O Convento de Nª Sª da Graça do Torrão: Deveres, transgressões e penalizações, numa comunidade Clarissa do Alentejo Litoral, no século XVIII

O convento de Nª Sª da Graça da vila do Torrão é do nosso ponto de vista, um dos monumentos religioso incontornável existente no tecido urbano desta vila. Apesar de se tratar de um imóvel em mãos de particulares, encontra-se aberto a visitas regulares por quem nos procura e tem curiosidade em conhecer mais sobre esta vila alentejana milenar.O presente contributo tem como base de análise o Livro das Visitações efectuadas a este convento, por parte do Cabido e Arcebispo de Évora, ao longo do século XVIII, entre 1716 e 1766.Nele temos acesso a aspectos do quotidiano conventual, assim como a outros elementos importantes que permitem equacionar até que ponto este aparente “oásis de mulheres religiosas em retiro do mundo secular”, geriam os conflitos que tinha entre si e quais os desvios detetados pelos Visitadores. A análise dos fólios torna patente o carater repressivo que os visitadores imponham, com penas que iam desde a privação de uso de Veo, até á prisão de freiras rebeldes ou em último caso, podiam resultar na excomunhão da freira prevaricadora.Na impossibilidade de abordar todos os elementos disponíveis, procuraremos dar neste contributo os aspetos que julgamos mais interessantes para uma abordagem preliminar.Nele abordaremos as questões ligadas aos desvios da vida regular, assim como outros curiosos, nomeadamente a existência de gatos como animais de companhia de algumas freiras, a ausência de cães, ou o qual o destino imediato que se davam às galinhas que entravam neste espaço religioso.