a incobre pella parte do poente discobre-sse della a Villa do Touro que dista huma legoa. 5.° - Nam tem termo seu porque he do termo da cidade da Goarda, nem luguares, nem aldeias. 6.° - A parrochia está no meio do lugar ao lado do norte, nam tem mais freguesia que o proprio luguar. 7.° - O seu orágo he o Divino Spirito Santo, tem dous altares, o maior aonde está coloquado o Santissimo Sacramento e hum colatral que tem a imagem de Santa Bárbara e daonde esta ereta a Irmandade das Almas. 8.° - O Parrocho he Cura, e he apresentado pelo Viguário da Vila do Touro donde he anexa esta igreja, tem de porsam e rendimento o Parrocho sincoenta, e coatro alqueires de trigo, douse o mais de centeio, e sete mil réis em dinheiro que isto paguam os moradores. 9.° - Neste interrogatorio 12, nem do 13, nem 14.

16.° - Nam tem luis Ordinario, tem luis Piqueno que está sugeito ao luis de Fora da cidade da Guoarda.

20.° legoas.

VILA DO TOURO Parochia Nossa Senhora da Assumpção

Fógos 242

.

Almas 559

nam ha que dizer, nem do 10, nem do 11, nem do

15.° - Os frutos desta terra o centeio he o de maior abundancia, algum trigo e vinho, e linho mas de tudo pouco.

17.°

Cinquenta anos antes, o Padre António Carvalho da Costa (Corografia Portuguesa, Tomo 11, Lisboa, 1708, pág. 400) escrevia: «A Villa do Touro fica duas legoas ao Nascente de Sortelha, e doze de Castello Branco para o Norte, está em hum tezo: EI Rey D. Manoellhe deo foral, tem 270 visinhos com huma Parroquia, Vigayraria da Coroa, Casa de Misericordia, e quatro Ermidas. O seu termo he fertil de pão, linhos, gados, caça e tem muitas colmeas com estes lugares, S. Bertholarneu com duas Ermidas, Rapoula de Coa, e Lomba dos Palheiros, que habitão 200 visinhos, todas curados, que apresenta o Vigario da Igreja Matriz da Villa.» Também numa lista entregue, em 1732, pelo Marquês de Abrantes, a D. Luís Caetano de Lima para publicação na sua Geografia Histórica (Tomo 11, Lisboa, 1736, pág. 642) figuram as paróquias de Vila do Touro.

Deste nam tenho que dizer, nem do 18 nem do 19. Nam tem correio, serve-sse do correio da Goarda de que dista tres

21.° - Dista da cidade capital do bispado que he a Goarda tres legoas e de Lisboa capital do Reyno sincoenta legoas pouco mais ou menos. 22.°

Deste nam tenho que dizer, nem do 23, nem do 24, nem 25.

26.°

Nam padeceo esta terra ruina no terremoto de 1755.

TERMO

DA VILLA DE TOURO

Parochias S. Bartholomeu Santa Maria Magdalena de Rapoula da Lomba dos Palheiros

. . .

Fógos 84 53 51 188

Almas 309 134 156 599

No Portugal Sacro-Profano referido na introdução, Paulo Dias de Niza (pseudónimo, segundo se diz, do Padre Luis Cardoso) pouco mais adianta: Lomba, freguezia no Bispado da Guarda, tem por orago o Espírito Santo, o Paroco he Cura da apresentação do Vigario da Vilia do Touro; tem 7.000 reis de congrua, e o que rende o pé de altar: dista de Lisboa 50 léguas e da Guarda 3; tem 46 vizinhos. Isto ajudará a compreender próximos.

a situação em 1758 e nos anos anteriores

mais

27.° Nam ha mais de que possa dar conta desta freguezia somente dizer que nam paga dizimo dos frutos de des hum, mas sim pagua trezentos e vinte alqueires de centeio à Comenda da Villa do Touro e nestes entram os dizimos e permissas. Nam tem serra de que se dê conta. Nem rio. So nasce alguma agoa dentro do lemite que fas hum piqueno regato que logo se ajunta a huma ribeira piquena que vem de Agoas Bellas e todas estas

32

33

Bibliografia

A -

Fontes manuscritas

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Dicionário Geográfico de Portugal, Vols. 30, 31, 40, 42 e 44. Biblioteca Municipal do Sabugal, Livros de Actas da Câmara do Sabugal e Livros de Actas da Câmara de Vila do Touro. B-

Fontes impressas

Ambrósio, Padre Dr. António - Memória Histórica de Vila do Touro, em«A Guarda», 17-4-87 e 24-4-1987. Azevedo, Pedro de - O Dicionário Geographico do Padre Luis Cardoso, em «Arqueologo Português», Vol I, Lisboa, 1985. Baião, António - Prólogo dos livros Megasismo do 1.° de Novembro de 1755 em Portugal, e Terremoto do l.r de Novembro em Portugal, de Francisco Luis Pereira de Sousa (Lisboa, 1915 e 1919). Cardoso, Padre Luis - Diccionario Lisboa 1747 e Tomo II, Lisboa, 1751.

Geografico, Tomo I,

Chorão, Maria José Mexia Bigotte, Inquéritos promovidos pela Coroa no Século XVII/, em «Revista de História Económica e Social», n.> 21, Setembro/ Dezembro, Lisboa, 1987. 35

Co/leçam de Documentos Estatutos e Memorias da Academia Real de Historia Portuguesa, Lisboa, 1727, Vol L Correia, Joaquim Manuel, Terras de Riba Coa rias sobre o Concelho do Sabugal, Lisboa, 1946.

Índice

Memó-

Costa, Padre António Carvalho da, Corografia Portuguesa, Tomo lI, Lisboa, 1708. Madahil, A.G. da Rocha, Novas fontes da historia local portuguesa - As informações paroquiais pedidas pela Academia Real de Historia em 1721, em «Biblos», Vol. X, Coimbra, 1934. Niza, Paulo Dias de, Portugal Sacro- Profano, Lisboa, 17671768. Portugal, Fernando e Alfredo Matos, Lisboa em 1758 Memórias Paroquiaist ) de Lisboa, Lisboa, 1974. Rodrigues, Adriano Vasco, O despotismo e a Igreja Cartas régias para o Bispo da Guarda na época pombalina, Vila Nova de Famalicão, 1981.

Página

.

Introdução

.

.................................. Coa ................................

7

Vila de Touro

15

Rapoula

19

do

Quintas de S. Barto1omeu

........................

............................ ....................................

27

Lomba dos Palheiros

31

Bibliografia

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37 36

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