O DEBATE DE GÊNERO NAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO

May 27, 2017 | Autor: F. Meglhioratti | Categoria: Gênero E Sexualidade, Gênero
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O DEBATE DE GÊNERO NAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO Souza, B. B. de1; Batista, I. de L.²; Meglhioratti, F. A.³ 1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. ² Docente do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática na Universidade Estadual de Londrina. ³ Pós-Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática na Universidade Estadual de Londrina. Docente do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e do Mestrado em Educação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Bolsista PNPD/Capes.

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Resumo Ao considerar a importância do debate de gênero na área de educação, avaliamos como as questões de gênero se apresentam em periódicos da área de Educação - Qualis A1, A2 e B1. Foram analisados 168 periódicos, sendo que em apenas 20 encontramos trabalhos que abordassem a temática, contabilizando 32 artigos. Esses foram investigados quanto ao foco de pesquisa e a constituição dos dados. Em relação ao foco da pesquisa, os trabalhos abordaram: Educação Infantil; Ensino Fundamental; Ensino Médio; Formação Inicial de Professores da Educação Básica; Formação Continuada de Professores da Educação Básica; Professores do Ensino Superior; Estado da Arte; Currículo; Ensaio; Editorial. Quanto à constituição de dados, as pesquisas utilizaram: Avaliação de estratégias didáticas; Entrevistas; Análise de Livros Didáticos; Análise de Trabalhos de Conclusão de Curso de Graduação; Análise de Trabalhos de Conclusão de Curso de Pós-Graduação; Questionários; Análise de anais de eventos; Observação participante; Análise de currículo; Relato de experiência; Análise de periódicos; Análise de documentos. Os resultados evidenciaram que embora os artigos compreendam uma variedade de focos de pesquisas e diversidade metodológica ainda são relativamente poucas as pesquisas a respeito do tema gênero. Palavras-Chave: Gênero; Educação; Periódicos.

1 Introdução Esse trabalho tem por objetivo refletir em relação às discussões de gênero nas pesquisas em educação por meio de um estado da arte a respeito do tema nos periódicos qualis A1, A2 e B1 dessa área. A reflexão em torno do tema é de grande importância uma vez que a não compreensão das questões de gênero reflete em comportamentos sociais, muitas vezes, preconceituosos, e mesmo em tensões políticas. No contexto brasileiro atual, as questões de gênero ganharam protagonismo em debates dentro e fora dos espaços educacionais, com a elaboração e aprovação dos Planos Municipais de Educação (PME) em vários municípios do nosso país. Nesse sentido, Klein (2015) destaca que no processo de discussão e aprovação dos PME ficaram evidentes a forte interferência religiosa em termos de definição de políticas públicas educacionais e a falta de compreensão no que diz respeito aos temas de gênero e sexualidade. A aprovação de PME com compreensões equivocadas da temática pode ter fortes impactos no âmbito educacional na próxima década. Klein (2015) afirma que a falta de debate relativo ao tema somado a interferência de um contexto religioso impossibilitam a busca pela compreensão das questões de gênero. Silva (2014) argumenta que alguns/mas professores/as assumem o compromisso dessa discussão, buscando aprofundar seus conhecimentos e desenvolver atividades referentes Laboratório de História Ambiental e Gênero (LHAG)/Unicentro/PPGH/PPGIDC | Anais do 2º Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – ISSN2357-9544

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à mesma, porém, outros/as procuram se isentar, assumindo uma postura de desconhecimento das formas de lidar com essas questões. Para romper com noções equivocadas relativas às questões de gênero – noções que têm gerado inclusive polêmicas nas políticas públicas atuais - é pertinente conhecer a literatura da área e reconhecer o que se entende por gênero. Para tanto, a seguir destacamos o entendimento desse termo nas vozes de alguns/mas autores/as. O conceito de gênero para Meyer engloba todas as formas de construção social, cultural e linguística que estão implicadas com os processos que diferem homens de mulheres, “incluindo aqueles processos que produzem seus corpos, distinguindo-os e separando-os como corpos dotados de sexo, gênero e sexualidade” (MEYER, 2013, p. 18). Nesse sentido, a autora nos faz refletir sobre os processos de construção dos múltiplos sentidos que constituem o ser homem e o ser mulher em nossa sociedade, e a pluralidade desses processos pelos quais a cultura constrói e diferencia os corpos e os sujeitos femininos e masculinos. Seguindo essa corrente de pensamento, Santana (2014) nos diz que a identidade de gênero se refere à forma como cada pessoa se identifica, como se apresenta tanto para si mesmo/a quanto para a sociedade, bem como a percepção de si próprio/a como “feminino”, “masculino” ou os dois, independentemente do seu sexo biológico ou de sua orientação sexual. Portanto, essa perspectiva trazida por Santana, de identidade de gênero, nos faz refletir sobre um conceito que está para além de aspectos biológico-anatômicos e/ou de orientação sexual, considerando a individualidade de cada pessoa ao se perceber e performar de maneira feminina, masculina ou ambas, “conforme as condutas e os papéis socialmente estabelecidos” (SANTANA, 2014). Diferentemente do conceito de identidade de gênero, Santana (2014) ressalta que o conceito de orientação sexual refere-se à atração física, ao afeto e ao desejo que sentimos por outras pessoas, aspectos esses que são construídos sócio-históricamente. A autora destaca ainda que, em geral, a noção de orientação sexual é reduzida apenas a um padrão de normas heterossexuais, restringindo a sexualidade apenas para o ato de reprodução – visão essa que deve ser repensada e superada. Todavia, a sexualidade deve ser compreendida como uma construção histórica e social contínua, por meio da qual construímos, entendemos e vivenciamos nossa sexualidade, que emerge nos desdobramentos históricos e culturais (SANTANA, 2014). Quanto à identidade biológica, Xavier Filha (2009) evidencia que esse conceito remete a categorias binárias de “macho” e “fêmea”, determinadas quando nascemos, especificamente pelas configurações biológico-anatômicas de nossos corpos e órgãos reprodutores. De forma equivocada, a identidade biológica ainda é tratada em nossa sociedade como determinante das identidades de gênero, desconsiderando toda a construção social e identitária da pessoa. Acerca dessa discussão, o documento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC – em construção) apresenta em seu texto indicativos da inserção dessas questões na Educação Básica, de maneira a possibilitar uma melhor reflexão e compreensão das questões de gênero. O BNCC traz em seu novo documento a proposição de um trabalho pedagógico que insira o cultivo de uma visão mais plural de sociedade, com respeito às diferenças existentes entre as pessoas e seus contextos culturais, desenvolvendo um trabalho que se paute na constante reflexão e intervenção, por parte dos/as professores/as, combatendo o preconceito e as discriminações (BRASIL, 2016). Brasil (2016) reitera que Laboratório de História Ambiental e Gênero (LHAG)/Unicentro/PPGH/PPGIDC | 2 Anais do 2º Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – ISSN2357-9544

as instituições precisam conhecer e trabalhar com o plural, sabendo dialogar com a diversidade de nossa sociedade, com suas crenças e manifestações culturais, buscando fortalecer as formas de acolhimento e respeito às especificidades das comunidades. Para isso, a educação vem no intuito de guiar o modo das crianças conhecerem o mundo social ao qual pertencem, apropriando-se das diferentes linguagens, conhecimentos e aparatos tecnológicos que circulam e que podem ajudá-las a construir práticas saudáveis em respeito aos/as demais, de maneira a favorecer uma vida em sociedade mais igual e harmoniosa (BRASIL, 2016). Considerando a importância das discussões relativas às questões de gênero, o trabalho aqui apresentado está organizado em dois momentos. O primeiro trata de uma breve contextualização histórica a respeito dos estudos de gênero e sua vinculação com a emergência do movimento feminista. O segundo apresenta as análises relativas às questões de gênero em revistas científicas da área de educação, discutindo também nesse momento, os focos dessas pesquisas e as formas que se constituíram.

2 Um breve histórico dos estudos de gênero A trajetória dos movimentos de mulheres e do feminismo foi e é marcado por grandes confrontos e resistências, segundo apontamentos de Meyer (2013). Essa trajetória, de acordo com a autora, é contada por diferentes olhares de escritoras/historiadoras, porém, o que há de comum entre as histórias contadas por elas são as menções que fazem sobre a primeira onda e segunda onda do movimento feminista, que foram de grande importância para a redefinição das noções de corpo e de sexualidade. A seguir, iremos fazer um breve recorte histórico sobre essas ondas do movimento feminista para uma melhor compreensão do surgimento do debate de gênero que é trazido por esse movimento. Para Meyer (2013), a primeira onda do feminismo tem como característica um movimento praticado por pequenos grupos de mulheres que atuavam individualmente, em diferentes momentos e locais, caracterizando-o enquanto singular – porém, esses grupos isolados constituíam um movimento heterogêneo plural, mesmo que este possuísse diferentes vertentes políticas. Esse movimento feminista, da primeira onda, que teria ocorrido em meados do século XIX, faz referência a um feminismo que buscou principalmente a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Porém, pela sua característica multifacetada, com diferentes grupos de mulheres e diferentes necessidades particulares, buscou-se também melhores condições de trabalho e de salário e a liberdade de decidir sobre seu próprio corpo e sexualidade (MEYER, 213). Para Narvaz e Koller (2006), o objetivo central desse movimento feminista era a luta contra a discriminação que as mulheres sofriam e a garantia de seus direitos, registrando nessa primeira onda do feminismo a denúncia da opressão à mulher imposta pelo patriarcado. A segunda onda do feminismo acontece nas décadas de 60 e 70, especialmente nos Estados Unidos e na França. Nesse momento, as feministas norte americanas enfatizam as denúncias das opressões masculinas que vinham sofrendo e buscam mais igualdade social e política, caracterizando esse movimento como “feminismo da igualdade”, enquanto, as francesas exigem a valorização das diferenças entre homens e mulheres, dando visibilidade à especificidade da experiência feminina, que era geralmente negligenciada, caracterizando esse movimento como “feminismo da diferença” (NARVAZ; KOLLER, 2006). Laboratório de História Ambiental e Gênero (LHAG)/Unicentro/PPGH/PPGIDC | Anais do 2º Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – ISSN2357-9544

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Scott (1990) destaca que o surgimento e utilização do termo gênero se iniciou entre as feministas norte americanas, que queriam destacar principalmente o caráter social das diferenças e propor a rejeição ao determinismo biológico que era implícito quando se utilizavam as palavras “sexo” ou “diferença sexual”. Segundo Meyer (2013), no Brasil o feminismo se fortaleceu associado aos movimentos de oposição à ditadura militar, e logo após, com a união a grupos incomodados com os arranjos sociais estabelecidos. Desse modo, o movimento feminista lutou pela redemocratização da sociedade brasileira no início dos anos 80. Nesse sentido, Louro (1997) destaca que o movimento feminista ressurge em contextos de efervescência social e política, de disputa e de transformação, expressando-se não apenas por meio de grupos de conscientização, marchas e protestos públicos, mas também mediante livros, jornais e revistas. Narvaz e Koller (2013) ressalta que o feminismo é um corpo teórico que possui conhecimento filosófico-epistemológico, cujas contribuições vêm sendo negligenciadas, caladas e desvalorizadas pelos jogos do saber-poder que perpassam as relações institucionais. De acordo com Louro (1997), a segunda onda do feminismo permite as mulheres levarem o debate para dentro das universidades e das escolas, passando a construir marcas significativas nos estudos feministas e de gênero, possuindo um caráter político, em que as pesquisadoras passam a escrever para questões que lhes são de interesse, assumindo um caráter desafiador e de ousadia. Após esse breve histórico, compreendemos o momento em que se inicia as discussões a respeito das opressões e invisibilidades que as mulheres sofreram e sofrem. Nesse contexto, o movimento feminista se fortalece em suas pautas e lutas, levando à uma reflexão da situação das mulheres na sociedade e também uma discussão das noções de gênero.

3 Análise relativa às questões de gênero em revistas científicas da área da educação As pesquisas com o tema gênero na área da educação estão se ampliando aos poucos, em comparação com outros temas que também são discutidos por essa área. Porém, há alguns indicativos de aumento dessa discussão – que foram encontrados nos trabalhos analisados - demonstrando uma maior preocupação com as atuais perspectivas educacionais. Para a construção do estado da arte aqui apresentado foram analisados os periódicos da área da Educação - Qualis A1, A2 e B1 por meio das palavras-chave: “gênero”, “gênero e formação de professores”, “formação inicial e gênero”. Após a seleção dos artigos, esses foram investigados quanto ao foco de pesquisa e a constituição dos dados, delimitando eixos temáticos presentes nos textos investigados. Foram analisados 168 periódicos da área da educação e em apenas 20 deles foram encontrados trabalhos que abordassem a temática gênero, contabilizando um total de 32 artigos. Esses foram investigados quanto ao seu foco de pesquisa e a constituição de seus dados, e após essa análise prévia, entendemos que deveriam ser delimitados eixos temáticos para evidenciar as ênfases dadas nas diferentes pesquisas. Laboratório de História Ambiental e Gênero (LHAG)/Unicentro/PPGH/PPGIDC | Anais do 2º Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – ISSN2357-9544

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Antes de adentrarmos na divisão das temáticas, devemos lembrar que apesar do número reduzido de artigos encontrados, esses apresentam uma diversidade em suas composições, como por exemplo, as áreas nos quais foram desenvolvidos, abrangendo áreas como: psicologia, pedagogia, administração, educação básica, entre outras. É essa riqueza de áreas, metodologias, objetivos que nos faz refletir em relação à transversalidade da temática e buscar a ampliação do debate do tema gênero nas políticas educacionais, perpassando desde a Educação Básica até a pós-graduação, de maneira a possibilitar a construção de conhecimentos e práticas de respeito ao/a próximo/a.

3.1 Os focos das pesquisas relativas às questões de gênero A análise dos focos de pesquisa buscou compreender quais eram as ênfases das pesquisas analisadas. No decorrer dessa análise identificamos os seguintes eixos temáticos relativos aos diferentes focos da pesquisa: Educação Infantil; Ensino Fundamental; Ensino Médio; Formação Inicial de Professores da Educação Básica; Formação Continuada de Professores da Educação Básica; Professores do Ensino Superior; Estado da Arte; Currículo; Ensaio; Editorial. O número de artigos que tratou de cada uma dessas temáticas está indicado no quadro 1. É importante destacar que um mesmo texto poderia tratar de dois ou mais eixos temáticos, e, por isso, os números do quadro são superiores ao número total de artigos analisados. Quadro 1: Eixos temáticos relativos aos focos da pesquisa em artigos da área de Educação Eixos temáticos

Número de artigos

Educação infantil

1

Ensino Fundamental

3

Ensino Médio

Foco das pesquisas

2

Formação Inicial de Professores/as da Educação Básica

10

Formação Continuada de Professores/as da Educação Básica

9

Professor/a do Ensino Superior

2

Estado da Arte (Discussão de Levantamento Bibliográfico)

8

Currículo

2

Ensaio Teórico

4

Editorial

1

Fonte: O/As Autor/as.

O quadro representa a diversidade de objetos de pesquisa relativos às discussões de gênero na educação. Alguns objetos de pesquisa tiveram maior incidência na literatura, por exemplo, as pesquisas relativas à formação de professores - inicial (10) e continuada Laboratório de História Ambiental e Gênero (LHAG)/Unicentro/PPGH/PPGIDC | Anais do 2º Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – ISSN2357-9544

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(9) - e pesquisas de estado da arte (8). Enquanto, outros objetivos de pesquisa estiveram pouco presentes, por exemplo, as pesquisas com educação infantil (1), Ensino Fundamental (2), Ensino Médio (3) e Currículo (2). Destacamos aqui a pouca presença de pesquisas de educação referentes às questões de gênero na Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). Considerando a importância da Educação Básica para a formação cidadã, seria interessante um maior número de pesquisas voltadas para esse nível de ensino. A seguir discorremos brevemente a respeito dos diferentes eixos temáticos correspondentes aos focos das pesquisas nos trabalhos analisados. O primeiro Eixo temático intitulado de Educação Infantil apresenta apenas um trabalho (HORA; SCHINDHELM, 2015), número considerado muito baixo devido à importância da discussão do tema gênero na educação básica, em específico a educação infantil. O único artigo que enfatiza a Educação Infantil é constituído por dados de observação participante, narrativas das crianças e da equipe pedagógica. Nesse trabalho, as autoras indicam a existência de angústias e constrangimentos dos educadores/as acerca das temáticas de gênero e sexualidade. Isso evidencia a necessidade de formação de professores para atuarem nesses temas. O segundo Eixo temático Ensino Fundamental apresenta três trabalhos em sua composição (CAMPOS; SILVA, 2014; BRANCALEONI; OLIVEIRA, 2015; ANYON, 1990). Observamos uma semelhança entre os três trabalhos no que se refere às concepções que as crianças possuem a respeito aos papéis de gênero. Essas concepções ainda se fixam no viés biomédico e no discurso binário, homem/mulher, normal/anormal, entre outros. Desse modo, a mudança desses estereótipos depende da construção de um diálogo saudável com as crianças para a manutenção de práticas de respeito ao/a próximo/a e de tolerância com as diferenças entre indivíduos (CAMPOS; SILVA, 2014; BRANCALEONI; OLIVEIRA, 2015; ANYON, 1990).

O Eixo temático Ensino Médio também apresenta um número consideravelmente baixo, com apenas dois artigos. Os trabalhos de Molina (2013) e Brancaleoni; Oliveira (2015) apresentam alguns aspectos importantes para reflexão, em um deles aparece nas falas de alguns/mas professores/as participantes das pesquisas, que o diálogo a respeito do tema gênero cabe à família abordá-lo, uma vez que a escola possui o papel de ensinar (MOLINA, 2013; BRANCALEONI; OLIVEIRA, 2015). Porém, assim como é apontado pelos temas transversais do PCN (BRASIL, 1997) e pela Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2016 – em construção), a escola deve enquanto formadora de cidadãos/as discutir temas como gênero, promovendo uma educação com menos desigualdades e mais humanizada. Outro aspecto em comum entre os trabalhos é a afirmação da necessidade de se discutir o tema em sala de aula, para que os/as alunos/as compreendam e respeitem a heterogeneidade da qual é composta nossa sociedade. O Eixo de Formação Inicial de Professores/as da Educação Básica é um dos poucos que apresentam quantidade considerável de trabalhos, em comparação aos outros, em um total de dez (MARIANO, 2012; PAVAN, 2013; DINIS, 2008; GUIZZO; RIPOLL, 2015; MORAIS; CARVALHO, 2015; ANYON, 1990; RIBEIRO; FARIA, 2014; CARVALHO, 2012; DUQUE, 2014; COSTA; RIBEIRO, 2011). Uma característica comum aos trabalhos é o anseio por parte de acadêmicos/as, e até mesmo professores/as recém-formados/as, pela inclusão dos estudos de gênero na formação inicial docente, com práticas educativas refletidas teoricamente. Segundo Duque (2014), esses anseios se justificam uma vez que como professores/as entrarão em contato com situações de estranhamento às rupturas das Laboratório de História Ambiental e Gênero (LHAG)/Unicentro/PPGH/PPGIDC | Anais do 2º Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – ISSN2357-9544

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normativas institucionalizadas que permeiam os ambientes escolares, e, muitas vezes, devido à uma formação fraca nesse aspecto, calam-se frente a essas situações ou reafirmam estereótipos e preconceitos, por não saberem e não terem em sua formação profissional momentos de reflexão relativos ao tema. Esses mesmos trabalhos reafirmam a importância da discussão desse tema na formação inicial de professores/as, para que as práticas e a formação de professores/as passem a ser vistas com um novo olhar. O Eixo da Formação Continuada de Professores/as da Educação Básica também apresenta um número considerável de artigos, sendo constituído por nove trabalhos (FRANÇA; CALSA, 2011; PAVAN, 2013; FERREIRA; SANTOS, 2014; FRANÇA; CALSA, 2010; ROHDEN, 2009; SILVA; BERTUOL, 2014; AVILA; TONELI; ANDALÓ, 2011; GESSER et al., 2012; COSTA et al., 2009). Nesse eixo os trabalhos evidenciam as dificuldades diárias que os/as professores/as enfrentam nas suas práticas em salas de aulas quando confrontados/as ou questionados/as em relação à temática gênero. Os/As mesmos/as relatam que se sentem despreparados/as frente às questões de gênero no cotidiano escolar, e apontam a formação inicial de professores/as como essencial nesse processo. Essa afirmação vai ao encontro do que afirma Felipe (2009), que os/as docentes muitas vezes não se sentem preparados/as, tranquilos/as e maduros/as para discutir o tema. Nesse sentido, um consenso entre os resultados apontados pelos trabalhos é a necessidade de maiores discussões a respeito do tema gênero nos ambientes escolares. O Eixo Temático Professor/a do Ensino Superior apresenta dois artigos (ROMERO; FINAMOR, 2007; FERREIRA; SANTOS, 2014). Os trabalhos apresentados nesse eixo apontam algumas reflexões por meio das falas dos/as professores/as, nas quais discorrem a respeito do papel que os/as docentes de graduação possuem no desenvolvimento profissional de seus/suas alunos/as, muitas vezes, reafirmando estereótipos de gênero mediante seus ensinamentos e/ou posicionamentos. É importante ressaltar que esses/as professores/as pertencem a uma sociedade bipolarizada, como apontam Romero e Finamor (2007), que divide homens e mulheres em polos opostos, caracterizando ainda, profissões e comportamentos masculinos e femininos, portanto, não devemos nos espantar com esse tipo de didática, uma vez que estamos imersos em uma sociedade ainda patriarcal. O Eixo Estado da Arte (Discussão de Levantamento Bibliográfico), assim como outros dois eixos citados acima, possui um número consideravelmente grande de artigos, em um total de oito (BORGES et al., 2013; FERREIRA; NUNES; KLUMB, 2013; MARIANO, 2012; SOUZA; FONSECA, 2009; FERREIRA; SANTOS, 2014; SANTANA, 2014; VIANNA; UNBEHAUM, 2004; FERREIRA, 2014). Algo em comum entre os trabalhos que analisamos, e o que mais se destacou em suas conclusões, foi à indicação de que ainda há um caminho árduo a se percorrer para que o debate de gênero se insira na escola. Os trabalhos fazem uma reflexão da importância de uma ampliação das políticas públicas educacionais, que visem mudar os pensamentos de senso comum para com a temática, promovendo um debate que combata o preconceito, para que se possa construir um sistema educacional democrático e de respeito ao/a próximo/a. No Eixo Currículo foram encontrados dois artigos (BORGES et al., 2013; PAVAN, 2013). Esse eixo traz uma reflexão a respeito do debate de gênero nos currículos educacionais e destaca que muitos documentos produzidos pelo ministério da educação defendem a inserção do debate de gênero nas escolas. Algo que se destaca nesses trabalhos é a recomendação de transversalização do debate de gênero e que esse debate Laboratório de História Ambiental e Gênero (LHAG)/Unicentro/PPGH/PPGIDC | Anais do 2º Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – ISSN2357-9544

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transversal saia do papel e realmente se insira nos espaços escolares e nas salas de aula, pois atualmente essa discussão permeia os documentos educacionais, entretanto, sua realização na prática é ainda pouco eficaz. O Eixo Ensaio Teórico é constituído por quatro artigos (DIAS, 2014; SOUZA; FONSECA, 2009; SANTANA, 2014; COSTA et al., 2009). Após as análises nos trabalhos inseridos nesse eixo, avistamos a repetida afirmação entre eles referente à complexidade dos estudos de gênero e a importância da sua reflexão, de maneira a desconstruir os paradigmas do que é ser homem e mulher, principalmente nas pesquisas e ambientes acadêmicos de graduação e pós-graduação. Os trabalhos também reafirmam a necessidade de preparar os/as educadores/as para que possam agir de maneira consciente a respeito das relações de gênero que permeiam as salas de aula. O Eixo Editorial possui apenas um trabalho (CAMPOS, 2015) que destaca as abordagens das ciências para com a temática de gênero, evidenciando que por mais que tradicionalmente exista uma aproximação entre a área de ciência e a temática, as abordagens realizadas em sala de aula ainda são tímidas. O texto também nos lembra sobre as pesquisas nas ciências, nas quais são registradas diferentes denúncias sobre os modos de negação e não abordagem e enfrentamentos das discriminações existentes nas escolas.

3.2 As formas de constituição das pesquisas relativas a gênero Quanto à constituição metodológica dos dados das pesquisas, os trabalhos foram distribuídos também em eixos temáticos: Investigação Pedagógica; Entrevistas; Análise de Livros Didáticos; Análise de Trabalhos de Conclusão de Curso de Graduação; Análise de Trabalhos de Conclusão de Curso de Pós-Graduação; Questionários; Análise de anais de eventos; Observação participante; Análise de currículo; Relato de experiência; Análise de periódicos; Análise de documentos. O número de artigos em cada um dos eixos temáticos está indicado no Quadro 2.

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Quadro 2: Eixos temáticos relativos à constituição dos dados de pesquisa em artigos da área de Educação

Constituição dos dados da pesquisa

Eixos temáticos

Número de artigos

Investigação Pedagógica

5

Entrevistas

10

Análise de Livros Didáticos

2

Análise de Trabalhos de Conclusão de Curso de Graduação

2

Análise de Trabalhos de Conclusão de Curso de PósGraduação

2

Questionários

2

Análise de Anais de Eventos

2

Observação Participante

8

Análise de Currículo

2

Relato de Experiência

1

Análise de Trabalhos em Periódicos

1

Análise de Documentos

2

Fonte: O/As Autor/as

O Eixo Investigação Pedagógica possui um total de cinco artigos (HENKIN; CATANANTE, 2015; FRANÇA; CALSA, 2011; SOUZA; FONSECA, 2009; SANTANA, 2014; GESSER et al., 2012), representando as pesquisas que investigaram práticas pedagógicas dos/as professores/as e que refletem trabalhos de avaliam processos de intervenções referentes ao tema gênero. Nota-se nos trabalhos analisados que antes da realização das intervenções e do desenvolvimento de grupos de discussões, em geral, os/ as docentes apresentam o conceito de gênero pautado em um viés biológico. Porém, com o decorrer dos trabalhos e reflexões, é possível perceber que os/as professores/as passam a compreender a construção do tema gênero para além do biológico, com uma multiplicidade de fatores que rodeiam o tema. No Eixo Temático Entrevistas encontramos dez artigos (COSTA; RIBEIRO, 2011; AVILA; TONELI; ANDALÓ, 2011; PAVAN, 2013; CAMPOS; SILVA, 2014; ANYON, 1990; MORAIS; CARVALHO, 2015; SANTANA, 2014; GUIZZO; RIPOLL, 2015; FRANÇA; CALSA, 2010; FRANÇA; CALSA, 2011), que se fundamentaram em entrevistas para a constituição de dados de pesquisa. As entrevistas nos artigos avaliados foram realizadas com professores/as da educação básica. As entrevistas como ferramenta de constituição de dados de pesquisa permitiram um detalhamento e riqueza de dados para a constituição dos artigos. Em um dos trabalhos é possível observar que os/as professores/as, muitas vezes, acreditam ser desnecessária a exposição das questões de gênero em sala de aula, não se permitindo compreender os múltiplos aspectos que rodeiam a temática, recaindo sempre no viés biológico (FRANÇA; CALSA, 2010). Laboratório de História Ambiental e Gênero (LHAG)/Unicentro/PPGH/PPGIDC | Anais do 2º Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – ISSN2357-9544

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O Eixo Análise de Livros Didáticos possui um número bem reduzido de trabalhos, apenas dois (CARVALHO, 2012; FERREIRA, 2014), e, apresenta a discussão de gênero inserida nos livros didáticos. Percebemos com as análises desses trabalhos que a inserção do tema nos livros didáticos escolares ainda se pauta em uma discussão simplista, trazendo o debate de gênero numa ótica ainda binária, reforçando os estereótipos de homem e mulher, maquiando todos os aparatos e contextos que constituem a reflexão do que seja gênero. O Eixo Análise de Trabalhos de Conclusão de Curso de Graduação é composto por dois trabalhos (BORGES et al., 2013; FERREIRA, 2014). Os artigos encontrados nesse eixo fazem uma reflexão dos aspectos que rodeiam a temática de gênero e da necessidade de se inserir esse debate no contexto escolar e universitário. Os trabalhos reafirmam a importância da construção de ações pedagógicas e culturais que se pautem na diversidade, favorecendo os estudos de gênero numa perspectiva de valorização dos múltiplos aspectos que rodeiam cada pessoa, desconstruindo estereótipos que foram e são atribuídos a diferentes grupos sociais. No Eixo Análise de Trabalhos de Conclusão de Curso de Pós-Graduação encontramse dois trabalhos. Os artigos analisados evidenciam que no contexto das produções acadêmicas os estudos de gênero ainda se pautam, numa visão normativa e binária (BORGES et al., 2013; FERREIRA, 2014). Por mais que os ambientes de graduação e principalmente os de pós- graduação sejam locais de reflexões importantes e pertinentes para a nossa sociedade, ainda estamos imersos/as em contextos historicamente preconceituosos e polarizados, portanto, muitas vezes, reproduzimos esses contextos também na nossa vida acadêmica. Quanto aos trabalhos que utilizaram questionários em suas metodologias de pesquisas encontramos dois (ROMERO; FINAMOR, 2007; CAMPOS; SILVA, 2014), que foram inclusos no Eixo Questionários. Segundo Campos e Silva (2014), os questionários quantitativos são ferramentas importantes da pesquisa, permitindo a coleta de informações de um grupo que representa a população que está em estudo, uma vez que esse método de coleta de dados não terá interação direta entre os/as pesquisadores/as e os/as pesquisados/as. Visto isso, com a análise desses trabalhos, conseguimos visualizar as múltiplas nuances que surgem ao aplicar os questionários, mesmo que esses possuam categorias diretas para as repostas, ainda sim podem ser ricas suas análises. O Eixo Análise de anais de eventos apresenta em sua composição dois artigos (FERREIRA; NUNES; KLUMB, 2013; MARIANO, 2012). Com as análises feitas nos mesmos, percebemos que o número de trabalhos sobre o tema gênero nos anais de eventos como a ANPED, analisados no trabalho de Ferreira, Nunes e Klumb (2013), e ANPED e ENDIPE, eventos analisados no trabalho de Mariano (2012) ainda é baixo. Contudo, é possível destacar a existência de eventos diretamente ligados à temática e a sua inserção na educação, porém, é um pouco restrito debater questões de gênero apenas em eventos direcionados ao tema, fazendo com que apenas nesses espaços se concretizem essa discussão, deixando de lado a sua inserção em todos os encontros/eventos que discutam sobre educação. Compreende-se, assim, que o tema não tem sido tratado de maneira transversal nos eventos da área de Educação. O Eixo Observação participante é constituído por oito artigos (BRANCALEONI; OLIVEIRA, 2015; HORA; SCHINDHELM, 2015; FRANÇA; CALSA, 2010; MOLINA, 2013; ROHDEN, 2009; SILVA; BERTUOL, 2014; COSTA et al., 2009; RIBEIRO; FARIA, 2014), Laboratório de História Ambiental e Gênero (LHAG)/Unicentro/PPGH/PPGIDC | 10 Anais do 2º Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – ISSN2357-9544

que utilizaram essa metodologia de pesquisa. Os trabalhos, de forma geral, relatam que mediante as observações feitas nas aulas dos/as professores/as pesquisados/as, pode-se perceber o aparecimento de afirmativas normatizadoras de comportamentos para com os/as alunos/as. Alguns trabalhos , por meio da constituição de grupos de discussão com os/as professores/as, buscaram incentivar uma reflexão em relação às razões políticas e históricas que levaram aos/as mesmos/as a construírem esse tipo de raciocínio, que se pauta em preceitos preconceituosos e de exclusão, mostrando os caminhos de uma concreta transformação social a partir de atitudes sociais saudáveis, que objetivam a compreensão das diferenças e o respeito pelas mesmas. (COSTA et al., 2009; ROHDEN, 2009; MOLINA, 2013; FRANÇA; CALSA, 2010). O Eixo Análise de currículo, com dois artigos (DINIS, 2008; PAVAN, 2013), nos mostrou através das falas dos/as professores/as pesquisados/as da educação básica, que os currículos se restringem aos conteúdos das disciplinas, não se preocupando com as reações que esses conteúdos podem gerar em seus/suas alunos/as, muito menos por qual razão alguns conteúdos são ensinados e outro não (PAVAN, 2013). Devemos compreender, portanto, que a estruturação desses currículos é feita sistematicamente por determinados grupos, e ao não ser problematizada as questões dos estudos de gênero nesses grupos, o currículo passa a colaborar para a produção de práticas que reafirmam determinadas normas de comportamento. No Eixo Relato de experiência que apresenta apenas um trabalho (DUQUE, 2014), o texto busca uma reflexão sobre a problematização das normas de gênero estabelecidas socialmente que sobrecaem nos ambientes escolares, de maneira a oferecer elementos que qualifiquem criticamente as realidades encontradas nesses ambientes. O trabalho busca mostrar aos/as leitores/as as possibilidades de refletir a respeito dos estudos de gênero por meio dos estranhamentos experenciados em sala de aula. O Eixo Análise de periódicos apresenta um artigo (MARIANO, 2012). Nesse artigo é possível perceber que o número de artigos com a temática de gênero vem crescendo nos últimos vinte anos. O trabalho aponta que os artigos analisados se encontram em uma perspectiva binária e que a formação inicial não constrói um diálogo com as questões de gênero, ou quando o faz, acontece de maneira equivocada. Por fim, o Eixo Análise de documentos apresenta dois artigos (CAMPOS; SILVA, 2014; VIANNA; UNBEHAUM, 2004). Nesse percebemos um significativo avanço nas discussões relativas aos estudos de gênero que aparecem em muitos documentos produzidos pelo Ministério da Educação. Porém, os artigos destacam que o tema gênero ainda está ligado de maneira predominante às discussões de orientação sexual. Os textos ainda destacam como imprescindível a participação de professores/as e pesquisadores/as nos movimentos sociais, para problematizar o modo como as políticas públicas e os programas governamentais apresentam os estudos de gênero, algumas vezes, reafirmando discursos que institucionalizam dualidades ao invés do respeito à diversidade.

4 Considerações finais Com base nos trabalhos levantados e analisados relativos à discussão de gênero na educação, consideramos o número de artigos ainda baixo em comparação a outros temas que permeiam o ambiente escolar. Em muitos trabalhos encontramos análises de falas de professores/as que afirmam não saberem lidar com o debate de gênero em sala de aula, Laboratório de História Ambiental e Gênero (LHAG)/Unicentro/PPGH/PPGIDC | Anais do 2º Colóquio Nacional de Estudos de Gênero e História – ISSN2357-9544

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demonstrando a necessidade da formação inicial e continuada abordar essa temática. A formação de professores para o trabalho com esse tema é urgente, pois as dificuldades dos/as professores/as emergem dos contextos em que se inserem, os quais são repletos de preconceitos, julgamentos morais e éticos. Assim, por não terem um embasamento conceitual em sua formação se omitem ou quando discutem o tema em sala de aula acabam por reafirmar estereótipos e/ou comportamentos normativos. Porém, não podemos esquecer em quais ambientes escolares esses/as professores/as estão inseridos/as, sendo que muitos desses espaços ainda são administrados por uma lógica conservadora e doutrinária, que intervém nas práticas didáticas dos/as professores/as, dizendo o que pode ou não ser ensinado para seus/suas alunos/as. Em face do exposto, é importante refletir em relação à formação de professores/as e sua inserção na Educação Básica, pois só uma formação de qualidade irá permitir a construção de práticas pedagógicas voltadas para a formação mais reflexiva, contribuindo não somente para o seu crescimento enquanto profissional, mas também para um crescimento enquanto ser humano. Por fim, ao decorrer desse trabalho podemos observar as nuances que o tema gênero nos possibilita, principalmente quando o debate se pauta na educação. Independente do baixo número de artigos aqui levantado, podemos notar a riqueza que esses apresentam quanto a sua metodologia, objetivos, áreas do conhecimento, níveis de escolarização, entre outros. É essa riqueza que marca os estudos de gênero, desde seus primeiros debates, como apresentamos no início desse texto, até os dias de hoje, portanto, espera-se que a exposição desse trabalho, assim como outros, permeie os ambientes educacionais e sociais, de maneira a gerar práticas saudáveis e comprometidas com o bem-estar em sociedade.

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