O Concelho de Vilar Maior em 1758 - Memórias Paroquias

June 14, 2017 | Autor: Carlos Jorge | Categoria: Historia Política y Social Siglos XVIII-XIX, Siglo XVIII, Historia Local, Municipalismo
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CARWS

HENRIQUE GONÇALVES JORGE

o CONCELHO DE VILAR MAIOR EM 1758 MEMOffiASPAROQUUVS

Edição da ASSOCIAÇÃO

RECREATIVA

E CULTURAL DOS FORCALHOS

1991

INTRODUÇÃO

Com o patrocínio da Associação Recreativa e Cultural dos Forcalhos, propusemo-nos publicar as "memórias" escritas, em 1758, pelos responsáveis das paróquias que, actualmente, se localizam na área do concelho do Sabugal. Este município era bem menor em meados do século XVIII.

As reformas administrativas do liberalismo, iniciadas com Mousinho da Silveira, conduziram à extínção de muitos concelhos. Em 1836, por Decreto de 6 de Novembro, o concelho de Vila do Touro foi integrado no do Sabugal. Esse mesmo Decreto extinguiu o concelho de Alfaiates que foi absorvido pelo de Vilar Maior. A nova divisão não foi muito duradoura porque, logo em 1855, um Decreto de 24 de Outubro suprimiu os concelhos de Castelo Mendo, Sortelha e Vilar Maior e incorporou-os no do Sabugal. Depois de outras alterações de menor amplitude, o concelho do Sabugal ficou constituído por quarenta freguesias: Águas Belas, Aldeia do Bispo, Aldeia da Ponte, Aldeia da Ribeira, Aldeia de Santo António, Aldeia Velha, Alfaiates, Badamalos, Baraçal, Bendada, Bismula, Casteleiro, Cerdeira, Fóíos, Forcalhos, Lageosa, Lomba, Malcata, Moita, Nave, Penalobo, Pousafoles, Quadrazais, Quintas de S. Bartolomeu, Rapoula, Rebolosa, Rendo, Ruívós, Ruvína. Sabugal, Santo Estevão, Seixo do Coa, Sortelha, Souto, Vale das Éguas, Vale de Espinho, Valongo, Vila Boa, Vila do Touro e Vilar Maior. 7

Das alterações entretanto ocorridas salientamos, apenas, que, por carta de Lei de 1 de Março de 1883, transitaram, do concelho do Sabugal para o de Almeída, as freguesias de Malhada Sorda e de Nave de Haver. Esta última, com o lugar de Poço Velho.

* * * Em que contexto aparecem estas memórias paroquíaí tão preciosas para o estudo da história local? No século XVIII realizaram-se vários inquéritos de ãmbíto nacional. Um deles, no ano de 1758, destinou-se elaboração de um Dicionário Geográfico do país. O projecto não era novo. Iniciara-se com um inquérito semelhante levado a efeito em 1732. Com base nas respostas, o Padre Luís Cardoso, da Congregação do Oratório, chegou a ter o trabalho bastante adiantado, embora conseguisse, apenas, ver publicados dois volumes: um em 1747, com a letra A; outro, em 1751, com as letras B e c. (1) O terramoto de 1755 veio interromper o desenvolvimento do plano por ter destruido a maior parte do material recolhido. Por estas razões, em 1758, retomou-se a iniciativa, com um novo inquérito enviado aos párocos do país que constituiam uma apertada rede conhecedora das realidades locais. Os párocos procuraram, na generalidade, responder, em tempo oportuno, aos "interrogatórios" que, por ordem régia, a Secretaria de Estado dos Negócios do Reino lhes fez chegar através dos respectivos prelados. à

* * * Começámos por transcrever algumas memórias, a partir de Janeiro de 1984, no jornalzíto da Associação. Organizámos, em 1989, um caderno com as memórias das freguesias do extinto concelho de Alfaiates cujo termo, em 1758, era composto, além da vila, por Aldeia da Ponte, Forcalhos e Rebolosa. Seguiu-se outra pequena publicação com as freguesias do antigo concelho de Vila do Touro. Nela se incluiram as memórias de Vila do Touro, Quintas de S. Bartolomeu, Rapoula e Lomba dos Palheiros. Continuámos com as memórias do concelho do Sabugal que tinha, dentro da vila, a freguesia de Nossa Senhora do Castelo e a de S. João e, fora dela, as de Aldeia do Bispo, Aldeia Velha, Fóíos, Lageosa, Nave, Quadrazais, Rutvós, Ruvína, Souto, Vale das Éguas, Vale de Espinho, Valongo e Vila Boa. Tínhamos prontas, há bastante tempo, as memórias do concelho de Vilar Maior, com as paróquias de Aldeia da Ribeira, Badamalos, Bísmula, Malhada Sorda, Nave de Haver, Poço Velho e Vilar Maior. E preparadas, para mais tarde, estão as do termo de Sortelha.

* * * É bastante desigual o mérito do que escreveu cada um dos eclesiásticos. O de Vilar Maior, como bem observou o P. Dr. António Ambrósio, foi muito pobre. Ignorou, quase por completo, a rica história da sua antíquíssíma vila, ao contrário do que fizeram os seus colegas de Alfaiates e do Sabugal. 8

Devido idade ou doença, o P. Luís Cardoso já não conseguiu dar corpo ideia inicial. Segundo se diz, apenas utilizou o vasto material que lhe foi entregue para, sob o pseudónimo de Paulo Dias de Níza, escrever uma obra de menor alcance: o Portugal. Sacro-Profano. Após a sua morte as respostas dos párocos conservaram-se no Convento das Necessidades, em Lisboa. Mais tarde, depois de se terem extraviado algumas, reuniu-se o conjunto em quarenta e um volumes. Para suprir as faltas de cerca de quinhentas freguesias, organizaram-se, com recurà

à

à

(1) Nestes dois volumes figuram Aldeia da Ribeira, Badamalos (escrito, por erro, Badamalhos) e Bismula. 9

so a fontes impressas e manuscritas disponíveis, mais dois volumes de suplemento. Nestes se inclui a Malhada Sorda. Aos quarenta e três volumes juntou-se mais um outro de Índices, com um prólogo em que se faz uma pequena história desta colecção a que foi dado o nome de Dicionário Geográfico de Portugal. O conjunto destes documentos é também conhecido simplesmente, pela designação de Memórias Paroquiais d~ 1758 e encontra-se, actualmente, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. . _ Para salvaguarda dos originais, muito procurados, não e, agora, permitida a consulta directa. Apenas é facultado ao público, o respectivo microfilme. ' A leitura é, geralmente, fácil. Poderíamos utilizar outros critérios de .tra~scrição mas, dadas as finalidades desta pequena publicação, alteramos algumas maiúsculas e minúsculas e, num ou noutro lugar, a pontuação. Actualizamos o uso do u, do v, do i e do j. Desenvolvemos as abreviaturas. Separamos palavras com recurso ao hifen e ao apóstrofo.

* * * Para melhor se compreenderem as respostas dos párocos, publicamos o Prólogo do 44.º volume que contém os "ínterrogatórtos" a que obedecem as respostas.

PRÓLOGO 1 - O Dicionário Geográphico do Reino de Portugal, que o erudito e infatigável P. Luís Cardoso, da Congregação do Oratórío de Lisboa, tinha composto sobre as memórias, que os Parochos do Reino enviarão, por ordem superior, à Secretaria d'Estado, perdeo-se miseravelmente nas ruínas do Terremoto de 1755, escapando, apenas, as letras A B C d? p~m~iro, e segundo volumes, por estarem já impressos e dístríbuidos por partes aonde não chegou o estrago. 10

2 - A simples leitura destes volumes, que restão, basta para convencer os verdadeiros Portuguezes, quero dizer, os amantes da gloria e da Patría de que a perda dos que faltão foi grande, e irreparável, e o seria muito mais, se o Author, apezar de ser já avançado em annos, não concebera o projecto de refundir a sua obra, adicionando-a com a relação dos estragos, e catástrofe, que acaba de mudar a face de todo o Reino. 3 - Com este fim pedio novamente, instou, e conseguiu da Secretaria do grande e respeitável Sebastião José de Carvalho ordem para que todos os Parochos do Reino enviassem novas descripções das suas freguezías com aquellas escrupulosas, e circunstanciadas miudezas, que mais abaixo constarão da cópia dos interrogatórios que, impressos, lhes forão enviados, com o preceito de responderem. Preceito que a maior parte dos Parochos cumprirão no mesmo anno de 1758, em que lhes foi intimado; não quis porém o P. Cardoso approveitar-se destas Participações. 4 - Não quis, ou não pôde: porque as enfermidades, ou a velhice, ou o presentimento da morte, ou tudo juncto fês, que o P. cardoso olhasse como impossível a execução do seo Projecto: e assim, por sua morte, em 1769, ficarão em montão confuso, mas bem guardado. todas as "Descrípções" que lhe tinham sido enviadas: guardados até agora, em que hum P'. da mesma Congregação do Oratórío, e Casa das Necessidades, zeloso da utilidade e instrucção públicas. as fês arranjar em forma de "Díccíonárto" e mandou encadernar em 44 volumes de Fólío, incluso este Índice. para na Bibliotheca da mesma Casa estarem patentes à instrução, utilidade e curiosidade Portuguezas. 5 - De todos os 43 volumes, todos com o título - "Díccionário Geográfico de Portugal", se extrahio o prezente "Índice Geográfico" para facilitar a invenção de qualquer cidade. villa, concelho. ou aldeia paroquial, devendo advertir-se, que. havendo sido. apezar de bem guardadas; havendo sido desvairadas mais de 500 descripções. foi necessário. para 11

completar a obra supprir com a leitura estas faltas: supplemento que, certamente, não há-de satisfazer a muitos leitores; mas na sua mão está emmendarem, e corrigirem, escrevendo, quantas faltas em excessos se acharem, maxíme nos supplementos, ou volumes 42 e 43.

10. Se tem conventos, e de que religiosos, ou religiosas, e quem são os seus padroeiros? Q -

11. Q

tem?

§ 1.

Q -

O que se procura saber desta terra é o seguinte:

Venha tudo escripto em letra legível, e sem breves. Q

-

Q -

14. Se acodem a ellas romagens sempre, ou em alguns dias do ano, e quaes são estes?

2. prezente? -

Se he deI Rei, ou de donatario, e quem o he ao

3.

Quantos vizinhos tem, e o número das pessoas?

-

-

16. Se tem Juis ordinário e Cãmara; ou se está sujeita ao governo das justíssas de outra terra, e qual he esta? Q

Q

-

15. Quais são os fructos da terra, que os moradores recolhem com maior abundãncia. Q

Q

-

13. Se tem algumas ermidas, e de que sanctos: e se estão dentro ou fora do lugar, e a quem pertencem? Q

1. Em que província fica? a que bispado, comarca, termo e freguesia pertence?

e que renda

12. Se tem casa de Misericórdia, e qual foi a sua origem, e que renda tem? e o que houver de notável em qualquer destas cousas. Q

6 - De resto, damos a copia dos "Interrogatorios" conforme aos que se achão feitas as respostas e são do theor seguinte:

Se tem hospital; quem o administra,

-

.

17. Q

-

Se é couto, cabeça de concelho, honra ou behe-

Se está situada em campina, valle ou monte, e que povoações se descobrem della, e quanto dista?

tría?

5. Se tem termo seo; que lugares, ou aldeas comprehende, como se chamam; e quantos vizinhos tem?

18. Se há memoria de que florescessem, ou dela saíssem alguns homens insignes na virtude, letras ou armas?

6. Se a parochia está fora do lugar, ou entro delle? e quantos lugares ou aldeas tem a freguezia, e todos pelos seus nomes?

19. Se tem feira, e em que dias, e quantos dura, e se he franca ou captiva?

7. Qual é o seo orago: quantos altares tem, e de que sanctos; quantas naves tem; se tem irmandades, quantas e de que Sanctos?

20. Se tem correio, e em que dias da semana chega, e parte?, e se o não tem de que correio se serve, e quanto dista da terra aonde elle chega?

8. Se o parocho é cura, vígarío, ou reitor, ou prior, ou abbade, e de que apprezentação he, e que renda tem?

21. Quanto dista da Cidade capital do bispado, quanto de Lisboa, capital do Reino?

9. Se tem beneficiados; que renda tem; e quem os apprezenta?

22. Se tem alguns privilégios, antiguidades, tras couzas dignas de memoria.

4. Q

-

Q

-

Q

-

Q

12

Q

-

-

Q

Q

-

-

-

Q

Q

-

-

Q

Q

-

-

e

ou ou-

13

23.2- Se há na terra, ou perto della, alguma fonte, ou laoa celebre, e se as suas águas tem alguma especial virtude.

8.º - De que plantas ou hervas medicinais he a serra povoada e se se cultiva em algumas partes; e de que género de frutos he mais abundante?

24. º - Se for porto de mar, descreva-se sítio, que tem por arte ou por natureza; as embarcações, que a frequentão, e que pode adrníttír?

9.º - Se há na serra alguns mosteiros, Igrejas de romagem, ou imagens milagrosas? 10. º

25.º - Se a terra for murada, diga-se a qualidade de seos muros; se for Praça de armas descreva-se a fortificação; se há nella, ou no seu dístrícto algum castello, ou torre antiga, e em que estado se acha ao presente? 26.º - Se padeceo alguma ruína no Terremoto de 1755, e em quê; e se está reparada? 27.º - E tudo mais, que houver digno de memoría, de que não faça menção o presente interrogatório. § 2.º -

1.º

-

O que se procura saber dessa serra é o seguinte: Como se chama?

2.º - Quantas léguas tem de comprimento, e quantas de llargura, aonde principia, e acaba?

-

A qualidade do seo temperamento?

11.º - Se há nela criação de gados ou de outros animais, ou caça? 12. º

-

Se tem alguma lagoa, ou fojos notaveis?

13. º

-

E tudo o mais, que houver digno de memória?

§ 3.º seguinte:

1.º nasce?

-

O que se procura saber do rio dessa terra é o

Como se chama, assim o rio, como o sítio onde

2.º -

Se nasce logo caudaloso, e se corre todo o anno?

3.º -

Que outros rios entrão nelle, e em que sítio?

4.º -

Se he navegável, e de que embarcações é capás?

3.º - Os nomes dos príncípaes braços della? 4. º - Que rios nascem dentro de seo sítio, e algumas propriedades mais notaveis delles: as partes para onde correm; e onde fenecem? 5.º - Que villas e lugares estão assim na serra, como ao longo della? 6. º - Se há no seo dístrícto algumas fontes de propriedades raras? 7. º - Se ha na serra minas de metaes, ou canteiras de pedras ou de outros materiaes de estimação? 14

5.º - Se he de curso arrebatado, ou quieto com toda a sua dístãncía, ou em alguma parte della? 6.º - Se corre de norte para sul; se de poente a nascente; se de sul ao norte, ou de nascente a ponte. 7. º - Se cria peixes, e de que espécie são os que trás em maior abundância? 8. º

-

Se há nelle pescarias; e em que tempo do anno?

9.º - Se as pescarias são livres, ou de algum senhor particular em todo o rio, ou em alguma parte delle? 15

10.º - Se se cultívão as suas margens; e se tem muito arvoredo de fructo, ou silvestre? 11. º

ALDEIA DA RmEIRA

- Se tem alguma virtude particular as suas aguas?

12.º - Se conserva sempre o mesmo nome, ou o começa a ter diferente em algumas partes; e como se chamão estas; ou se ha memoría. de que, em outro tempo, tivesse outro nome? 13.º - Se morre no mar, ou em outro rio; e como se chama este, e o sítio em que entra nelle? 14.º - Se tem alguma cachoeira, represa, levada, ou açudes que lhe embaracem o ser navegavel? 15.º - Se tem pontes de cantaria, e em que sítio.

ou de páo: quantas,

16.º - Se tem moinhos, lagares de azeite, pízões, noras, ou algum outro engenho? 17. º - Se em algum tempo, ou no presente, se tirou ou tira ouro de suas are as? 18.º - Se os povos usam livremente as suas aguas para a cultura dos campos, ou com alguma pensão? 19.º - Quantas leguas tem o rio; e as povoações por onde passa desde o seo nascimento até onde acaba? 20.º terrogatório.

E qualquer cousa notável. que não vá neste in-

(Vol. 2, paqinas 227 a 229)

Em comprimento de huma ordem que me foi aprezentada do Excelentissimo e Reverendissimo Senhor Bispo de Lamego, para responder aos itens do folheto junto, respondo o seguinte 1 - Primeiramente esta freguesia consta de dois lugares que sam Aldeia da Ribeira, e Escabralhado, que ambos sam governados por hu só Cura que alternativamente dís missa em ambos, isto he que hum domingo dís missa em hum. e outro em otro lugar, e em ambos administra (1) os sacramentos; fica esta freguesia na província da Beira, bispado de Lamego, comarqua de Pinhel em Cima Coa, termo da villa de Villar Maior. 2 - Nam se conhece aqui donatario algum mais que a El Rei Nosso Senhor. 3 - Tem a Aldeia da Ribeira setenta e cinco vizinhos (2) e o Escabralhado vinte e outo. que todos fazem o numero de cento e tres vezínhos, e ambos os lugares tem duzentas e setenta e outo pessoas de sacramento e quarenta menores. 4 - Aldeia da Ribeira está cituada em huma costa entre algumas penhas e pedras, fazendo cara ao meio dia, e dela se nam descobre povoaçam alguma; 1) No original: admistra. 2) Vizinho e morador significam, nestas memórias, fogo, unidade familiar. Em algumas delas aparecem termos ou expressões como lume (Fóios) ou, ainda, casas onde se acende lume. 17

16

o Escabralhado fica em distancia de hu quarto de legoa para o meio dia. fica em terra asente, e delle se nam descobre povoaçam alguma. 5 - Sam estes dois lugares nos termos e folhas unidos com a villa de Villar Maior. 6 - Aldeia da Ribeira tem a Igreja Parochial ao fundo do lugar que fica para o meio dia. e o Escabralhado a hum lado que fica para a parte do nascente. 7 - O orago de Aldeia da Ribeira he Sam Pedro e tem a igreja mais dois altares. da parte direita tem o Divino Espíríto Santo e da parte esquerda Nossa Senhora da Conceiçam. O orago do Escabralhado he Sam Joam Batista. tambem tem mais dois altares. da parte direita Sam Sebastiam e da esquerda Nossa Senhora do Rozarío, e só no lugar de Aldeia da Ribeira ha huma (1) irmandade no altar do Espírito Santo. 8 - O Parocho he Cura anoal aprezentado pello Vígarío de Víllar Maior. 9 - Tem de renda trinta e dois alqueires de trigo. e outenta e outo alqueires de centeio. e coatro mil e outocentos em dínheíró. E daqui the o decimo quinto item nam tenho que dizer. 15 - Os frutos desta freguesia sam pam de centeio. algum trigo mas pouco. e alguma cevada mas pouca. vinho índa menos. recolhem tambem algum linho quanto baste para a terra. criamsse alguns gados mas em pouca quantidade.

E the o vinte e hum nam tenho que dizer 21 - Dista esta freguesia à cidade de Lamego viu! goas; e à de Lixboa sessenta. E na primeira instancia nam tenho mais que dizer. Nem na segunda ínstancía tenho que dizer. Na terceira 1 - Somente entre estes dois lugares passa huma ribeirinha que ordinariamente só corre no inverno e quando muito the o fim de Junho. nace daqui tres ou coatro legoas. junto a hum lugar que chamam Aldeia Velha. das suas agoas (1) se aproveitam os moradores de Aldeia da Ribeira para regarem os seos linhos. Corre do nacente para o poente. e daqui huma legoa se mete em o Rio Coa. por baixo da villa de Villar Maior. Tambem tem seos moinhos de pam que so moem de inverno. nam tem nome particular. nam cria pescados de que se faça mençam. Isto he o que e de que posso dar relaçam. E por nam ter mais que dizer passei a prezente asígneí.

que

12 de Maio de 1758

o Padre Cura Antonio Ferreiro:

16 - Ambos estes dois lugares tem seu Juis da Vara ou Espadano e sam governados pella justiça da villa de Villar Maior.

1) Na orígínal: hum.

18

1) Na orígínal: sua água.. 19

BADAMALOS

(VoL 38, pàqmas

1 a 3)

Em cumprimento do Edital do muito Reverendo Senhor Doutor Provizor deste bispado de Lamego, do que se procura saber da freguezia de Vadamallos Riba Coa deste dito bispado de Lamego, dos ínterrogatortos manados da Secretaria do Estado, o que sei desta derra he o seguinte. 1 - Fica esta terra na provincia da Beira Alta, bispado de Lamego, comarca de Pinhel, termo, e anexa da villa de Villar Mayor, e dista da raya de Castella legoa e meia. 2 - Esta terra he de Sua Real Magestade, e para ella pagua todos os annos seiscentos, e vinte, e quatro alqueires de centeio, doze gualinhas, e doze adeítos de linho perpetuos que em algum tempo héra este foro do Marquês de Castello Rodrígo. 3 - Esta terra tem sesenta e seis vezinhos com huma quinta, que chamam do Carvalhal, que dista desta terra hum quarto de legoa, e tem pessoas mayores cento, e sesenta, e quatro; e menores vinte, e sínco. 4 - Esta terra está situada em huma barreira volta para o poente, e della se descobre o lugar do Seixo de Coa, bispado da cidade da Guarda, e dista desta huma Iegoa, e passa de premeio hum rio que chamam Coa, adonde tem huma ponte que chamam a Ponte Sequeiros toda de cantaria, e muito bem segura e mais se descobre desta terra huma quinta que chamam Arifana da freguezía de Malhada Sorda que dista hum quarto de legoa. 21

5-

Nam tem esta terra termo.

6 - A Igreja Parrochial está dentro da freguezia junto ao cimo com duas portas, huma volta para o ponte, que he a principal, e outra travessa volta para o sul. 7 - He orago desta freguezía o Senhor São Bartholomeu e tem tres altares: o altar mor, hum da Senhora do Rozario, e outro do Menino Deus; tem huma irmandade que he o seu padruheiro o Senhor São Bartholomeu. 8 - O Parrocho he Cura da aprezentaçam do Víguarto da villa de Villar Mayor, e tem de congrua, ou rendas, cento, e vinte alqueires de centeio, tres alqueires de trigo e dois almudes de vinho, e dois mil reis em dinheiro. 9 - Nam tem Beneficiados 10 -

Nam tem conventos, hospital, nem Miziricordia.

18- Nam ha memoria de que florececem, ou della sahissem alguns homens insignes em virtudes, letras, ou armas. 19 - Nam tem feira. 20 - Nam tem correyo, porem serve-sse do correyo da cidade da Guarda que dista desta terra quatro legoas. 21- Dista esta terra da cidade capital do bispado vinte legoas, e da cidade capital do reyno Lisboa sesenta legoas pouco mais ou menos. 22 - Tem esta terra hum privilegio desde o tempo de El Rey Dom Duarte, confirmado por El Rey Dom Pedro, e Dom Joam para nella se nam fazerem soldados nem serem os moradores opremidos em couza alguma contra sua vontade, menos na síza para Sua Real Magestade, e quatro, e meio por cento.

1123- Nada 1213 - Tem huma capella que chamam de São Marcos na Quinta do Carvalhal que dista desta freguezía hum quarto de legoa, e pertence a esta freguezia de Vadamallos. 14 - Em dia de São Marcos todos os annos vem em romaria a freguezía de Villar Mayor, e a da Bismula com suas cruzes. 15 - Os frutos desta terra a mayor abundancia centeio, algum trigo, vinho, e linho.

sam de

16 - Está esta terra sugeíta à justiça de Villar Mayor, nam tem Camera, nem Juis Ordinario, somente tem Juis de Vintena. 17 behetria. 22

Nam he couto, cabeça de concelho, honrra nem

24 - Nam tem porto de mar. 25 - Nam tem esta terra muros, tem duas atalayas, e huma dellas tem misto hum forte de parede de alvanaria, e nam padeceu ruína no terremoto de 1755. 2627 - E nam sei nada mais dos interrogatorios acima. Nam tem esta terra serra Nos lemites desta terra nam nasce rio algum, porem passa junto a ella o Rio Coa, hum quarto de meia legoa: e nasce este rio nos lemites do lugar dos Foyos, e nam sei como chamam o sitio donde elle nasce, de que dará noticia o Reverendo Parrocho da mesma terra, e cria peixes, a mayor 23

abundancia sam barbos bogas e algumas trutas, Tem este rio a sua corrente do sul para o norte. E nam sei mais dos ínterrogatoríos. lhete manado da Secretaria do Estado.

e ínguías.

contehudos

BISMULA

no bi(VoL 7, págÚlas 865 a 867)

Vadamallos de Junho 3 de 1758

oeura Antonio Monteiro Manstnho

Resposta aos interrogatorios induzos Esta freguezía da Bismulla fica na provincia de Almeyda, bispado de Lamego, comarca de Pinhel, e Castello Branco por ser de malham, que parte por meyo da igreja e freguezia a comarca, e termo de Villar Mayor, e Sabugal, (1) he freguezía de Nossa Senhora do Rozarío he anexa por apprezentaçam annual da Matrís de Villar Mayor: tem noventa, e seis vizinhos; pessoas maiores duzentas, e quarenta; e menores cinquenta, e duas; está situada em campina, e della de descobrem varias terras; como he a Cidade da Goarda, que dista cínquo legoas: Ruivós, que dista meia legoa: Rifana outra meia; Escarbalhado outra meia; e outras mais distantes cujos nomes ignoro; 1) Raza terá sido nome antigo da Bismula (Joaquim Manuel Correia, Terras de Riba-Coa - Memórias sobre o Concelho do Sabugal, págs. 171 e 172; J. Pinharanda Gomes, História da Diocese da Guarda, pág. 95). Raza aparece ainda, em 1758, nas memórias das duas freguesias da vila do Sabugal como lugar compreendido no termo do concelho. O topónimo mantém-se, na actualidade, ligado a terrenos situados a poente da povoação como nos confirmaram "ín loco" e como se pode ver nas cartas corográfícas do exército. Não há dúvida de que, em 1758, a freguesia pertencia ao termo de Vílar Maior e, em parte, ao do Sabugal. É o próprio pároco que, com conhecimento de causa, no-lo assevera. E a divisão era assinalada por malhões. Sobre este assunto pode ver-se, também, a Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 39, pág. 54.

24

25

nam tem termo por ser anexa às duas villas, Villar Mayor e Sabugual; orago de Nossa Senhora do Rozario; tem tres altares: o mayor do Santisimo, e hum de Sam Sebastiam, e outro collatral de Santo Menino; tem huma Ermandade de Sam Sebastiam; e o seu Parocho he Cura annual, que apprezenta o Vígarío de Villar Mayor; tem de congrua des faneguas de trigo, e cinquo de centeyo; e dous almudes de vinho; e quatro mil, e outocentos em dinheiro; tem duas ermidas fora do luguar: huma de Santa Barbora, outra de Santa Arma; pertencem ao povo, e de esmolas se sustentam suas fabricas; poucas romagens acodem a ellas;

nam nacem nella rios somente passam duas ribeiras por estes lemites, que nascem nas estremaduras de Castella, e entram no Rio Coa, nam tem pontes de pedra fundamental somente huns pontois de madeira, com pouco fundamento pellas quais ribeiras passam duas estradas reais para alfandegua de Villar Mayor; no porto do Sabugal: e ~e Belluis, aonde se necesita bem de pontes de cantana; pOIS em tempo de enchentes se nam pode passar, os quais duas ribeiras teram de distancia duas legoas, as quais se chamam, hua Ribeira da Bismulla, outra Ribeira de Alfayates; nam produzem peixes mais que huns bordallos; e secam-se no vrarn: as quais tem no tempo do inverno moinhos de moer

os frutos que esta terra produs suficientemente pam, centeio; e algum vinho, e linho, e guados:

he

pam;

sugeítos aos Juizes

e dellas sahem regadeiras de levar agoa para reguar os campos livremente;

Nam he couto mas sim reguengo foreiro de Sua Mages-

E nam tenho que dizer aos mais interroguatorios; o que fis na verdade; hoje, de Abril 10 de 1758, no lugar da Bis-

tem Juizes Píquenos ou Espadanos, Ordinarios de Villar Mayor;

tade;

mulla serve-se do correyo da cidade da Goarda;

dista dezoito legoas ou vinte a cidade capital de Lamego, e sesenta legoas, pouco mais ou menos a cidade capital do reino, Lisboa;

o Cura Antonio de AIfonseca

nam tem antiguidades dignas de memoria somente hum reducto demollido com sua atalaya de redor da igreja, que servia de refugio do tempo de gerra; nam padeceo mina no terremoto de 1755. Somente no anno proximo passado todos os fructos padecerão grande estrago de huma tempestade de saraiva; e agoas, Nam he serra de nome ainda que campina; 27 26

MALHADA SORDA

(Voz. 42, página 81)

Malhada Sorda: he aldea, e Parochia do termo da villa de Villar Mayor na commarca de Trancoso (1) o seo povo consta de 210 fogos com 907 almas na matris dedicada ao Arcanjo São Míguel. A Malhada Sorda pertencia, em 1758, à comarca de Pinhel. Só mais tarde fez parte da comarca de Trancoso. Este pequeno resumo, incluído no volume 42 do "Dicionário Geográfico de Portugal" existente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, não é uma "memória". As pequenas notícias que constam deste volume destinam-se a suprir falhas devidas a possíveis extravios de "memórias" ou a alguma eventual falta de resposta aos "interrogatórios" do inquérito de 1758. É de presumir que o responsável pela paróquia tenha respondido aos questionários do inquérito e que, lamentavelmente, a resposta se tenha perdido. Mas - o que é de estranhar - a Malhada Sorda não vem descrita no "Portugal Sacro-Profano" de Paulo Dias de Niza. Pensa-se que Paulo Dias de Niza é pseudónimo usado pelo Padre Luís Cardoso, autor da obra. Na sua elaboração terá utilizado o material do inquérito de 1758. Sendo assim, seria lógico concluir que ele próprio não chegou a dispor da "memória" da Malhada Sorda. O Vigário de Vilar Maior residia, em 1758, na Malhada Sorda, simples anexa, e mantinha o Cura Francisco Antunes frente da Paróquia da vila. Foi este Cura que redigiu a "memória" de Vilar Maior. Há uma razoável diferença (50) entre os fogos indicados pelo Cura Francisco Antunes (260) e os fogos atribuídos por esta pequena noticia tardia (210). De qualquer forma o número de fogos é um bom índice da importância desta povoação. A relação entre fogos e "almas" (210 fogosj907 almas) parece não ser vulgar no concelho e na região. O factor a aplicar do número de fogos para encontrar o número de "almas" (população) segundo a nota do 42.º volume do "Dicionário Geográfico de Portugal", é de cerca de 4,3. à

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Tirante Poço Velho, esse factor é bem menor nas outras freguesias do concelho e mesmo na generalidade das freguesias da região, pese, embora, o problema de saber se, de facto, em todas as respostas se faz um cômputo rigoroso da população. Estes números (210/907) figuravam já numa lista entregue, em 1732, pelo Marquês de Abrantes, a D. Luís Caetano de Lima, para publicação (Corografla Histórica, Tomo Il, Lisboa, 1736, AppendixIll, pág, 623). Carvalho Costa diz que tinha 150 vizinhos, com uma igreja paroquial da invocação do arcanjo S. Míguel e era curado anexo á Igreja de S. Pedro de Vilar Maior (Corografia Portuguesa, Tomo Il, Lisboa, 1708, pág. 318). O autor da "memória" de Badamalos faz menção da Arrífana. pertencente à freguesia de Malhada Sorda.

NAVE DE HAVER

(Voz. 25, páginas

49 e 50)

Relação e estrato donde se declara todas as couzas que se mandão pedir no estrato que veio do Excelentissimo Senhor Bispo de Lamego mandado por Sua Magestade que Deos guarde.

NAVE DE HAVER

o Padre Cura desta freguesia chama-se Jozeph de Almeyda Morais a emvocação he São Bartholomeo aprezentação desta igurija he do Reytor de Villar Mayor, comarca de Pinhel bispado de Lamego he vezinho a raya de Castela meia legoa nas terras de Sidade Rodrígo ~t; tem este povo-e outenta vezinhos as pessoas de sacramento são coatrocemtas e setemta e sete cazados e solteiros e veuvos o dito luguar está em terra plana bem perposinado " os luguares que se descobrem desta povoação he Poço Velho, português, dista meia legoa mais se descobrem o luguar das Fontes, reyno de Castela, dista huma legoa a Igureíja Parochial está dentro do lugar tem coatro altares e coatro naves hum dos altares he do Santissimo Sacramento, o outro colatral he de Nosa Senhora do Rozario, o outro colatral he de Santa Catharina, tem mais outro de Santo Antonio aonde está formada huma irmandade do mesmo santo 30

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a purção do Padre Cura he pagua da comenda do Excelentissimo Senhor Duque de Cadaval tem de porção des mil reis em dinheiro e setenta alqueíres de centeio e vinte e seis de trigo dois almudes de vinho dezaseis arateis de queijos, esta he a purçam. ha coatro capelas neste dito luguar, huma dentro e tres fora, a primeira que he dentro he de Çam Francisco a coal foi costituida por hum sineiro chamado Francisco Fernandes Bíscaínho, tem fazendas agureguadas a dita capela e nessas empostas tres missas cada semana, de que he ademenistrador o Padre Nuno Fernandes deste luguar por mandado de Sua Eselencia as capelas fora, huma he ao fundo do luguar, do Devino Santo Cristo, serve-ce de devosãm, outra he Santa Barbara, outra Sam Pedro martir, distão humas das outras dois tiros de bala, servem-ce por devoçam e não vem a elas romaria alguma as agoas do lugar sam dois chafarizes dentro do povo, boa agoa de beber mas nam de curar os frutos desta terra he semteio e vinho de sorte que sendo o anno abundante se acha pelo rol dos dizimos coatro mil alqueires de dizimos de centeio e de vinho seiscentos almudes os mais adejutorícs sam muito poucos as justiças desta terra sam dous Juizes Espadanios metidos pela Camara de Villar Mayor que dista daqui duas legoas e a sidade de Lamego que he capital deste bispado ha saber vinte legoas e a sídade de Lisboa corte e capital deste reino secemta legoas no terremoto nam ouve royna alguma somente se ouvio hum gurande tremor e nos mais emteroguatorios nada tenho mais que dizer oje trinta de Abril de mil e setecemtos e simcoenta e outo annos (1)

o

Padre Cura Jose de Almeida Morais 1) No cimo da página: Correyo Guarda ou Almeida.

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poço VELHO

(Voz.29, páginas

1389 a 1391)

Em conprimento da ordem que me foi aprezentada do Muito Reverendo Senhor Doutor Provizor da Cidade de Lameguo: para dar conta de huns emterrogatorios do mapa que ficou em meu poder; 1 - Fica este lugar de Poço Velho, na provincia da Beyra, comarca de Pinhel, termo da villa de Villar Mayor, anexa da dita villa, bispado de Lameguo. Conqista com o de Vízeu da parte do poente; e da parte do nacente conqísta, com Cidade Rodrígo reyno de Castela; 2 - He este luguar de Senhorio, o coal he Dommna Thereza Ozorio da Fonseca da cidade da Guarda; 3 - Vizinhos them trinta e sinco, o número das pessoas mayores, e menores sam cento e vinte e duas; 4 - Esta situado entre hum monte; nam se descobre dele povuaçam alguma, pois o dito monte he de carasqeyras; 5 - Ao qínto nam tenho que ernformar; 6 - Ao sexto, que a Igreya paroqíal está dentro do mesmo lugar, e nam them aldeya ou outra fregezía obrigada a ela; 7 - O seu orago he Nossa Senhora da Conceyçam. Altares tres, hum maior do orago, os colatrais hum de Nossa Senhora do Rosario e outro de Sam Joam, Evangelista. Nam tem irmandades nenhumas 33

8 - O Parrocho he Cura por aprezentação do Reytor da villa de Villar Mayor; them de porçam sincoenta e coatro alqueyres de centeyo. dezouto de trigo. coatro e outocentos em dinheyro; 9 . 10, 11, 12 - Ao nono nam há que dizer; nem ao decimo; nem undecimo nem ao decimo segundo; 13 - Ao decímo terceyro them huma Ermida do Espíríto Santo, a coal está na raya de Castela, junto ao mesmo lugar. que he adeministrada pelos fregezes da dita fregezía. 14 - E a esta capela acodem romagens no tempo da qoresma todos os annos, e no dia da festa tambem acodem romagens asim deste reino como do reyno de Castela 15 - Os frutos da terra que os moradores em mayor abundancia he pam de centeyo;

recolhem.

16 - Nam them Juís Ordínarto nem Camera; somente Juis Espadano, está sugeíto à Camera da villa Villar Mayor. 17, 18, 19 - A este decimo setímo nam ha que dizer a ele; nem ao decimo outavo nem ao decimo nono; 20 - Nam them coreyo pois se servem do da villa de Almeyda que dista desta povuaçam tres leguas 21 - Dista da cidade de Lamego vinte leguas: da de Lisboa sesenta legoas pouco mais ou menos; 22, 23, 24, 25, 26, 27 - Novínte e dois nada; nem a pergunta do vinte e tres; nem ao vinte e coatro; nem vinte e sinco; nem ao vinte e sinco, nem ao vinte e seis nem ao vinte e sete;

Ao que se procura saber dos rios 1 - no ernterrogatorío prímeyro somente them hum rio pequeno; que them sua urígem na Fonte Maninha no sitio do lugar de Nave de Haver, corre para o norte passa por diante desta puvuaçam para a parte do nacente; e entra para o reyno de Castela; 2 - Nam nace caudeloso, tempo de imverno;

e corre tam somente em o

3, 4, 5, 6 - Nam entram outros rios alguns nele, nem ao coarto nem ao qínto nem ao sexto; 7 - Ao setimo não cria peyxes somente sanguexugas e nam ha mais que falar asím a este como aos mais emterrogatorios Ao decimo nono them este rio somente no nosso reyno meya legua: e nam mais que fallar nem ao ultimo E he o que tenho que ernfor(mar) dos emterrogatorios de Vossa Excelencia E por verdade dou a prezente conta que mandey fazer Poço Velho. e Abril 9 de 1758 De Vossa Excelencia Subdito mais obediente

o Cura Mathias Francisco (?)

Aos emterrogatorios que tratam da serra nam tenho nada que enformar porque as nam ha nesta terra 34

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VILARMAIOR

(VoZ. 41, páginas

1791 a 1794)

Em comprimento da ordem do Excelentíssímo rendissimo Senhor Bispo da cidade. de Lamego

e Reve-

Está esta villa na província da Beira Alta e he do bispado de Lameguo, e da comarca da notavel vílla de Pinhel (I) e he freguezía de Sam Pedro.

I

O senhorio della he Sua Maguestade Fedelissima Deos goarde

que

Tem esta fregezía sento e setenta e sinco moradores e pesoas de sacramento coatrocentas e sincoenta e seis, e menores corenta e sinco. Está cítuada metade em hum baixo, e metade em huma costa de hum outeiro junto ao castello da mesma vílla do coal se descobre a cidade da Goarda que dista desta villa smco legoas, e lugar da Vismulla que dista meia, e o de Aldeia da Ribeira que dista outra meia Seo termo consta de sete lugares, e aldeia huma, que chamam Arífanaízl. e lugares se chamam Malhada Sorda que tem duzentos e sesenta vezinhos, Posso Velho que tem corenta vezinhos, cujo senhorio he Dona Theresa filha que ficou de Francisco Coelho, Nave d'Aver que tem sento e síncoenta moradores, Aldeia da Ribeira que tem secenta, Escabralhado que tem trinta e Vismulla que tem corenta, Vadamallos, e Quinta do Carvalhal que tem secenta. 1) No manuscrito: Pinel. 2) Esta Arrifana, não se identifica com outra Arrífana, freguesia, nas proximidades da cidade da Guarda.

37

Tem esta villa sua Paroquial Igreja no meio da mesma vílla: suas anexas são a Quinta das Batoquas que dista desta villa huma grande legoa e na mesma qínta ha huma Capella de Santo Antam, as Batoquinhas que distam o mesmo, e o Senhorio desta he o Alcaide Mor desta villa, Santa Margarida que dista o mesmo, a Qinta de Sam Pedro, que dista meia legoa e tem huma capella de Sam Pedro, de que he Senhor Jozeph da Costa Telles do lugar do Freixo do termo da villa de Castello Mendo, e a Qinta do Faleiro que dista meia legoa. cujas povoaçoens todas sam desta fregezía. Oraguo desta freguezía he de Sam Pedro. Tem sinco altares, em o altar mayor está o orago Sam Pedro, e nos dois coletrais nam tem inda santos e somente se dís misa nelles, em o altar da mam direita tambem inda nam ha santo, mas he de huma capella da Senhora do Ó, de que he ademenistrador Francisco Bote morador que foy nesta villa e de prezente asistente em Almedilha, reino de Castella, e no da parte esquerda defronte do da mam direita está Santo Antõnio padroeiro da Irmandade das Almas ireta no mesmo altar. Nam tem conventos nem Beneficiados Nam tem hospital Tem Caza de Mizericordia, seo rendimento sam sincoenta mil reis e foy ereta por decreto rial a inumeraveis annos

o Parocho desta freguezía he Vígarío ho qual asiste em sua anexa do lugar de Malhada Sorda e em esta villa tem sempre Cura anual, sua renda sam corenta e coatro mil reis, sinco alqueires de trigo pera hostias e dois almudes de vinho pera as galhetas que tudo pagua o rendeiro da comenda Tem esta íregezía tres capellas: huma de Sam Sebastiam, outra do Espirito Santo, outra de Nossa Senhora do Castello e todas estam junto a esta villa e pertencentes à sua fregezia. Nam acodem a ellas em tempo algum romarias nem romaguens. 38

Os frutos que os moradores desta fregezía recolhem em mais abundansia he senteio trigo sevada e algum milho míudo, e vinho, mas pouco. Tem Juis Ordinario e Corpo de Camera que consta de tres Veriadores, hum Procurador, e estes sam eleytos por pauta que fas pera cada tres annos o Corregedor desta comarca da villa de Pinhel Nam he couto. Nam ha memoria que desta fregezía sahissem homes insignes em letras, somente della sahio hum Manoel do Rego que dizem fora insigne pellas armas em tempo da gerra pasada, o qual depois dellas a munto tempo dizem morrera na corte de Lisboa. Nam tem feiras nem mercados alguns. Nam tem correio, valem-se os moradores desta terra do correio da Cidade da Goarda que dista desta villa sinco legoas ou do da praça de Almeida que dista o mesmo. Dista esta villa da Cidade capital do bispado vinte legoas, e da capital da cidade de Lisboa secenta e coatro. Nam tem prívílegíos algum os tivese

(1)

nem há memoria que em tempo

Nam he porto de mar Tem duas fontes mas suas agoas nam tem especialidade alguma. Está esta villa circuitada de muros em redondo porrem de tam pouca defensa por se acharem aruínados. tem dentro dos muros tres atalaias que se acham aruinadas tanto de telha como de madeiras, tem hum castello com muralhas em redondo por fora e outras por dentro com mayor fortaleza, tem inda dentro huma pessa, tem hum posso de agua dentro e muntas cazas mas todas aruinadas, a torre tem dois sobrados que se acham aruinados, tambem, he senhor deste castello o Alcaide Mor desta villa Joaquim de Joze de

1) No original: privelios.

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Miranda acistente que dizem ser em corte de Lisboa, tem este obrígaçam de compor o mesmo castello por ter parte nos frutos desta villa e seo termo. Nam padeceo ruína alguma no terramote de mil e setecentos e sincoenta e sinco E nam ha mais que posa dizer Nesta terra nam ha serra mas tam somente tem da parte do nascente hum outeiro alguma cousa mais alto do que a villa o qual nam tem arvores por ser hum grande fragaredo, outro da parte do poente que tem algumas arvores que sam carvalhos, nestes se criam os gados desta terra que sam ovelhas carneiros e bous, a caça que nelles se criam sam coelhos lebres e perdizes;' seu temperamento he frio e nam tem ervas que se saybam sam medicinais nem outra couza mais que posa dizer. Tem esta villa duas ribeiras: huma da parte do nascente que chamam a Ribeira de Aldeia. Nasce esta junto à raia de Castella pella banda de cima do lugar de Aldeia Velha do termo da villa de Alfaates, e pasa junto do lugar de Aldeia da Ribeira e Aldeia da Ponte, e junto às cazas desta villa a donde tem huma ponte de cantaria de pico groço. Mete-ce no Rio Coa com coatro legoas e meia de corente, suas margues sam cultivadas pellos moradores desta villa como pellos dos lugares acima, seo curso de inverno he arebatado e de veram todos os annos seca de todo, nam he capás de navegaçam em parte alguma de seo curso. Outra da parte do poente a que chamam a Ribeira de Alfayates que nasce junto ao lugar do Souto. Tambem seo curso de inverno he are bata do e tambem seca de veram, tem huma ponte de páo, no lemite desta villa na estrada que vai desta villa para a cidade da Goarda e tambem nam he capás de navegaçam. Arnbas criam peixes a que chamam bordallos e algumas bogas, nam tem pescaria particullar mas todas sam de quem nelles pescar, tem moinhos ambas e hum pízam.

Tambem nesta villa ha huma Alfandegua Rial que constam seos officiais de hum Juis, Escrivam, Pezador, dois Goardas de Cavalo e Feitor que tambem serve de Recebedor da Real Fazenda. E nam ha mais que posa dizer sobre o ínterrogatorío que de Sua Excellenssia recebi Villar Mayor e Mayo vinte e seis de mil setecentos e síncoenta e outo annos O Cura Francisco Antunes

Os moradores desta villa e dos lugares ao pe donde pasam uzam livremente de suas agoas para a cultura dos campos e nam ha memoria que dellas se tirasse em tempo algum ou de suas areias ouro ou outra couza especial. 40

41

Bibliografia

A - Fontes Manuscritas - Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Dicionario Geoqrafico de Portugal.

B - Fontes impressas - Ambrósío, P. Dr. Antónío, Memória Histórica de Vilar Maior. em "A GUARDA".27.3.1987.3.4.1987 e 10.4.1987. - Azevedo. Pedro de. "O Diccionario Geographico" do P. Luis Cardoso. em "O Archeologo Português". voI. I. Lisboa. 1895. - Baíão, Antóníovestudo incluído nos prólogos dos livros Megasismo do 1.º de Novembro de 1775 em Portugal. Lisboa. 1915 e Terremoto do 1.º de Novembro de Portugal. Lisboa. 1919. de Francisco Luis Pereira de Sousa. - Cardoso, P. Luis. Diccionario Geoqrafico, tomo I, Lisboa, 1747 e tomo Il, Lisboa 1751. - Chorão, Maria José Mexia Bígotte, Inquéritos Promovidos pela Coroa no Século XVIII, em "Revista de História Económica e Social", n.º 21. Setembro/Dezembro, 1987.

Lisboa,

- Colleçam dos Documentos Estatutos e Memorias da Academia Real de Historia Portuguesa, Lisboa, 1721, voI. L 43

- Correia, Joaquim Manuel, Terras de Riba-Coa mórias sobre o Concelho do Sabugal. Lisboa, 1946.

Me-

- Lima, D. Luis Caetano de, Geografia Hisiorica: boa, 1736.

Lis-

-

Madahil, A. G. da Rocha, Novasfontes

Índice

da história lopedidas pela

cal portuguesa - As informações paroquiais Academia Real de Hisioria em 1721, em "Bíblos", vol. X, Coímbra, 1934.

Introdução -

Níza, Paulo Dias de, Portugal Sacro-Profano,

....................................................................

7

Lisboa,

1767-1768.

Aldeia da Ribeira

- Notícias de algumas vilas e freguesias do Distrito de Lema escritas em 1721 e enviadas à Academia Real. edição

Badamalos ....................................................................

21

Bismula ........................................................................

25

Malhada Sorda .

29

Nave de Haver ....................... :.......................................

31

Poço Velho .....................................................................

33

de "O Mensageiro de Leíría",

-

- Portugal, Fernando e Alfredo Matos, Lisboa em 1758 Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, 1974. -

Rodrígues. Adriano Vasco, O despotismo e a Igreja -

o Bispo da Guarda na época pombolina, Vila Nova de Famalícão, 1981.

...........................................................

17

Cartas régias para

-

Vaz, P. Francisco e P. Antónío Ambrósío na Órbita da Sala parte, III, 1991

44

Alfaiates

Vilar Maior

....................................................................

37

Bibliografia ...................................................................

43

45

Acabou de se imprimir em Dezembro de 1991 na

GRÁFICA

DE LEIRIA

Depósito Legal n.º 51708/91

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