O convento de Sao Francisco de Leiria

Estórias

ossaBistóriaRicardo Charters dAzevedo

O convento de S.Francisco de Leiria • o Professor

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Doutor Saul A. Gomes proferiu uma conferência sobre, e, no convento de S. Francisco de Leiria a 8.5.1993 (publicada no Itenerarium, XL, 1994), da qual respingamos alguns elementos. No final de 1232 entraram em Leiria para fundar o convento os religiosos franciscanos. Os cónegos de Santa Cruz de Coimbra, "senhores no espiritual do priorado de Leiria", colocaram-lhes enormes dificuldades. Quando o povo "desamparou" das outras igrejas de Leiria e passou a encher o Oratório dos franciscanos, o Dom Prior de Santa Cruz resolve excomungá-los. Os franciscanos queixaram-se ao Papa Gregório IX que enviou, em 1233, duas bulas, uma em maio (aos bispos de Viseu e de Lamego) e outra em junho (ao prior de Santa Cruz de Coimbra) "impondo, por apostólica autoridade, o dever de aceitação dessa nova comunidade" . É interessante percorrer a "História Seráfica da Ordem dos Frades Menores de S. Francisco", da autoria de Frei Manoel da-Esperança, datado de 1656, pois que, sobre o convento franciscano de Leiria, refere que "saindo de Leiria, para norte, em direção ao Arrabalde, o qual está separado, se acha à mão direita um rocio e nele aparece o nosso santo convento". Porém "dos seus edifícios só a igreja dificilmente se vê, pois que os outros edifícios ou estão encobertos e escondidos com arvores ou lançados à outra parte contrária. Os baixos da nossa horta são cortados pelo meio com a corrente do Liz, mas ele senhoreado da soberba de uma ponte que une os dois retalhos. No monte, aos pés de uma ermida de Santa Catarina Virgem e Mártir, arrebenta uma fonte, cuja água trazida ao convento por arcos de pedra, que atravessam o rio, nos dois claustros, onde corre na cozinha e noutras partes, lhe dá grande formusura". Na margem direita do rio encontravam-se os banhos quentes que no . século XVII, se encontravam dentro da cerca conventual. Nesta cerca, encontrava-se a capela de

Jornal de Lema 27 de Abril de 2017

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Santa Catarina, ainda existente em 1834. Em 1494 D. Manuel clarifica os bens atribuídos ao convento dando-lhes "a terra com fonte da Carpinteira (esta já tinha sido dada, em 1253 pelos crúzios), pomares e vinha, que se estendiam do monte de São Miguel às proximidades do Arrabalde". O rio Lis, "não contente de lhes retalhar a horta, vai afogando a casa com as suas inundações", como aquela de 16 de março de 1475. Com auxilio régio e de particulares o convento foi recuperado, tendo-se refeito a capela-mor, a cerca conventual, a fabrica dos aposentos da comunidade, o aqueduto das águas, etc. Há quem refira que os franciscanos viveram junto da Gafaria de Santo André, tendo aí construído um edifício e que depois se transladaram para novas instalações, mas Frei Manoel da Esperança avança quatro razões contra. Não nega que no início alguns franciscanos tenham estado na gafaria enquanto não

construíram o seu oratório e o convento, mas afirma que a nova igreja, que foi feita depois do ano de 1387, "ficou no local onde se encontrava a antiga". Na entrada do rocio onde se encontra o convento, Frei Manoel da Esperança escreve que quem sai de Leiria encontra um padrão do Rei D. Manuel, "obra curta a respeito das grandezas com que honrou a casa, mas memória eterna da sua benevolência" . Vindo do Arrabalde encontram vestígios do recolhimento em que viviam umas mulheres virtuosas e devotas, às quais a Rainha Santa Isabel se lembrou, como de outras, em dois testamentos seus com as palavras seguintes: "Mando a todas as emparedadas de Lisboa, de Santarém, de Leiria de Óbidos de Coimbra, duzentas libras". Em 1562 foram benzidos os dois sinos, o maior chamou-se S. António e ao menor, que chamaram Secundeira, deram o nome de Santa Catarina. Texto escrito de acordo com a nova ortografia